Carregadores: Acompanhando o segmento de baterias, setor cresce em 2021 e está otimista para 2022

11/01/2022

Segundo um dos participantes desta matéria especial, no ano passado houve muito mais investimento em carregadores do que em 2020. Os projetos e BID´s que estavam parados foram fechados em 2021 e novos investimentos aconteceram.

 

Como vimos na matéria especial sobre o mercado de baterias tracionárias, o segmento apresentou crescimento significativo em 2021, em que pesou, e também por conta da pandemia. O mesmo aconteceu no setor de carregadores de baterias. “No ano de 2021, mesmo em plena pandemia, a ascensão nas vendas de carregadores também foi muito expressiva, acompanhando o volume de baterias vendidas naquele ano. A AWM Manutenções Elétricas esteve realmente incrível neste segmento – vendeu-se carregadores digitais e de alta frequência em abundância, os fabricantes de carregadores nacionais KM Carregadores e JLW Eletromax não deixaram faltar, o que contribuiu bastante para o crescimento”, analisa Wilken Davidson Drumond, diretor técnico da AWM Manutenções Elétricas.

Mariana Kroker, gerente da Unidade Negócios Brasil de Carregadores de Baterias da Fronius do Brasil, também aponta o crescimento no setor, destacando que no ano passado houve muito mais investimento em carregadores do que em 2020. “Os projetos e BID´s que estavam parados foram fechados em 2021 e novos investimentos aconteceram, trazendo 33% de aumento nas vendas em relação a 2020. O mercado está aquecido, e a busca por novas tecnologias de carregamento está na pauta de todas as empresas que perceberam a necessidade de soluções e tecnologias inteligentes que atendam à demanda da Logística 4.0, onde digitalização e dados nunca foram tão importantes.”

Também para a KM Carregadores de Baterias o segmento cresceu consideravelmente em 2021, superando todas as expectativas. “Iniciamos uma expansão para outros mercados antes não explorados. Uma vez que nossos equipamentos já são consolidados nos mercados logísticos e de setores de limpeza, abrimos novos leques para os mercados, como o de sistemas de energia e energia solar, por exemplo”, diz Danilo Macan, gerente de Desenvolvimento Técnico-Comercial da empresa.

“Ademais, otimizamos nossos equipamentos de recarga e, principalmente, de manutenção de baterias. Esse mercado cresceu muito durante a pandemia. O crescimento dos custos provocados durante esse período de pandemia fez com que aumentassem os serviços de manutenção de baterias. Outro mercado que cresceu bastante foi o de manutenção de carregadores de baterias. Tivemos um grande aumento nas manutenções preventivas e corretivas em grandes clientes, devido aos custos de mercado dos insumos novos. Por outro lado, sentimos bastante a escassez mundial de componentes eletrônicos, como de semicondutores. Tal fato acabou por limitar alguns lançamentos previstos.”

No ponto de vista de João Carlos Waldmann, diretor da JLW Indústria de Aparelhos Eletro Eletrônicos, também houve crescimento nas vendas em 2021, mas este foi prejudicado pelos aumentos das commodities no mundo todo, diminuindo o ganho das empresas.

 

Otimismo

Já quando perguntado sobre suas perspectivas para o setor de carregadores de baterias em 2022, o diretor da JLW Indústria de Aparelhos Eletro Eletrônicos diz que, como brasileiro, “devemos acreditar sempre que o próximo ano será melhor. Por regra, consideramos que 2022 será um ano de crescimento, onde as commodities deverão estabilizar, talvez baixar, mas não aos valores anteriores.”

Também otimista, Macan diz que os planejamentos de crescimento para 2022 já começaram na KM Carregadores de Baterias. “Estaremos expandindo nosso mercado não apenas a nível nacional, mas também por países da América do Sul.”

Andrea Lourenço Drumond, diretora financeira da AWM Manutenções Elétricas, também concorda, mas com restrições. “Certamente temos que ser otimistas, porém na AWM Manutenções estamos com muita cautela até o carnaval. Novas cepas na África do Sul sinalizam possíveis intervenções, como o cancelamento do carnaval. Temos que ser cautelosos com os investimentos e especulações, já que poderemos, em algum momento, sofrer novas paralizações e isolamentos, levando grandes distúrbios até a indústria e comércio por todo mundo, vindo a faltar matéria-prima e insumos novamente.”

