Falta de componentes e de matéria-prima para diversos segmentos da indústria, alta nos custos de fabricação, altas de combustíveis e fretes internacionais e possíveis reflexos da eleição presidencial de 2022 têm influência no mercado.
Nesta matéria que envolve a análise do setor de locação de empilhadeiras, as empresas abordam questões ligadas à manutenção das máquinas, demandas do mercado e, claro, influência da pandemia nos negócios. Os desafios foram muitos, mas as perspectivas são boas.
Não é preciso detalhar quão atípico foi o ano de 2021, pois todos os setores passaram pelo mesmo cenário de escassez de insumos e inflação de preços. A observação é de Eduardo Makimoto, diretor da Aesa Empilhadeiras.
“Houve aumento na ordem de 60% dos custos diretamente ligados à manutenção de equipamentos, como peças, lubrificantes, pneus e baterias tracionárias, além do aumento do custo logístico com a escalada do preço do petróleo e desvalorização do Real”, aponta.
Este cenário, segundo ele, leva a uma redução na margem de lucro do locador, agravado, ainda, pelas diversas renegociações com a indústria, que está impossibilitada de produzir pela falta de abastecimento de componentes eletrônicos.
Por outro lado, continua Makimoto, houve expressivo aumento na procura por locação de equipamentos seminovos. “A demanda se justifica pela elevação do preço das máquinas novas que, desde 2019, acumula alta de 70%, fazendo com que a opção por seminova se torne mais atrativa.”
A estratégia da Aesa de manter um inflado estoque de máquinas tem se mostrado promissora. A empresa fechou 2021 com 351 equipamentos alocados em novos contratos de diversos setores da indústria. “Mantemos um estoque rotativo de cerca de 500 equipamentos à pronta-entrega, de todos os modelos e capacidades, novos e seminovos, o que possibilita atender demandas imediatas de pequenos, médios e grandes frotistas”, destaca o diretor da empresa.
O ano de 2021 foi de grandes desafios, na análise de Eduardo Almeida D’Elboux, gestor de custos e orçamentos da Elba Equipamentos e Serviços. “A demanda de serviços ficou dentro do esperado, com alta em relação ao ano anterior. Percebemos no último bimestre um leve desaquecimento. A inflação foi bem acima do esperado”, comenta.
Ele também cita o aumento nos preços de combustíveis na ordem de 60%, nas peças de reposição de 40% e na mão de obra de 12%. Além disso, acrescenta que o preço de aquisição de equipamentos novos disparou em função de vários fatores. Entre eles: aumento do aço e do dólar, falta de componentes para entrega de novas máquinas e falta de contêineres para transporte marítimo de equipamentos importados, dentre outros. “Desta maneira, o prazo de entrega para receber novos equipamentos também cresceu bastante, chegando a atingir mais de um ano em alguns casos. Com isso, o planejamento de renovação da frota ficou prejudicado em 2021, aumentando os custos internos em decorrência da não renovação dos ativos”, expõe o gestor de custos e orçamentos da Elba.
D’Elboux revela, ainda, que existe a dificuldade de repassar o aumento dos custos internos para o cliente final. “Alguns contratos possuem cláusulas de reajustes anuais e o locador foi obrigado a absorver estes aumentos até conseguir repassar parte deles aos clientes.”
Para o Grupo Kion, 2021 foi o maior ano da história em quantidade de equipamentos, com negociações concluídas dentro de um ano, em especial grandes renovações em clientes com os quais a marca já atuava há mais de 10 anos. “Isso nos traz grande satisfação, pois demonstra que estamos oferecendo um ótimo atendimento”, declara Fabiana Souza, gerente de locação da Kion South America – fabricação de equipamentos de movimentação – Marcas Linde e Still.
Ela também menciona os grandes pacotes fechados para clientes que se especializaram ou já nasceram fortes no e-commerce no Brasil, além de clientes que optaram pela renovação de sua frota própria, mas dessa vez migrando para a locação.
Durante a pandemia, a área de locação da Kion manteve todas as suas atividades nas operações. Alguns segmentos tiveram reduções operacionais em 2020, mas em contrapartida outros se superaram, como papel e celulose, e-commerce e varejo. Mas em 2021, as atividades foram retornadas à normalidade em comparação ao ano anterior à pandemia.
