Logística Brasil 2022 foi um sucesso, abordando o papel da tecnologia na otimização dos processos logísticos

29/08/2022

Desafios atuais da logística, otimização, digitalização, ESG, tecnologia, automação e armazenagem frigorificada foram alguns dos temas apresentados no evento Logística Brasil, que aconteceu de 9 a 11 de agosto, de forma híbrida – virtual e presencial – e gratuita.

Realizado pela Senior Sistemas e, neste ano, com correalização do ILOG – Instituto Logweb de Logística e Supply Chain, o evento foi um verdadeiro sucesso ao reunir grandes especialistas do setor para debater assuntos de estrema importância para os profissionais do mercado.

Os palestrantes desta edição foram José Humberto, diretor da Brasfrigo; Leandro Ferraz, gerente de riscos da JBS Transportadora; Ricardo Abbruzzini, diretor de TI da Santos Brasil; Fabio Carvalho, diretor da Printi; Vicente Machado Bittencourt, gerente sênior de logística da Coca Cola FEMSA; Jorge Catani, diretor de Operações Logísticas da Infracommerce; André Prado, CEO da BBM; Sergio Tanibata, diretor de Operações da CISA Trading; Carlos Menchik, diretor da Prolog; Klaus Fournou D’Angelo, gerente de TI da Marabraz; Kairo Porfirio, diretor de Supply Chain do Grupo Sonepar; Pedro Neves, CIO da BBM; Ricardo Ubiratan Silveira, head of Contract Logistics/Supply Chain Management Brazil da DB Schenker; Marcio Basso, diretor de Logística da Manserv; e Marcelo Rodrigues Graça, head of Transportation & LLPHead da Penske Logistics. Confira a seguir algumas palestras apresentadas.

Digitalização

“O valor da digitalização dos processos na Logística” foi o tema da palestra de Pedro Neves, CIO da BBM Logística, que questionou como traduzir em valor toda a informação disponível no mundo de hoje.

Neves começou lembrando que a logística envolve demanda variável, tempo de entrega cada vez mais curto, desafio do preço mais baixo, diferentes perfis de consumo, diversidade de cargas, volume, peso e fluxos, além de segurança de cargas e sustentabilidade da operação. “Isso é o padrão, mas o ambiente atual tem novos desafios, que pressionam a eficiência: aumento do preço do diesel, variação do câmbio, guerra entre países, inflação e falta de equipamentos. Como atender aos requisitos, que são o tempo todo polarizados? Quando começo a atender a tendência, ela se desmonta!”, observou.

A resposta está na tecnologia, que, mais do que nunca, tornou-se necessária. Entre elas, Neves destacou: Inteligência Artificial, Internet das Coisas (IoT), impressão 3D, robótica e automação, uso da cloud, big data & analytics, 5G, blockchain, realidade virtual e aumentada. Como novas formas de delivery, citou veículos autônomos e drone.

Essas são tendências, umas mais maduras que outras, mas todas já sendo usadas. No entanto, de acordo com o palestrante, não basta tê-las, se não sabemos como nos posicionar. Quais as características que precisamos pensar em adotar? “O mundo é instável, não previsível. É preciso, então, ter flexibilidade, ser rápido ao reagir, integrar dados com os parceiros, ter agilidade (mudança de mindset), usar dados de forma inteligente e compartilhar informações, tudo isso permite crescimento em escala”, disse.

A jornada de crescimento precisa focar na humanização, na experiência de todos os envolvidos: colaborador, fornecedor e usuário. Conforme explicou, com um ambiente virtuoso, todos querem participar, pois um grande propósito alinha todos no mesmo alvo, que é melhorar a logística.

Neves provocou: não bastam as tecnologias, elas são só um habilitador, antes de fazer uma disrupção é preciso entender para qual jornada estou fazendo isso. Essa jornada vai realmente tornar o meu negócio de crescimento exponencial e flexível? Ela vai colaborar para a experiência de todos os que participam? “A experiência deve ser para todo o ecossistema. Não basta ser tech, é preciso ter um propósito, pois a jornada deve ser evolutiva, colaborativa e sustentável, produzindo as melhores experiências para todos”, disse.

LLP

Marcelo Rodrigues Graça, head of Transportation & LLPHead da Penske Logistics, apresentou palestra sobre “Aplicação da metodologia LLP – Lead Logistics Provider na redução de custos logísticos”.

Ele explicou que LLP é uma ação de um provedor 4PL que envolve gestão e engenharia, intelecto e know how, embora sem nenhum ativo, pois todos são do cliente. Essa metodologia envolve questões éticas e demanda que o fornecedor conheça profundamente os processos logísticos do cliente. Além disso, necessita de ferramentas específicas de acordo com o cliente/processo e de um banco de dados confiável e estruturado.

O LLP segue um conceito macro: estratégico – network design; tático/operacional – carrier management (diário, correções operacionais e que adicionam valor); e complementar – serviços de valor agregado (financeiros, operacionais e lean).

