Eletroeletrônicos: OLs e transportadoras se adaptam para atender ao crescimento da demanda, via digital ou loja física

12/08/2021

Com a mudança nos critérios de consumo, houve efeito nas encomendas, que ficaram mais fracionadas, tanto no caso dos comércios, quanto das vendas digitais, cujos destinatários são pessoas físicas, que sempre compraram poucos itens, mas agora passaram a comprar mais vezes.

 

O segmento de eletroeletrônicos tem apresentado um crescimento expressivo nas vendas, não somente através das plataformas digitais, mas, também, das lojas físicas, como resultado da pandemia.

Portando, há de se supor que este aumento teve reflexo na logística dos Operadores Logísticos e das transportadoras.

Na prática, segundo Giuseppe Lumare Júnior, diretor Comercial da Braspress, os processos de transporte não mudaram por causa da pandemia, o que mudou foram as vendas, ou melhor, mudaram os critérios de consumo que motivam as compras.

Assim, houve efeito nas encomendas, que ficaram mais fracionadas, mesmo no caso dos comércios, e também no caso das vendas digitais, cujos destinatários são pessoas físicas, que sempre compraram poucos itens, mas agora passaram a comprar mais vezes.

“Essas mudanças no perfil das vendas e, por conseguinte, no perfil das encomendas, não alteraram a essência dos processos de transporte, mas geraram crescimento da quantidade de serviços, obrigando os transportadores a ampliarem suas redes de distribuição. A Braspress tem ampliado seus investimentos para dar conta desse incremento de carga.”

Já para Gilson Barreto, CEO do Expresso Princesa dos Campos, as principais mudanças foram: diminuição do drop size, aumento no atendimento B2C, entregas em portarias sem contato com o destinatário, aumento no número de veículos para suprir a demanda, revisão dos fluxos e processos, investimento em tecnologia e inteligência artificial, agilidade na tomada de decisão, novos modelos de trabalho e fortalecimento da relação com fornecedores e parceiros.

“Com o crescimento do e-commerce e as limitações no comércio presencial, o ciclo de abastecimento de estoques precisou ser adaptado. As empresas passaram a fazer reposições com mais frequência, mas com cargas menores – para suprir demandas de curto prazo, na grande maioria dos casos. Por conta disto, foi preciso reforçar nossa frota para atender a um número maior de viagens para a distribuição dos produtos ainda mais fracionados”, completa Paulo Nogueirão, diretor Comercial e de Marketing da Jamef Transportes Eireli.

Roberto Schmeing, gerente Comercial da Intermodal Brasil Logística – IBL Logística, também fala em aumento significativo nas operações, a ponto de a empresa ter investido em veículos blindados para o transporte de celulares – “tivemos que nos adequar internamente em segurança para atender a demanda”.

Investimentos também foram feitos pela Jadlog para enfrentar as mudanças trazidas pela pandemia. Bruno Tortorello, CEO da empresa, lembra que tiveram que, num primeiro momento, fazer aportes extraordinários para as medidas de contenção do novo coronavírus, como a criação do Fundo Jadlog Covid-19, para alocar recursos para apoiar a rede franqueada e os entregadores durante o período de medidas de contenção do novo coronavírus.

Em termos de entregas na prática, adotaram a entrega sem contato, em que o cliente não precisa assinar o recebimento e mantém distância protocolar do entregador, que apenas coleta os dados (nome e RG) e, dessa forma, consegue dar baixa no sistema evitando contatos com a caneta e equipamentos.

E, para atender ao aumento da demanda, a Jadlog ampliou sua frota de utilitários que realizam o last mile em mais de 75% no ano passado e reorganizou suas mais de 500 franquias espalhadas pelo Brasil com novas e maiores instalações.

“Além de tudo isto, vale ressaltar que colocamos em prática um plano para atender esta elevada quantidade de encomendas a serem entregues, como em tempos de Black Friday. Houve ampliação da estrutura e infraestrutura, com a contratação de profissionais adicionais; locação temporária de espaço de armazenamento; adoção de turnos de trabalho 24/7; e saídas adicionais de caminhões”, diz Tortorello.

No hub matriz, em São Paulo, às margens da rodovia Anhanguera, onde está a sede da empresa, dobraram as instalações, aumentaram a mecanização e instalaram um novo sorter, elevando em 50% a capacidade de processamento diário. “Duplicamos a capacidade de triagem num período de 2 anos. Também adotamos um segundo Centro de Distribuição na rodovia Anhanguera, e um terceiro galpão extra, locado especialmente para o período de grandes vendas on-line, que somados totalizam 30.000 m².”

