Receita bruta do setor de Operadores Logísticos chega a R$ 192 bi, em 2023, segundo pesquisa da ABOL e do ILOS

17/09/2024

operador logístico

O valor atual é equivalente a quase 2% do PIB e a 17% dos custos de transporte e armazenagem do país, que somam R$ 1,1 trilhão.

Acaba de ser lançada a edição 2024 do “Perfil dos Operadores Logísticos”, estudo bienal promovido pela Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL) e conduzido pelo Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS). A pesquisa abordou temas como investimentos, descarbonização, infraestrutura e os principais desafios enfrentados pelos OLs.

Segundo o documento, os OLs atuantes no Brasil registraram, em 2023, Receita Bruta Operacional (ROB) de R$ 192 bilhões, cerca de 15% a mais do que o verificado em 2021. O valor atual é equivalente a quase 2% do PIB e a 17% dos custos de transporte e armazenagem do país, que somam R$ 1,1 trilhão.

O crescimento também foi proporcionado no aumento da força de trabalho, com 71% dos OLs ampliando o número de funcionários. Em termos de desempenho financeiro, 76% aumentaram seus negócios e o número de clientes em 2023. No entanto, apenas 51% registraram um aumento nas margens de lucro, indicando que o crescimento da receita nem sempre se traduziu em maior lucratividade.

Além disso, 68% dos operadores aumentaram seus investimentos no ano, somando R$ 20 bilhões em CAPEX, direcionados principalmente para a modernização e expansão do setor. As principais áreas de investimento foram software e desenvolvimento tecnológico, aliados à modernização de instalações e infraestrutura, refletindo uma tendência de digitalização e modernização do setor.

A pesquisa estimou um universo de 1.300 empresas, de pequeno, médio e grande portes, que atenderam a pré-requisitos determinados, como a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) e serviços oferecidos. Deste, 127 operadores, entre eles, os associados à ABOL, colaboraram diretamente com o material. Juntos, eles representam 40% do faturamento do setor.

Abrangência

Os OLs demonstram grande abrangência em suas operações no Brasil, tanto em termos geográficos quanto na diversidade de setores e serviços atendidos. Cerca de 47% atuam nas cinco regiões do Brasil, e 40% possuem atuação internacional.

A maior concentração de operadores está no Sudeste, mas houve um aumento expressivo nas operações nas regiões Sul, Centro-Oeste e Nordeste, que agora são atendidas por cerca de 70% dos OLs. A região Norte é coberta por 51% dos operadores.

Os OLs atendem a mais de 20 setores econômicos distintos. Em média, cada operador logístico tem clientes em 9 segmentos diferentes, e 64% das empresas estão expandindo sua atuação. Os setores que mais cresceram na presença de OLs em 2024 foram Bebidas, Automotivo e Autopeças, Metal-Mecânico, e Vestuário e Têxtil.

O leque de serviços prestados pelos OLs é extenso, incluindo transporte multimodal, armazenamento, controle de estoques e abastecimento de linhas de produção. Em relação ao tipo de movimentação carregada, a Carga Geral é a mais comum, sendo transportada por 93% dos OLs. No entanto, os operadores também trabalham com outros tipos, como Conteinerizada (54%), Perigosa (52%), Granel Sólido (36%), Líquido (19%) e Neogranel (21%).

Infraestrutura e Legislação

O setor de operadores logísticos é fortemente influenciado por políticas e ações governamentais. Quase 90% dos operadores destacam a redução da carga tributária como uma prioridade urgente. Além disso, 80% dos operadores indicam necessidade de melhorias na infraestrutura logística. Atualmente, o investimento brasileiro em transporte representa apenas 0,6% do PIB.

No que diz respeito à legislação, as recentes alterações na Lei 13.103/2015, que regulamenta a jornada de trabalho dos motoristas de carga, geraram impactos significativos, como o aumento dos custos operacionais e do transit time das entregas ou coletas.

A Lei 14.599/2023, que regulamenta a contratação de seguros de transporte de carga, também trouxe desafios, com 76% dos operadores enfrentando restrições a seguros pré-existentes e um aumento médio de 18% no custo dos seguros.

Estratégias e Posicionamento

O setor de Operadores Logísticos tem como principal estratégia a expansão para novos mercados, com 42% dos operadores focados nesse objetivo. Essa meta é ainda mais comum entre os grandes operadores, e 14% deles utilizaram fusões ou aquisições no último ano para aumentar sua participação de mercado.

As operações do setor são altamente dependentes de mão de obra, sendo que 80% dos trabalhadores são contratados via CLT e 20% como terceiros. Contratar terceiros é, em geral, mais caro, mas permite maior flexibilidade em momentos de pico ou de redução de atividades. Ainda assim, 72% dos operadores indicam que investir na qualificação da mão de obra é essencial, principalmente diante da escassez de profissionais especializados no Brasil.

No âmbito tecnológico, sistemas como TMS e WMS são amplamente utilizados pelos operadores logísticos para a gestão de transporte e armazenagem. Além disso, 84% dos operadores já integram seus sistemas com clientes e fornecedores, tendência que deve crescer.

Tecnologias como torres de controle, data analytics com machine learning e inteligência artificial, além de computação em nuvem, também despontam como áreas de investimento nos próximos anos.

Descarbonização

A descarbonização tem se tornado um tema cada vez mais relevante para os OLs, que enfrentam pressões para reduzir suas emissões, devido à natureza de suas operações. Cerca de 62% dos operadores já possuem áreas dedicadas à sustentabilidade, com metas e indicadores claros.

As principais iniciativas para reduzir as emissões incluem a renovação da frota, mencionada por 55% dos operadores, e o uso de energia renovável, adotado por 53%. Além disso, há uma crescente utilização de veículos elétricos, etanol e GNV, embora outras fontes alternativas ainda tenham baixa adesão.

Em relação às metas de redução, os OLs esperam diminuir suas emissões de carbono em 37% nos próximos 7,6 anos, com apenas 25% tornando esses objetivos públicos. Apesar dos custos envolvidos, mais de 60% afirmaram que esse investimento será absorvido internamente, sem repasses aos clientes nos preços finais dos serviços.

A diretora da ABOL, Marcella Cunha, reforçou o compromisso do setor com a descarbonização. “A ABOL tem atuado ativamente para apoiar seus associados nessa jornada, desenvolvendo projetos e soluções que auxiliem na redução das emissões. Sabemos que cada empresa está em um estágio diferente de maturidade nesse processo, mas estamos trabalhando para nivelar todas a partir de inventários de emissões e metas claras de sustentabilidade.”

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