Nesta tradicional matéria de Logweb, este ano o diferencial apontado, a despeito do ocorrido nos últimos anos, é a crise econômica, política e moral que afeta todos os segmentos. No caso específico das empilhadeiras, a queda verificada no ano de 2015 variou entre 40% e 50%, segundo os nossos entrevistados.
“O ano de 2015 foi sofrível para o mercado de empilhadeiras no Brasil, que apresentou uma queda de mais de 40% em relação a 2014. Temos uma correlação alta e positiva com o mercado de caminhões, que também apresentou uma queda vertiginosa em 2015, confirmando o fato de que se não há investimentos e consumo não há movimentação de cargas e materiais. A redução do crédito e do consumo afeta todos os setores da economia, porém sentimos uma queda maior a partir do segundo semestre de 2015 por parte dos nossos clientes varejistas e atacadistas. Em contrapartida, observamos uma procura maior pela locação de equipamentos em curto e médio prazo, o que se apresentou como uma alternativa adotada pelas empresas para investimentos em ativos.” A análise é de Adriana Firmo, gerente geral da STILL Brasil (Fone: 11 4066.8100).
Augusto Zuccolotto, diretor comercial da Paletrans Equipamentos (Fone: 16 3951.9999), também destaca a redução do mercado de empilhadeiras em 2015 – o de empilhadeiras elétricas encolheu em torno de 30% e o de empilhadeiras térmicas em aproximadamente 45%.
“Posto esse cenário em um ano que começou com uma expectativa totalmente oposta ao cenário final, é possível entender a grande batalha travada pelos players para atingir o pouco mercado existente. Estoques excessivos, fábricas diminuindo o ritmo e exportações sendo freadas fizeram com que os preços não subissem de acordo com o câmbio, fazendo com que todas as empresas trabalhassem com margens achatadas.”
Ainda segundo Zuccolotto, de positivo no ano de 2015 “consideramos a saída de vários importadores, ora importantes, mas que, sem estrutura e base no Brasil, já não conseguem mais se manter devido à mudança do patamar cambial. Não só pela Paletrans, mas nota-se um grande ganho de market share das máquinas fabricadas no Brasil em relação aos equipamentos importados”.
A análise do diretor comercial da Paletrans é complementada pela de Sandro Sato, gerente regional da Linde Material Handling (Fone: 11 3604.4755). Para este, o mercado de empilhadeiras teve uma queda expressiva de mais de 40%, porém a desvalorização do Real frente ao Dólar e ao Euro fez com que fabricantes nacionais tivessem vantagens e o mercado deixasse de ter concorrentes que dependem única e exclusivamente do câmbio.
Célio Neto Ribeiro, diretor geral da Maxter Máquinas (Fone: 11 3173.1010), também lastima os resultados de 2015. Segundo ele, foi um ano catastrófico para o segmento de empilhadeiras – “as nossas vendas caíram em torno de 50%, principalmente por dois fatores: a redução do mercado e o aumento do câmbio”. Ainda segundo Ribeiro, a queda nas vendas só não foi maior devido “a uma boa parte de nossos estoques já estar nacionalizada, o que nos permitiu manter os preços ainda competitivos”.
Victor Cruz, gerente geral América do Sul, Centro e Caribe da Mitsubishi Caterpillar Forklift America – MCFA (Fone: +1 (713) 365.1000), também destaca que o ano de 2015 foi de grande volatilidade no mercado e muitas incertezas. O mercado brasileiro de empilhadeiras contraiu quase 50%, gerando um excesso de oferta e muito inventário parado na cadeia de distribuição. Outra variável – ainda segundo Cruz –, que sempre acompanha as crises, foi a volatilidade do dólar. Como a maioria dos equipamentos é importada, e mesmo para os fabricantes nacionais, os componentes principais, como motor e transmissão, também são importados, o impacto da depreciação da moeda nacional gerou um desafio adicional.
“Essa situação está fazendo com que as empresas reflitam muito sobre o retorno do investimento em um mercado cheio de incertezas políticas, econômicas e sociais. Os fabricantes que fizeram investimento em fábrica precisarão rever suas projeções de retorno de médio e longo prazo, bem como decidir, dependendo em que faze do investimento estão, se irão continuar. Já os fabricantes importadores precisarão decidir se vão entrar na dança do FINAME com todas essas incertezas ou simplesmente esperar por dias de mais transparência”, completa Cruz.
