Produtividade e segurança nas operações de intralogística: onde se pode perder ou ganhar em termos de eficiência

06/12/2023

A intralogística é fundamental para garantir a eficiência e a qualidade das operações internas da empresa, além de reduzir custos e aumentar a competitividade. No entanto, ela também pode ser um ponto crítico em termos de segurança e produtividade.

No complexo universo empresarial, a intralogística se coloca como a espinha dorsal que sustenta a fluidez operacional. Sob a pressão da competição global e na busca constante da eficiência, as empresas enfrentam o desafio de equilibrar produtividade e segurança nas suas operações.

Visando ao ponto ótimo, onde o ganho é maximizado e as perdas minimizadas, os olhares se voltam para o intricado cenário da intralogística. Como as engrenagens de uma máquina complexa, cada passo dado nas instalações logísticas pode significar a diferença entre o sucesso e a estagnação.

Ao adentrarmos esse universo, nossa jornada é decifrar os elementos que impulsionam a produtividade e garantem a segurança nas operações. Desde a chegada da matéria-prima até o produto final, as empresas enfrentaram grandes desafios, onde cada escolha define não apenas o resultado financeiro, como também a confiança e a integridade da marca.

Principais desafios

Entre os vários os desafios enfrentados pelas empresas em termos de produtividade e segurança nas operações de intralogística, do ponto de vista da Águia Sistemas, estão: desenvolver um projeto que atenda às necessidades atuais e que possa ser adaptado ao crescimento das empresas; especificação correta dos equipamentos, da tecnologia e também da metodologia de trabalho adequada à operação propriamente dita; capacitação das equipes operacionais para o melhor uso dos recursos, assim como o conhecimento das boas práticas.

“Em relação à automação, uma das grandes preocupações é a eficiência operacional, pois um projeto de automação intralogística pode auxiliar não só a movimentação, organização, o aumento de produtividade, como também na satisfação do cliente e redução das devoluções. Isso entra em outro ponto que é a sustentabilidade, pois reduzindo o retorno de material tem-se um ganho sustentável”, avalia Rogerio Scheffer, diretor-presidente da Águia Sistemas.

Na parte de segurança – ele prossegue – “vemos dois tipos de preocupações: a segurança cibernética, tendo equipes de TI mais estruturadas e sistemas integrados mais engessados para precaver invasores. E temos a segurança operacional, devido a muitas operações terem tráfego de equipamentos pesados, como empilhadeiras, onde soluções intralogísticas podem mitigar este risco”.

Raquel Rodrigues, gerente de vendas de empilhadeiras da BYD, também relata que a movimentação interna precisa sempre entregar resultados rápidos para a constante movimentação de material com eficiência, redução de custos operacionais, riscos minimizados e atendimento de políticas globais sustentáveis, como a redução na emissão de CO2.

Também com foco no meio ambiente, Alessandro Capelli, da Diretoria Comercial da Imparpec, lembra que, atualmente, entre os principais desafios está a busca por uma operação certificada ESG, abordando as práticas ambientais, sociais e de governança de uma empresa. “Portanto, cada vez mais, busca-se equipamentos com impactos mínimos ou zero ao meio ambiente, melhoria do conforto dos operadores, com o viés social, e que atendam a eficácia dos processos, atestando seus controles internos de boa governança aos procedimentos.”

Roberto Fernandes, gerente geral da Byg Transequip, volta-se para a questão da automação das operações como o maior desafio. “Aqui inclui-se a implementação de sistema de automação e softwares de gestão, garantindo maior controle, rapidez e segurança, maximizando o espaço disponível e minimizando os deslocamentos.” Outro desafio, ainda segundo Fernandes, está na gestão da eficiência energética, que é um custo significante na automação da operação.

Por sua vez, Jean Robson Baptista, do Departamento Comercial da Empicamp Comércio e Serviços de Empilhadeiras, acredita que o grande desafio é não estar demagogicamente preso à segurança, mas comprometido com ela. “É preciso trabalhar para não tornar a segurança um fator que engesse a operação, mas que esteja intrínseca a ela. Fatores como custo e produtividade são condições praticamente inegociáveis para o sucesso de qualquer operação, seja ela logística ou não. E o único fator que está sobre estes dois e torna qualquer possibilidade de ser viável é a segurança: sem ela não há operação. Um acidente na operação tira totalmente as demais prioridades. Em outras palavras, tem de ser seguro ‘e’ produtivo e tem que ser seguro ‘e’ com melhores custos possíveis.”