Fora de São Paulo, a Jadlog está com os novos Hubs em Joinville, SC, possibilitando a integração da malha Sul; em Vila Velha, ES, agilizando as partidas do Espirito Santo para as regiões Nordeste, Centro-Oeste e demais estados do Sudeste; e em Salvador, BA, integrando a malha nordestina. Estas ampliações também foram realizadas para atender esta nova realidade de volume e agilizar as entregas locais.

Ainda, houve expansões em diversas filiais, como as de Vitória, ES, Recife, PE, Cuiabá, MT, Manaus, AM, e Goiânia, GO, cujas áreas úteis triplicaram, agilizando a movimentação de carga. A expansão da área operacional da rede franqueada foi acima de 60%.

Rogerio Ribeiro, diretor da Restitui Logística e Transporte, também alega que tiveram que fazer várias mudanças, incluindo um aumento de 80% na contratação de terceiros, locação de mais armazéns e contratação de pessoal.

 

Crescimento

As previsões para este ano, segundo a ABINEE – Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, são otimistas. Cerca de 81% dos representantes do setor projetam crescimento em comparação a 2020. Resta saber se a logística do setor está preparada para este crescimento.

Lumare Júnior, da Braspress, reforça que o crescimento das vendas destes produtos ocorreu durante a pandemia e vem se acentuando.

“No transporte de cargas, por missão de ofício, se deve responder às demandas de crescimento quase que de imediato. No caso da Braspress, que vinha investindo muito há anos, o efeito do crescimento chegou para cobrir ociosidades preexistentes, mas mesmo assim, tomamos a decisão de ampliar nossa rede de filiais e reforçar os processos de last mile. Ao que parece, em termos gerais, a tendência é de que haja dificuldades de transporte porque a carga deve crescer mais do que a oferta de serviços, pelo menos é o que podemos perceber nos comentários de clientes da concorrência”, diz o diretor comercial.

Pelo seu lado, Barreto, do Expresso Princesa dos Campos, entende que a logística do setor está se preparando para este crescimento e será capaz de atender toda a demanda, porém, para garantir o sucesso do setor, é necessário planejamento e melhor distribuição da volumetría.

“Estamos nos preparando para este crescimento, precisamos nos adequar cada vez mais, principalmente em transporte seguro e armazéns próprios para este tipo de operação”, pontua, agora, Schmeing, da IBL Logística.

Na verdade, Tortorello, da Jadlog, acredita que a logística como um todo, especialmente as empresas que operam com cargas fracionadas, estão preparadas para atender a uma alta da demanda, pois o crescimento, especialmente do e-commerce, foi muito significativo com a pandemia.

Por sua vez, o diretor Comercial e de Marketing da Jamef avalia que a demanda do setor logístico passou por mudanças muito específicas motivadas pela pandemia, e o aumento da comercialização de produtos eletroeletrônicos faz parte do reforço necessário para atender este crescimento dos segmentos.

“Para isso, investimos mais de R$ 7 milhões na renovação e compra de novos veículos, totalizando mais de 1,3 mil automóveis em operações em todo o Brasil. Além disto, expandimos nossa atuação no modal rodoviário para cinco estados: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Piauí, Maranhão e Tocantins, que antes recebiam nossas cargas apenas em via aérea, e abrimos cinco novas filiais, só em 2021: João Pessoa, PB, Itajaí, SC, Maringá, PR, Aracaju, SE e Maceió, AL. Também foram feitas adaptações para ampliar a capilaridade da empresa em todas as regiões brasileiras.”

 

Logística reversa

Com relação à questão da logística reversa no segmento, Lumare Júnior, da Braspress, diz que envolve serviços à parte, mas nem todo transportador está apto a oferecê-los, seja porque dependem de estruturas nacionais que alcancem o país todo, inclusive os rincões mais inacessíveis, seja porque são serviços que dependem, sobretudo, de controles sistêmicos muito precisos para evitar problemas de extravio, avarias e mesmo de demora de atendimento. Poucos oferecem bons serviços de logística reversa, afirma o diretor comercial.

“A logística reversa é a maior demanda feita pelos embarcadores para as transportadoras, em função da complexidade e importância da operação, e também devido à escassez de empresas que prestam o serviço nacionalmente. São poucas as transportadoras com capilaridade nacional a oferecer com qualidade este tipo de serviço. Contudo, a reversa deve melhorar com o crescimento das soluções out of home, que incluem lockers e pontos pickup, pois os consumidores estão cada vez mais utilizando essas soluções para a devolução ou troca de produtos”, diz Tortorello, da Jadlog.

