Aliança passa a oferecer soluções logísticas completas e aposta no emprego da cabotagem pelo segmento varejista

07/05/2021

Especializada em cabotagem, a Aliança Navegação e Logística fez uma coletiva de imprensa virtual, no dia 7 de abril, para divulgar seus planos de expansão no mercado nacional. A empresa, que pertence ao Grupo Maersk, vai deixar de ser apenas um transportador porta a porta, passando a oferecer soluções logísticas completas, envolvendo gerenciamento de estoque, armazenagem, distribuição e inteligência logística. “Em breve, começaremos a atuar como 3PL”, revelou Marcus Volosh, diretor executivo da Aliança.

A ideia é impulsionar o serviço no grupo inteiro, através de uma plataforma unificada. Como principal player do mercado de cabotagem, a Aliança tem papel preponderante na logística nacional e para o Mercosul.

A intenção é ofertar todos os modais: aéreo, rodoviário, ferroviário, além, claro, da cabotagem, tudo de forma unificada. Mas não só isso. A empresa pretende entrar na cadeia do frio, no mercado de carne resfriada, por exemplo, oferecendo armazenagem em locais-chaves para a operação, com atuação nacional. “Nosso principal foco na cabotagem é o varejo. Atuando na área ao longo deste ano, percebemos muita informalidade, ineficiência e desperdício. Assim, construímos um know how no setor e estamos prontos para ofertar a varejistas e grandes atacadistas um produto dedicado a eles. Isso significa tirar o arroz da colheita, colocar na prateleira do supermercado na hora em que for preciso vendê-lo e cuidar de tudo que acontece no meio do caminho. E não apenas arroz, como também óleo de soja, margarina, biscoito e itens de higiene e limpeza”, explicou. A expectativa é ter uma operação já funcionando no primeiro semestre deste ano.

Sobre o e-commerce, apesar de a cabotagem não ser o modal ideal para o segmento, devido à exigência de rapidez e às mercadorias de tamanho reduzido, a Aliança fechou acordo com dois grandes players para realizar toda a transferência de carga do Sudeste para o Nordeste, onde essas empresas contam com Centros de Distribuição avançados. “O que antes ia de caminhão, agora vai de navio. Fazemos a rota Santos-Suape em 3,5 dias, que é quase tão competitivo quanto o caminhão. Essa foi a chave para conseguir atrair esses clientes para a cabotagem”, revelou Marcus.

Movimentação

Com seus oito navios de cabotagem, 65 caminhões próprios e 200 de frota dedicada, a empresa movimentou mais de 342 mil TEUs em 2020. Marcus ressaltou que os caminhões realizam 220 mil transportes terrestres por ano em todo o Brasil, sendo 1.600 por dia.

Segundo dados da Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem, 2020 registrou 1% de queda no volume de mercado em comparação a 2019, apesar de ter sido um ano desafiador. “No segundo trimestre de 2020, o segmento encolheu 30%. Foi bem complicado, tivemos três navios parados, em quarentena. Essa queda pequena mostra a resiliência da cabotagem”, disse Marcus.

Mercados em alta e baixa

Para a Aliança, os mercados que mais cresceram no primeiro trimestre de 2021 foram eletrônicos, filmes plásticos, caulim, resina e produtos de alumínio. “Cresceu muito a importação de latinhas de alumínio. Essa carga é típica de cabotagem”, contou.

Os mercados que mais caíram foram papel e celulose, arroz, produtos químicos, alimentos industrializados e máquinas. “Devido à grande demanda no mercado de papel e celulose, os fabricantes passaram a usar caminhão para manter o abastecimento. Em breve voltará ao normal. Com relação ao arroz, as vendas caíram e ainda há estoque para ser desovado. Já a queda no mercado de produtos químicos se deu pela falta de matéria prima”, explicou.

Fazem parte do top 30 de mercadorias mais transportadas pela cabotagem em 2020: arroz, alimento industrializado, papel e celulose, eletrônicos, produtos plásticos, higiene e limpeza, produtos de alumínio e resina. Já os principais grupos de mercadorias movimentados foram: varejo (27%), alimento (27%), metais (12%), plástico e resina (10%), papel (6%), e outros (18%).

Projetos em prática

Um dos projetos-pilotos compartilhados pela empresa é referente ao transporte de trigo do Rio Grande do Sul para Santana, no Pará. A Aliança desenvolveu junto com o cliente uma alternativa via contêiner, que traz regularidade, frete competitivo e, principalmente, confiança para o produtor.

Funciona assim: utilizando um caminhão basculante, a estufagem é feita por gravidade, com o contêiner posicionado na vertical. Depois, ele é tombado na horizontal para seguir seu caminho. A mesma operação é feita na descarga.

“A cabotagem é um serviço regular. E essa rota é semanal. Em vez de o produtor de trigo embarcar 15 ou 20 mil toneladas a cada dois meses, por exemplo, pode embarcar 500 ou 1000 toneladas por semana e ter uma cadeia mais cadenciada, até diminuindo o volume de capital de giro necessário para financiar as 20 mil toneladas por embarque”, explicou Marcus.

Outro projeto é para embarque de pás eólicas, do Ceará, onde são fabricadas, para Santa Catarina, onde outra empresa adapta essas pás para um novo modelo de turbina eólica que deve ir para o mercado brevemente. Dois guindastes, de forma simultânea, levantaram as pás e as colocaram no navio, numa espécie de cama feita com o contêiner.

“Essas pás, de 72 metros cada, foram os objetos mais compridos já embarcados num navio de contêineres da história, no mundo inteiro”, revelou Marcus. Segundo ele, espera-se criar um novo mercado para esse produto no Brasil, que tem um futuro brilhante, inclusive para exportação.

Desafios

Um dos desafios revelados por Marcus é trazer mais volume para as operações, “na subida e na descida”. O Norte e o Nordeste são grandes importadores de produtos das regiões Sul e Sudeste. “Fazemos um esforço para descobrir o que produzem o Norte e o Nordeste que é consumido pelo Sul e Sudeste, como água de coco e açaí. Por exemplo, o contêiner refrigerado que sobe com frango desce com açaí. Buscamos dar um ‘match’, e, com isso, otimizamos custo e conseguimos ser mais competitivos. Fazemos um saving gigantesco e todo mundo fica feliz”, explicou.

 

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