A modalidade é uma ótima solução para a renovação de frota ou troca de um veículo, uma vez que, estando o consorciado de posse do seu veículo, pode aguardar, sem prejuízos, a contemplação de sua cota para efetivar a troca do bem.
Levantamento feito pela assessoria econômica da ABAC – Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios, entidade que representa o Sistema de Consórcios em todo o território nacional, baseado em recentes dados disponibilizados pelo Banco Central do Brasil referentes ao encerramento de 2020, registrou potencial ampliação das participações das contemplações dos grupos de veículos automotores nas vendas no mercado interno, quando comparados com 2019, apesar da pandemia.
Nos três setores, onde os consórcios estão presentes, os avanços médios nacionais, de um ano para o outro, variaram de 45,5% (out-dez/2019) para 53,8% (out-dez/2020), com crescimento de 8,3 pontos percentuais em motocicletas; de 37,9% (out-dez/2019) para 44,7% (out-dez/2020), com alta de 6,8 pontos percentuais em caminhões; e de 24,2% (out-dez/2019) para 26,8% (out-dez/2020), com aumento de 2,6 pontos percentuais nos veículos leves.
Fatores para o crescimento
Ao avaliar o crescimento do Sistema de Consórcios durante o ano passado, considerando a influência da pandemia, Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da ABAC, diz que se observa uma superação das dificuldades iniciadas a partir de março, reafirmando a força da modalidade que, inclusive, anteriormente, já havia permeado planos econômicos em várias oportunidades.
“Nos consórcios de veículos pesados, onde estão inseridos os caminhões, e nos de veículos leves, os volumes acumulados de vendas e contemplações, no período, surpreenderam, depois da ansiedade dos primeiros meses.”
O presidente executivo da ABAC também destaca que, vinculados ao setor de veículos pesados, formado principalmente por caminhões ou cavalos mecânicos, há consorciados com o objetivo de adquirir, também, implementos rodoviários para vários tipos de cargas.
Do simples basculante, com atuação urbana, aos bitrens, destinados a deslocamentos em grandes distâncias, ou até mesmo aqueles para transporte de carga viva, os consórcios desses equipamentos são procurados para atender diversas necessidades.
“As maiores procuras são pelos bitrens e graneleiros, com 12,5% cada, seguidas pelos baús, com 10,0%. Depois, estão os demais, como basculantes, carga seca, tanques, frigoríficos, pranchas, rodotrens, canavieiros, cegonheiros, cargas vivas, entre outros, com percentuais inferiores, somando 65,0%”, explica Rossi
Ele prossegue, ressaltando que os resultados demonstraram que, além da potencialidade de mercado, houve especialmente evolução comportamental do transportador quanto à forma de adquirir esses veículos, seja pessoa jurídica ou autônomo. Com planejamento, visão futura, espírito empreendedor e entendimento da importância do setor na economia, constatou-se avanços significativos nas adesões e no volume de participantes ativos.
Ficou evidenciado – ainda segundo Rossi – o comportamento planejador dos consumidores que, apoiados pelo Sistema de Consórcios, passaram a gerir melhor as finanças em busca de seus objetivos.
Outro aspecto verificado no comportamento dos consumidores foi a comparação dos benefícios do Sistema frente às outras modalidades de compra parcelada e às baixas remunerações oferecidas pelos investimentos financeiros
De fato, Claudio de Jesus Junior, superintendente Comercial do Consórcio Mercedes-Benz, ressalta que o consórcio de caminhões e veículos leves se dá por alguns fatores, entre eles, as parcelas mais acessíveis e o prazo estendido. Nos últimos tempos, diz Claudio, houve também uma mudança no comportamento do consumidor, que está poupando mais e, com isso, o consórcio, que sempre teve esse viés, acabou sendo a melhor opção, pois o cliente pode ser contemplado no sorteio ou fazer um lance para a retirada do bem. No caso da Mercedes-Benz, há, ainda, o Consórcio Pontual, que oferece uma previsibilidade de compra a partir do sexto mês de pagamento do produto, ou seja, o cliente consegue se programar quando quer retirar o veículo.
“Avaliamos como uma combinação de fatores que refletem esse cenário de crescimento. O primeiro deles é o amadurecimento do consumidor. O comprador de caminhão sabe que precisa reduzir custos e fugir de juros, e o consórcio se apresenta como uma solução financeira nesse sentido, pois exige disciplina, mas não cobra juros, tornando o produto muito atrativo. O segundo é a facilidade de acesso a informações que fez o consumidor descobrir que a programação de compra a partir de uma cota de consórcio é muito mais barata que qualquer outro meio. Estes atributos se aplicam em todos os níveis: desde o consumidor de um único caminhão até grandes frotistas”, completa Humberto Bartol Mazzotti, superintendente Comercial da BrQualy Consórcio.
Mauro Andrade, gerente comercial do Consórcio Iveco, também aponta que, mesmo com a pandemia, o mercado de consórcio de caminhões se manteve muito aquecido.