“Aliar produtividade e segurança traz de imediato um pensamento de que estaríamos ‘engessando’ a operação com normas e métodos mais seguros. Por conta disso, automaticamente o desafio é ajustar à rotina procedimentos que coloquem o item segurança como base de quaisquer rotinas produtivas. O segredo é sempre a conscientização e treinamentos constantes”, complementa Tiago Daniel, sócio-diretor da TD Equipamentos de Movimentação.

Certamente, a busca incessante pelo aumento da eficiência nas operações intralogísticas é vital para as empresas e, por vezes, a segurança das operações torna-se marginal. Entretanto, a avaliação constante dos processos, treinamentos e manter os equipamentos em plena condição de uso é conjunto de ações básicas para uma operação intralogística produtiva e segura”, acrescenta Flávio Piccinin, gerente Operacional da ISMA. Ele é complementado por Vanessa Saviano, supervisora de Marketing da mesma empresa, que cita alguns dos desafios enfrentados: a otimização de processos, através de tecnologia, automação e/ou gestão – a busca pela eficiência e eficácia, a fim de minimizar o tempo, recursos e mão de obra, reflete diretamente na alta produtividade desejada; a otimização e organização dos espaços, que contribuem significativamente para o aproveitamento de todo o espaço vertical disponível na área sem comprometer o acesso aos produtos é uma estratégia para tornar o processo mais ágil; a segurança dos colaboradores e produtos armazenados, diante dos processos de movimentação e armazenagem que buscam ser realizados com o menor custo possível.

À esta questão de segurança, e como também um desafio, Richard Nakamura Yamanaka, do Departamento de Vendas da Mogipack, aponta a limitação do espaço útil interno das empresas, o que acaba minimizando a área produtiva e pode gerar acidentes.

De fato, como também pontua Eduardo de Rocco, sócio e CEO da Movix, a otimização do layout do armazém para maximizar a eficiência do espaço e do fluxo de trabalho também é um desafio, juntamente com a garantia de conformidade com normas de segurança para proteger os trabalhadores e evitar acidentes e a implementação de sistemas de gerenciamento de estoque automatizados para reduzir erros e atrasos.

Paulo Souza, supervisor de Serviços da Unidade de Negócios de Movimentações de Cargas e Materiais da Tractorbel Equipamentos, também ressalta que um dos maiores desafios para gerar produtividade com segurança nas operações, sejam elas em quaisquer segmentos, é a preparação dos locais onde elas irão ocorrer, da melhor e mais adequada formatação, para que tanto a produtividade quanto a segurança sejam prioridades.

“Como exemplos posso citar: espaços bem planejados, portapaletes corretamente projetados e planejados, especificações corretas dos equipamentos de movimentação de cargas e materiais, como empilhadeiras elétricas e/ou a combustão, paleteiras, transpaleteiras, dentre outros.”

Paulo também diz que é fundamental que sejam solicitadas visitas técnicas de fornecedores, envolvendo os gestores logísticos e operacionais, para que juntos possam definir os melhores formatos para cada uma das operações e suas peculiaridades.

“Com os processos de intralogística bem definidos e adequados a cada segmento, infraestrutura adequada e planejada, áreas de movimentação com dimensionamentos corretos e equipamentos perfeitamente definidos, é possível promover o aproveitamento máximo dos recursos disponíveis, com resultados positivos na operação.”

Raphael Souza, gerente Corporativo Comercial da Jungheinrich Brasil, identifica, em primeiro lugar, o desafio da utilização do equipamento correto para a operação correta. “Como o próprio nome diz, as empilhadeiras — ou seja, máquinas que empilham — eram os primeiros equipamentos intralogísticos disponíveis no mercado global, não havia outras máquinas.”