“Ao final de 2021, observamos muitas demandas adicionais/sazonais e conseguimos atender todas de nossa carteira e também de novos clientes”, expõe Fabiana.
Tania Fukuha, supervisora comercial, e Anderson Renato do Carmo, assistente comercial, da Eletrofran Comércio e Serviço, comentam que 2021 foi movimentado para o segmento de locação de empilhadeiras, porém, por conta da Covid-19, o custo dos insumos (em sua maioria importados) subiu muito, dificultando as negociações das locações e valores das manutenções/insumos. “No setor logístico, a pandemia causou danos que só não foram maiores por conta da necessidade de movimentação dos segmentos farmacêutico e alimentício. Com a redução das restrições após a vacinação, o mercado aqueceu e a demanda por locação aumentou”, ressaltam.
Alberto André, sócio administrador da Empitec Comercial, reconhece que 2021 foi um ano de alta no setor de locação de equipamentos. “Esse mercado continua crescendo no Brasil, apesar da crise provocada pela pandemia.”
O segmento se comportou muito bem, também na opinião de Renato Vaz, diretor executivo da Marbor Locadora. “A demanda cresceu e cada vez mais empresas estão adotando a locação como a melhor solução para seu parque de equipamentos.”
Passado o susto inicial, em 2020, em relação à pandemia, seus efeitos e como conviver nesta situação, foi natural que o mercado criasse expectativas positivas para 2021. Com um início ainda tímido, inclusive devido às reduções de mão de obra ocorridas em 2020 (lockdown, queda no consumo, etc.), 2021 mostrou sinais de melhora a partir do segundo trimestre. Quem analisa, agora, é Marcelo Travain Ayub, diretor da JM Empilhadeiras.
“Muitas empresas, ainda com receio de investirem em ativos, deram sobrevida a seus equipamentos usados através de manutenções e reformas ou buscaram nas locadoras alternativas que pudessem atender à crescente demanda que estava se desenhando”, explica.
Desta forma, os atendimentos pós-vendas para peças e serviços, assim como a busca por equipamentos seminovos e/ou locados, na esperança de não realizar grandes investimentos em uma época de incertezas, foram “puxados” pelos diversos segmentos de mercado para atendimento à crescente demanda.
Ayub diz que empresas do ramo de embalagens, Centros de Distribuição, supermercadistas, farmacêuticas, automobilística, indústria de bebidas, entre outras, são exemplos de segmentos que demandaram aumento de frotas de locação para atendimento às demandas de compras virtuais e consumo de bens duráveis.
Segundo estudos realizados por associações de classes, analisando o mercado de equipamentos de construção e locação, mais de 70% das empresas consultadas apontaram que o volume de negócios, em 2021, foi igual ou melhor do que o previsto no início do ano, e que aproximadamente 90% delas mantiveram ou aumentaram sua frota de locação de equipamentos, neste caso, não apenas a frota de empilhadeiras, mas de equipamentos em geral.
“Para a JM Empilhadeiras, 2021 foi mais um ano de crescimento com investimentos em novas áreas de atuação (novas filiais), em estrutura, capacitação de sua equipe e consolidação de sua marca em um mercado no qual já atua há mais de 36 anos”, acrescenta Ayub.
O Grupo Prestbater obteve crescimento no número de contratos de locação através da captação de novos clientes e também incremento de equipamentos em contratos ativos, fechando 2021 com um volume de crescimento um pouco acima das projeções.
“Automatizamos o processo dos relatórios de manutenção, que hoje são realizados por nossos técnicos via mobile, o que garante o acompanhamento imediato por parte dos gestores e agilidade nas informações para geração de KPI’s internos e para nossos clientes, além de facilitar o processo de reposição dos estoques de peças”, conta Alexandre Ventura, diretor presidente da Prestbater Comércio e Serviços, da Rental Empilhadeiras e da Eurotrac Baterias.
Em um ano de pandemia, os resultados também foram muito bons para a Retrak Comércio e Representações de Máquinas, segundo Fabio Pedrão, diretor executivo. “Crescemos 25% em número de máquinas locadas quando comparado a 2020. Tivemos um primeiro trimestre tímido, que se recuperou no decorrer de 2021.”
