Cenário atual da logística intermodal no agronegócio. Quais os entraves e as promessas, o que esperar para o futuro

23/04/2024

É importante destacar que, neste cenário, as políticas públicas – fartamente abordadas nesta matéria – têm proporcionado resultados significativos no desenvolvimento da infraestrutura logística neste segmento, com reflexos nas exportações.

Nos últimos 40 anos, o agro viveu o maior milagre econômico que o Brasil proporcionou. “O setor se desenvolveu dentro da porteira, isto é, ganhando muita produtividade e batendo recordes, por isso, hoje a gente brinca que, no mundo, o Brasil é a fazenda, a China é a fábrica e os EUA o shopping center.”

Apesar desse sucesso em termos de volume de produção – continua Thiago Cardoso, diretor de Agro da nstech –, nós não fizemos a lição de casa e nem criamos agenda como país para investir no depois da porteira – no escoamento da safra, deixando muito a desejar.

Atualmente, temos 3 tipos de problemas: falta de infraestrutura, falta de estoque e falta de segurança (número de acidentes e roubos), diz Cardoso. “Infraestrutura é algo que nenhuma empresa consegue resolver sem ter um programa como país com altos investimentos. Quanto ao problema de estoque, estamos longe de ter um número adequado e a taxa de financiamento no Brasil é muito alta. Hoje a maior parte do subsídio é para custear a infraestrutura da fazenda ou de uma agroindústria. Sobre acidentes, falamos pouco, mas, por ano, caem 28 Boeings com vítimas de acidentes envolvendo caminhões nas estradas, grande parte disso é no agro.  O segundo ponto é o roubo de carga. A grande consequência da má infraestrutura é o aumento do custo de transporte, pois são usados caminhões com mais manutenção, pneus mais desgastados, troca mais frequente de peças, o que causa muito desperdício. Um estudo da Esalq indicou que, no agronegócio, a má infraestrutura causa um desperdício de R$ 5 bilhões para o Brasil, por safra”, completa o diretor de Agro da nstech.

Leandro Viegas, advogado e CEO da Sell Agro, também destaca que o Brasil ainda enfrenta grandes desafios em sua infraestrutura de transporte, incluindo estradas em condições precárias, ferrovias limitadas e pouca integração fluvial. Isso afeta diretamente a eficiência da logística intermodal, que depende de uma rede de transporte diversificada e eficaz para otimizar os custos e o tempo de entrega.

Os custos com transporte no Brasil são significativamente altos, em parte devido às longas distâncias entre os centros de produção agrícola e os portos ou mercados consumidores. Além disso, a dependência do transporte rodoviário, mais caro, comparado ao ferroviário ou ao fluvial, aumenta ainda mais esses custos.

Há, ainda, segundo Viegas, um problema crônico de gargalos operacionais nos portos e terminais brasileiros. “A falta de eficiência nas operações portuárias, combinada com procedimentos burocráticos lentos, resulta em atrasos consideráveis na movimentação de cargas, impactando negativamente a competitividade dos produtos brasileiros no mercado global.”

De fato, o Brasil tem uma forte dependência do transporte rodoviário, com uma participação menor dos modais ferroviário e aquaviário. Essa matriz de transporte desequilibrada não só eleva os custos logísticos, como também limita a capacidade de movimentação de grandes volumes de carga característicos do agronegócio. “A complexidade regulatória e os trâmites burocráticos são obstáculos adicionais, dificultando desde o planejamento logístico até a execução de operações de transporte e exportação. Isso inclui a lentidão na liberação de licenças, alta carga tributária e normas ambientais que, embora necessárias, podem ser um empecilho sem uma gestão eficiente”, aponta o CEO da Sell Agro.

Como já mencionado, o setor ainda sofre com a falta de investimentos em infraestrutura logística e em tecnologia. Isso afeta desde a construção e manutenção de estradas e ferrovias até investimentos em soluções tecnológicas que poderiam otimizar a gestão logística e a integração entre os diferentes modais.

A preocupação crescente com a sustentabilidade também apresenta desafios para a logística intermodal no agronegócio, exigindo práticas mais sustentáveis e a busca por alternativas que minimizem o impacto ambiental das operações logísticas.

“Abordar esses desafios requer um esforço coordenado entre o setor privado e o governo, visando não apenas à melhoria da infraestrutura existente, mas também ao desenvolvimento de políticas públicas que incentivem uma matriz de transporte mais balanceada e sustentável, além de investimentos em tecnologia e inovação”, completa Viegas.

Já na visão de Mario Scangarelli, CEO da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do Brasil – Cisbra, hoje, um dos grandes entraves do agronegócio brasileiro é o custo de frete e a dificuldade de integrar os modais. Os produtos do agro brasileiro exigem uma integração modal efetiva, já que saem do campo via rodoviário ou ferroviário até o porto de origem.

As principais exportadoras brasileiras estão concentradas em Santos com quase 80% do escoamento da nossa operação, principalmente, em razão da diminuição das rotas, face ao período de pandemia e conflitos armados. Esses conflitos não só aumentam o transit time das operações, como também o custo do frete internacional, mas mesmo com esses fatores as nossas vendas não diminuem, pelo contrário, aumentam a cada ano face a oferta de produtos e escassez em países concorrentes.