O primeiro desenvolvimento foi a empilhadeira, que é o que chamamos hoje de contrabalançada. Com o passar dos anos e com o desenvolvimento tecnológico, outros equipamentos foram sendo desenvolvidos para funções logísticas específicas, por exemplo, o rebocador — para rebocar carga; a selecionadora — para selecionar pedidos; e a transpaleteira — para transporte horizontal de carga. Isso possibilitou que as empresas tivessem acesso a equipamentos adequados àquela função. 

Qual é o problema disso? Como as empilhadeiras já estavam muito difundidas no mercado, as pessoas não tinham conhecimento da importância ou sequer da existência desses outros tipos de equipamentos. Por isso, até hoje é comum observarmos muitas empresas que continuam usando a empilhadeira para movimentação horizontal e não para empilhar.

Obviamente – continua Souza – isso influencia na questão de segurança. Você tem um equipamento que é gigantesco em termos de tamanho, desajeitado para utilização e lento para aquela operação, quando na verdade você poderia trabalhar com um equipamento menor, mais rápido, mais ágil ou desembarcado — o que traria muito mais segurança para os operadores. 

“O que eu diria aqui nesse ponto é que o principal desafio das empresas é, de fato, ter mão de obra qualificada e encontrar bons parceiros que possam ajudá-los a colocar uma correta frota dentro das operações”, completa o gerente Corporativo Comercial da Jungheinrich Brasil.

Além da questão da segurança no trabalho, Roberto Tedesco, diretor-presidente da Tedesco, aponta que, atualmente, as empresas precisam lidar com outros fatores que garantam segurança e produtividade das suas operações, como: tecnologia e automação; otimização de processos; gestão de equipamentos; controle preciso de estoque; logística reversa; e adaptação às mudanças de mercado.

Sandro Gianello, gerente de Marketing da Toyota Material Handling Mercosur – Toyota Empilhadeiras, destaca que, teoricamente, aumento de produtividade e segurança normalmente caminham em sentidos opostos. Mas isso não é absoluto, e não é assim que as coisas devem ser encaradas. “Pelo menos no ponto de vista da Toyota, uma preocupação enorme e uma dedicação robusta de recursos para que acidentes não aconteçam, fazem parte de nosso dia a dia. Se o aumento da produtividade apenas estiver atrelado ao aumento da velocidade das operações, sim, certamente os acidentes aumentarão, e muito. A dependência do ser humano, suas tomadas de decisão durante os processos de intralogística, suas habilidades e, principalmente, seus cuidados individuais influenciam diretamente na segurança envolvida nas operações. Não seria muito dizer que a totalidade dos acidentes, quando dependem de decisões não pré-estabelecidas por softwares ou sistemas autônomos, está diretamente ligada às pessoas.”

Já que o assunto é empilhadeiras, vamos ver que o maior desafio que está colocado, segundo Humberto dos Santos Mello, diretor da SDO Equipamentos, é o convencimento de que máquinas a combustão e/ou elétricas com bateria de chumbo devem ser substituídas por outras com a tecnologia de baterias de lítio. Apesar de alguma resistência – conforta Mello –, já se consegue perceber esta mudança de conceito nas operações de intralogística – “é claro o ganho expressivo de produtividade, redução de custos operacionais e importante melhoria nas condições de segurança da pessoas e do meio ambiente”.

Na visão de Alexandre Galante, diretor Comercial da Máquinas na Web, os principais desafios enfrentados pelas empresas em termos de produtividade e segurança nas operações de intralogística estão relacionados à capacitação de pessoal, mecanização de processos e atualização do parque de máquinas e equipamentos. “É primordial que as empresas modernas atualizem os processos de gestão, passando por treinamentos operacionais, conscientização das políticas de gestão e de processos. Além disso, é de extrema importância a otimização do fluxo e materiais, automação e digitalização dos processos, gerenciamento de estoque e de riscos, integração de sistemas com eficiência e controle, bem como a atenção na segurança das operações”, diz Galante.

A lista de desafios feita por Camila Castagnetti, especialista em Soluções de Verticalização de Estoque da Portilhiotti, acaba por englobar vários dos já apontados, lembrando que no cenário empresarial global, a intralogística assume um papel crucial na cadeia de suprimentos, influenciando diretamente a produtividade e segurança das operações. As empresas enfrentam desafios significativos nesse ambiente dinâmico, que vão desde questões de eficiência operacional até a gestão de pessoas.