Daniela Gomes, do Departamento de Marketing da Clark Dabo Material Handling Equipment Brasil (Fone: 19 3856.9084), também revela seu pessimismo com relação aos resultados de 2015: “o mercado caiu quase 40% e não temos aspectos positivos. No mercado de locação e peças também houve uma queda, bem menor do que em vendas, mas houve”.
“Nós da UN já estávamos preparados para um ano com muitos desafios. No entanto, os resultados ficaram acima do estimado, já que nossa previsão era baixa. Como já havíamos previsto, confiança do empresariado e crédito foram os dois fatores que fizeram de 2015 um ano com baixo volume de vendas. Embora a demanda tenha diminuído, devido à desconfiança na economia, muitos clientes que precisavam investir em novos equipamentos não conseguiram aprovação de crédito com seus bancos. Desta forma o impacto foi ainda maior no segmento”, opina, agora, Emerson Viveiros, country manager da UN Forklift Comércio de Empilhadeiras (Fone: 19 3707.1621).
Mais otimista, Rafael Arroyo, gerente de Administração e Marketing da Crown Comércio de Empilhadeiras (Fone: 11 4585.4040), também reconhece que 2015 foi um ano bastante desafiador, com a redução de investimentos no país, agravado por aspectos políticos e outros econômicos, culminando em maiores dificuldades para vários setores da economia.
“Entretanto – salienta –, vemos que em toda crise há oportunidade, e neste caso, pudemos encontrar nas empresas que se dedicam fortemente ao trabalho de qualidade, diferenciais do setor, como a importância da produtividade logística e da otimização de processos para que os custos logísticos se tornassem menores e a operação cada vez mais qualificada, tecnológica e efetiva. As empresas brasileiras buscam cada vez mais operações inteligentes, eficientes e produtivas. Isto pôde ser percebido com certa ênfase no ano de 2015, através da reavaliação de como suas frotas têm sido mantidas após a aquisição dos equipamentos, qual a robustez das empilhadeiras para suportar períodos longos sem substituições, como reduzir números de equipamentos e outros custos sem afetar a produção. A tecnologia tem sido grande aliada neste processo. Positivamente, o setor começa a buscar o menor custo de propriedade, ou seja, maior produtividade.”
Caio Coraini, responsável pelo Departamento de Marketing da Byg Transequip (Fone: 11 3583.1312), também avalia que 2015 foi um ano delicado em diferentes aspectos – a instabilidade econômica e política de 2014 continuou e levou o mercado à crise, abrindo as portas para alta do dólar, aumento dos juros e retração do mercado.
“A insegurança colaborou para que muitos de nossos clientes congelassem o investimento em novos ativos, sendo assim, a Byg explorou oportunidades e dedicou sua energia na prestação de serviços, buscando a fidelização dos clientes. Além disto, direcionamos a força de vendas na prospecção de novos clientes para driblar esta situação, fator que nos possibilitou fechar o ano positivamente”, comemora Coraini.
E 2016?
Passado 2015, quais as perspectivas para 2016? “Vemos um ano difícil, bem próximo ao que foi 2015. se mantendo o mercado próximo a 12.000 máquinas. Bem abaixo de um mercado estável”, lamenta Daniela, da Clark Dabo, complementada por Cruz, da Mitsubishi Caterpillar, para quem, o mercado de empilhadeiras deve seguir nesse patamar atual de cerca de 12.000 unidades/ano. “Prevemos um mercado contraído, mas com oportunidades em nichos de produtos elétricos para setores voltados à logística e armazenagem no geral.”
Ribeiro, da Maxter Máquinas, também acredita que 2016 não vai ser um ano fácil – infelizmente ainda existe um espaço para a diminuição desse mercado. “Sendo assim, vamos entrar em 2016 com muita cautela e preparados para um ano muito difícil.”
Zuccolotto, da Paletrans, salienta que, em 2016, o cenário continua tenso. “Estamos entrando em um ano cujos indicadores econômicos já estão altamente comprometidos, com inflação acima da banda superior da meta e PIB negativo novamente. Com este cenário, é certo, também, que o mercado de empilhadeiras sofra mais uma queda. Resta agora determinar qual o montante desta queda e, principalmente, entender quando será possível ter dados que sugiram uma aceleração na economia e para quando. Para nós, novamente vamos a busca de participação de mercado. É muito importante consolidarmos essa participação neste momento de crise e continuarmos trabalhando focados em nossos clientes, pois o nível de serviço pode fazer a diferença neste momento, e com certeza nos fará sair ainda mais fortalecidos deste momento.”