James Theodoro, presidente e fundador da Korsa Riscos e Seguros, também concorda que um dos principais desafios enfrentados pela logística intermodal no agronegócio atualmente é buscar meios de levar o produto ao porto em larga escala e com menor custo.  “Entendemos que o uso de hidrovias e trens seja mais eficiente, mas este método esbarra na falta de fornecedores desses modais, haja visto tratar-se de alta demanda.” 

Para Claudenir Scalzer, CEO da Conexos, uma empresa NTT DATA, há uma clara necessidade de mais investimentos para conectar os diferentes modais de transporte de carga, visando garantir a eficiência no escoamento de cargas agrícolas.

“A logística intermodal no agronegócio depende da integração entre rodovias, ferrovias, hidrovias e a cabotagem. Simplificar os processos de conectividade entre esses modais certamente irá refletir na redução de gargalos, na melhoria da infraestrutura e na diminuição dos custos para a logística do setor do agronegócio”, acredita.

Embora tenha havido um avanço em outros modais para o transporte de soja, fato é que o Brasil tem uma rede muito pequena de ferrovias comparado com economias similares, bem como mal utiliza sua extensa malha hidroviária, o que faz com que os custos do transporte sejam muito elevados e reduzam as margens de lucro dos envolvimentos na cadeia produtiva e de venda, acrescenta Emanuel Pessoa, advogado especializado em Direito Internacional, Governança Corporativa, Direito Societário, Contratos e Disputas Estratégicas. Para ele, maiores lucros poderiam significar menos necessidade de financiamento e maior capacidade de modernização/industrialização.

Juliano Oliveira Santos, gerente de Logística da Uisa, também lista os principais desafios enfrentados pela logística intermodal no agronegócio atualmente: infraestrutura e conectividade insuficientes, custos logísticos elevados, questões regulatórias e burocráticas e desafios tecnológicos e de inovação. Esses são os quatro principais pontos responsáveis pela maior parte dos desafios enfrentados pela logística intermodal no agronegócio. “Solucionar ou mitigar esses problemas requer uma abordagem integrada, que inclua investimentos em infraestrutura, revisão de políticas regulatórias, adoção de tecnologias avançadas e busca por maior eficiência e integração entre os diferentes modais de transporte.”

Políticas públicas

As políticas públicas desempenham um papel crucial no avanço da infraestrutura logística intermodal no setor agrícola, por meio de uma série de iniciativas e legislações focadas em elevar a eficiência e competitividade do agronegócio brasileiro. Emanuel lembra que ao longo dos últimos anos, houve um forte crescimento do uso de ferrovias com base no Novo Marco Legal criado na gestão anterior e no programa Pró-Trilhos, que dava preferência à construção de ferrovias a quem sugerisse o percurso, o que incentiva as empresas a construírem seus próprios trechos. “É preciso tirar da gaveta projetos importantes de aumento das hidrovias e ferrovias. O Governo Federal precisa, de fato, agir”, acrescenta Theodoro, da Korsa Riscos e Seguros.

“Em 2023, pudemos observar uma prioridade do Governo Federal em destinar investimentos públicos para os corredores logísticos, chamados Arco do Norte e Arco do Sul/Sudeste. Isso inclui obras estruturantes, ações de manutenção e outras medidas que visam aumentar a fluidez da logística intermodal. Esses investimentos têm gerado impactos positivos, que inclusive refletem nos expressivos resultados de exportação agrícola em 2023”, expõe Scalzer, da Conexos, falando sobre como as políticas públicas têm impactado o desenvolvimento da infraestrutura logística intermodal no setor agrícola.

Segundo Scangarelli, da Cisbra, as principais ações do setor público, principalmente de âmbito federal, é a conclusão das obras para viabilizar o corredor bioceânico, que liga o Oceano Atlântico ao Pacifico, via Porto de Antofagasta no Chile. Esse corredor será um dos grandes benefícios ao intermodal não só do Brasil, mas sul-americano face a concentração das nossas vendas agro para a China, Índia e demais países asiáticos e árabes.

“Se pensarmos que os leilões dos portos poderão melhorar a operação portuária do Porto de Santos, poderemos ter um ganho de tempo e redução no valor do frete internacional. A melhoria nas condições das rotas terrestres em território nacional também tem facilitado o trânsito de caminhões dos produtos agrícolas até os principais portos brasileiros, Santos, Paranaguá, Rio Grande e Barcarena”, completa o CEO da Cisbra.

Somente é possível o desenvolvimento de infraestrutura se os órgãos públicos estiverem engajados em uma agenda como plano de governo. “Digo isso primeiro pelo volume de quantidade de dinheiro necessário para desprender a construção de rodovias e de ferrovias. Segundo, o Brasil tem uma complexa agenda burocrática, que envolve alvarás ambientais, como também autorizações para obras. Por último, para trazer a iniciativa privada, é preciso trazer programas de concessões de iniciativas privadas”, aponta Cardoso, da nstech.

Hoje, quando falamos sobre portos, todos eles são regulados pelo governo. Então, a depender da vontade da iniciativa privada, é impossível sem a iniciativa pública. “Interessante citar que o Ministério da Agricultura reconheceu o problema e, recentemente, lançou um programa chamado Plano Nacional para Escoamento de Safras de Grão para 2023 e 2024, um programa que prevê investimento público na casa de 4.7 bilhões para melhorar a infraestrutura. Em 2022, o investimento total foi perto de 2 bilhões – isso é o governo apostando mais no investimento agro e vai investir no Arco Norte, que se destacou no ano passado por chegar no mesmo volume de escoamento de grãos que o Arco Sul (Paranaguá + Santos).”