Na questão dos desafios na Produtividade e Segurança, Camila diz que o Desafio 1 é a Tecnologia e Automação. “O avanço tecnológico rápido cria oportunidades, mas também desafios. A implementação de sistemas automatizados, como drones e robôs, exige investimentos substanciais e a integração perfeita com os processos existentes.” O Desafio 2 envolve os Riscos de Segurança Cibernética. Segundo Camila, à medida que a intralogística se torna mais digital, as ameaças cibernéticas se intensificam. A segurança de dados e sistemas é uma prioridade, já que qualquer falha pode comprometer não apenas a eficiência, mas também a integridade das operações.” E o Desafio 3 envolve a Gestão da Complexidade Logística. O aumento da variedade de produtos e a expansão geográfica das operações tornam a gestão da complexidade logística um desafio constante. A sincronização eficiente de todas as etapas, desde o recebimento até a distribuição, requer estratégias inovadoras.

“Concluindo, a intralogística enfrenta desafios complexos, mas também oferece oportunidades para a inovação. Empresas que investem em tecnologia, segurança cibernética e na capacitação de seus colaboradores estão melhor posicionadas para navegar por esse cenário desafiador e alcançar a excelência operacional na intralogística global”, destaca Camila.

Finalizando esta questão, o diretor comercial da Versus, Claudio Luiz Rodrigues Farias, aponta outro grande desafio, até agora não destacado: a falta de viabilidade no sistema com maquinários ultrapassados, podendo acarretar atrasos, riscos para segurança, perda de materiais e falta de produtividade em geral.

Impactos financeiros

Como visto, são vários os impactos da falta de eficiência e segurança nas operações intralogísticas, inclusive financeiros. Segundo Fernandes, da Byg Transequip, a falta de eficiência e segurança gera desabastecimento, desperdício de materiais e maior deslocamento, impactando diretamente nos lucros. A estes, Yamanaka, da Mogipack, acrescenta a falta de controle interno de insumos, o que acaba gerando gastos excessivos.

“Se citarmos objetivamente acidentes com lesão ou perda de vida, isso pode ter custos altíssimos para a família, para empresa e para sociedade. Além disso, a empresa está sob constantes riscos de uma demanda trabalhista, mesmo que não tenha havido um acidente pois, no que se refere à lei trabalhista, o Brasil é considerado bastante litigioso. Ou seja, o simples fato de a empresa não ter documentação sobre procedimentos de segurança e controles de equipamentos de proteção já pode gerar uma demanda jurídica trabalhista – independente dos funcionários terem equipamentos de proteção individual ou coletivo e treinamento de como utilizá-los, sem documentação existe o risco de problemas. Por isso, a gestão da segurança sempre deve ter ferramentas para conferir se equipamentos de movimentação e armazenagem estão respeitando as normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho e, além disso, documentar de forma correta, conforme as exigências deste Ministério”, revela Jean, da Empicamp.

Mantendo a ótica sobre o ESG, Capelli, da Imparpec, diz que muitos clientes – principalmente empresas multinacionais ou grandes players nacionais – que já conquistaram sua certificação ESG buscam por fornecedores parceiros que tenham a respectiva certificação, o que, em muitos casos, reflete em ser homologado ou não para participar de um determinado BID ou cotação, o que, portanto, impacta diretamente nos resultados financeiros das organizações.

Já para Piccinin, da ISMA, estes impactos são impossíveis de se medir, pois eles são diretos e indiretos. Acionistas, colaboradores, clientes, todos são impactados e, por consequência, as finanças também. Um cliente deixa de armazenar em uma dada empresa por existirem problemas com coisas básicas como, por exemplo, baixa luminosidade, sujeira e equipamentos com aspecto ruim.

“São muitos os custos, já que as operações ineficientes geram custos mais altos, desperdiçam recursos e tempo. Somados à falta de segurança, aumentam o incidente de sinistros e seus riscos relacionados, e os custos da não-segurança podem ganhar proporções altíssimas, muitas vezes não mensuráveis, como clientes insatisfeitos, perda de negócios e de confiança na marca”, completa Vanessa, também da ISMA.

