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Matérias Exclusivas Portal Logweb 30 de maio de 2023

Logística 4.0: Várias definições, e também as tendências

Esta é a primeira matéria de uma série que o leitor encontrará neste portal, exclusivamente. Nesta primeira parte abordaremos a definição da Logística 4.0 e as suas tendências, para depois falar do papel dos robôs autônomos, drones e cobots dentro deste processo, da conectividade com a Internet das Coisas e, por fim, do papel da Inteligência Artificial e Machine Learning na logística.

A Logística 4.0 está em linha com a Indústria 4.0, que tem como pilares os conceitos e modelos de negócios ligados a segurança cibernética, realidade aumentada, Big Data/Analytics, robôs autônomos e colaborativos, simulações, manufatura aditiva, sistemas integrados, computação em nuvem e Internet das Coisas.

Essa visão – continua explicando Adrian Covi, gerente de robótica para Bens de Consumo e Logística da ABB Brasil – tem como base a adoção de equipamentos e sistemas de controle de processos, soluções de comunicação, sensores e softwares para a Internet das Coisas, Serviços e Pessoas (IoTSP). Isso inclui o uso de soluções robóticas para dar maior flexibilidade, agilidade e eficiência aos processos de produção e de logística. 

“Assim como as linhas de produção das fábricas do futuro, a expetativa é que a área de logística seja totalmente digitalizada”, diz Covi, da ABB Brasil

“Assim como as linhas de produção das fábricas do futuro, a expetativa é que a área de logística seja totalmente digitalizada, integrando e coordenando de maneira otimizada máquinas, processos e também as pessoas. E um dos grandes saltos para os negócios com tudo isso é a possibilidade de análise e avaliação de grandes volumes de dados em tempo real e de forma segura para a tomada de decisões e aumento da disponibilidade de ativos”, diz Covi.

Arthur Igreja, TEDx speaker, especialista em Tecnologia, Inovação e Tendências, também lembra que a Logística 4.0 incorpora os conceitos da Indústria 4.0, onde se tem muitos devices conectados e distribuídos em todos os pontos da cadeia para ter indicadores e rastreamento. Os dispositivos que são movimentados, os equipamentos, eles passam a ser conectados e inteligentes. “Vemos também a capacidade de agilidade na mudança dos fluxos, onde é possível adaptar, prever determinadas situações e alterar rapidamente. E outro ponto importante é o intensivo uso de dados de inteligência, justamente para poder simular, por exemplo, usando digital twins (gêmeos digitais) e tantas outras técnicas, e, com isso, ter flexibilidade, adaptabilidade e um aumento muito grande de produtividade.”

De fato, derivada do conceito de Indústria 4.0, a Logística 4.0 é definida pelo emprego maciço de tecnologia e dados, tornando os processos logísticos mais eficientes, ágeis, flexíveis, resilientes e autônomos, e trazendo, assim, inúmeros benefícios ao negócio.

A demanda pela automatização dos processos logísticos tem crescido significativamente pelo mundo, principalmente devido à alta competitividade e ao foco na experiência dos clientes, cada vez mais exigentes.

Uma pesquisa recente da EY mostra que houve uma mudança significativa no perfil de consumo das pessoas. Nesse levantamento, 47% das pessoas entrevistadas reduziram suas visitas a lojas físicas e 48% afirmam que a disponibilidade de entrega se tornou mais importante (Fonte: EY Direct-to-Consumer for future ready consumers, Novembro 2022).

“Ou seja, para que as expectativas dos clientes possam ser atendidas, o controle dos processos logísticos, a visibilidade e a velocidade são fundamentais. E, nesse contexto, a tecnologia é o habilitador para tudo isso.”

Itani, da EY: “Hoje, podemos observar um movimento em direção a cadeias atuando como ecossistemas conectados, com funcionamento cada vez mais autônomo e autogerenciável”

Carlo Itani, líder de Logística para América do Sul da EY, lembra, ainda, que nos últimos anos as cadeias de suprimentos vêm evoluindo de um formato rígido e linear para o ágil. No modelo inicial, o objetivo central era a otimização dos custos, porém de maneira não inteiramente integrada entre todos os elos da cadeia e com menor velocidade de resposta. “Hoje, podemos observar um movimento em direção a cadeias atuando como ecossistemas conectados, com elevado uso de tecnologia e com funcionamento cada vez mais autônomo e autogerenciável.”