No Arco Norte, prossegue o diretor de Agro da nstech, as principais ações foram melhoria da malha rodoviária, com intensificação de conclusão de obras estruturantes, as principais obras que vão ocorrer em Roraima, no Pará, a restauração da BR 158, no Maranhão, a duplicação da BR 135, no Piauí temos a ponte sobre o Rio Paraíba, na BR 330, na Bahia a recuperação da BR 242 e a ponte no Tocantins são obras aguardadas que vão causar um grande impacto.

Também vale citar as ferrovias: “ampliação da frota da VLI, retomada da FO1 e intensificação da FO2, uma grande alternativa para a região do Arco Norte. Quando olhamos esse plano, pensando nas principais ações do Arco Sul e Sudeste, temos uma melhoria da malha ferroviária e a concessão de dois lotes no Paraná, além de intensificação e conclusão de obras que estão paradas. Em Minas Gerais, a conclusão do Trevão de Monte Alegre, em Goiás a Ponte Luís Alves, no Paraná a duplicação da BR 163, Santa Catarina a duplicação da BR 280 e no Rio Grande do Sul a duplicação da BR 116. De ferrovias, a conclusão da ferrovia norte-sul e a intensificação das obras na FICO, duas importantes para escoamento de grãos”, completa Cardoso.

Também para Viegas, da Sell Agro, políticas públicas direcionadas para o investimento em infraestrutura de transporte são cruciais em todo local do mundo, principalmente onde estão em amplo desenvolvimento. A alocação de recursos financeiros, tanto do orçamento público quanto por meio de parcerias público-privadas (PPPs), têm impacto direto na capacidade de movimentação de cargas e na redução dos custos logísticos.

“Políticas que oferecem incentivos fiscais e financeiros para investimentos em infraestrutura logística e inovação tecnológica no setor de transporte podem estimular a modernização e a expansão da capacidade logística. Isso inclui desonerações fiscais, linhas de crédito com juros subsidiados para a compra de equipamentos e veículos mais eficientes e investimentos em sistemas de gestão logística. A criação e a implementação de normas regulatórias claras e eficazes para o setor de transporte e logística intermodal são essenciais para garantir a segurança, a eficiência e a competitividade. Isso envolve desde a regulação de serviços e tarifas até normas ambientais e de segurança operacional. Uma legislação que favoreça a integração entre os diferentes modais pode proporcionar operações logísticas mais eficientes e sustentáveis.”

O CEO da Sell Agro também destaca que políticas voltadas para a simplificação dos processos burocráticos e a digitalização de trâmites podem reduzir significativamente o tempo e o custo das operações logísticas. Isso inclui a implementação de janelas únicas para processos de exportação e importação, sistemas de rastreamento de cargas e a simplificação de procedimentos aduaneiros e tributários.

Políticas que promovem práticas sustentáveis e a redução do impacto ambiental das atividades logísticas ganham cada vez mais importância. Incentivos para o uso de modais menos poluentes, como o ferroviário e o aquaviário, além de investimentos em tecnologias limpas, são exemplos de como as políticas públicas podem contribuir para um desenvolvimento mais sustentável.

Investir em formação e capacitação profissional no setor logístico, por meio de políticas educacionais e programas de treinamento, pode melhorar a qualidade dos serviços e a inovação no setor.

“Em resumo, as políticas públicas têm um impacto profundo e multifacetado no desenvolvimento da infraestrutura logística intermodal no setor agrícola. Elas podem tanto acelerar esse desenvolvimento quanto representar barreiras, dependendo de como são formuladas e implementadas. Portanto, é crucial que essas políticas sejam bem planejadas, focadas em resultados concretos e alinhadas com as necessidades do setor agrícola e logístico, bem como com os objetivos de desenvolvimento sustentável do país”, completa Viegas.

Como se pode notar, as políticas públicas influenciam diretamente no desenvolvimento da infraestrutura logística intermodal no setor agrícola ao determinar o nível de investimento e financiamento disponível, ao estabelecer o quadro regulatório dentro do qual o setor opera e ao incentivar – ou não – a inovação e a adoção de novas tecnologias. Políticas bem elaboradas e implementadas, enfatiza Santos, da Uisa, podem acelerar o desenvolvimento da infraestrutura necessária, enquanto políticas inadequadas ou insuficientes podem representar um obstáculo significativo para o progresso nesta área.

Podemos entender esse impacto através de três aspectos principais: investimentos e financiamentos; regulação e desburocratização e incentivos à inovação e tecnologia.

Resultados

E os resultados observados até o momento em relação ao desenvolvimento da infraestrutura logística intermodal no agronegócio, decorrentes das políticas públicas implementadas, são positivos, pelo menos para Scalzer, da Conexos. Ele lembra que os investimentos realizados ano passado resultaram em um crescimento de 2 mil quilômetros de vias consideradas em boas condições para tráfego no Arco Norte. No corredor logístico Sul/Sudeste, os Índices de Condição da Malha Rodoviária (ICM) passaram de 50% para 65%.

