Suzano planeja investir R$ 2 bi em projetos de modernização industrial até 2024

06/04/2021

A Suzano tem hoje um portfólio de 32 projetos de modernização industrial, que permitirão reduzir o custo caixa de celulose e trarão maior eficiência às operações, em particular com redução do consumo de químicos e maior geração de energia própria, segundo o diretor de celulose industrial, engenharia e energia da Suzano, Aires Galhardo.

A empresa planeja investir R$ 2 bilhões nesses projetos de modernização até 2024, o que resultará em redução de R$ 46 por tonelada no custo caixa de celulose.

Como exemplo, o executivo citou a substituição do sistema de branqueamento na fábrica de Jacareí (SP) por uma tecnologia mais moderna, reduzindo o consumo de químicos. Além disso, a modernização da unidade possibilitará maior exportação de energia, com retorno financeiro e ambiental, uma vez que haverá redução nas emissões de carbono.

A Suzano anunciou que prevê alcançar até 2024, gradualmente, desembolso operacional total de cerca de R$ 1.400 mil por tonelada, frente a R$ 1.482 por tonelada no ano passado. Em 2019, esse desembolso havia sido de R$ 1.584 por tonelada.

Nova fábrica de celulose

A fábrica de celulose de eucalipto que a Suzano vai construir no futuro em Ribas do Rio Pardo (MS) terá 2,3 milhões de toneladas de capacidade instalada, disse Galhardo nesta quarta-feira durante o Suzano Day.

O tamanho da nova linha deriva das projeções da Suzano para o mercado global de celulose de fibra curta para os próximos anos. Conforme o executivo, a distância entre fábrica e floresta da nova unidade (raio médio) será de apenas 60 quilômetros, extremamente competitiva, e a Suzano já assegurou 85% da madeira necessária para os primeiros anos de operação.

A execução do projeto, que somente será submetido à aprovação do conselho de administração “quando o balanço permitir”, levará 30 meses.

Segundo o diretor comercial de celulose e de gente e gestão da companhia, Leonardo Grimaldi, a demanda global de celulose de fibra curta deve crescer 4,6 milhões de toneladas nos próximos cinco anos. A migração de outros tipos de fibra para a fibra curta deve adicionar 1 milhão de toneladas a esse volume, elevando a 5,6 milhões de toneladas o consumo adicional na comparação com as 35,8 milhões de toneladas de 2020.

Ao mesmo tempo, os projetos de celulose anunciado até o momento — UPM, Bracell e Arauco (Mapa) — vão adicionar 3,4 milhões de toneladas de fibra curta, para 43,2 milhões de toneladas, volume inferior à demanda adicional esperada. Além disso, há previsão de mais fechamentos de unidades nos próximos anos, por razões ambientais.

“Olhando para esses números, vemos que o mercado estará apertado em termos de oferta e demanda, que vai exceder a capacidade em mais de 2 milhões de toneladas”, afirmou Grimaldi.

Perspectivas para a celulose

O presidente da Suzano, Walter Schalka, disse que os estoques de celulose no sistema continuam reduzidos e a demanda, firme, o que faz a companhia estar confiante de que, se não houver nenhum evento extraordinário relacionado à pandemia de covid-19, 2021 será um ano muito bom para esse negócio.

A Suzano anunciou novo preço para a celulose de fibra curta na China em abril, de US$ 780 por tonelada, frente aos US$ 720 por tonelada implementados em março. Com a implementação desse reajuste, a cotação da matéria-prima naquele mercado atingirá nível recorde, disse Schalka.

O preço mais alto anteriormente na China havia sido de US$ 760 por tonelada, entre o fim de 2018 e início de 2019. Conforme o executivo, a expectativa é a de que o reajuste seja integralmente aplicado.

A companhia também anunciou reajustes para a Europa e a América do Norte, de US$ 100 por tonelada em abril. Com esse aumento, o preço da fibra curta no mercado europeu subiu a US$ 1.010 por tonelada e a US$ 1.240 por tonelada no mercado americano.

“Estamos preparando todas as condições precedentes para anunciar o projeto de Ribas do Rio Pardo”, acrescentou o executivo.