Dentre as grandes tendências em logística em relação a processos e equipamentos, Itani cita: drones, dark warehouses, roteirização dinâmica, veículos autônomos, blockchain, digital twins, bem como soluções voltadas aos desafios do last mile como crowd shipping e locker pick-ups, entre outras.

Fabricio Santos, diretor da onBlox Software Logístico, empresa que faz parte do Grupo Máxima, também ressalta que a Logística 4.0 consiste em implementar os processos baseados nos ideais da Indústria 4.0. Ou seja, fazer com que todas as ações aconteçam de maneira inteligente e com coesão, de modo a evitar erros e desperdícios. Isso vai desde o momento em que um pedido de compra é criado, passando pelos processos de recebimento de mercadoria, armazenamento, pedido de venda, separação, expedição até a ponta da entrega no consumidor final.

Fabricio, da onBlox: A IoT traz o conceito de hiperconectividade e faz com que as evoluções tecnológicas trabalhem em conjunto e partindo do conceito de uma rede unificada

O objetivo é agregar mais valor, tanto para o cliente quanto para a empresa, economizando tempo e dinheiro e diminuindo erros nos pedidos. Isso significa que toda a operação vai estar apoiada por equipamentos tecnológicos para simplificar os processos. Por isso, é fundamental modernizar o ambiente e torná-lo mais conectado, com equipamentos que trazem mais produtividade e acima de tudo mais assertividade. Exemplo disso são coletores de dados, com os quais é possível validar se o produto está correto, conferência de volumes por código de barras, paleteiras elétricas para ganho de velocidade, esteiras com selecionadores automáticos de destinos de box de expedição.

“Tudo isso gera mais assertividade para a operação logística que, ao se apoiar nas tecnologias, consegue ter melhores resultados, gerar economia de tempo e custos e fortalecer o relacionamento com o cliente com mais agilidade e transparência”, diz Fabricio.

Além disso, a Logística 4.0 se ancora muito em tecnologias mais “amplas” para facilitar todo esse processo. Nesse caso, o uso da Computação em Nuvem traz mais segurança e estabilidade para os dados armazenados na empresa; o Big Data (BD) permite um acúmulo de informações que podem ser utilizadas para evitar problemas e criar estratégias certeiras; o Machine Learning (ML) se beneficia dessa quantidade de dados do BD para simplificar o aprendizado de um equipamento e tornar o processo mais autônomo; juntamente com a Inteligência Artificial, que apoia o ML na tomada de decisões. Tudo isso acontece por conta da Internet das Coisas (IoT), que traz o conceito de hiperconectividade e faz com que essas evoluções tecnológicas trabalhem em conjunto e partindo do conceito de uma rede unificada em prol de maiores benefícios. As informações distribuídas para tornar o conceito do Open Logistics (OL) também ganham muita força e ajudam a consolidar isso em uma realidade.

“Ouve-se falar muito sobre um novo conceito de gestão sobre a Logística 4.0 e suas novas formas de relacionamento – que visa trazer automações para as empresas de logística, entre outros. Tendo em vista essa visão para futuro, o controle dos processos automatizados é descentralizado. Ao longo de toda a cadeia logística, essa novidade traz consigo uma efetiva tendência tecnológica na qual informações serão transmitidas ontime, comunicação e interação”, acrescenta Roberto Schmeing, gerente Comercial da IBL Logística.

Segundo Isabel, da Kestraa, as tendências de equipamentos e processos da Logística 4.0 incluem o uso de dispositivos conectados à IoT, como sensores, rastreadores e câmeras

Isabel Nasser, CEO e fundadora da Kestraa, também lembra que a Logística 4.0 é a evolução da logística moderna para uma abordagem mais digital, baseada em tecnologias como IoT, Big Data, Inteligência Artificial, Machine Learning e Robótica. É um processo de otimização de todas as etapas da cadeia de suprimentos, desde o planejamento até o armazenamento e distribuição de produtos para os clientes. Ainda segundo ela, as tendências de equipamentos e processos da Logística 4.0 incluem o uso de dispositivos conectados à Internet das Coisas, como sensores, rastreadores e câmeras para monitorar os processos de produção e transporte, fornecendo dados em tempo real para análise e tomada de decisão.

Antes de falar sobre equipamentos e processos, Eduardo Bragança, head de marketing da Frete Rápido, diz que é preciso contextualizar a logística 4.0. “Esse conceito surge juntamente com a globalização e digitalização da economia e, consequentemente, aumento da produção just-in-time. Para atender a demanda e realizar o abastecimento, passou-se a requerer processos integrados e automatizados para a logística.”