“Entretanto, o que pude constatar é que ainda há muitos desafios e quesitos a serem melhorados quando falamos de infraestrutura logística intermodal no agronegócio, principalmente com o cenário que estamos vendo se desenrolar desde 2023, onde os acordos comerciais têm sido tarefa de primeira ordem na agenda do governo. Em 2023, o Brasil abriu 78 acordos comerciais para os produtos agrícolas, um número recorde. E durante os primeiros dois meses de 2024, o país abriu mais 16 mercados em 11 países, o que irá demandar um aumento na capacidade das estruturas nacionais para a exportação agrícola.”

E o advogado Emanuel vai mais longe. Segundo ele, o maior benefício do programa Pró-Trilho foi um crescimento de mais de 120% do transporte de granéis agrícolas desde 2010, sendo que hoje a soja e o milho já contam com mais de 40% da produção transportada por trens.

Mas, segundo Cardoso, da nstech, apesar de termos um grande gap em termos de infraestrutura, quando comparamos com países desenvolvidos, nos últimos anos, as rodovias vêm melhorando a ritmo de tartaruga. Isto é, a qualidade das rodovias está melhor, os projetos de ferrovias estão se ampliando e a velocidade de resposta da demanda do agro está melhor. As perspectivas são boas: na malha rodoviária, temos perspectivas de 60 obras estruturantes, além da intensificação do FO2 de ferrovias, retomada das obras no Piauí, que vai aumentar bastante a capacidade de transporte de soja.

Também a concessão é um eixo importante para tornar viável e acelerar os investimentos. O governo está prevendo, ainda para esse ano, 13 leilões com investimento de 122 bilhões e os corredores do agro, quando pensamos no Sudeste, o investimento de quase 95 bilhões. O governo também espera mexer onde há concessão para ser renovada e está prevista a conquista de compromisso de investimento de mais de 48 bilhões em corredores do agro nos próximos anos.

Por seu lado, Viegas, da Sell Agro, lembra que a implementação de políticas voltadas para o fortalecimento do transporte ferroviário tem levado à expansão da malha. Programas como o de Investimento em Logística (PIL), que prevê investimentos em ferrovias, têm o potencial de melhorar significativamente a capacidade de transporte de cargas a longas distâncias, reduzindo custos e impacto ambiental. Políticas públicas que visam à modernização e expansão da infraestrutura portuária têm resultado em maior eficiência na movimentação de cargas e na redução de gargalos. A implementação de processos mais ágeis e a modernização de equipamentos nos principais portos têm contribuído para aumentar a competitividade dos produtos agrícolas brasileiros no mercado internacional.

“Embora o Brasil tenha um grande potencial hidroviário, este ainda é subutilizado. No entanto, políticas recentes começaram a reconhecer a importância das hidrovias para o transporte de carga, especialmente grãos, promovendo investimentos em sua infraestrutura. Isso inclui melhorias na navegabilidade e na infraestrutura de terminais fluviais”, ressalta o CEO da Sell Agro.

Projetos que visam à integração entre os diferentes modais de transporte têm recebido atenção, com políticas que incentivam a criação de terminais intermodais e a logística porta a porta. Embora ainda haja muito a ser feito, essas iniciativas são essenciais para a eficiência logística intermodal.

A implementação de sistemas eletrônicos para a gestão de processos logísticos e aduaneiros tem reduzido a burocracia e os tempos de espera. Isso inclui a adoção de sistemas de janela única para o comércio exterior, facilitando o processo de exportação e importação.

Políticas de incentivo à participação do setor privado em investimentos em infraestrutura logística, através de concessões, PPPs e outros mecanismos, têm sido fundamentais. Essas políticas ajudam a complementar os investimentos públicos, trazendo mais eficiência e inovação para o setor.

Apesar dos avanços, ainda existem críticas quanto à velocidade da implementação e à efetividade das políticas públicas. Gargalos logísticos persistem, e a dependência do transporte rodoviário ainda é alta. A distribuição geográfica desigual dos investimentos também é apontada como um desafio, com algumas regiões recebendo mais atenção do que outras.

“Em resumo, as políticas públicas implementadas até o momento têm contribuído para avanços significativos no desenvolvimento da infraestrutura logística intermodal no agronegócio. No entanto, ainda há um longo caminho a percorrer para superar todos os desafios existentes e maximizar o potencial do setor agrícola brasileiro no cenário global. Precisamos agir e dar menos atenção a ‘parceiros’ internacionais que querem opinar nesse quesito, e seguir um plano de expansão arrojado e sério”, adverte Viegas.

A verdade é que os resultados observados até o momento em relação ao desenvolvimento da infraestrutura logística intermodal no agronegócio, decorrentes das políticas públicas implementadas, mostram um cenário de progresso contínuo, mas ainda marcado por importantes desafios. As políticas públicas têm sido fundamentais para impulsionar o desenvolvimento da infraestrutura logística intermodal no agronegócio, mas a eficácia dessas políticas varia de acordo com a região, setor e capacidade de superar barreiras regulatórias e burocráticas. A busca por uma logística mais eficiente, sustentável e equivalente continua sendo um objetivo central para o setor e para os formuladores de políticas.

“Identifico alguns avanços neste segmento, como melhoria na conectividade, investimentos em infraestrutura e tecnologia e inovação. Por outro lado, desigualdade regional, burocracia, regulação e sustentabilidade são alguns dos desafios a serem superados”, relaciona, agora, Santos, da Uisa.