Galante, da Máquinas na Web, também revela que os impactos financeiros da falta de eficiência e segurança nas operações de intralogística vão desde o aumento dos custos operacionais até o impacto negativo na reputação da empresa, gerando insatisfação no cliente final. Afetam também a produtividade com operações ineficientes, processos lentos e retrabalhos, resultando em uma menor capacidade de atender às demandas internas e externas. Outro ponto a se considerar é o aumento do custo de mão de obra, além dos danos e perdas de estoque.

“A primeira coisa que observo é o uso de um equipamento mais caro, que poderia ser substituído por um mais barato, realizando apenas a função intralogística para a qual foi desenvolvido. Por exemplo, eu tenho uma locação de uma empilhadeira contrabalançada que custa R$ 10.000 por mês e está sendo utilizada para fazer uma movimentação horizontal de carga, sendo que poderia estar usando uma transpaleteira, que custa R$ 3.000 por mês. O outro ponto é: mesmo que eu esteja falando no mesmo modelo de equipamento, se estou usando um equipamento a combustão, por exemplo, que tem uma reversão demorada, pausas para abastecimento, além de emissões de gás, começo a gerar uma ineficiência no meu processo. Assim, começo a deixar o meu operador desmotivado, a colocar o equipamento muito grande para o meu espaço e seguramente isso reflete diretamente em menos paletes movimentados por quarters.” Às vezes – continua Souza, da Jungheinrich Brasil – as empresas não se dão conta de que usar o equipamento correto é mais eficiente, mesmo que ele seja mais caro.

Já quando pensamos na segurança, o primeiro passo é a obrigatoriedade de se preocupar com os operadores, as pessoas que estão em volta da operação e o patrimônio da empresa. Neste caso, é importante se atentar ao equipamento e entender se está ou não adequado para aquela função, ou se é o melhor equipamento com os melhores sistemas de segurança — sejam eles câmeras, medidor de carga residual, alarmes de uma movimentação incorreta, bloqueio de dupla movimentação em locais que não são possíveis, diz o gerente Corporativo Comercial da Jungheinrich Brasil.

Certamente, os impactos mais relevantes são custos operacionais que extrapolam o planejado, operações inadequadas e inseguras e, por consequência, que necessitam ser replanejadas, causando transtornos à sua eficiência e eficácia, com prejuízos dentro de um mercado muito exigente e competitivo.

A perda do tempo tão precioso com remanejamentos, reestruturações, replanejamentos de operações já em execução coloca empresas em situações complexas em sua produção, escoamento e fornecimento ao mercado, finaliza Paulo, da Tractorbel.

Gestão de pessoas e treinamentos

Completando esta matéria especial, vale a questão: Como a gestão de pessoas e treinamentos podem influenciar na eficiência e segurança das operações de intralogística?

Para Scheffer, da Águia Sistemas, este é um fator fundamental. De nada adianta um bom projeto, dentro das Normas, executado por bons fornecedores, se não temos operadores qualificados e capacitados para a operação. O conhecimento da metodologia, do processo, dos equipamentos e as boas práticas de operação têm de ser obrigatoriamente compartilhados com a equipe de forma objetiva e didática, assim como os gestores devem cobrar dos operadores sua aplicação efetiva.

“Encontramos diversas operações em que a rotatividade é grande e as contratações em períodos de pico são frequentes, com isso o treinamento é crucial para manter a produtividade e, também, a durabilidade dos equipamentos que auxiliam na produtividade. Os investimentos em estruturas de armazenagens ou sistemas de movimentação intralogísticos não são irrisórios e deixar pessoas sem treinamento operando pode provocar acidentes, ou danificar as estruturas de forma desnecessária.”

Souza, da Jungheinrich Brasil, também afirma que este é um ponto fundamental. “Fazendo pesquisa de mercado nas faculdades, o que percebemos é que essas instituições não capacitam o profissional para identificação do correto equipamento para usar em operações intralogísticas – isso gera ineficiência efetiva sobre seus processos, afinal de contas o profissional não é capaz de identificar se ele deve usar uma empilhadeira ou uma transpaleteira, por exemplo. E essa é uma preocupação muito grande que temos no desenvolvimento na gestão de pessoas em treinamento: qualificar o maior número possível de profissionais para que elas sejam capazes de identificar, de fato, qual é o tipo de equipamento mais adequado para determinada operação. Isso traz benefícios infinitos. Primeiro pelo próprio desenvolvimento do colaborador, que tem novos conhecimentos; depois para a empresa, que passa a ter dentro do seu portfólio de equipamentos aqueles que vão efetivamente trazer eficiência para os processos e, por consequência, segurança. Além disso, os profissionais vão ser capazes de identificar quais são os riscos das operações e quais são os equipamentos e acessórios que podem mitigar esses riscos.” 