Com isso, forma-se uma rede de processos integrados e totalmente automáticos, os quais exigem uso de tecnologia, como Inteligência Artificial (IA), Cloud Computing, Internet das Coisas (IoT), Machine Learning.

Thomas Gautier, CEO do Freto, também lembra que, em linhas gerais, a Logística 4.0 utiliza tecnologias inovadoras para otimizar processos, trazendo mais agilidade, compliance, redução de custos e, sobretudo, eficiência – “é a base do nosso trabalho no Freto e da revolução no transporte que está sendo realizada nas rodovias brasileiras.”

Ainda segundo Gautier, se pudermos resumir em algumas palavras, essa revolução é feita puramente de caminhões, pessoas, tecnologia e inteligência de dados. Esses são os pilares dos próximos anos da logística rodoviária no Brasil.
Para ter acesso aos benefícios da Logística 4.0, o caminhoneiro não precisa de nada além do celular que já tem. Um dos avanços proporcionados pela tecnologia é que ele leva cada vez menos tempo para encontrar sua carga ideal. Há casos no Freto em que a escolha, a negociação do frete e a contratação do transporte são feitos em até um minuto, o que significa uma evolução tremenda em termos de processo.
A Logística 4.0 ainda ajuda o motorista a vencer um dos maiores pesadelos que existem hoje na estrada: o prejuízo de rodar com o caminhão vazio. A tecnologia possibilita localizar a carga mais próxima de onde o caminhoneiro está (ou estará), agendar fretes com antecedência e estender o tempo em que se dirige o caminhão cheio. Além de otimizar rotas, permite gastar menos combustível, emitir menos CO2 e melhorar as margens financeiras dos caminhoneiros.
As empresas – embarcadores e transportadoras – que contratam esses motoristas também obtêm ganhos de performance, diz o CEO do Freto.

Na plataforma, acessam um ecossistema formado por profissionais qualificados e um conjunto de ferramentas de inteligência que oferecem maior segurança no trajeto e altíssimo nível em gestão logística, com uma Torre de Controle que permite acompanhar todo o processo end to end, desde a publicação de uma oferta até a entrega final da carga.

Para Santos, da In-Haus, as novas tecnologias fazem surgir a busca por profissionais capacitados para a gestão da Logística 4.0 e cadeias de suprimentos mais elaboradas

Para Jazeel Santos, diretor da In-Haus Logística, é crescente a competitividade do mercado, gerada principalmente pela aceleração das tecnologias implementadas devido às necessidades impostas no primeiro momento pela pandemia de Covid-19 e o emprego de conceitos nascentes, como a Sociedade 5.0, conceito que busca a interação da Industria 4.0 com o comportamento da sociedade para absorver ao máximo as novas oportunidades geradas pelas novas tecnologias e a diminuição dos impactos sociais gerados.

Estes desafios vêm causando profundos impactos na logística e cadeias de suprimentos, continua Santos. As novas tecnologias fazem surgir a busca por profissionais capacitados para a gestão desta logística e cadeias de suprimentos mais elaboradas, bem como de um corpo técnico para geração de soluções inovadoras que garantam a manutenção e o crescimento de suas empresas no mercado.

“Em termos de equipamentos, AGV – Automated Guided Vechicle, que são veículos guiados de forma automatizada, RFID – Radio-frequency Identification, que se trata de identificação automática através de sinais de rádio, recuperando e armazenando dados remotamente, drones e muitas outras tecnologias tem sido empregadas atualmente na logística. Já na rua, equipamentos como sensor de fadiga, por exemplo, são capazes de acompanhar os comportamentos do motorista, para que sua dirigibilidade seja constantemente monitorada, evitando diversos problemas. Todas essas e mais diversas outras tecnologias, em conjunto, são capazes de controlar as atividades e tarefas previstas, comparando-as com as efetivamente realizadas, a fim de monitorar a produtividade de toda a operação logística”, completa Santos.

Por seu lado, Diego Franco, CEO e fundador da Loocal, destaca que existem várias formas de interpretação para logística, como a organização de estoque, de um evento, por exemplo. “Aqui, o meu foco é na ação do movimento, mover coisas.”