Mas, se os participantes desta matéria especial apontam resultados positivos, outros vêm um pequeno ou, até, nenhum avanço. “É possível observar uma melhora nas rodovias na região Norte. Em outras regiões, eu não vejo nenhum avanço significativo”, diz Theodoro, da Korsa Riscos e Seguros, enquanto Scangarelli, da Cisbra, ainda não observa melhorias na pratica para o setor, “já que o grande entrave são os anos de atraso de investimento logístico para integrar todos os modais no Brasil”.

Medidas para melhorias

Para melhorar a eficiência da logística intermodal no transporte de produtos agrícolas, diversas medidas têm sido adotadas, como, por exemplo, o anúncio de um acordo para a construção de um novo terminal de movimentação de grãos e fertilizantes. Este terminal será estabelecido na área do terminal de uso privado (TUP) da DP World, localizado na margem esquerda do canal do Porto de Santos. O acordo, firmado entre a Rumo, a principal concessionária de operação ferroviária do país, e a DP World, uma gigante mundial em logística, representa um passo importante para a melhoria da logística intermodal.

Em relação a medidas tomadas pelo setor público, o governo anunciou este ano planos para um investimento de R$ 4,7 bilhões em 60 obras estruturantes que visam conectar rodovias ao sistema ferroviário e aos portos nacionais. Paralelamente, o Ministro de Portos e Aeroportos revelou a intenção de implementar a Secretaria Nacional de Hidrovias, um projeto vital para fortalecer esse modal de transporte.

“Entretanto, é preciso pontuar que o Brasil ainda depende consideravelmente de investimentos privados para impulsionar a eficiência da logística intermodal no transporte de produtos agrícolas. E é fundamental que esses investimentos privados sejam complementados por ações do setor público. Afinal, atualmente o Brasil ocupa a posição de segundo maior exportador global de commodities, e sem uma infraestrutura adequada que acompanhe o crescimento do escoamento da produção brasileira, corremos o risco de perder nossa competitividade no mercado global”, diz Scalzer, da Conexos.

Scangarelli, da Cisbra, ressalta que, com a produção concentrada no interior do Brasil e os portos nos extremos, o setor produtivo busca alternativas ferroviárias, hidroviárias e até área para contornar as dificuldades para desafogar as limitações no transporte rodoviário brasileiro. O Brasil, face suas dimensões continentais, com uma produção e consumo diversificados, tendo na exportação sua vocação principal, busca no transporte multimodal aprimorar o escoamento da produção nacional. Os produtos do agronegócio, de baixo valor agregado, passam a ter no custo do frete, interno e internacional, o grande vilão para o produtor brasileiro, que ocupa hoje uma ordem de 30% a 40% do custo do produto.

Cardoso, da nstech, lembra que existem 3 maneiras de ajudar no escoamento de grãos e cereais:

• Melhoria de infraestrutura: de fato, há passos acontecendo;

• Melhorar o acesso a financiamento para armazenagem: uma decisão macro que, se cair a taxa Selic, conseguimos ter mais financiamento e não somente a taxa Selic, mas também os juros a longo prazo para financiar a construção de armazéns;

• Última e mais interessante porque não depende de agenda de governos, uma vez que gestores podem tomar essa decisão é investir em tecnologia. Ela pode ajudar a resolver três grandes gargalos presentes no agro:

1. Produtividade: tornar a logística mais eficiente e fazer mais com menos, por exemplo, dar uma vantagem competitiva em logística para a empresa, que significa reduzir a quantidade gasta com estadia: se o caminhoneiro fica esperando para descarregar mais do que cinco horas, o embarcador precisa pagar estadia;

2. Redução de tempo: há filas de caminhões nas estradas que tomam os canteiros. Com tecnologia, é possível organizar a fila e prever o horário que o caminhão chega para descarregar e otimizar de forma inteligente. Aqui também há a possibilidade de melhoria do nível de serviço, que está atrelado à visibilidade para chegar na hora certa e melhorar as métricas de produtividade em termos de entrega;

3. Operação logística mais sustentável: como deixar o agro mais sustentável? A logística tem uma função nisso, seja a tecnologia ajudando em um inventário de quanto de emissão o frete teve e como fazer a conexão com empresas que compensam essa emissão, ou seja, roteirizar melhor a rota rodando menos e gastando menos combustível e menor emissão de CO2.

Na opinião de Viegas, da Sell Agro, a ampliação da malha ferroviária e a modernização de linhas existentes são prioridades, visando proporcionar uma alternativa eficiente ao transporte rodoviário. Isso inclui projetos como a Ferrogrão, que pretende conectar áreas de produção agrícola no Centro-Oeste aos portos no Norte do país. Investimento em hidrovias como um modal de transporte mais econômico e sustentável, melhorando a navegabilidade dos rios e construindo ou ampliando terminais fluviais. Isso é especialmente relevante na Bacia do Amazonas e no sistema do rio Paraná-Paraguai.

Aumento da capacidade de armazenagem e da eficiência dos portos através de modernização de equipamentos, expansão de terminais e melhoria na gestão portuária. Projetos para desburocratizar os processos e reduzir os tempos de espera nas operações portuárias também são fundamentais. O fomento à construção de terminais intermodais que facilitam a integração entre os diferentes modais de transporte (rodoviário, ferroviário, aquaviário), permitindo uma transição mais rápida e eficiente entre eles.

