Alguns dos setores que contribuem para esse resultado são agronegócio, construção civil, mineração e comércio de varejo, e mostram que a economia vem se recuperando rapidamente. E as perspectivas para o próximo ano também são positivas.
Segundo a ANFIR – Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários, a média mensal de emplacamentos de implementos rodoviários em 2022 está crescendo. A primeira medição, feita no primeiro bimestre, indicava média de 11.482 produtos. Em oito meses a média mensal passou para 12.965 unidades.
“Este crescimento é resultado da reação do mercado. A indústria de implementos rodoviários acompanha as oscilações da economia brasileira e esse ano elas descrevem uma curva positiva. O resultado do PIB no primeiro semestre foi de crescimento de 2,5%. Alguns dos setores que contribuem para esse resultado são agronegócio, construção civil, mineração e comércio de varejo, todos entre os mais importantes para os negócios da indústria de implementos rodoviários”, avalia José Carlos Spricigo, presidente da ANFIR.
Analisando por este mesmo caminho, Clauber Hipolito, gerente comercial da Olivo Indústria e Comércio de Implementos Rodoviários, destaca que desde o início do ano os negócios estão com desempenho positivo e não há como pensar que essa curva vá recuar. “Alguns setores da economia, como agronegócio, construção civil e mineração, onde estamos presentes, estão ajudando a sustentar essa virada positiva.”
Também para Ivo Ilário Riedi Filho, CEO da Rodofort Guerra (Guerra Implementos Rodoviários e AB Rodofort – Implementos Rodoviarios), setores como agronegócio, construção civil e mineração estão suportando essa virada positiva em 2022. “É um ano de retomada, sem sombra de dúvida. E a Rodofort Guerra acompanha esse desempenho positivo, e mesmo que o segmento de pesados esteja performando na casa de 10% referente ao mesmo periodo de 2021, nossos números são positivos e satisfatórios para esta retomada de operação.”
Sandro Trentin, diretor-superintendente da Divisão Montadora das Empresas Randon, também destaca que o crescimento no volume de emplacamentos de implementos rodoviários verificado no decorrer deste ano é mais um indicativo de que a economia apresenta sinais de recuperação em diversos setores. Segundo ele, os números se devem, em grande parte, à manutenção e ao fortalecimento da demanda do agronegócio, que conseguiu atravessar de forma satisfatória os últimos anos de pandemia. O desempenho contribui para o aumento da demanda de transporte de produtos agrícolas, impactando nas vendas do setor, de maneira geral.
André Pavane, da Inteligência de Mercado da Facchini, aponta que o mercado, não só de implementos, como outros relacionados, vem crescendo e se recuperando de forma gradual nos últimos dois anos. “Atribuímos este aumento nos emplacamentos ao simples fato de alguns setores da economia estarem se recuperando mais rapidamente do que prevíamos, como, por exemplo, os setores de construção civil, mineração e varejo em geral.”
Também a Librelato atribui o aumento dos emplacamentos rodoviários nos últimos meses do ano ao reaquecimento econômico do mercado, que contribuiu para um bom desempenho em vendas para determinados setores. “No segmento de transportes rodoviários de linhas leves, ou seja, carrocerias sobre chassi, tivemos um crescimento considerável nas vendas dos modelos Basculante e Tanque, puxado por setores como construção civil, infraestrutura e combustíveis. Já nas configurações de linhas pesadas, como os reboques e semirreboques, superamos as expectativas com os produtos Florestal, Carrega-tudo, Silo, Canavieiro, Porta-container e Basculante. Atribuímos esse resultado ao bom desempenho de segmentos como papel e celulose, agronegócio, sucroalcooleiro e infraestrutura e também ao aumento no volume do modal ferroviário e aquaviário”, aponta Delby Machado, coordenador de Inteligência de Mercado, Desenvolvimento de Rede e Precificação da Librelato.
Já Osmar Oliveira, CEO da 4TRUCK Soluções Sobre Rodas, pensa que este crescimento seja efeito do reforço de estoque das locadoras, que representaram aproximadamente 40% do volume produzido pela 4TRUCK neste ano, e também da linha sobre chassi, para atender a distribuição urbana, que tem boa representatividade neste momento por conta do crescimento do e-commerce e do atendimento a última milha.
“O aumento dos emplacamentos acompanha o cenário de otimismo da economia brasileira. Desemprego em queda, PIB em crescimento e um cenário de inflação mais controlado a partir de julho. A taxa de vacância dos depósitos e galpões medida pela Colliers Brasil também aponta números expressivos de vacância, partindo de 20% em 2018 e chegando em 9,7% no segundo trimestre de 2022. O contínuo crescimento do e-commerce nacional também apoia essa evolução de emplacamentos. Produtos precisam ser transportados e os implementos são sinônimos de produtividade para o setor logístico”, destaca, por sua vez, Emannuel Tadeu Pereira, diretor Vendas e Marketing da MKS Marksell.
