Como transformar dados de telemetria em vantagem competitiva na gestão de frotas

Por Vinicius Callegari*

A telemetria aplicada à gestão de frotas representa hoje uma das ferramentas mais transformadoras para a construção de vantagens competitivas consistentes. Ao coletar dados em tempo real sobre localização, consumo de combustível, desempenho do motor, hábitos de direção e manutenção, gestores contam com informação precisa para tomadas de decisão baseadas em evidência, e não apenas em intuição. O mercado global de gestão de frotas, avaliado em cerca de US$ 19 bilhões em 2020, e projetado para alcançar US$ 30 bilhões até 2025, cresce com CAGR de quase 9,5% ao ano. Isso reflete o valor crescente atribuído por empresas de diversos setores de logística e transporte público a serviços de campo.

Estima-se que cerca de 85% das grandes frotas já utilizam algum sistema de rastreamento GPS, e 75% dos gestores tenderão a adotar soluções telemáticas até 2025. Utilizando sensores e dados conectados via dispositivos embarcados, é possível reduzir custos operacionais em até 25% e cortar até 15% do consumo de combustível somente com telemetria, chegando a 25% de economia quando combinada com análises de rota e comportamento.

Considerando uma frota média, que percorre 24 mil milhas (≈ 38.600 km) por veículo por ano, um corte de 15% no combustível (que representa aproximadamente 40% dos custos) significa considerável economia financeira anual por ativo. Se o custo com combustível por veículo fosse por exemplo R$ 100 mil ao ano, a economia de R$ 15 mil por veículo gera impacto significativo em uma frota corporativa.

A telemetria aplicada à gestão de frotas representa hoje uma das ferramentas mais transformadoras para a construção de vantagens competitivas consistentes.

Outro ganho destacado pela telemetria é a redução de tempo ocioso e de estacionamento desnecessário em até 30%. Com dispositivos que detectam inatividade excessiva ou deslocamentos não autorizados, é possível cortar despesas com combustível e desgaste.

Além disso, a alimentação de dados automatizados viabiliza a manutenção preditiva: diagnósticos em tempo real permitem que substituições de peças e revisões sejam feitas antes que ocorram falhas, reduzindo os custos de manutenção em cerca de 15% a 20%. Em setores com grandes frotas, isso representa milhares de reais em prevenção de avarias e paradas. Estima-se que a criação de uma cultura de manutenção preventiva pode reduzir em até 20% os custos administrativos e legais, incluindo multas por calendário não cumprido.

O monitoramento do comportamento do motorista é outra área-chave: até 70% dos gestores relatam melhorias na segurança, e programas de feedback baseados em telemetria reduzem comportamentos de risco (frenagens bruscas, acelerações fortes, distrações) em até 50%. Caso consideremos uma frota com cinco acidentes por ano, essa redução pode se traduzir em dois ou mais sinistros evitados, com economia potencial de centenas de milhares de reais em reparos e seguros. 

Em termos de retorno sobre o investimento, estudos indicam que o ROI médio entre 15% e 20% ao ano é comum para empresas que adotam telemetria de forma estruturada. Reportes de empresas com frotas acima de 50 veículos mencionam economia semanal de R$ 25 mil (R$ 5 mil por veículo); grandes frotas relatam até R$ 50 mil por dia ao reduzir ociosidade.

Além dos ganhos diretos, a telemetria permite novas fontes de receita. Algumas empresas compartilham dados agregados (como padrões de tráfego ou temperatura de cargas) com prefeituras ou parceiros logísticos e reduzem suas taxas de assinatura em 25%. Outras adotam modelos de contrato com pagamento percentual sobre economias geradas, replicado por players como FedEx que reduziram custos de combustível em 18%, pagando cerca de 2,3% em honorários.

A telemetria, portanto, deve ser pensada não como custo, mas como investimento estratégico. Implantar sensores, central de dados e sistemas analíticos, desde plataformas em nuvem até aplicativos de celular, transforma frotas em ativos inteligentes. O resultado é frotas mais seguras, econômicas, sustentáveis, e capazes de gerar novas receitas. Quem souber usar esses dados de modo estratégico conquista mercado, reduz custos e constrói resiliência num setor que exige precisão e velocidade.

*Vinicius Callegari é Co-Fundador da GaussFleet, maior plataforma de gestão de máquinas móveis para siderúrgicas e construtoras.

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