A Canton Fair, considerada a maior feira multissetorial do mundo, realizada em Guangzhou, na China, apresentou as principais tendências do comércio exterior e da logística internacional para 2026. O evento reuniu importadores, exportadores, operadores logísticos e representantes de governos de vários países, funcionando como um importante termômetro do mercado global.
O sócio-fundador do Grupo Invoice, Jonas Vieira, esteve presente na primeira fase da feira e destacou a relevância do evento para quem atua nos setores de comércio exterior e logística. “O evento atua como um termômetro do fluxo internacional de mercadorias, refletindo mudanças nos padrões de consumo e nas cadeias produtivas. Para quem atua nesses setores, a feira representa não apenas uma oportunidade de negócios, mas também um espaço essencial de conexão, aprendizado e relacionamento”, afirma.

A partir de sua observação no evento, Vieira listou sete tendências que devem influenciar o comex e a logística em 2026.
1. Automação inteligente e hiperautomação
O avanço da automação inteligente e da hiperautomação deve transformar processos logísticos. Tecnologias como inteligência artificial (IA), aprendizado de máquina, RPA (automação de processos robóticos) e analytics serão aplicadas em áreas como desembaraço aduaneiro, documentação e monitoramento de carga. No entanto, Vieira ressalta que o papel humano continua essencial. “A IA ainda está em evolução, talvez tenha até atingido um platô. Ela é uma excelente ferramenta e tem um papel central na velocidade dos processos, mas ainda não está pronta para ser autônoma”, analisa.
2. Sustentabilidade e logística verde
A sustentabilidade segue em destaque no setor logístico. A pressão por práticas mais responsáveis faz crescer a adoção da logística verde, com foco na redução da pegada de carbono, certificações ambientais e transporte internacional com menor impacto ambiental. Segundo Vieira, as empresas que adotarem soluções sustentáveis terão vantagem competitiva.
3. Queda no transporte aéreo de cargas
Uma das tendências observadas é a redução do transporte aéreo de cargas, especialmente nos voos de passageiros. Embora o modal continue sendo essencial para produtos de alta urgência, sua participação no volume total de cargas deve cair, refletindo mudanças de comportamento do mercado e ajustes de custo.
4. Aumento do protecionismo
A instabilidade geopolítica e econômica global tende a estimular o protecionismo comercial, com países priorizando seus mercados internos. “O momento atual faz com que cada país tenha que se preocupar com a sua própria estabilidade, dificultando a abertura de mercado para outros países”, explica Vieira. O resultado é uma redução na intensidade do fluxo de cargas internacionais, embora o comércio siga ativo.
5. Foco na redução do consumo de energia
A eficiência energética deve ganhar força em 2026. Empresas estão investindo em soluções que reduzam o consumo de energia em suas operações, tanto por pressão ambiental quanto por necessidade econômica. Com o uso crescente da IA e de sistemas digitais, a busca por fontes mais limpas e processos otimizados será central para o futuro da logística sustentável.
6. Crescimento dos produtos white label
O domínio da China na fabricação global ficou evidente durante a feira, especialmente no setor tecnológico. As marcas white label estão ganhando espaço, permitindo que empresas locais personalizem produtos chineses para atender ao público de suas regiões. Essa tendência reforça a integração global das cadeias produtivas, mas com um viés de adaptação local.
7. Importações menores e mais acessíveis
O modelo de importações em menores quantidades está se consolidando, abrindo espaço para pequenas e médias empresas. Agora, é possível comprar em volumes reduzidos com preços competitivos, o que torna a entrada no comércio internacional mais viável e menos arriscada.
Além das tendências, Vieira destacou o estilo direto e objetivo dos empresários chineses durante as negociações. “Eles te perguntam se você é do setor logo de cara e isso conduz toda a conversa que terá com a empresa que está em exposição. É tudo muito direcionado, mas muito respeitoso. É uma dinâmica diferente e demonstra porque os chineses têm grande destaque nesse segmento”, conclui.
Com isso, a Canton Fair reforça seu papel de referência mundial ao antecipar as mudanças estruturais que moldarão o comércio exterior e a logística em 2026, marcadas pela tecnologia, sustentabilidade e eficiência.