Perspectivas
O otimismo do setor é tão grande que, segundo a ANFIR, a perspectiva da indústria é entregar 165 mil implementos ainda este ano. “Alguns economistas apontam que o PIB em 2022 pode alcançar até 3%. Essa previsão indica que a economia deve seguir seu rumo positivo até o final do ano. Assim a indústria de implementos rodoviários não teria motivos para descreditar que a meta de entregar ao mercado interno 165 mil unidades nao será alcançada”, aposta Spricigo, da ANFIR. “Mesmo com o cenário político em evidência e eventuais impactos em função das eleições, não acredito em desaceleração desse número em 2022”, acrescenta Pereira, da MKS Marksell.
A perspectiva para 2022 da Olivo é de entregar ao mercado 300 unidades. Isso vai representar crescimento sobre 2021 de 34%. “O mercado brasileiro está amadurecendo e não vejo possibilidade de ele sofrer efeitos de fora sobre seu desempenho a curto prazo. As ações na área econômica não sinalizam nada que possa prejudicar os negócios. Os transportadores planejam suas aquisições de olho nos negócios de médio e longo prazo, ponderando todos os aspectos de sua operação. Em face dos números de desempenho de emplacamentos não há razão para crer em recuo”, ressalta o gerente comercial da empresa.
Outro otimista, Riedi Filho, da Rodofort Guerra, destaca que a meta anual da empresa é de 5.000 unidades. “Com o mercado reagindo não há perspectiva que ele venha a recuar.”
Porém, no sentimento da 4TRUCK, segundo Oliveira, a economia é um entrave para o investimento. Mas, o principal risco ainda é a oferta de caminhões, visto que a falta de componentes ainda é um problema para as montadoras.
Também Machado, da Librelato, acredita que algumas questões podem impactar na entrega do número apontado, como o aumento das commodities (gás, petróleo, entre outros); a inflação, que provoca o aumento dos combustíveis e consequentemente dos fretes; e o aumento nas taxas de juros praticadas no mercado.
“Outros fatores que podem interferir são os estoques de veículos incompletos nos pátios das montadoras, devido ao fato de os componentes importados não chegarem às montadoras e, consequentemente, provocar restrições na cadeia de suprimentos”, completa.
Na visão de Trentin, da Randon, há um conjunto de fatores que podem influenciar o desempenho do mercado de implementos e afetar essa perspectiva. Naturalmente, o processo eleitoral tem grande influência sobre o mercado investidor. Também precisamos considerar o cenário de juros altos e a sua influência na manutenção e obtenção de crédito. “Mantemos a cautela, mas de forma positiva, considerando os movimentos de recuperação econômica que projetam boas perspectivas também para o setor de transporte.”
2023
Para o próximo ano, a ANFIR entende que os negócios seguirão no rumo do resultado positivo.“O mercado de implementos rodoviários e as empresas associadas à ANFIR têm boa expectativa para 2023, com a manutenção da espiral positiva de crescimento nos segmentos mais importantes para o setor, como o agronegócio”, afirma Spricigo.
Segundo o presidente da ANFIR, o otimismo com relação a 2023 é baseado em fatos que estão ocorrendo ao longo do segundo semestre de 2022. “A realização da Fenatran, em novembro, seguramente representará outro fator importante para dinamizar as vendas no próximo ano. Isso porque durante o evento serão fechados negócios cujas entregas serão efetivadas em 2023. Diante dessa conjunção positiva de fatores é natural que os empresários da indústria fabricante de implementos rodoviários tenham boa expectativa para o próximo ano”, diz Spricigo.
A 4TRUCK também se mostra otimista com o próximo ano, mas não acredita que será melhor do que 2022. Segundo o CEO da empresa, a expectativa de vendas altas está concentrada no último trimestre deste ano, por conta da antecipação de compra de caminhões da tecnologia atual – os modelos “Euro 6” têm previsão de aumento em torno de 15 ou 20% em 2023 – e também por conta da Fenatran, principal feira do setor que promete vir muito forte no mês de novembro.
“Tal otimismo se deve ao agronegócio brasileiro ser destaque globalmente, bem como às reformas estruturais aprovadas no Congresso antes da pandemia que agora começam a fazer efeito. O controle fiscal adotado pelo Ministério da Economia vem atraindo investidores estrangeiros e permitindo investimentos das empresas brasileiras. O que pode barrar tal crescimento é a ruptura desta linha de trabalho, bem como fatores macroeconômicos imprevisíveis, como pandemias por exemplo”, comenta Pavane, da Facchini.