Adriana, da STILL Brasil, também mantém a expectativa de que em 2016 o mercado de empilhadeiras continue caindo, reflexo das projeções de queda do PIB, alta da inflação e aumento do desemprego. “Porém, existe uma oportunidade para a área de serviços e máquinas usadas, bem como locação de equipamentos”, avalia a gerente geral.
Otimismo em 2016
Mesmo antevendo um ano difícil, também há, por parte dos fabricantes de empilhadeiras, algum otimismo.
Por exemplo, Arroyo, da Crown, aponta que em 2016 as empresas buscarão retomar as atividades estancadas em expectativa de estabilidade produtiva. “Em nossa visão, ainda entrarão em foco a reavaliação de suas condições atuais, incluindo propostas de otimização de processos logísticos e melhoria do desempenho. Tecnologias de gestão de frotas, pós-vendas eficaz e durabilidade dos produtos ainda terão grande importância no setor.”
Outro otimista, Viveiros, da UN Forklift, também considera que 2016, certamente será um ano com mais desafios. “No entanto, nosso pipeline está robusto e muito consistente. O quanto antes a confiança do empresariado for retomada e os bancos flexibilizarem o crédito, os resultados irão surgir mais rapidamente. Para nós, o mais importante é estarmos preparados para qualquer que seja o resultado. Mas temos confiança que iremos crescer frente a 2015”, avalia. Ele acredita na retomada da confiança e do crédito.
Embora esteja no grupo dos mais céticos em relação a 2016, Daniela, da Clark Dabo, também acredita que algumas empresas que seguraram investimentos em 2015 sejam “obrigadas” a investir algo em 2016, mas ainda com um mercado incerto.
Outro integrante do grupo anterior aponta os pontos positivos para 2016 – Zuccolotto, da Paletrans. São eles: aumento de share dos fabricantes nacionais, mercado em queda há dois anos pode trazer um cenário de necessidade de renovação de frota e departamento de peças de reposição deve crescer.
Também otimista, Sato, da Linde, diz que “com os investimentos realizados em produtos e treinamentos da equipe comercial, iremos buscar um aumento de participação no mercado sem prejudicar nossa margem. Já estamos comercializando três produtos que sofreram melhorias, além de mais quatro novos produtos, dos quais alguns foram lançados na CEMAT de 2015. Ainda com relação ao aumento de participação no mercado, contamos com projetos em andamento, novos produtos e atualização de outros”.
Também participante do grupo dos otimistas, Coraini, da Byg Transequip, diz que por mais que o mercado indique uma situação bem parecida com a de 2015, esperam o melhor para 2016. “A Byg continuará com o pé no acelerador e não poupará esforços na prospecção de novos clientes, na fidelização dos já existentes e na prestação de serviços de primeira. A tendência continua sendo o setor de locação, segmento que vem ganhando espaço no mercado, e o avanço no desenvolvimento de novos produtos.” Ele também acredita nos Jogos Olímpicos de 2016, que será sediado no Brasil – “esperamos um aquecimento na economia pelo otimismo, derrotando o pessimismo do mercado”.
Novos nichos de mercado
Logicamente, e como citado anteriormente, para superar os problemas causados pela crise, os fabricantes vão sair em busca de novos nichos de mercado em 2016. E quais seriam estes?
“A locação é um nicho que vem ganhando espaço no mercado. Com a demanda crescente, este método de trabalho se tornou um negócio positivo e representativo para o setor de serviços”, diz o responsável pelo Departamento de Marketing da Byg Transequip. Já Daniela, da Clark Dabo, aponta como novos nichos de mercado as empilhadeiras usadas e as reformas.
E Sato, da Linde, diz que no Brasil contamos com fonte de energia elétrica barata, mesmo com esta nova política de valores do governo, o que faz o mercado buscar este tipo de solução, inclusive nos modelos contrabalançados, que apresentam um crescimento no mercado nacional.
Novos equipamentos também são a aposta de Cruz, da Mitsubishi Caterpillar. Ele acredita que durante os períodos de crise o mercado consumidor passa a questionar oportunidades em novas tecnologias de automação para buscar maior eficiência e menos dependência em capital humano. Assim, podem surgir maiores oportunidades em AGV – Automated Guided Vehicle – e outras tecnologias complementares.
