AEB avalia impactos da pandemia e revisa balança comercial para 2020

28/07/2020

A Associação de Comércio Exterior (AEB) revisou as suas previsões para a balança comercial de 2020, diante do novo cenário que se desenha no Brasil e no mundo com a pandemia de Covid-19 no Brasil. Os dados projetados mostram queda de 13,9% nas exportações em relação a 2019, chegando a um total de US﹩ 192,721 bilhões; retração de 18,1% nas importações, que alcançarão o patamar de US﹩ 145,255 bilhões; e superávit comercial de US﹩ 47,466 bilhões, com aumento de 1,7% frente a 2019.

Segundo o presidente da AEB, José Augusto de Castro, a entidade refez seus cálculos porque a economia e o comércio mundial estão sendo fortemente impactados, direta e indiretamente, pela pandemia da Covid-19. Na avaliação do executivo, os novos números refletem a instabilidade do cenário externo, acentuado com a guerra comercial entre EUA e China, a eleição para a presidência dos EUA, a quase unanimidade de PIBs negativos mundiais e o elevado e crescente desemprego no mundo.

“O agravamento da crise econômica na Argentina, o fortalecimento do dólar e o enfraquecimento das moedas, além de problemas internos no Brasil, colaboraram para a retração dos números da balança”, observou José Augusto de Castro.

As previsões da AEB também indicam que o superávit comercial projetado para o Brasil em 2020 será triplamente negativo, pois será obtido com queda das exportações de 13,3%; das importações de 18,1%; e de 15,4% na corrente de comércio, com geração de redução da atividade econômica.

De acordo com o levantamento, a corrente de comércio projetada em US﹩ 339,445 bilhões para 2020 será menor que os US﹩ 401,333 bilhões apurados em 2019 − e mais distante ainda do recorde de US﹩ 482,292 bilhões obtido em 2011. Além disso, voltará a ficar bem abaixo da faixa de US﹩ 400 bilhões.

“Excluído o ano 2018, desde 2014 as exportações brasileiras de manufaturados estão estagnadas em patamar inferior a US﹩ 80 bilhões. O valor de US﹩ 56,295 bilhões projetado para 2020 ficará próximo às exportações do longínquo ano de 2004, especialmente após a crise que assola a Argentina e a América do Sul”, assinalou o presidente da AEB.

Nesse contexto, a AEB informou que neste ano a crise econômica desalojou a Argentina do posto de segundo maior importador de manufaturados brasileiros, empurrando-a para a quarta posição. Ao mesmo tempo, as exportações do Brasil para a Argentina mostram forte queda em 2020. “As exportações para Argentina estão caindo acentuadamente e representando apenas 3,6%, quando em passado recente alcançaram patamar superior a 10%”, observa o executivo.

Commodities

Apesar de fortes oscilações de preços, o volume dos três principais produtos da pauta de exportação − soja, petróleo e minério de ferro − aumentarão sua representatividade para 34%. Esses itens são beneficiados pela queda dos manufaturados, consolidando o peso das commodities nas exportações e no superávit comercial.

A soja, pelo sexto ano consecutivo, será o principal produto de exportação do Brasil, com o minério de ferro voltando à segunda posição e petróleo em terceiro, por pequena diferença. Até a terceira semana de julho foram embarcados 66,5 milhões de toneladas de soja, representando 85% dos 78,5 milhões de toneladas previstas para embarque em 2020.

“Essa perspectiva reforça a imperiosa necessidade de reformas estruturais para reduzir o Custo-Brasil e gerar competitividade nas exportações de manufaturados”, defende José Augusto de Castro, ressaltando que todos os dez principais produtos exportados pelo Brasil são commodities, sem nenhum manufaturado, comprovando a perda de competitividade dos nossos produtos manufaturados.

Conclusões

A flutuante taxa cambial em 2020 ainda deverá ser motivo de altas e baixas num mercado volátil e sujeito a fatores externos e internos impactando suas cotações, que devem oscilar entre o mínimo de R﹩ 4,70 e o máximo de R﹩ 5,80, sendo R﹩ 5,30 a taxa mediana.

O elevado Custo-Brasil manterá o país excluído das cadeias globais de valor, principalmente pós-pandemia, provocando maior isolamento comercial, gerando baixo volume de exportações de manufaturados e perda de empregos qualificados.

Os dados projetados de exportação e importação para 2020 sinalizam que o Brasil deverá ocupar a 30ª posição no ranking de exportação e 31ª de importação, com a participação nas exportações mundiais devendo ser reduzida para ao redor de 1%.

Compartilhe:
615x430 Savoy julho 2025
Veja também em Conteúdo
Pesquisa revela avanço na conscientização dos caminhoneiros e maior identificação de exploração sexual nas estradas
Pesquisa revela avanço na conscientização dos caminhoneiros e maior identificação de exploração sexual nas estradas
Prêmio NTC destaca os melhores fornecedores do transporte rodoviário de cargas do Brasil em 2025
Prêmio NTC destaca os melhores fornecedores do transporte rodoviário de cargas do Brasil em 2025
Grupo Lebes aposta em verticalização e logística avançada para sustentar expansão no Sul do país
Grupo Lebes aposta em verticalização e logística avançada para sustentar expansão no Sul do país
Diagnóstico inédito sobre seguros portuários revela entraves e riscos climáticos em terminais autorizados
Diagnóstico inédito sobre seguros portuários revela entraves e riscos climáticos em terminais autorizados
LTP Capital assume controle da ABC Empilhadeiras e amplia atuação na locação de equipamentos
LTP Capital assume controle da ABC Empilhadeiras e amplia atuação na locação de equipamentos
Fulwood conclui primeira fase de condomínio logístico em Pouso Alegre (MG) 100% locado
Fulwood conclui primeira fase de condomínio logístico em Pouso Alegre (MG) 100% locado

As mais lidas

01

Tendências que vão redefinir a logística em 2026: tecnologia, integração regional, sustentabilidade e novos fluxos globais
Tendências que vão redefinir a logística em 2026: tecnologia, integração regional, sustentabilidade e novos fluxos globais

02

Demanda global por transporte aéreo de carga cresce 2,2% em maio, segundo IATA
Demanda global de carga aérea cresce 4,1% em outubro e marca oito meses de alta

03

Concessões de rodovias em 2026 somam R$ 158 bilhões e ampliam segurança nas estradas, analisa Sinaceg
Concessões de rodovias em 2026 somam R$ 158 bilhões e ampliam segurança nas estradas, analisa Sinaceg