Responsável por desenvolver soluções multimodais que combinam a movimentação de cargas pela ferrovia nas distâncias longas e pelas rodovias nos trechos curtos, a Brado deve iniciar nas próximas semanas as operações com contêineres no trecho que conecta Goiás ao Porto de Santos.
Diferente dos vagões “tradicionais”, os contêineres permitem diversificar o atendimento acomodando cargas diversas, desde produtos agropecuários até industrializados.
A partir do Porto Seco Centro-Oeste, em Anápolis, serão atendidos por ferrovia os mercados de exportação de algodão, mineração, siderurgia e alimentos, incluindo açúcar, farelo de soja e grãos em contêineres, além de proteínas bovinas por meio das operações com contêineres reefer. Atualmente, estes mercados já movimentam cerca de 45 mil contêineres ao ano e mais de 65% têm como destino o Porto de Santos.
“Goiás e o Sul do Tocantins ganham mais eficiência logística e competitividade. A tendência é que essas regiões vejam a produtividade crescer em setores que hoje já são representativos para sua economia, como o agro e a indústria”, afirma Daniel Salcedo, diretor comercial da Brado Logística.
A ferrovia é um indutor de desenvolvimento econômico. Um exemplo é Rondonópolis, MT, onde a Brado tem um terminal próprio. Em 2000, o índice de Desenvolvimento Humano (IDH) era de 0,6 (considerado médio) e atualmente subiu para 0,75 (nível alto). De acordo com o IBGE, a cidade é a segunda maior no ranking das maiores economias do estado, se destacando devido à opção logística da ferrovia. Esse mesmo ciclo de crescimento pode ocorrer nas cidades com envolvimento direto com a Ferrovia Norte-Sul.
A competitividade surge como uma vantagem inegável trazida pela ferrovia. O diretor de operações do Grupo Porto Seco Centro-Oeste, Everaldo Fiatkoski, destaca que a nova ferrovia garante mais capacidade de movimentação de cargas hoje transportadas, exclusivamente, pelo modal rodoviário.
“O novo Terminal de Contêineres do Porto Seco é resultado da expertise adquirida nos últimos 20 anos, ampliando a capacidade logística, reduzindo os custos operacionais e, como consequência, atraindo novos interessados para o modal ferroviário”, afirma Fiatkoski.
Além disso, o poder de escolha conferido pela Ferrovia Norte-Sul proporciona ganhos em termos de segurança e eficiência. A carga transportada por via férrea está sujeita a menores riscos de acidentes e roubos em comparação com o transporte rodoviário, o que traz uma tranquilidade adicional para as empresas que utilizam essa modalidade. A eficiência também é ampliada, uma vez que a ferrovia permite o transporte de grandes volumes de carga de uma só vez, otimizando a logística de distribuição.
Importação garante fluxo completo
A nova rota de operação da Brado a partir de Santos conectada à Ferrovia Norte-Sul captará os mercados de importação de insumos que abastecem as indústrias e o agronegócio do estado goiano, além dos bens de consumo que passam a ser distribuídos para as populações de Goiás, Distrito Federal e sul do Tocantins. Entre as importações destacam-se os segmentos de agroquímicos, peças de máquinas, equipamentos e plásticos. Estes mercados movimentam mais de 16,5 mil contêineres ao ano.
A solução representa uma quebra de paradigma na logística brasileira. “O fluxo habitual é desequilibrado: os ativos rodoviários e ferroviários vão até os portos cheios e retornam para o interior com grande ociosidade. As operações de importação vão movimentar o chamado fluxo de retorno, com destino ao interior do País, com os trens circulando praticamente cheios nos dois sentidos”, conta Salcedo. Além de uma logística mais eficiente, a chamada rota de retorno garante mais sustentabilidade ao transporte de cargas.