Assim, segundo Franco, a logística 4.0 é originada da indústria 4.0, baseada na automação de processos e melhoria contínua, proporcionando autonomia para sistemas e equipamentos, envolvendo a tecnologia na inteligência e tomada de decisões por trás das atividades do dia a dia de uma empresa.

Castro, da SOU.cloud: a Logística 4.0 é focada na transformação digital das empresas e seus clientes e seus vetores tecnossociais para torná-la mais eficiente

Rodrigo Castro, CTO da SOU.cloud, revela que a Logística 4.0 considera a aplicação de novas tecnologias, conectadas com os conceitos puxados pela Indústria 4.0, como Inteligência artificial, IoT, Mobile e redes sociais. É focada na transformação digital das empresas e seus clientes e seus vetores tecnossociais para torná-la mais eficiente, com recursos, automações e ferramentas inteligentes.

Entram em cena smartphones e telas portáveis, sensores, estratégias omnichannel, cruzamento de dados, portais inteligentes, máquinas inteligentes integradas ao processo operacional e geração de insights automatizados e tecnologias imersivas, com o objetivo de planejar e modernizar o fluxo de suprimentos para áreas de negócios na cadeia de produção que exige atenção de ponta a ponta.

“Assim como a indústria passou por sua quarta revolução ― marcada pela automação de processos, internet das coisas e computação em nuvem ― a logística também vivenciou esse novo patamar com a chamada Logística 4.0. Com foco em imprimir mais eficiência aos processos internos de quaisquer negócios, essa nova abordagem privilegia, em termos de equipamentos e processos, as soluções e plataformas online, sistemas de gestão de entregas e e-commerce B2B, utilitários inteligentes, como contêineres, paletes e veículos, tecnologia RFID, ou internet das coisas, em dispositivos digitais que podem ser implantados no chão de fábrica dos armazéns. Tudo isso se integra na logística com a indústria 4.0”, explica, agora, Guilherme Juliani, CEO do Grupo MOVE3.

Azarito, da Softtek: “”Podemos adotar uma estratégia progressiva para a Logística 4.0, tirando o máximo de Big Data e Analytics para um planejamento mais assertivo”

Também para João Roberto Azarito, gerente de práticas na Softtek Brasil, a origem do termo Logística 4.0 está ligado ao termo Indústria 4.0, ou Quarta Revolução Industrial, que surgiu na Alemanha, em meados de 2010, em um projeto de estratégia de alta tecnologia do governo, que visava promover a digitalização da manufatura para estabelecer a Alemanha como mercado líder em soluções avançadas.

A ideia consistia em utilizar tecnologias então emergentes, como Big Data, Analytics, Cloud e Fog Computing, bem como a Internet das Coisas (IoT), para a construção de fábricas inteligentes, nas quais máquinas e equipamentos fossem enriquecidos com recursos de computação e comunicação para permitir a coleta e análise de dados. Com isso, seria possível obter percepções em tempo real dos processos de produção, possibilitando ajustes para aprimorá-los e mantê-los alinhados ao planejamento, além de antever possíveis problemas.

“A logística vem sendo tão demandada quanto a manufatura, sobretudo pela nova realidade de comércio e consumo, com o crescimento de: e-commerce, omnichannel, grande variedade de produtos, exigência de altos níveis de serviços, entregas cada vez mais pulverizadas com prazos mais curtos, sem falar na pressão de custos. Isso justifica totalmente a aplicação dos mesmos conceitos e tecnologias da Indústria 4.0 para a construção da Logística 4.0”, diz Azarito.

Em termos de Logística 4.0, assim como na Indústria 4.0, um primeiro aspecto a ser analisado seria a utilização de Big Data, Analytics, Cloud e Fog computing IoT alimentando a visibilidade através de torres de controle que antecipem a detecção de problemas que possam causar impactos na cadeia e indiquem possíveis soluções com base em aprendizado de máquina (machine learning). Ou seja, processos de planejamento e execução integrados e monitorados, tanto do lado da demanda quanto do atendimento, visando replanejamento e ajustes constantes.

O que já traz um grande benefício em termos de manutenção ou melhora do nível de serviços com menores inventários, seja por um melhor planejamento e monitoramento de demanda, seja pela adoção rápida de rotas alternativas.

Em sequência, podemos pensar em outras tecnologias, já totalmente disponíveis ou viáveis, como a utilização das informações obtidas com as tecnologias acima para a otimização de cargas, aquisição eletrônica de frete e o rastreamento da execução de transportes, que pode incluir IoT embarcado.