Paulo, da Tractorbel, é outro participante desta matéria que salienta que este ponto, fundamental, deve ser tratado com atenção e acompanhamento constante.

Com a evolução cada vez mais rápida das tecnologias na fabricação de muitos itens que compõem uma operação, a gestão de pessoas com treinamentos constantes, a promoção de capacitações a todo momento e a preparação para operar e produzir competitivamente nesse mercado em ampla evolução faz toda a diferença para que as operações consigam ser eficientes e seguras, pois o capital humano é a base do sucesso para as empresas.

Programas de educação continuada com os envolvidos nos processos de intralogística são muito importantes. “Como gestor de contrato, acredito ser de extrema importância, e coloco em prática a realização de visitas em nossos clientes. Normalmente, me deparo com operações em que nem sempre quem opera os equipamentos tem total conhecimento das condições necessárias e seguras para atuação. De nada adianta termos uma operação de intralogística com equipamentos de última geração, com tecnologias embarcadas, se os profissionais que os operam não forem devidamente treinados periodicamente.”

Capacitar todos os envolvidos, principalmente com foco na segurança, é algo que realmente deve ser priorizado nas operações de intralogística. Estruturas portapaletes danificadas por colisão de equipamentos de movimentação, devido a falhas operacionais e/ou falta de planejamento ao definir os espaços necessários para as movimentações, podem gerar condições inseguras com perda de tempo, prejuízos financeiros e riscos de incidentes ou acidentes fatais, completa o supervisor da Tractorbel.

Também para Raquel, da BYD, a instrução e treinamento dos operadores, assim como o fornecimento de EPI´s, são determinantes para que os operadores possam se conscientizar de quais atos são seguros e quais atos poderão gerar um acidente de trabalho, muitas vezes, com risco de morte.

Gianello, da Toyota Empilhadeiras, resume: evitar acidentes toca na parcela mais importante dos riscos envolvidos, o ser humano. A interação adequada dos operadores com seus equipamentos e todas suas opções de tecnologia voltadas para a segurança, bem como a preocupação com o entorno e as demais pessoas, devem sempre ser recicladas. A conscientização e a persistência presentes nos treinamentos de segurança elevam muito os níveis de segurança e trabalham na parte preventiva dos acidentes, uma vez que quase sempre as causas são conhecidas e podem ser evitadas.

Outro ponto importante, ainda segundo o gerente de Marketing da Toyota Empilhadeiras, é que os diálogos voltados para segurança sejam sempre interativos e permitam que as pessoas e áreas envolvidas sugiram melhorias e pontos de evolução, além do espelhamento de boas práticas por outras áreas.

“A gestão de pessoas e o treinamento são fundamentais para as empresas fazer o melhor uso de sua não de obra e equipamentos, realizar operações precisas, obtendo um maior rendimento, além de monitorar, controlar e gerenciar melhor a movimentação de materiais e informações, evitando erros como registro equivocado no sistema, atrasos para carregar ou descarregar materiais, materiais sem identificação, etc.”, afirma Fernandes, da Byg Transequip.

É de suma importância para a gestão de pessoas investir em treinamentos e capacitações, também pondera Galante, da Máquinas na Web. A capacitação e o desenvolvimento dos colaboradores são essenciais para aprimorar as competências e habilidades necessárias para a realização das atividades do dia a dia. Além disso, é uma forma de manter a equipe atualizada em relação às mudanças e tendências do mercado e ajuda na liderança e gestão de pessoas, estimulando a colaboração entre todos os envolvidos no processo. Quando a equipe trabalha em conjunto, é possível desenvolver soluções criativas e eficientes para os problemas da empresa, além de aumentar a satisfação e engajamento dos colaboradores.