No planejamento tradicional, as rotas são calculadas pelo volume de pico, com agendamento fixo, e as melhorias são feitas de forma reativa. No planejamento LLP, na etapa de network design, as rotas são calculadas com antecedência de duas semanas ou mais, de acordo com as demandas planejadas. A partir daí, tem-se um agendamento modulado, permitindo atuar nas melhorias de forma proativa. “No setor automotivo, conseguimos antecipar o mapa das rotas em até 12 semanas no inbound, montando uma agenda para o transportador”, disse.

Nesta etapa, são utilizadas ferramentas para visualização de dados, seleção de site, seleção de modal e malha logística. “Fazemos uma modelagem de dados para poder obter os resultados desejados e elaboramos uma proposta de valor para os nossos clientes. A execução e as métricas são validadas inclusive pelo controler da empresa contratante”, explicou.

Já na etapa de carrier management acontece a segunda roteirização, quando é feita a revisão das rotas no caso de alguma mudança mais recente. Nesse processo, é monitorada a performance de entrega dos fornecedores e são enviados alertas de eventuais não cumprimento dos programas. É feito, então, todo o planejamento de transporte, ou seja, o ciclo de vida do pedido.

“Conceitualmente, as otimizações feitas em network design são muito diferentes daquelas feitas em carrier management, embora as ferramentas utilizadas sejam as mesmas. A diferença está nas bases de dados e referências, que são diferentes”, destacou Marcelo.

Ele também explicou o conceito dinâmico de redução de custos. Supondo que um cliente gaste R$ 100 milhões ao ano, a redução em ajuste de malha, no primeiro ano, fica entre 8% a 10%, e o gasto cai para R$ 90 milhões. Nos próximos quatro anos, as reduções anuais serão da ordem de R$ 5 milhões.

O modelo completo envolve gestão de demanda, montagem da carga, roteirizador, modelos de oferta, tracking e controle de POD. Marcelo mostrou que o modelo LLP tem um PDCA (método da qualidade com foco na melhoria contínua) natural, com o “agir” focado em comunicação e suporte técnico; o “planejar” oriundo do network design e do carrier management; o “fazer” com base no planejamento de transportes e torre de controle; e o “checar”, também com base na torre de controle, tracking 24 x 7, métricas e dashboards. Tudo isso permite a visão integrada da operação.

Por fim, Marcelo disse que para o sucesso da implementação desse modelo são necessários: definições precisas de SLA, sistemas, comunicação e base de dados, além de contratos modulares e flexíveis com fornecedores de matéria-prima e transportes.

Desafios

Para falar de “Desafios atuais da logística: Como alavancar resultados com apoio da tecnologia”, o palestrante convidado foi Klaus Fournou D’Angelo, gerente de TI da Marabraz, rede varejista de móveis que possui 130 lojas no Brasil.

Ele observou que durante muito tempo, a área de logística era apenas uma coadjuvante, mas, nos últimos anos, com o mercado cada vez mais exigente, virou protagonista das operações. Por quê? Porque o consumidor e os concorrentes mudaram. As empresas foram se automatizando, sem falar da globalização, ou seja, os produtos vêm e vão de toda a parte do mundo.

“A área de logística é bastante abrangente, muito além de armazenar, expedir e transportar. Ela é responsável pelos principais indicadores da empresa”, disse. Como exemplo citou que a área deve garantir a entrega dos produtos ao cliente dentro do prazo; a segurança, evitando quebra de estoque e custos adicionais no geral, além de redução de custos ao melhorar processos. A logística também garante a gestão dos parceiros e funcionários, a otimização de estoque, com menos espaço e armazenagem em menor quantidade; bem como melhor transporte, melhor rota, mais agilidade e menor custo.

Muitos sistemas são utilizados para apoiar a logística nessas ações, como ERP, roteirização, TMS, WMS, mas como melhorar os processos através deles? “Na Marabraz, recebemos muitos fornecedores, algumas carretas esperavam uma semana para descarregar, até que passamos a usar a tecnologia. Qualquer sistema precisa controlar o agendamento por capacidade e garantir fechamento completo do recebimento”, disse.

Klaus salientou que hoje a comunicação entre o transportador com o cliente é muito importante e não requer soluções complicadas. O objetivo é evitar uma segunda tentativa de entrega, otimizando a operação.

O palestrante também contou que a Marabraz criou o próprio sistema de roteirização, se baseando nas melhores soluções do mercado, para evoluir ao longo do tempo de acordo com cada novidade que surgir. “Também antecipamos abertura de endereçamento de separação por tipo de palete”, disse.

A Marabraz conta com um sistema que ajuda a otimizar estoques, favorecendo a separação mais rápida de produtos. “Quando se fala em todos os processos, a equipe precisa ser constantemente treinada. É uma área sempre em evolução. Treinamento é básico e extremamente importante”, acrescentou. 

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