Um grande problema para o setor, apontado por Pedrão, foram os prazos de entrega dos fabricantes, agravados pela crise global no fornecimento de componentes para os equipamentos. Problema este que tende a se manter no início de 2022.
Também na opinião de Célio Neto Ribeiro, CEO da SGB Máquinas e Equipamentos, 2021 foi um ano muito interessante para os locadores. “Fechamos 2021 com um bom crescimento na locação de empilhadeiras. O alto custo de aquisição e a falta de máquinas novas para pronta-entrega, gerados pela pandemia e seus lockdowns, fizeram com que crescesse a procura por aluguel de empilhadeiras usadas e, consequentemente, a venda de peças e serviços.”
Mercado bem aquecido com grandes oportunidades, destaca Jairo Perini Alves, gerente de locação e operações da Sotreq. “A pandemia certamente está demonstrando aos clientes o quanto é importante o produto aluguel, pois estão enfrentando grandes dificuldades com a baixa disponibilidade de produtos e mão de obra qualificada, situação essa que os clientes que alugam não passam, uma vez que mantemos a frota atualizada e equipe própria dedicada”, explica.
Alves acrescenta que uma excelente oportunidade para lidar com problemas de manutenção são as baterias com a tecnologia de íon lítio, pois não requerem manutenção e tampouco necessidade de troca, gerando grandes economia aos clientes e zero impacto ambiental.
A TranspoTech Equipamentos viu os clientes compradores mudarem rapidamente o perfil para poder atingir suas necessidades de demanda e facilidade no crescimento. “Nossa frota em 2021 disparou, com mais de 400 maquinas elétricas compradas, atendendo fortemente a demanda de clientes no sul do Brasil”, expõe Ricardo Cristiano Oribka, fundador e CEO da empresa.
A diversificação de marcas ajudou a Up Load Equipamentos a atender os clientes, já que a escassez de equipamentos no mercado resultou num grande aumento de prazo e preço final. “A pandemia foi um grande desafio ainda em 2021, porém, agora sabemos um pouco mais como nos comportar frente a esse desafio e como trabalhar nessa nova realidade”, conta Sidney Matos, CEO da companhia.
Quanto ao cenário econômico-financeiro, ele conta que a empresa se deparou com um aumento expressivo de custo de peças, principalmente das importadas, bem como com dificuldade de prazo de entrega dos fornecedores. “O custo de deslocamento sofreu um grande impacto como reflexo do aumento de combustíveis. O reajuste de contratos foi um exercício de equilíbrio de custos e bom senso, foi um trabalho de demonstração para os clientes, que encontraram aumento de custo em todos os segmentos da economia.”
De qualquer maneira, a Up Load conseguiu reajustar a maioria dos contratos após longas conversas. “Conseguimos ainda aumentar nossa frota em 35%, o que atribuímos à decisão de clientes de avaliar o momento e medir os antigos fornecedores quanto a valor pago x serviço recebido”, acrescenta Matos.
Como será 2022?
Em um período de tantas incertezas e surpresas, é praticamente impossível fazer uma previsão, na opinião de Makimoto, da Aesa. “Porém, olhando para todas as variáveis, entendemos que 2022 será uma versão de 2021 intensificada. Continuaremos atravessando o período de ‘estagflação’ que estamos vivendo no Brasil, com alta da inflação e estagnação da economia, que será catalisada pelas incertezas políticas de um ano eleitoral inflamado pela polarização do país”, comenta.
Segundo ele, continuaremos ainda sofrendo com a falta de equipamentos no mercado, pois serão necessários ainda alguns anos até que a cadeia de suprimentos e transporte retome à normalidade. “E continua a ameaça do coronavírus com as novas cepas em evolução”, acrescenta.
Para Makimoto, os locadores tomarão maior risco ao participar de novos contratos de locação pelo maior custo de aquisição de equipamentos e maior risco de quebra de contrato ocasionados por possíveis paradas do mercado pela pandemia ou falta de matéria-prima.
Até o primeiro semestre, a Elba acredita que o prazo de entrega de novas máquinas ainda estará bastante elevado. “A inflação deve ser menor do que em 2021, porém, acreditamos que ainda podem haver aumentos significativos, inclusive nos combustíveis. A demanda de serviços em 2022 deve permanecer igual à do ano de 2021 ou apresentar um pequeno aumento”, declara D’Elboux.