Ao fazer suas “previsões” para 2022, Mariana, da Fronius, sai da análise econômica e de desempenho do setor e aponta as tendências. Inicialmente, explica que “desde 2020 estamos sendo desafiados a nos reinventar para os negócios, e impactados por alguns fatores externos que independem dos nossos esforços. Nós continuaremos a trabalhar forte para que as soluções de carregamento e tecnologia de carga continuem atendendo o mercado, e as necessidades de soluções mais customizadas que atendam clientes exigentes e que buscam por sustentabilidade e confiança nos seus processos Intralogisticos.”

Para ela, o futuro será pautado por vários destes fatores externos, como a Inteligência Artificial, que passou a ter uma presença mais propositiva nos últimos períodos. “Sem dúvida, ela veio para ficar, além de trazer agilidade nos processos, qualidade na entrega e mostrar que nosso mercado consegue se adaptar e trazer soluções inovadoras e disruptivas para toda a cadeia logística. Percebemos um crescimento ano a ano do mercado de AGV´s e sistemas robotizados autônomos contribuindo para a intralogística.”

Outro fator que deve impactar o mercado, ainda na visão de Mariana, é a automatização de processos. “Se era uma tendência, ela veio para ficar de uma vez. Implantar processos numa organização por meio do uso de tecnologias específicas, integração de dados, sistemas e controle de fluxo do trabalho ajudou as empresas a entregarem mais resultados na intralogística e minimizar perdas que antes não estavam sendo mensuradas. Fomos empurrados a isso, mas trouxe grandes benefícios.”

No caso da expansão considerável de comércio digital e das entregas expressas, a gerente da Unidade Negócios Brasil de Carregadores de Baterias da Fronius lembra que para permanecer competitivo no segmento logístico nestes últimos dois anos, foi preciso encontrar formas de tornar a operação mais econômica, ágil e qualificada. Adicionado a isso, acrescentar eficiência aos processos para atender à demanda dos clientes e, consequentemente, aumentar a produtividade são essenciais. Os clientes estão mais conectados do que nunca, e oferecer essa dinâmica de compra com um click e entregar no mesmo dia impulsiona as vendas, sem dúvida.

Há, também, de acordo com Mariana, a entrega por drones. “Empresas disruptivas estão investindo num mini táxi aéreo que pode atender uma necessidade de entrega que não existia antes, oferecendo a experiência de uma entrega rápida e interessante. À ANAC fica a responsabilidade de colocar as leis e a ordem aplicadas as essas entregas, que, assim como outras, possuem seus desafios e precisam ser de regulamentação. Essa modalidade veio do resultado de uma busca de um mercado que pode ser bastante explorado.”

E, por fim, como parte das “previsões” de Mariana, há a questão da sustentabilidade, que tem desempenhado um papel cada vez mais importante na intralogística. “Clientes e parceiros de negócio têm exigido informações cada vez mais precisas sobre as emissões de CO2 ao longo de toda a cadeia de fornecimento – menos baterias, menos espaço utilizado para carga e menos periféricos também são sinônimos de sustentabilidade, e grandes empresas estão até exigindo que seus fornecedores tomem medidas concretas para reduzir as emissões. O pré-requisito básico para isso é uma análise rigorosa e detalhada de todos os processos logísticos. “Para o carregamento de empilhadeiras elétricas, também existem soluções que reduzem sua demanda energética e emissões de CO2. No entanto, é importante que os usuários considerem não apenas a empilhadeira em si, mas, sim, o sistema completo, como o carregador de baterias. Sustentabilidade e eficiência são pontos centrais levados em consideração: trocando os tradicionais carregadores de 60 Hertz (transformadores) ou de alta frequência convencionais por um moderno sistema Inteligente de carregamento de baterias disponível já no mercado, onde os operadores podem reduzir significativamente a demanda energética e emissões de CO2 na sua intralogística.”

 

Fator pandemia

Sobre o impacto da pandemia no setor de carregadores de baterias, o e-commerce aparece como o grande incentivador do maior uso dos mesmos no segmento de logística, já que foi muito expandido nos períodos de restrição. “O crescimento do e-commerce ampliou o mercado para o setor de logística. Além da segurança no momento atual e da comodidade das compras online, a agilidade na entrega das encomendas ficou mais significativa. Isso fez com que o mercado de movimentação logística crescesse e se reinventasse cada vez mais durante o período da pandemia. Grandes redes varejistas mundiais investiram bastante no setor de movimentação e, por consequência, em equipamentos como os de recarga de baterias, suportes e extratores de baterias. Porém, com o aumento dos custos dos suprimentos e commodities, houve uma forte onda de locação de equipamentos de movimentação logística, inclusive de nossos equipamentos. Entramos nesse mercado de locação de carregadores e extratores há cerca de dois anos e estamos tendo muito sucesso. Acredito que essa tendência veio para ficar e tende a aumentar cada vez mais”, profetiza Macan, da KM Carregadores de Baterias.

