Free Flow no Brasil: desafios e avanços do pedágio eletrônico segundo a COMPSIS

A expansão das concessões rodoviárias no Brasil deve gerar R$ 46,7 bilhões em investimentos e impulsionar a modernização do setor. Entre as inovações em destaque está o Free Flow, sistema de pedágio eletrônico que elimina as praças físicas, proporcionando maior fluidez ao tráfego e reduzindo as filas nas cancelas. O modelo vem sendo apontado como uma solução mais eficiente e sustentável para o transporte rodoviário.

Durante audiência pública realizada pelo governo federal no início de setembro, surgiram dúvidas sobre a eficácia dos pórticos, a segurança dos dados e a confiabilidade do sistema de cobrança. Para esclarecer esses pontos, Ailton Queiroga, presidente da COMPSIS — empresa de São José dos Campos com mais de 30 anos de experiência em inteligência artificial (IA) aplicada a sistemas rodoviários — destacou o avanço tecnológico nacional e os desafios regulatórios que ainda impedem a expansão plena do modelo no país.

Free Flow no Brasil: desafios e avanços do pedágio eletrônico segundo a COMPSIS

Segundo Queiroga, não há motivo para desconfiança quanto ao funcionamento do Free Flow. “Não há o que temer, trata-se de um modelo que já é realidade em mais de 20 países”, afirma. Ele explica que o sistema desenvolvido pela COMPSIS utiliza sensores de alta precisão, câmeras LPR dianteiras e traseiras, antenas RFID e algoritmos de IA treinados com base em milhões de transações em rodovias brasileiras. Essa base robusta, adaptada à realidade local, permite identificar veículos de diferentes tipos e tamanhos, mesmo em condições adversas, como chuva e alta velocidade.

Apesar dos avanços, a expansão do Free Flow ainda encontra obstáculos. De acordo com Queiroga, o primeiro desafio é regulatório, já que ainda não há uma norma nacional consolidada sobre cobrança e gestão da inadimplência. O segundo é infraestrutural, pois nem todas as concessões possuem sistemas de backoffice preparados para operar o modelo. Por fim, há o entrave econômico, uma vez que contratos antigos de concessão não previam esse tipo de tecnologia.

O especialista explica que rodovias com alto fluxo urbano ou intermunicipal, onde não há espaço físico para praças de pedágio, são as mais propensas a receber o Free Flow. Além disso, locais com pressão social por fluidez no tráfego ou com restrições ambientais tendem a adotar o sistema. Já em estradas com menor movimento ou concessões curtas, o modelo tradicional ainda deve prevalecer.

Para Queiroga, o amadurecimento do sistema no Brasil depende de três fatores: comunicação clara ao motorista, confiança nos registros de cobrança e integração simplificada com meios de pagamento. A COMPSIS vem desenvolvendo soluções como o SICAT Pay, que oferece transparência ao mostrar datas, locais e valores das cobranças de forma detalhada ao usuário.

O futuro do Free Flow, segundo ele, passa pela automação completa do backoffice e pela aplicação de IA em outras áreas. Um exemplo é o Eaglevision, tecnologia que amplia a função das câmeras para a gestão de tráfego e segurança viária em tempo real.

Mesmo com a tendência de crescimento, Queiroga acredita que o pedágio físico com cancela ainda coexistirá com o eletrônico por um tempo. “Nos novos contratos e grandes corredores, o Free Flow tende a dominar; mas em trechos de menor viabilidade econômica, o pedágio físico deve continuar”, explica.

Entre os principais ganhos do modelo, o engenheiro destaca a redução da poluição, o menor custo operacional e o aumento da segurança nas rodovias. A ausência de paradas e filas contribui para viagens mais rápidas e seguras, beneficiando tanto motoristas de passeio quanto caminhoneiros.

Sobre o debate recente envolvendo o impacto do tarifaço em importações e a dependência de tecnologia estrangeira, Queiroga é enfático: “O Brasil tem capacidade de sobra para avançar com sua própria tecnologia. Nossa inteligência artificial foi desenvolvida aqui, entendendo o perfil de tráfego local, e concorre em igualdade — ou até com vantagens — em relação às soluções importadas”.

Com atuação em cinco regiões do país e presença em trechos estratégicos como o Rodoanel Mário Covas (SP), a COMPSIS se mantém como uma das principais desenvolvedoras de sistemas de Free Flow nacional, mostrando que o país está preparado para adotar o modelo em larga escala.

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