De acordo com Tania e Carmo, da Eletrofran, a perspectiva para 2022 é grande para a retomada do mercado, mas com ressalvas, pois não se sabe o que acontecerá com a eminência de uma nova cepa da Covid-19 fechando fronteiras. “Acreditamos que com o aumento das fusões entre empresas, o mercado necessitará de maior agilidade, é aí que entra nosso facilitador de operações logísticas, as empilhadeiras. Com a automação dos processos, serão necessários equipamentos com autonomia e agilidade.”
A JM Empilhadeiras segue otimista para 2022, inclusive pelos importantes movimentos ocorridos neste segmento, com a entrada de grandes players no mercado e reforçando a crença de que haverá expansão nos próximos anos, como conta Ayub.
“Seguimos nosso planejamento de crescimento, atuando com mais consistência no interior de São Paulo, em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Os investimentos realizados em 2021, com foco em 2022, já apontavam para esta direção. Obviamente, não podemos minimizar eventuais riscos que possam influenciar o mercado, como a falta de componentes e matéria-prima para diversos segmentos da indústria, a constante alta nos custos de fabricação, impactada pelas altas de combustíveis e fretes internacionais, e possíveis reflexos da eleição presidencial de 2022, que sempre influenciam o mercado econômico – inflação, volatilidade cambial, entre outros”, expõe.
Números apontam que o Brasil conta com oito empilhadeiras para cada 100 mil habitantes. Na Alemanha, por exemplo, são 100 máquinas para cada 100 mil pessoas. “Certos ou errados, de fato há um enorme potencial de crescimento deste mercado e a JM Empilhadeiras está preparada para seguir nesta direção”, reforça Ayub.
Em 2022, com o declínio ou não da pandemia, muitos consumidores manterão o hábito do delivery e da compra pela internet, observa Raphael Souza, gerente corporativo comercial da Jungheinrich Lift Truck.
“Para atender mais clientes, as empresas buscarão oferecer mais agilidade na movimentação de seus estoques. As empilhadeiras, soluções de automatização ou semiautomatização e serviços, serão fundamentais para garantir essa rapidez com eficiência”, comenta.
Outro ponto relevante para os próximos anos, ainda de acordo com Souza, é a questão ambiental. “O consumidor está cada vez mais consciente, ao mesmo tempo em que as empresas são cada vez mais cobradas a trazerem soluções sustentáveis, o que gera a tendência de ampliação do mercado de equipamentos elétricos.”
As perspectivas também são positivas na Empitec. “Acreditamos que o mercado aqueça ainda mais no primeiro trimestre”, diz André.
A Kion South America está muito confiante que terá um mercado muito similar em 2022, visto que iniciou o trabalho com grandes pacotes de encomendas já no final de 2021. “O processo de locação realmente é mais longo em comparação a compras, leva em torno de quatro a seis meses para pacotes de mais de 100 máquinas, por isso antecipamos os processos”, destaca Fabiana.
A Retrak está cautelosa e otimista para 2022, como expõe Pedrão. “A pandemia influencia as decisões das empresas e isto afeta o setor. Bens de capital como empilhadeiras são itens possíveis de se postergar investimento. A variação no câmbio impactou o custo das máquinas, que subiu na mesma velocidade do euro e dólar. Máquinas mais caras levam os clientes a optar cada vez mais pela locação”, analisa.
“Ainda será um ano desafiador, com inflação mais alta e juros subindo, mas entendemos que a economia de produção está forte e, portanto, a demanda por bons serviços de locação se manterá crescente”, relata Vaz, da Marbor Locadora.
Ventura, da Rental Empilhadeiras, vê de modo positivo o andamento da vacinação e a consequente retomada das atividades. “Isso permitirá a aceleração econômica necessária para o país e favorecerá o segmento de movimentação de materiais. Por outro lado, ficamos atentos por ser um ano de eleição, pois o mercado tende a sofrer impactos do processo.”
O plano é seguir o crescimento sustentável nas operações de locação de equipamentos e continuar investindo em inovação. “Também desenvolvemos baterias de lítio, que trazem enormes benefícios às operações. Estamos atuando com estas baterias tanto em contratos de locação como fornecendo-as ao mercado como uma alternativa econômica e de geração de energia limpa em relação às baterias convencionais de chumbo-ácido”, conta Ventura.
