Facebook Twitter Linkedin Instagram Youtube telegram
Mulheres na Logística 10 de julho de 2004

A logística de batom

As mulheres estão tomando conta da logística, assumindo
cargos em todos os setores. Mas ainda enfrentam preconceitos,
por atuarem num segmento dominado pelos homens.

Quem pensa que o setor de logística é praticamente integrado por homens, está muito enganado. As mulheres estão “invadindo” esta área e se dando muito bem, assumindo não apenas cargos em áreas de administração ou vendas, mas aqueles que eram tidos como essencialmente masculinos, como operadoras de empilhadeiras ou motoristas de caminhão.

E, no cômputo geral, estão se saindo melhores que os homens, segundo os supervisores destas “mulheres da logística”, considerando que são mais cuidadosas com os equipamentos e com as cargas.

“Preconceitos”
Mas, como era de se esperar,
elas enfrentam “preconceitos”,
por atuarem em um setor até
pouco tempo tipicamente masculino.

Maria Regina Yazbek, diretora-superintendente da Movicarga, uma empresa especializada em logística industrial interna e de grandes eventos, lembra que assumiu o desafio de comandar a empresa com apenas 23 anos e recém-formada, e que o início foi bastante difícil, não só pelo fato de ser jovem, mas também por ser mulher. “Tive que lidar com o preconceito de funcionários, clientes e fornecedores. Fui muito testada. Eles me sabatinavam e muitas vezes faziam perguntas que nem eles sabiam responder. Ficava aborrecida, mas confesso que foi a melhor época da minha vida.”

Karina Araújo, diretora da Faster Road Express – empresa do Grupo Faster Brasex especializada em distribuição rodoviária para as regiões Nordeste e Sudeste – também passou por esta situação. “Certamente, as resistências aconteceram, mas isto já era previsto por estar atuando em um mercado como este. O grande desafio foi lidar com esta resistência e superá-la.”

Rose Guerhardt, sócia-diretora executiva da MTI Maia Transportes Internacionais – empresa de agenciamento no transporte internacional de cargas nos diversos modais – recorda que, há 13 anos, quando iniciou no setor de logística, embora falando três idiomas, graduada e com 10 anos de experiência em empresa de porte em consultoria de técnicas avançadas de administração, foi contratada como analista de Comex na divisão de “freight forwarder” de uma conceituada empresa de logística. “No entanto, era tida como secretária da presidência. A resistência foi vencida quando do fechamento de um contrato vultuoso, garantindo à empresa uma alavancagem operacional de 40%. Desde então, não enfrentei problema algum na área”, diz Rose.

Atuando literalmente “no braço”, Neusa Ramalho Costa de Souza é motorista de caminhão na Braspress – especializada no transporte de encomendas urgentes. ”Faço o que gosto, e o meu dia-a-dia é muito agitado, pois trabalho da melhor forma possível” diz ela. Mas, reconhece que nem todos os homens entendem dessa forma, pois acredita que muitos deles vêem a dedicação das mulheres como “puxa-saquismo do patrão”.

”Trabalhei como feirante, e já enfrentei muito preconceito no CEAGESP. Hoje, na Braspress, não enfrento problemas porque deixo claro para a equipe que podem me chamar de ”chaveirinho’, ‘puxa-saco de patrão’, mas o meu trabalho tem que sair do jeito que a empresa pede”, diz.

Também atuando na Braspress, onde é conferente, Ermelinda Aparecida Galdino Araújo concorda com a sua colega quanto ao fato de a dedicação feminina ser tida como ‘puxa-saquismo’ do patrão’, “pois acabamos nos tornando muito exigentes e produtivas em nossas atividades, e nem todos homens vêem esse profissionalismo como positivo.”
Sandra Regina da Silva, do departamento de vendas da Transpiratininga – empresa que atua no segmento de Logística Interna – também enfrentou dificuldades no início de sua atuação na área, quando, segundo ela, o segmento de logística ainda era considerado “transporte” , e o homem que cuidava do caminhão e da empilhadeira, cuidava da logística. “Era preciso ultrapassar esta barreira e conversar com a pessoa que tinha visão macro ou total do processo para comprar a idéia da terceirização da operações. Embora este segmento seja predominantemente masculino, ele é profissional, então ser mulher conta pontos, mas ser profissional é definitivo”, avisa Sandra.

O setor em que Cecília Costa atua na Ford desenvolve atividades voltadas ao planejamento das operações de peças, como desenvolvimento de novos projetos, controle financeiro das operações, controle e acompanhamento do transporte e controle das operações de peças, entre outros. Ela também acha que, realmente, é possível se deparar com algumas resistências no desenvolvimento de uma nova atividade, mas que elas são superadas de forma bastante natural, através do desempenho do trabalho e bom relacionamento entre as pessoas.

Exceções
Também atuando no Grupo Faster Brasex – que reúne empresas atuantes em armazenagem distribuição, transporte e logística -, onde é superintendente financeira, Patrícia Costa pode ser considerada uma exceção: sua experiência sempre foi muito positiva. “Talvez porque eu nunca tenha me visto como uma ‘mulher’, mas, sim, como uma empresária, séria e responsável, na busca por meus objetivos profissionais. Na minha visão, todo preconceito começa com a forma como nos colocamos frente às pessoas e situações. Se você se vê como alguém passível de ser tratado diferentemente, assim você será”, ensina Patrícia.

“Não encontrei problemas, diretamente, mas a sociedade ainda é muito machista e existe muito mais homens que mulheres, também no meio acadêmico, que estão especializando-se em ministrar aulas de Logística. Os alunos também gostam de ter professoras ministrando aulas, pois comentam que parece que as disciplinas ficam mais ‘leves, já que é um tema árduo'”, salienta Ana Cristina de Faria, professora-doutora responsável pelo curso de Pós-Graduação em Logística Integrada à Controladoria da Universidade São Judas Tadeu, de São Paulo.

Volvo
Enersys
Savoy
Retrak
postal