De acordo com o diretor de finanças, relações com investidores e jurídico, Marcelo Bacci, 2021 representará um importante ponto de virada no que diz respeito à convergência da alavancagem financeira da Suzano à política financeira e a forte geração de caixa, beneficiada paro câmbio e pela recuperação dos preços da celulose, levarão a companhia para dentro dos limites dessa política.

“Estamos comprometidos com a disciplina financeira e com a manutenção do grau de investimento”, disse Bacci. A Suzano tem nota grau de investimento, com perspectiva estável, nas três agências de classificação de risco.

Segundo o executivo, a maior geração de caixa permitirá à companhia lançar novos projetos de crescimento e retomar o pagamento de dividendos nos próximos anos.

Logística

As dificuldades logísticas no transporte marítimo que têm sido observadas nos últimos meses devem persistir até o terceiro trimestre, na avaliação de Grimaldi.

“A questão logística permanece, com congestionamento nos portos e falta de contêineres. Isso está elevando prazos e o custo do frete”, afirmou o executivo.

Conforme o diretor de florestal, logística e suprimentos da companhia, Carlos Aníbal, a Suzano tem contratos de longo prazo de break bulk e, em contêineres, alguns contratos terão de ser renovados neste ano e devem sentir a pressão do mercado mais desafiador.

Questionado sobre a perda de relevância dos negócios de papel da Suzano relativamente à celulose e frente à queda estrutural do consumo de imprimir e escrever, o presidente da companhia disse que não há planos, neste momento, de sair desse mercado. “Há oito anos, quando entrei na companhia, o Ebitda de papel era inferior a R$ 400 milhões. No ano passado, foi de mais de R$ 1,3 bilhão e estou seguro que neste ano será melhor ainda”, comentou Schalka. “Claro que temos um ‘plano b’ pronto caso a demanda caia muito mas, neste momento, acreditamos que estamos muito bem posicionados”, acrescentou.

Conforme Schalka, a Suzano está testando diferentes produtos de papel para uso como embalagem, em substituição ao plástico e inicialmente com menor necessidade de barreira, nas máquinas já existentes, e pretende avançar nesse mercado. “Estamos preparando a companhia para fazer mais embalagens”, comentou.

Fonte: Valor Econômico

Compartilhe:
615x430 Savoy julho 2025
Veja também em Conteúdo
Pesquisa revela avanço na conscientização dos caminhoneiros e maior identificação de exploração sexual nas estradas
Pesquisa revela avanço na conscientização dos caminhoneiros e maior identificação de exploração sexual nas estradas
Prêmio NTC destaca os melhores fornecedores do transporte rodoviário de cargas do Brasil em 2025
Prêmio NTC destaca os melhores fornecedores do transporte rodoviário de cargas do Brasil em 2025
Grupo Lebes aposta em verticalização e logística avançada para sustentar expansão no Sul do país
Grupo Lebes aposta em verticalização e logística avançada para sustentar expansão no Sul do país
Diagnóstico inédito sobre seguros portuários revela entraves e riscos climáticos em terminais autorizados
Diagnóstico inédito sobre seguros portuários revela entraves e riscos climáticos em terminais autorizados
LTP Capital assume controle da ABC Empilhadeiras e amplia atuação na locação de equipamentos
LTP Capital assume controle da ABC Empilhadeiras e amplia atuação na locação de equipamentos
Fulwood conclui primeira fase de condomínio logístico em Pouso Alegre (MG) 100% locado
Fulwood conclui primeira fase de condomínio logístico em Pouso Alegre (MG) 100% locado

As mais lidas

01

Tendências que vão redefinir a logística em 2026: tecnologia, integração regional, sustentabilidade e novos fluxos globais
Tendências que vão redefinir a logística em 2026: tecnologia, integração regional, sustentabilidade e novos fluxos globais

02

Demanda global por transporte aéreo de carga cresce 2,2% em maio, segundo IATA
Demanda global de carga aérea cresce 4,1% em outubro e marca oito meses de alta

03

Concessões de rodovias em 2026 somam R$ 158 bilhões e ampliam segurança nas estradas, analisa Sinaceg
Concessões de rodovias em 2026 somam R$ 158 bilhões e ampliam segurança nas estradas, analisa Sinaceg