Sprícigo, que também é CEO da Librelato, e agora falando em nome da empresa, credita o otimismo ao fato de a grande maioria dos indicadores serem positivos para o setor. “Entre esses indicadores, destacamos o índice de confiança do consumidor e indústria com viés positivo; a safra recorde; os preços das commodities agrícolas sendo competitivos no mercado internacional e com bons resultados aos produtores; e a manutenção das vendas para o agronegócio. Podemos mencionar também a recuperação da construção civil, a renovação da frota e a continuação das reformas.”
Mas, ainda segundo o profissional da Librelato, alguns pontos que podem atrapalhar são a mudança drástica na macroeconomia, um novo conflito geopolítico ou agravamento do atual (Rússia x Ucrânia), além de uma nova crise sanitária que cause ruptura na cadeia de suprimentos.
“O otimismo é consequência dos dados econômicos, baixas taxas de vacância nos galpões logísticos e sucessivo crescimento do e-commerce brasileiro. Mudanças bruscas da política econômica, causando insegurança nos investimentos e insegurança jurídica, sem dúvida podem impactar negativamente estre crescimento”, aponta, agora, Pereira, da MKS Marksell.
Olhar 2023 com bons olhos é otimismo baseado em realismo, ressalta Hipolito, da Olivo. A taxa de juros dá sinais de queda e a inflação deve acompanhá-la. Isso cria condições para oferta de crédito e consumo. “O agronegócio deve ser o propulsor de nosso otimismo, pois ele será nossa ferramenta de crescimento não só em 2023, bem como nos próximos anos. O que temos percebido junto aos clientes é que a demanda por implementos rodoviários deve seguir porque a necessidade por transporte de carga vai aumentar muito pricipalmente pela alta demanda no agronegócio.”
Trentin, da Randon, também diz que o otimismo se deve à resilência da economia brasileira, principalmente do setor do agronegócio. Com um crescimento mesmo tímido, há sinais de uma economia mais estável nos próximos meses e em 2023, acompanhada da perspectiva de redução de inflação e das taxas de juros.
“O otimismo para o próximo ano se fundamenta em dois fatores. Um tem a ver com a economia em geral porque já se percebem sinais de queda de juros e de inflação. O outro é a demanda do mercado por nossos produtos que está em crescimento. Segmentos importantes para os negócios da empresa mostram fôlego para manter a curva de negócios positiva. Por isso dá para imaginar 2023 como um período de bons negócios, finaliza o CEO da Rodofort Guerra.
Participantes desta matéria
ANFIR – Entidade que congrega mais de 140 associadas e mais de 1.400 afiliadas ativas, desde micro, pequenas, médias e grandes empresas, ligadas ao segmento de transporte de cargas. Estas companhias são as responsáveis pela fabricação de todos os implementos rodoviários utilizados no Brasil.
4TRUCK – Fornece soluções sobre rodas para o transporte de cargas em caminhões e vans da linha leve (sobre chassi). Desenvolve e produz baús de alumínio (carga seca e isotérmicos), baús lonados, carrocerias metálicas e cabines suplementares, além de produtos customizados para atender demandas específicas.
Facchini – Desenvolve, produz e distribui a linha completa para todos os segmentos de transportes para caminhões leves, médios e pesados. Implementos rodoviários: carrocerias, furgões, caçambas, guindastes, poliguindastes, 3º eixos, roll on roll off, plataformas socorro, tanques irrigadores, tanques para transporte de combustível, semirreboques, reboques, bitrens, rodotrens, tritrens, carretas agrícolas e produtos especiais.
Librelato – Fabrica produtos nas configurações semirreboque, bitrem, bitrenzão, rodotrem, tritem, pentatrem e hexatrem, dentro das linhas de produtos basculante; graneleiro/carga seca; carga fechada: furgão alumínio e furgão lonado; tanque aço carbono; porta-container; florestal; carrega-tudo; e canavieiro.
MKS Marksell – Projeta, desenvolve e produz equipamentos para movimentação de cargas e pessoas aplicados a veículos ou estacionários.
Olivo – Produz semirreboques basculante minério, basculante graneleiro, basculante cavaqueira, basculante bitrem, basculante rodotrem, carreta graneleiro, carreta carga-seca, e a linha baú lonado sider. Já na linha sobre chassi, produz caçambas meia cana, meia cana minério, standard, cilindro frontal e agrícola.
Randon – Produz carrocerias, reboques, semirreboques e vagões ferroviários em quatro unidades industriais no Brasil e duas no exterior e possui um centro de distribuição no Sudeste do país.
Rodofort Guerra – Sua linha de produtos inclui: graneleiro, basculante, porta-contêiner, tanque aço carbono, furgão carga geral, sider. Em 2023 estará atuando no segmento florestal e carrega tudo.