Ribeiro, da SGB, reforça que locação de empilhadeiras é o melhor modelo de negócio para o cliente, que conta com um especialista para cuidar daquilo que não é a sua expertise, ainda com a vantagem da garantia máxima de disponibilidade dos equipamentos em operação com todos os custos operacionais definidos durante o período contratado.
“Acreditamos que haverá crescimento em locação de empilhadeiras no ano de 2022 e também nos próximos anos. O foco da SGB continuará sendo o aluguel de máquinas elétricas, por entendermos as inúmeras vantagens e seu custo-benefício”, ressalta.
Alves, da Sotreq, crê que o mercado ainda possui espaço para crescimento, mas não deverá ser superior a 2021, até porque os fabricantes estão com muitas demandas atrasadas, o que impactará no crescimento dos negócios.
“Entendemos que a estrutura dos clientes ainda projeta o avanço da locação, principalmente com a eletrificação da frota. Apostamos em um amplo estoque versátil a pronta-entrega, atendendo rapidamente a necessidade dos clientes atuais e novos”, expõe, por sua vez, Oribka, da TranspoTech.
Mudanças
Os entrevistados também comentam sobre as mudanças que a pandemia trouxe e como isso impacta na área de locação de empilhadeiras.
Para Makimoto, da Aesa, a pandemia trouxe a necessidade de maior elasticidade nos contratos de locação. “Os cliente estão procurando opções para flexibilizar a devolução de máquinas em caso de parada ou ainda reduzir o valor da locação de acordo com o uso apurado nos horímetros das máquinas”, aponta. A empresa acredita que essas mudanças são passageiras, porém, irão perdurar enquanto houver o cenário de incerteza gerado pela pandemia.
Já no ambiente de trabalho, Makimoto diz que a adoção de novas tecnologias de comunicação com o cliente e uso da telemetria nos equipamentos, com o intuito de reduzir o contato humano, são ferramentas que vieram para ficar e, de forma positiva, coloca o Brasil um passo mais perto dos conceitos da indústria 4.0.
Na opinião de D’Elboux, da Elba, a pandemia trouxe de volta um ambiente instável parecido com a época de hiperinflação no Brasil. “Acredito que haverá uma tendência por parte dos locadores de reduzir os prazos para aplicação dos reajustes e aumento das locações tipo spot. O cliente irá procurar o locador que tiver o equipamento disponível no pátio.”
A pandemia trouxe uma mudança significativa na forma de consumo das famílias e empresas, observa Ayub, da JM Empilhadeiras. “De forma muito rápida e contundente, o e-commerce se expandiu em todos os segmentos e tipos de produtos. Para o ramo de empilhadeiras, especificamente, esta mudança pode ser entendida como um potencial de crescimento, já que a nova relação de consumo depende totalmente da área e eficiência logística: centros de distribuição, transportadoras e indústria de embalagens são apenas alguns exemplos”, expõe.
Outro ponto importante, ainda segundo Ayub, é a relação de confiança entre fornecedores e clientes quanto ao pronto atendimento e à resolução de suas necessidades. Pela própria limitação de visitas físicas, definir e confiar em seus fornecedores tomou uma importância ainda maior.
Mais um ponto a ser ressaltado por ele refere-se às questões de investimento: pelas incertezas de mercado, muitos clientes optaram pela locação de equipamentos, pois, desta forma, “garantem” que suas operações não irão parar. “Maior assertividade nos investimentos poderá contribuir com um crescimento estável das empresas; exemplificando, investimentos em ativos podem ser reduzidos com a opção por locações, por exemplo. Enfim, empresas resilientes irão aprender e crescer com as mudanças que ocorrerem”, diz Ayub.
Fabiana, da Kion South America, relata que como a empresa tem uma atuação muito de campo e presente com os clientes, houve poucas mudanças durante o período de pandemia. Exceto o time de back office, que permaneceu em alguns casos durante longo período de tempo em home office, porém, sem gerar nenhuma perda ao cliente.