Problemas da logística reversa também são relatados por Ribeiro, da Restitui: Qualidade na informação da coleta, melhorar embalagens e documentação correta.

Barreto, do Expresso Princesa dos Campos, ressalta que a logística reversa é um dificultador para o segmento por falta de padrão e procedimento. “No nosso entendimento, ela não funciona, porém não é uma opção de escolha para os transportadores. Para a melhoria deste processo o ideal seria a criação de pontos de entrega da logística reversa onde pessoas capacitadas possam conferir e embalar os produtos recebidos. Hoje, o melhor desenho para este atendimento ainda são os Correios.”

Já para Schmeing, da IBL Logística, a questão da reversa funciona muito bem desde que os dois lados trabalhem alinhados. Para melhorar, diz ele, talvez tenhamos que investir um pouco mais na tecnologia para atender a esta demanda

“A logística reversa para o setor funciona e exige o gerenciamento dos produtos, após o consumo. Os processos abrangem coleta, transporte, armazenagem e controles de estoque. É preciso assegurar eficiência durante esse processo, garantindo resultados positivos para minimizar impactos aos ecossistemas”, completa Paulo, da Jamef.

 

Peculiaridades

Mas, afinal, quais as peculiaridades da logística no segmento de eletroeletrônicos?

Em termos gerais – diz Lumare Júnior, da Braspress –, o transporte de eletroeletrônicos exige cuidados nas preparações das encomendas para evitar avarias, cuidados esses que passam por políticas que recomendam desde a vigilância com as embalagens dos clientes, pelo uso de dispositivos de carregamento, como os paletes tradicionais ou os de poliondas, e seguem pelos cuidados com os acondicionamentos nos veículos de coleta, transferência e entrega. Outro ponto de atenção são os cuidados com o gerenciamento de risco, dado o interesse que estes itens podem despertar nos “amigos do alheio”.

“Por serem produtos extremamente visados, se faz necessária a segregação do material em área monitorada, plano de gerenciamento de risco dedicado e a prioridade nas entregas”, acrescenta Barreto, do Expresso Princesa dos Campos.

Schmeing, da IBL Logística, também coloca que esta logística atua com uma carga visada para roubo, o que requer o investimento, cada vez mais, em tecnologias e segurança – a empresa vem investindo pesado em veículos e sistemas para atender este segmento.

“Os eletroeletrônicos são produtos frágeis e, na grande maioria, de alto valor agregado, o que faz necessário reforço na segurança da carga e, principalmente, cuidados no transporte e manuseio em todas as etapas. Outro aspecto fundamental é o rastreamento e o gerenciamento de risco, dado se tratarem de produtos visados para roubo”, acrescenta o diretor Comercial e de Marketing da Jamef.

Por outro lado, esta logística exige agilidade e pontualidade das transportadoras, pois há necessidade de entrega em curto prazo.

Para isso, diz Tortorello, da Jadlog, os Operadores Logísticos devem contar com sistemas de roteirização e rastreamento complexos, bem como com infraestrutura e capilaridade nacional para as entregas e coletas, além de uma frota heterogênea, composta por carretas, caminhões e veículos utilitários. Outro ponto importante é a customização dos serviços aos clientes, que também é primordial nesta logística.

 

Eaton se associa à Green Eletron, para logística reversa de eletroeletrô­nicos e embalagens

A Eaton Indústria e Comércio de Produtos Elétricos e Serviços, divisão da empresa que compreende as unidades da Eaton em São Paulo e Porto Feliz, se associou à gestora Green Eletron para logística reversa de eletroeletrônicos.

Ao fim da vida útil, os no-breaks e demais equipamentos eletrônicos da marca têm agora a garantia de um destino adequado, através dos PEVs (Pontos de Entrega Voluntários).

Essa destinação assegura que não haverá prejuízo ao meio ambiente, o que acontece quando esses materiais são descartados de forma inadequada, fazendo com que acabem em aterros sanitários, junto aos resíduos comuns.

Atuando com parceiros de reconhecida experiência no ramo, a Green Eletron contrata e coordena os serviços de coleta, transporte e a destinação final ambientalmente adequada dos eletroeletrônicos descartados, garantindo a seus associados confiabilidade e segurança no atendimento às exigências legais.

A Eaton Corporation é uma das maiores empresas de gerenciamento de energia do mundo, fornecendo soluções para gerenciar energia elétrica, hidráulica e mecânica.

 

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