Nesta mesma linha de automação e digitalização viáveis a curto prazo, temos a automação dos armazéns, que vai desde a utilização de drones e RFID para realização de automática de inventários, AGVs (Automated Guided Vehicle, robôs e cobots para operações de armazenagem e picking, passando por soluções de realidade aumentada para orientar o carregamento de veículos conforme planejado na otimização de carga. E isso sendo toda a operação comandada por dados integrados, ondas de picking organizadas de acordo com as cargas otimizadas e com fretes negociados.

Outras tecnologias já bastante mencionadas em artigos sobre Logística 4.0, mas ainda relativamente distantes de nossa realidade, são entregas por drones e veículos autônomos, AGVs autônomos e Hyperloop (sistema de transporte que envolve cápsulas que viajariam em tubos a vácuo por meio de levitação magnética). Essas tecnologias já estão em teste hoje, e têm potencial para um impacto revolucionário na logística. “Porém, ainda as vejo distantes de nossa realidade no Brasil, principalmente devido aos altos investimentos e à infraestrutura necessária”, acrescenta o gerente de práticas na Softtek Brasil.

E ele completa: “A conclusão que chego é que podemos adotar uma estratégia progressiva para a Logística 4.0, tirando o máximo de Big Data e Analytics para um planejamento mais assertivo, bem como o monitoramento da demanda (Demand Sense), evoluindo para um bom monitoramento do planejado x real, com visibilidade real time, via Torre de Controle, permitindo detectar eventuais problemas e agir antecipadamente, reduzindo estoques e rupturas. Ou seja, seguir implementando as demais tecnologias, como robôs autônomos, drones, cobots etc., visando aumentar a produtividade e fazer mais com menos”.

Ghilardi, da Connect Smart Data, lembra que, para além do uso de computadores e da automatização presentes na Indústria 3.0, a fase 4.0 explora a cooperação entre sistemas

Cesar Augusto Ghilardi, Head de Customer Success na Connect Smart Data, também associa a Logística 4.0 ao conceito da Indústria 4.0 e explica que ele foi criado na Alemanha no início dos anos 2010 para designar a fase caracterizada pelo uso de alta tecnologia nos processos de produção.

“Para além do uso de computadores e da automatização presentes na Indústria 3.0, a fase 4.0 explora a cooperação entre sistemas a partir das possibilidades trazidas pelas evoluções da tecnologia. Por exemplo: a computação em nuvem, que trouxe a oferta de serviços para a indústria com investimentos menores e tempos de setup reduzidos em comparação a instalações físicas de hardware e software; a tecnologia de Big Data, que permite o tratamento e a análise de grandes volumes de dados em tempos adequados para uma ação; a conexão de equipamentos a partir da internet (IoT), que adiciona novas fontes de dados e em menor tempo do que coletas realizadas individual e fisicamente, além de permitir sua gestão à distância; e sistemas inteligentes físico-virtuais, com a infraestrutura fabril e logística aprendendo e respondendo aos eventos da cadeia de suprimentos de maneira mais imediata com o processamento simultâneo de grandes volumes de dados, de inúmeras fontes e com aprendizado de máquina.”

Emerson Lourenço, head de Operações da viastore Systems no Brasil, completa, dizendo que a Logística 4.0 se baseia nos mesmos parâmetros da Indústria 4.0 em que, através do uso de equipamentos inteligentes interconectados, é possível criar um ecossistema inteligente, altamente eficiente, automatizado e com visibilidade em tempo real entregando resultados incríveis nos processos logísticos. As soluções de automação logística cada vez mais oferecem essas tecnologias, que permitem ao diretor, ao gestor, ao time de TI, ao time de Manutenção e ao time de operação informações preciosas para que decisões e ações sejam tomadas com base em dados apresentados em tempo real pelas soluções.

Carbono Zero

Ricardo Mota, presidente da Câmara de Comércio e Indústria do Estado do Rio de Janeiro – CAERJ, também deixa claro que a tecnologia é a base da Logística 4.0. Ela pode ser aplicada em praticamente tudo o que vemos no dia a dia, do gerenciamento de estoque ao planejamento de rotas. Sua atuação contribui tanto para otimizar a qualidade da execução de uma atividade, quanto para conferir maior agilidade, elevando os níveis de serviço.