Implementação de soluções tecnológicas para melhorar a gestão da logística intermodal, incluindo sistemas de informação que permitam o rastreamento de cargas em tempo real, a otimização de rotas e a gestão de estoques.

Estímulo à participação do setor privado no investimento em infraestrutura logística através de concessões e PPPs, como recentemente vimos na Rodovia Br 364/163 no Mato Grosso. Isso busca não apenas aumentar o volume de investimentos no setor, mas também trazer eficiência operacional e inovação tecnológica.

Investimento na formação de profissionais qualificados para atuar na logística intermodal, incluindo cursos técnicos e superiores, treinamentos específicos e programas de atualização profissional, isso inclui também uma revisão e implementação de políticas regulatórias que facilitem a operação intermodal e incentivos fiscais para empresas que investem em modais de transporte mais eficientes e sustentáveis, promover práticas de transporte e logística que minimizem o impacto ambiental, como o uso de combustíveis mais limpos e a adoção de tecnologias verdes nos veículos e equipamentos, avançar como um exemplo a ser seguido.

“Estas medidas exigirão esforços conjunto das entidades governamentais e privadas para superar os desafios históricos da logística intermodal no Brasil, com o objetivo de tornar o transporte de produtos agrícolas mais eficiente, econômico e sustentável”, completa o CEO da Sell Agro.

Já Emanuel lembra que, no momento, o programa Pró-Trilho ainda incentiva o pedido de licenças, mas precisa de aprimoramento para que sejam propostos projetos que realmente parem de pé.

Adaptação

Respondendo à questão sobre como as empresas do agronegócio estão se adaptando e aproveitando as oportunidades oferecidas pelo desenvolvimento da infraestrutura logística intermodal, Santos, da Uisa, destaca que estas têm se valido da integração de tecnologias, formação de parcerias estratégicas, investimento em infraestrutura própria, diversificação dos modais de transporte, adoção de práticas sustentáveis e eficiência energética, expansão de novos mercados e adaptação às regulações. Essas estratégias são fundamentais para melhorar a competitividade e sustentabilidade das operações no contexto global atual, acredita o gerente de Logística da Uisa.

“Tenho observado que as empresas do agronegócio estão se adaptando a este cenário de várias maneiras. Mas, principalmente, vejo uma crescente busca pela integração de tecnologia em suas operações. Desde o começo da cadeia logística (o produtor rural) até o exportador de produtos agrícolas tem se utilizado cada vez mais de tecnologias especializadas para ter mais assertividade e controle de todos os seus processos. Isso é fundamental para logística intermodal, pois a tecnologia permite monitoramento em tempo real, otimização de rotas e automatização de processos. Isso garante mais eficiência na movimentação de cargas entre diferentes modais de transporte”, coloca Scalzer, da Conexos.

Para Scangarelli, da Cisbra, as empresas buscam agilizar os seus processos logísticos, principalmente das fábricas até os portos capazes de escoar a produção nacional, pensando não só na rapidez no envio dos caminhões até os portos, mas na redução dos custos operacionais. Segundo ele, não devemos rotular o transporte rodoviário como vilão na operação logística, mas como ele é mal-empregado em razão das longas distancias percorridas até o porto. Ai que surge a necessidade de diversificar os modais, principalmente para os meios ferroviário e hidroviário. “Muitas empresas estão investindo em portos e em desenvolvimento de parcerias em hidrovias”, acrescenta Theodoro, da Korsa Riscos e Seguros.

Para Cardoso, da nstech, as empresas estão se adaptando muito. “Gosto de citar o exemplo das trades agrícolas, colaborando e entendendo que, apesar de estarem no mesmo setor, elas não competem em Supply e logística. Observando o que foi feito nos últimos anos, nota-se que o compartilhamento de ativos acontece. Hoje, uma grande parte dos terminais do porto, uma trade não constrói sozinha, ela convida transportadoras ou concorrentes para fazer junto e compartilhar o caminhão. Então, a palavra aqui para se adaptar e aproveitar a oportunidade é colaboração para vencer os obstáculos logísticos.”

Também na ótica de Viegas, da Sell Agro, as empresas estão diversificando os modais de transporte utilizados, integrando mais efetivamente transportes ferroviário, rodoviário, aquaviário e aéreo. Isso não só reduz a dependência de um único modal, como também permite explorar a eficiência e o custo-benefício de cada um, dependendo da distância e do tipo de carga.

Com o avanço da infraestrutura logística, as empresas do agronegócio estão investindo em tecnologias de informação e comunicação para melhorar a gestão da cadeia de suprimentos. Sistemas de rastreamento de carga, gestão de frota, planejamento logístico avançado e plataformas de integração de dados permitem uma tomada de decisão mais ágil e eficiente – “estão sendo formadas parcerias estratégicas com Operadores Logísticos, empresas de transporte e infraestrutura, e até mesmo com concorrentes, para otimizar a utilização dos recursos logísticos disponíveis. Isso inclui acordos para uso compartilhado de terminais intermodais, armazéns e frota de transporte”.

