Para promover produtos, bens e serviços de Mendoza, província argentina, a Fundação ProMendoza fechou parceria com a Satori Trading para a criação de um Hub Logístico no Porto de Itajaí, Santa Catarina.
“O objetivo é incentivar as vendas das pequenas empresas, vencendo obstáculos como a distância, favorecendo a internacionalização e sem a obrigatoriedade de comprar um contêiner inteiro para exportar seus produtos”, explica Mário Lázzaro, gerente da Fundação ProMendoza.
Pelo acordo, serão disponibilizados mais de 75.000 m² de depósitos fiscais, públicos e privados. O hub vai funcionar de maneira específica para coleta, separação e distribuição de produtos, possibilitando a aquisição de qualquer mercadoria em maior variedade e menor quantidade, diminuindo os riscos da operação e os custos com viagens, principalmente as mais longas.
“Geralmente, para fechar um negócio, é necessário fazer várias viagens e reuniões. Com a criação do Hub Logístico, as empresas poderão encontrar todos os produtos em um único lugar. A grande vantagem é que o comprador terá contato com múltiplas empresas estrangeiras, com produtos variados, e vai poder comprar um pouco de cada coisa”, destaca André Roldo, CEO da Satori Trading.
Rodada de negócios virtual
Para marcar a inauguração do Hub Logístico, ProMendoza e Satori estão organizando rodadas de negócio com degustações online entre exportadores, compradores e fornecedores. Com foco no setor varejista, e-commerces de vinho, empórios e enotecas, os eventos online vão acontecer em etapas e, inicialmente, durante todo o ano de 2021.
Mais de 100 empresas estão inscritas no projeto, como OBA Hortifruti, Martins Atacadista, Multivarejo, Savegnago, Roldão Atacadista, Rede Mateus, Nordestão Supermercados, Wine, Pecorino e Supermercados Zona Sul.
Para a primeira rodada de negócios, estão confirmadas 480 reuniões de 60 marcas de vinhos de 13 vinícolas. Essas empresas enviaram seus produtos a Itajaí com dois objetivos: para disponibilizá-los como amostras a potenciais compradores e também para que sejam entregues mais rapidamente aos clientes, com o melhor custo-benefício para ambos os lados.
“Não sabemos quanto tempo vai durar a pandemia, mas Mendoza está preparada para fazer envios massivos. Hoje vendemos 30% dos nossos produtos e poderíamos vender mais de 50%. Por isso, seguimos fazendo negócios, mesmo que de nossas casas, e esperamos ter um crescimento expressivo dentro do Brasil com a representatividade que o Hub Logístico vai gerar”, comenta Gaetano Prisco, coordenador de promoção comercial e responsável pelo mercado brasileiro da ProMendoza.
A Fundação ficará responsável por deixar o processo mais seguro e menos burocrático de maneira a respeitar as normas de comercialização no Brasil, desde especificações no rótulo até o cadastro do item importado junto aos órgãos brasileiros de controle. “Lembrando que estamos começando esse processo com os vinhos, mas já temos planos para logo iniciar o mesmo trabalho com azeites, frutas secas e temperos”, avisa Prisco.
Segundo Roldo, o hub utiliza-se da legislação brasileira para tornar isto um benefício às empresas estrangeiras. “O Regime Aduaneiro Especial de Entreposto Aduaneiro na Importação é o que permite a armazenagem de mercadoria estrangeira em recinto alfandegado de uso público, com suspensão do pagamento dos impostos e contribuições federais incidentes na importação. Por isso a estratégia do hub funciona legalmente”, explica.
Comparativo
A Satori atua há 20 anos na representação comercial e gestão de armazenagem e distribuição de produtos. Seu trabalho inclui o fracionamento de itens e a preparação de kits, por exemplo, em datas comemorativas.
Segundo Roldo, o Hub Logístico consegue aproximar os mercados de uma maneira real, encurtando distâncias e favorecendo laços de confiança. Além disso, elimina a burocracia. “Enviar uma amostra é caríssimo, sem falar que o produto pode ser armazenado em locais inadequados, chegando adulterado ao seu destino.”
Importante destacar que o Brasil possui uma política restritiva para a entrada de vinho e amostras de produtos para futuras vendas, por isso que o Hub Logístico cria uma oportunidade permanente para as empresas realizarem seus negócios com novos clientes do Brasil quando quiserem.
Em uma operação normal, só o processo de importação leva de 45 a 60 dias, entre produção e liberação. Soma-se a isso mais 30 ou 60 dias, para emissão do certificado de inspeção, quando o produto não está registrado. Ou seja: 120 dias no total.
“Com o Hub Logístico, o produto já está no Brasil, registrado. O cliente faz a compra e pronto, abastece sua prateleira. Talvez leve uns 8 dias úteis para nacionalização, mais o tempo de transporte. Uns 20 dias, exagerando”, explica Roldo.
Com relação ao custo, um par de garrafas de vinho, por exemplo, custa 400 dólares para ser enviado como amostra de Mendoza ao Brasil. “O possível comprador não quer arcar com esse valor, já que se trata de uma degustação, então, fica a cargo da vinícola. A partir do hub, a mesma amostra custa cerca de 70 dólares.”
Outras vantagens são a partilha do mesmo veículo de transporte pelas empresas fabricantes, reduzindo custos, e a possibilidade de enviar apenas um palete de mercadorias. “No caso do vinho, foi estabelecido o mínimo de 40 caixas, podendo ser um rótulo por caixa. Ou seja, o cliente no Brasil tem acesso a 40 rótulos. Isso é bastante justo. É o suficiente para ter uma gôndola bem variada”, explica, por sua vez, Prisco.
De vinho a frutas secas
Quarto estado com maior PIB da Argentina, Mendoza exporta para 144 países, sendo 72% manufaturas de origem agropecuária. Os principais destinos são Estados Unidos (25%) e Brasil (19%).
Mendoza é o primeiro produtor de vinho da Argentina. Referência na produção do Malbec, possui 72% das vinícolas do país e chega a representar 70% da produção nacional, concentrando 93% das exportações de 2020. A indústria do vinho tem sido um dos setores mais dinâmicos da economia provincial e o maior receptor de IDE (investimentos diretos estrangeiros) dos últimos anos.
Além disso, também é o primeiro produtor do país de alho, pêssego industrial, orégano e ameixa desidratada. E o segundo de peras, vegetais e nozes. Os principais produtos comercializados para o Brasil são alho, vinho, azeitonas e frutos secos.
A estratégia comercial é penetrar no mercado brasileiro por estados, como Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Mato Grosso e Espírito Santo.