Pedágio free flow preocupa transportadoras por possíveis aumentos nos custos operacionais, revela Setcesp

A implementação do sistema de pedágio por fluxo livre, conhecido como free flow, tem gerado apreensão entre transportadoras brasileiras. Uma pesquisa realizada pelo IPTC (Instituto Paulista do Transporte de Cargas), a pedido do SETCESP, revelou que 53% das empresas acreditam que o novo modelo trará impactos financeiros diretos.

Segundo o presidente do Conselho Superior e de Administração do SETCESP, Marcelo Rodrigues, a decisão de realizar o levantamento surgiu após manifestações de associados preocupados com os efeitos econômicos do sistema. “Para atendê-los, o SETCESP decidiu ouvir as empresas e entender a opinião do setor sobre o tema”, explica.

Pedágio free flow preocupa transportadoras por possíveis aumentos nos custos operacionais, revela Setcesp

A coordenadora de projetos do IPTC, Raquel Serini, aponta que parte dessa preocupação se deve ao funcionamento do modelo. Antes, muitos veículos evitavam pedágios usando rotas alternativas ou percorriam apenas partes dos trechos tarifados. Com o pedágio free flow, a cobrança proporcional é aplicada sempre que o veículo cruza um pórtico, o que pode elevar o custo das viagens.

“Essa imprevisibilidade do valor cobrado em cada viagem tende a dificultar um reajuste preciso no frete”, alerta Serini. De fato, cerca de 80% das empresas pretendem reajustar os preços de frete devido ao novo modelo.

O levantamento também destaca que 24% das empresas consideram o sistema complexo para pequenos negócios, especialmente por conta de barreiras tecnológicas e dúvidas sobre a cobrança em casos de inadimplência ou ausência de tag eletrônica.

Outra preocupação é com a fiscalização das cobranças. 21% das transportadoras indicaram que a dificuldade de controle e verificação dos valores cobrados é uma das desvantagens do sistema.

Apesar dos receios, há também percepções positivas. Para 35% dos respondentes, a redução de tempo em trânsito é a principal vantagem do modelo, que elimina as praças físicas de pedágio.

No balanço geral da pesquisa, o setor apresenta uma divisão equilibrada: 43% das empresas são favoráveis ou muito favoráveis ao sistema, enquanto 44% são desfavoráveis ou muito desfavoráveis. Outros 11% se disseram indiferentes à mudança.

Para Rodrigues, o cenário reflete a natureza de qualquer transição. “Mudanças sempre geram resistências. Muitos transportadores preferem modelos conhecidos e temem os riscos de transição, principalmente, quando há pouca clareza nos critérios de cobrança”, avalia. Ele ressalta que o SETCESP acompanha a implementação do free flow e atua no esclarecimento e orientação das transportadoras associadas.

👉 Acesse aqui todas as informações da pesquisa.

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