Waldmann, da JLW Indústria de Aparelhos Eletro Eletrônicos, também lembra que, com a pandemia, as vendas online aumentaram e, também, mudou o conceito de atendimento ao cliente, mudanças estas que devem se manter para o próximo ano.

Mariana, da Fronius do Brasil, aponta que, apesar dos desafios, como falta de matéria-prima e aumento constante dessas, alguns segmentos do mercado não pararam e continuaram a crescer muito para atender uma demanda grande na área do atacado, varejo, bebida e toda movimentação logística que isso demandou. “Os clientes perceberam ainda mais que a tecnologia aplicada à intralogística, dados informados em tempo real, carregamento rápido e soluções de carregamento de lítio são imprescindíveis nesta narrativa de mudança. Reduzir custos com tecnologia veio para ficar.”

Drumond, da AWM Manutenções Elétricas, por sua vez, lembra que, em se tratando dos principais fabricantes nacionais, “posso garantir que se mantiveram firmes, cumprindo prazos de entrega e mantendo a qualidade de seus produtos, inclusive lançando novidades. Isso colaborou também para o crescimento da AWM Manutenções Elétricas, que esteve o ano de 2021 trabalhando no limite operacional, tendo que abrir novas vagas para colaboradores durante todo ano.”

Já quando fala dos efeitos da pandemia, o diretor técnico da AWM Manutenções Elétricas afirma que as lições deixadas pela Covid-19 vão prevalecer por muitas décadas. “Aprendemos a readequar, enxugar despesas, conter desperdícios na produção, ignorar especuladores, investir com menos cotas, fazendo com que seja mais lucrativa toda e qualquer atividade, e a respeitar os limites financeiros.”

Para Wilson Vizeu, diretor de Vendas e General Manager para América Latina da GNB Industrial Power, todos os impactos neste setor foram os mesmos dos sentido no segmento de baterias (veja a matéria nesta edição), mas um agravante no caso de carregadores é que este produto tem maior dependência de componentes eletrônicos e de fornecedores especializados externos. “A maioria destes fornecedores foi muito impactada pela pandemia e, em alguns casos, a cadeia de suprimentos foi interrompida, o que gerou vários desafios, como o adiamento de lançamentos, atrasos, aumento de custos, etc.”

 

Tecnologia

Sobre as novas tecnologias que estão sendo aplicadas aos carregadores de baterias, Waldmann, da JLW Indústria de Aparelhos Eletro Eletrônicos, lembra que por anos os carregadores eram fabricados com transformadores, e atualmente, com a globalização, os mesmo usados são de alta frequência totalmente eletrônicos, com menor consumo de energia elétrica, tendencia esta que veio para ficar.

No caso da Fronius, Mariana relaciona as novas tecnologias, como os recém-lançados sistemas de carga ligados e conectados numa sala de baterias, sistemas de carregamento sustentável com baterias de lítio, utilização de menos baterias em três turnos e uso de baterias fast charger, que têm investimento muito interessante para operações exigentes e que são chamadas de pré-litio. “Também tivemos o lançamento de carregadores para baterias de 96 V e 120 V para máquinas de alta tonelagem, um segmento de mercado que tem crescido exponencialmente a cada ano.”

A lista de Vizeu, da GNB Industrial Power, inclui o último lançamento da empresa, a linha de carregadores com transistor tipo Mosfet com carboneto de silício, que permite melhor performance térmica e maior eficiência, o que resulta em economia de energia, menor tempo de carga e maior resistência em ambientes agressivos. “Utilizando o mesmo conceito de telemetria e monitoramento, nossa resposta é um carregador inteligente que atua com comunicação com os sensores de controle, envio de informações para o software de gestão, armazenamento de dados e que já vem programado para operar em distintos perfis de carga (convencional, oportunidade ou carga rápida), assim como diferentes tecnologias, como chumbo ácido ou lítio. A nova geração de carregadores da GNB também é multivoltagem e modular, o que permite maior flexibilidade na operação, custo reduzido de manutenção e possibilidade de expansão.”