Camila, da Portilhiotti, também enfatiza que uma equipe bem treinada e motivada é um ativo valioso. A gestão de pessoas na intralogística deve priorizar o desenvolvimento de habilidades, comunicação eficaz e engajamento dos colaboradores. Já os treinamentos regulares em tecnologias emergentes, práticas de segurança e gestão de processos são fundamentais. Colaboradores bem treinados são mais propensos a identificar e solucionar problemas, contribuindo para a eficiência operacional. “Promover uma cultura de segurança também é essencial. Os funcionários devem estar cientes dos riscos, saber como mitigá-los e entender a importância de seguir protocolos de segurança”, acrescenta a especialista em Soluções de Verticalização de Estoque da Portilhiotti.

Por outro lado, Mello, da SDO Equipamentos, ensina que o treinamento dos colaboradores em uma empresa deve ser constante, principalmente aos operacionais que estão mais sujeitos a riscos. Quanto mais qualificados forem, maior será a sua eficiência e entendimento de quão vital é a sua segurança e de seu entorno.

“Colaboradores comprometidos com o propósito da empresa são o grande diferencial. Saber o porquê de cada parafuso apertado, cada carga entregue, faz com que todos trabalhem em prol de um mesmo objetivo, automaticamente todos se preocupam com a própria segurança e dos demais envolvidos. Para tal, gestão à vista em todos os setores, acrescenta Daniel, da TD Equipamentos de Movimentação.

Segundo estudos, a adoção da tecnologia em empresas consegue reduzir o tempo de aprendizado dos colaboradores em até 70% em comparação com os trabalhos manuais, que na maioria dos casos exigem mão de obra especializada. Logo, com o treinamento e a capacitação operacional constantes, atrelados à utilização de softwares desenvolvidos para a organização e planejamento, fica fácil realizar a transição do tradicional para o moderno com comodidade e segurança, finaliza Roberto, da Tedesco.

Participantes desta matéria

Águia Sistemas – Projeta, produz e integra sistemas de armazenagem, movimentação e tecnologias complementares para soluções completas das operações de intralogística.

BYD – Fornece equipamentos com baterias de ferro fosfato-lítio, incluindo empilhadeiras, transpaleteiras e rebocadores elétricos.

Byg Transequip – Especializada em soluções para movimentação e verticalização de cargas paletizadas.

Empicamp – Atua com venda, peças, locação e manutenção de empilhadeiras, além de oferecer curso para operador de empilhadeira.

Imparpec – Comercializa empilhadeiras novas, sendo Master Dealer Doosan para o Brasil, e seminovos da Hyster, além de fazer locação de empilhadeiras, planos de manutenção preventiva e corretiva, reformas de equipamentos e venda de peças.

ISMA – Especialista em soluções para armazenagem intralogística.

Jungheinrich Brasil – Além das empilhadeiras, disponibiliza acessórios, estruturas portapaletes, baterias e carregadores.

Máquinas na Web – Oferece soluções para trabalhos em altura, seja na elevação de pessoas e de cargas.

Mogipack – Desenvolve soluções logísticas industriais, através de estruturas metálicas.

Movix – Oferece uma linha completa de empilhadeiras, tanto off-road quanto industriais.

Portilhiotti – Atua no segmento de soluções de verticalização de estoque.

SDO Equipamentos – É voltada para a locação e venda de equipamentos para movimentação de carga. Master Dealer no Brasil para a marca EP Forklifs, maior produtor mundial de máquinas elétricas com baterias de lítio, e Dealer, para a região Sudeste do Brasil, da Eikto, maior produtor mundial de baterias de lítio para empilhadeiras.

TD Equipamentos de Movimentação – Executa reformas, manutenção e locação de transpaleteiras manuais.

Tedesco – Oferece soluções para armazenagem e movimentação de cargas.

Toyota Empilhadeiras – Fornece uma vasta gama de empilhadeiras e equipamentos de movimentação de materiais.

Tractorbel – Representante das marcas LiuGong, Linde, Still, Baoli, Yanmar e Fronius, atua na venda e locação de equipamentos, além de vendas de peças originais e serviços.

Versus – Trabalha com sistema de prateleiras de aço modular e flow racks para linha industrial com sistema flexível. 

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