E não muito diferente também é a avaliação de Adriana, da STILL Brasil. “Uma situação que sempre aflora em momentos de crise é a necessidade de redução de custos e aumento da produtividade, ou seja, fazer mais com menos. Neste sentido, destacam-se as soluções que visam monitoramento das frotas de equipamentos com o objetivo de redução dos custos com manutenção e acidentes, bem como a busca pela otimização do uso dos equipamentos”, aponta.
Ribeiro, da Maxter Máquinas, conta que a sua empresa está buscando parcerias em alguns mercados em nosso continente, onde acreditam que poderão ter uma válvula para ajudar a aliviar esse momento tão complicado.
Novas tecnologias
Encerrando esta matéria especial com os fabricantes de empilhadeiras, destacamos algumas das novas tecnologias incorporadas às empilhadeiras.
Crown – Para ajudar a resolver antigos problemas associados à gestão de frotas de empilhadeiras elétricas movidas a baterias, a Crown lançou o Battery Health Monitor, que, combinado com o InfoLink™, cria um sistema integrado que reúne dados da empilhadeira, do operador e da bateria no mesmo programa. Instalado na bateria, o Battery Health Monitor conecta bateria, empilhadeira e operador através do monitoramento de dados em tempo real sobre a atividade da bateria. “Além disso, lançamos um novo controle remoto sem fio para o sistema de seleção de pedidos (picking) QuickPick Remote™, da Crown. Ele oferece aos gerentes de armazém e de logística mais uma opção vestível para seus operadores. A pulseira de transceptor é afixada ao pulso e ao dedo do operador por meio de tiras ajustáveis, deixando a mão do operador livre para fazer a seleção de pedidos localizados em níveis baixos”, explica Arroyo. Já no final de 2015, a empresa lançou a Série SC 6000, uma nova linha de empilhadeiras contrabalançadas em modelos de três e quatro rodas, com capacidades que variam entre 1,3 e 2,0 toneladas e alturas de elevação de até 7,5 metros. “Tivemos, também, as empilhadeiras C-5, que contam com força e resistência para lidar com cargas pesadas e potência para movimentos mais rápidos. Para superar limites em aplicações extremamente severas, a Crown projetou para a Série C-5 o robusto motor industrial de 2,4 litros movido a GLP”, completa o gerente de Administração e Marketing.
Byg Transequip – 2015 foi o ano em que a empresa desenvolveu estudos nos produtos de linha para um alinhamento na busca da qualidade e satisfação do cliente.
Linde – “Contamos com sistema de monitoramento remoto para os equipamentos nacionais e importados e diversos itens de segurança – como o sensor que identifica operações internas e externas, alterando a velocidade máxima permitida do equipamento sem a intervenção do operador”, explica Sato.
Mitsubishi Caterpillar – Em 2015, no mercado global, a empresa viu um crescimento no interesse por telemetria no geral. “Alguns modelos de nossas empilhadeiras a combustão interna já estão saindo de fábrica com caixa de transmissão de dados de série. O serviço de telemetria via celular pode ser ativado pelo cliente posteriormente, caso deseje”, comenta Cruz.
Paletrans – “Não podemos dizer que surgiram novidades que já não eram conhecidas. O que podemos concluir é que o volume de eletrônica (tecnologia) embarcada é cada vez maior e quem ganha com isso é o cliente que está adquirindo máquinas melhores. A tendência de utilização da eletrônica é irreversível, mas podemos destacar que no Brasil, o que realmente o público deseja é uma eletrônica simples e robusta, isto é, o mercado busca utilizar as novas tecnologias, porém sem que esse fato interfira no nível de serviços e tão pouco cause dificuldades na hora da manutenção”, diz Zuccolotto. No caso da Paletrans, foram lançados dois novos produtos em 2015 com maior tecnologia embarcada: PR17 – em substituição a PR16, com direção progressiva, painel multifuncional com detalhes de velocidade, carga de bateria, direção e sentido das rodas; e SP25H – selecionadora de pedidos horizontal, com volante elétrico e comando de “próxima posição” com o operador fora do equipamento.
STILL Brasil: “A busca por soluções de automação dos equipamentos, que já é uma realidade na Europa e no mercado norte-americano, tem crescido no Brasil. Por conta disto, os fabricantes vêm se aprimorando na oferta de soluções em projetos de automação, como é o caso da STILL. Identificamos a necessidade cada vez maior dos clientes em automatizar seus armazéns e oferecemos soluções que vão desde projetos de máquinas totalmente automatizadas (sem operador), porém versáteis o suficiente para se tornarem máquinas novamente conduzidas por um operador quando necessário”, explica Adriana.