Ainda de acordo com o CEO da Sell Agro, as empresas estão adotando práticas avançadas de gestão da cadeia de suprimentos, como o planejamento colaborativo, previsão e reposição (CPFR), gestão de relações com fornecedores (SRM) e gestão de relações com clientes (CRM). Essas práticas ajudam a sincronizar a produção agrícola com a demanda do mercado, minimizando custos e maximizando a eficiência logística. A melhoria da infraestrutura logística intermodal facilita o acesso a mercados anteriormente inacessíveis, seja internamente, devido a restrições geográficas, seja externamente, por meio de portos mais eficientes. Isso permite que as empresas expandam sua base de clientes e explorem novas oportunidades de negócios.

A adesão a práticas sustentáveis e a responsabilidade social se tornaram critérios importantes para os negócios, ainda de acordo com Viegas. “Empresas estão investindo em modais de transporte mais sustentáveis e em tecnologias que reduzem o impacto ambiental de suas operações logísticas, não é mais somente uma retorica, é uma necessidade de sobrevivência.”

Reconhecendo a importância do capital humano, empresas do agronegócio estão investindo na capacitação e no desenvolvimento de competências de seus colaboradores, especialmente naquelas relacionadas à logística e à gestão da cadeia de suprimentos. Empresas estão se adaptando às mudanças regulatórias e se beneficiando de incentivos governamentais destinados a promover a logística intermodal. Isso inclui participação em programas de financiamento para aquisição de tecnologia ou infraestrutura logística.

“Ou seja, as empresas do agronegócio estão respondendo proativamente aos desenvolvimentos na infraestrutura logística intermodal no Brasil, adotando estratégias que permitem não só mitigar os desafios logísticos históricos, mas também aproveitar novas oportunidades para crescimento e expansão”, completa Viegas.

Perspectivas

As perspectivas para o futuro da logística intermodal no agronegócio estão ligadas à tecnologia. É esta a visão de Cardoso, da nstech. Afinal, segundo ele, hoje, qualquer pessoa que trabalha e tem um cargo de decisão na área de Supply ou logística está pensando em como ser mais eficiente gastando menos. A digitalização proporciona isso.

Para Scalzer, da Conexos, pensando em melhorar a eficiência da logística intermodal no agronegócio, é essencial apostar em melhorias na infraestrutura rodoviária, na expansão ferroviária e nas melhorias portuárias, com o objetivo de simplificar a cadeia de suprimentos e reduzir os custos de transporte. “Principalmente agora, que vemos um cenário mais positivo em relação ao ano de 2022, quando vimos a participação do setor no PIB cair de 26,6% em 2021 para 24,8% em 2022. (Dados constatados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP)).”

Para manter esse cenário promissor, “posso dizer que o mais indicado é apostar em tecnologias. Afinal, estamos vivendo uma era impulsionada pela transformação digital, onde a modernização do setor do agronegócio no Brasil já pode ser considerada uma necessidade, visto que a capacidade produtiva de commodities só tende a crescer. Diante disso, a adoção de ferramentas digitais se torna fundamental para otimizar a gestão de recursos, aumentar a capacidade de análise de dados e dos processos de tomada de decisão para os agricultores. Isso inclui a rastreabilidade de toda a logística de distribuição e exportação, integrando de forma eficaz toda a cadeia produtiva e os modais de transporte envolvidos.”

Olhando para o futuro da logística no agronegócio, é evidente que a tecnologia terá um papel cada vez mais significativo impulsionando e revolucionando as práticas agrícolas tradicionais, acredita o CEO da Conexos.

Também para Viegas, da Sell Agro, a contínua integração de tecnologias avançadas na logística intermodal, como Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial (IA), blockchain e big data, promete revolucionar a gestão da cadeia de suprimentos. A capacidade de monitorar cargas em tempo real, prever demandas, otimizar rotas e automatizar processos logísticos vai reduzir custos, aumentar a eficiência e melhorar a transparência.

Com o crescimento da conscientização ambiental e a pressão por práticas sustentáveis, espera-se um aumento significativo na adoção de modais de transporte mais limpos e eficientes. Isso inclui o transporte ferroviário e aquaviário, bem como investimentos em veículos e embarcações movidos a fontes de energia renováveis ou menos poluentes. “Acreditamos que os investimentos governamentais e privados em infraestrutura logística continuem a crescer, focando na ampliação e modernização de ferrovias, portos, hidrovias e terminais intermodais. A melhor integração entre diferentes modais de transporte permitirá uma movimentação de cargas mais fluida e eficiente, reduzindo gargalos operacionais e custos logísticos.”

A tendência de oferecer soluções logísticas mais customizadas e orientadas para o valor agregado vai crescer. Isso significa desenvolver serviços que não apenas atendam às necessidades de transporte e armazenamento, mas que também contribuam para a gestão eficaz da cadeia de valor do agronegócio, incluindo a rastreabilidade de produtos e a garantia de qualidade. A colaboração entre empresas do agronegócio, fornecedores de serviços logísticos, governos e instituições de pesquisa será cada vez mais importante para superar desafios e explorar novas oportunidades. Parcerias estratégicas podem facilitar o compartilhamento de conhecimento, a inovação e o desenvolvimento de soluções logísticas intermodais integradas.

Sem dúvidas o setor deverá se manter atento e adaptar-se às mudanças regulatórias e às políticas públicas que afetam a logística intermodal. Isso inclui regulamentos ambientais, normas de segurança e saúde, políticas de infraestrutura e incentivos fiscais.