Já a KM Carregadores de Baterias foi pioneira, segundo Macan, no conceito de equipamentos user friendly, onde o operador não precisa se preocupar com a recarga e consegue facilmente analisar o que aconteceu com a bateria durante seu processo. “Cada vez mais notamos que as baterias estão evoluindo e a necessidade de os carregadores evoluírem junto também. Atualmente, um bom carregador não pode apenas enviar a carga, mas deve também entender o estado da bateria e as condições elétricas da operação, entre outros fatores. Constantemente atualizamos nossos softwares para que a inteligência artificial embarcada em nossos equipamentos possa atender cada vez melhor as necessidades de recarga.”

A AWM Manutenções Elétricas está instalada em Contagem, MG, e, portanto, tem uma atuação e conhecimento maior nesse Estado, onde, na atualidade, ainda se faz uso do tradicional carregador digital e de alta frequência, que se encontra em edições que possivelmente estão em seus limites. “Porém, no ano de 2022 os fabricantes nacionais KM Carregadores e JLW Eletromax terão muitos lançamentos tecnológicos e certamente com muitas novidades para carregadores de baterias de lítio e chumbo puro no mercado nacional. A EnerSys® vem com uma linha de carregadores NexSys+ que representam a melhor solução em carga de alta frequência para baterias de chumbo puro TPPL (Thin Plate Pure Lead) aplicadas em veículos autoguiados (AGV), máquinas para limpeza de piso e veículos elétricos industriais com maior eficiência e controle do fator de potência e mais compactos”, coloca, agora, Andrea, da AWM Manutenções Elétricas.

 

Adequação

Como dizemos na matéria especial sobre as baterias tracionárias, várias opções estão surgindo, principalmente as de lítio. Aí vem a pergunta: com as mudanças nas baterias, também são requeridas mudanças nos carregadores?

Segundo Mariana, da Fronius do Brasil, com um sofisticado processo tecnológico embarcado dentro dos carregadores inteligentes de alta frequência que foram lançados no mercado, as operações que usam baterias como gel, de chumbo ácido estacionárias e tracionarias podem usar o mesmo carregador para aplicações e baterias distintas, sem necessidade de novos investimentos. Para as baterias de lítio, foi lançado um carregador que pode atuar com qualquer bateria de lítio, desde que tenha um simples protocolo de comunicação, algo que já foi entendido pelo mercado global, abrindo, assim, para o cliente final e fabricantes de maquinas elétricas um leque maior de opções de baterias e carregadores. “O cliente final ganha com isso, pois ele pode escolher o fornecedor de sua confiança, juntamente com o pacote de máquina que está adquirindo.”

Vizeu, da GNB Industrial Power, explica que o carregador tem a mesma importância que a bateria e é vital utilizar a tecnologia adequada para garantir a melhor performance da bateria sem prejudicar a vida útil da mesma. Carregadores inteligentes também permitem melhor gestão da operação, como o armazenamento de dados, programação de períodos de manutenção e equalizações e interação com um sistema externo de gestão. O carregador adequado pode representar um grande benefício para o cliente final, como, por exemplo, economia direta de energia, menor tempo de carga, que representa maior disponibilidade da bateria, e eventuais reduções de custos com trocas de baterias (carga de oportunidade, por exemplo). “Nós entendemos que a integração da bateria e do carregador é cada vez mais importante e deve ser analisada em conjunto. O fato de a GNB ser fabricante das duas linhas contribui bastante na sinergia com as áreas de desenvolvimento e testes. No caso da bateria de lítio, a integração carregador e bateria é ainda maior, pois o carregador tem papel chave no monitoramento da bateria e acesso remoto a informações, para garantir as condições de segurança no processo de carga e equalização, etc.”

Na verdade, como comenta Macan, da KM Carregadores de Baterias, estamos vivenciando uma nova tendência no mercado de baterias. “As de lítio já são uma realidade e estamos com os carregadores preparados para se comunicarem e recarregarem essas baterias, por exemplo. Dois grandes fabricantes de baterias já nos procuraram para desenvolvimentos em conjunto de carregadores. Existem também estudos de outras baterias de composições químicas diferentes e promissoras no quesito estabilidade e capacidade.”

Waldmann, da JLW Indústria de Aparelhos Eletro Eletrônicos, conclui com um alerta: cada carregador tem uma aplicação específica. “Se você usar um carregador para lítio em uma bateria de chumbo, vai danificar a mesma e vice-versa. As curvas de carga e as capacidades são diferentes.”

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