“A Logística 4.0 surge com a expansão da automação da Indústria 4.0, indo muto além desta, uma vez que essas novas tecnologias e ferramentas transformaram os meios de produção, bem como a maneira como as pessoas vivem e consomem, principalmente nos grandes centros urbanos. É a Logistica Digital que acompanha a sociedade do ‘Carbono Zero’, como a atividade cíclica da cadeia produtiva na expansão da busca por energias de fontes renováveis, na demanda por busca e mineração de materiais estratégicos para produção de alimentos e geradores/acumuladores de energia elétrica e combustíveis verdes, tendo como sua força motriz as metas de eficiência, produtividade e agilidade, demandadas pela vastidão dos mercados, buscando atender o as Metas do Milênio-ONU, atuando de acordo com os 17 ODS -20230.”

Ainda segundo Mota, o enfrentamento dos desafios existentes e dos que estão por vir aumentam seu nível de sucesso à medida em que o arsenal de soluções tem por base a sustentabilidade, seja na Indústria, nos serviços, na gestão pública, na saúde, na educação, no arcabouço jurídico, no enfretamento dos desastres ambientais, etc .

“Estamos na Era da Digitalização, como ponte para a sustentabilidade, considerando-se que ela incorpora soluções de conectividade, análise de dados, inteligência e automação na atividade humana, proporcionando novas formas de interação social, trabalho, oportunidades de crescimento a partir de novos modelos de negócios e infinitas possibilidades de práticas sustentáveis, provendo, ainda, ferramentas de mensuração de impacto, ajudando a mitigar efeitos nocivos da atividade produtiva na sociedade e no meio ambiente. Neste presente cenário, a Logística 4.0 já assume seu papel de suporte das novas possibilidades para indústrias, governos e cidades que se empenham em construir um futuro mais dinâmico, resiliente e sustentável. Disponibiliza a função de redesenho de processos operacionais físicos, em tempo real, otimizando para eficiência, produtividade e segurança com apenas um clique. Torna as operações mais eficientes para o atingimento de metas, imprimindo sustentabilidade no negócio, com a manutenção da continuidade das operações de forma resiliente às mudanças do mercado e ambientais”, completa o presidente da CAERJ.

Processos mentais

Por seu lado, Voltér Luís Trein, CRO da eSales, destaca que a Logística 4.0 e suas

tendências nos mostram que vamos falar cada vez mais de automatização de processos mentais.

“Quando se falava de uma revolução 3.0 ou industrial, automatizamos os processos repetitivos humanos, os processos mecânicos. E tudo que se refere ao 4.0 vai estar falando de uma automatização dos processos mentais, vai falar de predição, de antecipação de tendências e do uso dos dados para conseguir tomar melhores decisões. Vai se falar em ter grandes bases de dados daquilo que está chegando, daquilo que está saindo, daquilo que o consumidor está comprando, distribuindo e repassando para que em cima dessa grande massa de dados nós possamos ter processos mais eficientes e criação de sinergias entre quem está comprando, quem está vendendo e quem está distribuindo.”

Segundo Trein, essa é a grande definição da Logística 4.0, o uso dos dados para tomada de decisão para que as máquinas possam fazer as operações de forma muito mais rápida, mentais e repetitivas e deixar que os seres humanos se ocupem mais com os relacionamentos, com o uso da informação para tomada de decisões mais cirúrgicas, mais detalhistas para conseguir ter nuances nessas decisões e ter essa massa de dados trabalhando por nós.

Ecossistema integrado

Já na visão de Rafael Alvarez, diretor de logística da Raízen, a Logística 4.0 consiste na criação de um ecossistema integrado e coeso (processos e tecnologia) que visa otimizar a cadeia de suprimentos de ponta a ponta, gerando eficiência e redução custos. “Cada vez mais veremos processos automatizados e digitalizados, automação e aplicação de softwares e hardwares em processos operacionais e de planejamento, softwares embarcados nos ativos rodantes ou instalados nos ativos fixos, fornecendo dados em tempo real tratados (via analytics) que se transformam em informação crível, qualificada e atualizada para tomada de decisão.

Para Caio Reina, CEO e fundador da RoutEasy, a Logística 4.0 integra tecnologia, inteligência artificial e automação para otimizar processos em todas as etapas da cadeia logística, com o objetivo de melhorar a qualidade das entregas, diminuir falhas, aumentar a produtividade e reduzir custos.

Segundo ele, a digitalização de processos é ponto fundamental dessa transformação, pois possibilita a integração de dados, a análise de cenários complexos em tempo real e o foco no máximo desempenho.

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