“As perspectivas para o futuro da logística intermodal no agronegócio brasileiro são promissoras, com potencial para promover um crescimento robusto e sustentável. A chave para o sucesso será a capacidade do setor de adaptar-se às tendências emergentes, investir em tecnologia e infraestrutura e promover a colaboração entre todos os stakeholders. Isso não apenas aumentará a eficiência e a competitividade do agronegócio brasileiro no cenário global, mas também contribuirá para um desenvolvimento mais sustentável e responsável”, completa o CEO da Sell Agro.

Já para Scangarelli, da Cisbra, o setor precisa, com urgência, ter uma malha ferroviária e hidroviária ativa e capaz de atender as demandas produtivas que, juntamente com o transporte rodoviário, tenham distancias mais curtas para serem percorridas do campo ao porto. “É fundamental garantirmos a execução do planejamento estratégico de longo prazo em infraestrutura no Brasil para que a conta do futuro não encareça demais ou até algum apagão logístico. Esse ano é um divisor de águas para o futuro da infraestrutura logística no Brasil.”

Emanuel destaca que, no momento, o Governo Federal tenta rever o programa Pró-Trilhos, de modo que é importante acompanhar se as eventuais mudanças irão manter o ritmo de crescimento do modal ferroviário ou irão torná-lo mais burocrático. Da mesma forma, é importante verificar se BR do Mar, que serviria para incentivar a cabotagem, realmente vai sair do papel, já que é a segunda vez que ela é anunciada desde o início do Governo Lula.

De fato, como diz Theodoro, da Korsa Riscos e Seguros, a intermodalidade no agro é o caminho para o aumento dos ganhos, pois proporciona eficiência no escoamento da produção, que é enorme e precisa de modais que deem conta. “O produto precisa chegar ao navio para seguir para o exterior. Quem levar mais produtos ao navio em menor tempo e com custo razoável, se destacará da concorrência.” 

Santos, da Uisa, conclui destacando que as perspectivas para o futuro da logística intermodal no agronegócio são marcadas pela digitalização, sustentabilidade, investimentos em infraestrutura, colaboração entre stakeholders, adaptação regulatória e expansão de mercados. Esses fatores prometem não apenas impulsionar o crescimento e a competitividade do setor, mas, também, contribuir para uma operação mais eficiente, sustentável e resiliente frente aos desafios globais.

Participantes

Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do Brasil (Cisbra) – Associação empresarial nacional patronal do setor de serviços em Comércio Exterior, constituída por Câmaras de Comércio brasileiras de âmbito estadual, municipal e regional dos setores industrial, comércio e de serviços. Desenvolve parcerias estratégicas com as três esferas de governo e Câmaras de Comércio estrangeiras para networking, além de parcerias estratégicas com governos estrangeiros.

Conexos – É considerada líder no mercado de software para Comércio Exterior no país, acumulando clientes dos setores de varejo, logística, indústrias e de commodities. Foi comprada pela NTT DATA em outubro do ano passado. Esta, por sua vez, é a 8ª maior empresa de tecnologia do mundo e, na área de logística, é capaz de automatizar em até 70% as rotinas dos principais operadores do Comércio Exterior – como Tradings, Despachantes Aduaneiros e Agentes de Carga.

Emanuel Pessoa – Advogado especializado em Direito Internacional, Governança Corporativa, Direito Societário, Contratos e Disputas Estratégicas. Mestre em Direito pela Harvard Law School, doutor em Direito Econômico pela USP, Certificado em Negócios por Stanford, Bacharel e Mestre em Direito pela UFC, além de palestrante e comentarista.

Korsa Riscos e Seguros – É uma das maiores corretoras de seguro independente do país, especializada em seguros, gerenciamento de risco, gestão de benefícios e serviços logístico. Tem forte presença internacional e é especializada em soluções customizadas de seguros para o setor de transporte de cargas e armazenagem.

nstech – Considerada a maior empresa de software para Supply Chain da América Latina, oferece tecnologias completas e modulares para que os clientes possam evoluir seus negócios, fazer entregas eficientes e impactar a sociedade ao reduzir a emissão de CO2, acidentes e roubos. Na empresa, que possui mais de 60 mil clientes no Brasil e na América Latina, o setor do agro representa pouco mais de 20% do faturamento. Entre os principais clientes estão JBS, Marfrig, Cargill, Bunge, Lactalis, Danone, Mosaic, Fertipar, Rumo e G10 Transportes.

Sell Agro – Atua na produção de adjuvantes agrícolas, tendo estrutura moderna com amplo laboratório de pesquisa e equipe altamente qualificada, composta por engenheiros químicos e agrônomos. As soluções da empresa têm foco na geração de economia e, ainda, em potencializar os resultados das lavouras.

Uisa – Uma das maiores biorrefinarias do Brasil, conta com um modelo de negócio que permite a transformação de matérias-primas renováveis e de seus resíduos em biocombustíveis, energia limpa, saneantes, alimentos, fertilizantes orgânicos e ingredientes para nutrição e saúde animal. Tem como diretriz a maximização da sustentabilidade e a redução das emissões de carbono, a partir do processamento de biomassas. Atua em todas as etapas da cadeia produtiva, desde o plantio da cana-de-açúcar até o comércio, logística e distribuição do produto acabado.

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savoy
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