“E-mails foram substituídos por reuniões com vídeo on-line. O que parecia poder afastar, na verdade, esclareceu muitos assuntos e negociações. Acreditamos que essa modalidade permanecerá, mesmo após o total retorno presencial. Temos hoje certeza que atuações híbridas funcionam sim e, para a Kion, serão um investimento, visto que temos novas filiais e nossos colaboradores poderão atuar de qualquer uma delas”, destaca a gerente de locação.
Mesmo antes da pandemia, a Jungheinrich tem observado uma procura crescente das companhias por frotas terceirizadas e essa prática deve continuar. “Além de permitir às empresas uma previsão financeira mais assertiva e maior flexibilidade, a preferência pela locação possibilita ao cliente ter à sua disposição a última geração de máquinas, uma vez que a troca delas pode acontecer no curto, médio ou longo prazo, a depender do período determinado no acordo, além de o cliente não precisar se preocupar com o que fazer com a frota quando a vida útil dos equipamentos terminar”, explica Souza, acrescentando que, no Brasil, a locação de equipamentos já responde por 60% dos contratos realizados pela Jungheinrich.
Lidar com a pandemia foi e tem sido um grande aprendizado para a Marbor, pois, segundo Vaz, envolve a saúde e a segurança dos colaboradores e a dinâmica dos negócios dos clientes. “Tiramos uma lição muito útil desta fase: a importância de estarmos cada vez mais próximos dos nossos clientes, para entendermos melhor suas necessidades e, com isso, anteciparmos movimentos.”
O principal desafio que a pandemia trouxe, de acordo com Ventura, da Rental Empilhadeiras, é a elevação de preços devido à falta de mercadorias. “Isto nos tem levado a ficar muito atentos na precificação dos nossos negócios para manter lucratividade e competitividade. Já a automatização de processos e atividades foi bastante intensificada e vem dando bons frutos, reduzindo custos nas diversas áreas da empresa”, comenta.
Uma mudança que já vinha acontecendo, que são as locações ao invés da compra, aumentou significativamente em 2021, conta Pedrão, da Retrak. “Cada vez mais o cliente se convence do benefício da locação, sem preocupações com manutenção dos equipamentos que impactam na produtividade e segurança da operação. O locador tem condições de oferecer maior disponibilidade dos equipamentos, com isso, pode se reduzir o número de equipamentos da operação. Isto é redução de custos e produtividade”, diz.
Segundo Pedrão, em ano de pandemia e aumento de custos, a locação foi disparada a melhor opção. “Assim, mais e mais clientes estão locando. Esta mudança que já acontecia antes da pandemia aumentou ainda mais em 2021 e aumentará ainda mais nos próximos anos”, profetiza.
Ribeiro, da SGB, diz que devido à pandemia, os combustíveis tiveram um aumento de preço muito forte em todo o mundo, o que impactou diretamente nos custos operacionais das empilhadeiras contrabalançadas, levando os usuários a prestarem mais atenção nas elétricas, que tiveram, consequentemente, aumento substancial em sua procura.
As contrabalançadas elétricas, além do baixo custo de consumo de energia se comparadas às empilhadeiras com motores a combustão, possuem baixo custo de manutenção e exigem muito menos paradas para realizar manutenções preventivas e corretivas, o que lhes proporciona maior disponibilidade produtiva, segundo o CEO da SGB. “Por todas estas vantagens, as elétricas contrabalançadas são a bola da vez. E realmente vieram para ficar e dominar o nosso mercado, que já é uma realidade há anos nos países desenvolvidos”, destaca.
Para Alves, da Sotreq, a pandemia mostrou aos clientes uma visão mais fortalecida do produto aluguel, pois, com a falta de equipamentos, eles passaram a demandar mais assistências dos fabricantes e identificaram grandes dificuldades com esses atendimentos, seja por falta de mão de obra qualificada, seja por falta de peças, além dos aumentos constantes. “Os clientes estão revendo seus modelos e, certamente, teremos um crescimento na frota de locação versus frota própria”, expõe.
Oribka, da TranspoTech, diz que os lockdowns em 2020 e a curva de retorno mostraram que a versatilidade em ter um parceiro para ser atendido rapidamente e o ajuste com possíveis paradas são muito variáveis. “Acreditamos que será permanente a mudança. Ainda mais com a política tributária e o aumento dos custos de capital.”