No caso do Consórcio Iveco, em comparação com o primeiro trimestre de 2020, houve um crescimento de 49% em novas cotas e 41% em créditos. E esse crescimento se deu porque as pessoas começaram a se planejar mais. “Quanto mais acesso ao público nas negociações de vendas de caminhões, mais possibilidades tivemos de oferecer o consórcio. Este cenário justifica o crescimento considerável no mercado de consórcio de caminhões.”
Ainda de acordo com as observações de Andrade, as ações para fidelização do cliente contribuíram para este resultado positivo. “Só para se ter uma ideia, com a promoção ‘Juntos na África do Sul’, realizada no ano passado, alcançamos R$ 200 milhões em créditos vendidos. Com a nova promoção, a ‘Conexão Alemanha’, a expectativa é chegar próximo a R$ 250 milhões em créditos comercializados, um crescimento de mais de 20% em relação à campanha anterior. Ou seja, ações promocionais também contribuem para este cenário, pois fidelizam o cliente.”
Para Vagner Rodrigues, superintendente de Produtos Consórcio do Santander Brasil, uma demanda reprimida pela renovação de frotas de empresas de transporte e agronegócios respondeu pela demanda observada na modalidade de pesados.
“Quanto aos veículos leves – avalia Rodrigues –, após uma demanda reduzida no 1º semestre, verificamos uma demanda expressiva no 2º semestre de 2020. Além disso, pudemos observar um crescente número de pessoas buscando o consórcio como instrumento de disciplina financeira e planejamento.”
Francisco Silvio Reposse Junior, diretor Comercial e de Canais do Sicoob – Sistema de Cooperativas Financeiras do Brasil, também aponta a questão financeira como fator determinante deste crescimento.
De acordo com ele, por um lado, o consumidor está mais consciente e preocupado com a situação financeira em que se encontra, situação esta ainda mais latente e evidente em períodos de crise, como a que estamos passando agora durante a pandemia.
Especificamente no setor de logística há uma demanda crescente do segmento de agro, que está em sua máxima histórica em várias culturas, e do segmento de e-commerce, que demanda escala nas soluções de transporte de mercadorias e produtos, cita Reposse Junior.
“Realmente, o segmento de pesados foi favorecido pelo crescimento do comércio eletrônico, da construção civil e do agronegócio. Com estes mercados em crescimento, o consórcio aparece como a alternativa mais econômica para aquisição de um bem de forma planejada”, completa Luís Toscano, vice-presidente de negócios da Embracon. Consuelo Paiva Martins Amorim, sócia-diretora da Sigma Soluções – JCK Amorim Consultoria Empresarial, também enfatiza que, muito embora a situação econômica do país seja crítica, a agropecuária teve crescimento em 2020, sendo que a participação do setor no PIB nacional subiu de 5,1% para 6,8% (crescimento de 33,33%), principalmente em função de produtos como a soja. Além disso, os altos custos dos combustíveis impõem ao transportador a utilização, cada vez mais, de veículos modernos, cuja eficiência no consumo de combustível gere uma redução importante nos custos do transporte, possibilitando, inclusive, parte do custeio da substituição de veículo mais antigo. “O aumento nas vendas de caminhões foi muito expressivo e a expectativa de crescimento segue muito positiva para os próximos anos. O consórcio segue como uma forma programada para estas aquisições futuras, sem o comprometimento de crédito do adquirente, já que na maioria dos casos a economia obtida com um veículo novo é mais do que suficiente para pagar a parcela do consórcio”, completa Consuelo.
Frota antiga
Rossi, da ABAC, também entende que os custos mensais de conservação de veículos mais antigos são estímulos para a compra de novos, com garantia ou contratos de manutenção que geram menos despesas, mais rentabilidade, melhor rendimento por quilômetro rodado, atualização tecnológica e sem constantes paradas técnicas que impossibilitem de assumir novos fretes.
Ao fazer as contas sobre as despesas decorrentes da compra de peças, consumo de combustível, seguros, pneus, gastos com frequentes pequenos reparos, horas paradas, perda de negócios, diminuição gradativa do valor do veículo e redução de ganhos nos fretes, autônomos ou transportadores, pessoas físicas ou jurídicas, buscam planejar e investir em renovação, muitas vezes pelo consórcio.
“Por ter um custo final menor, a aquisição de caminhões se torna bastante atrativa no consórcio, seja para aquisição de um zero km ou seminovo. Um transportador ou mesmo o proprietário de um caminhão pode, através do consórcio, planejar a troca de seu equipamento usando o valor do caminhão antigo como recurso para lance, o que acelera a contemplação e a entrega do novo bem: esse é só um exemplo das possibilidades”, diz Reposse Junior, do Sicoob.
Mazzotti, da BrQualy, é outro profissional do setor que pontua que a frota antiga de caminhões também é responsável pelo incremento do consórcio. O proprietário de um caminhão antigo pode utilizar o próprio caminhão para o pagamento do lance e, com isso, renovar seu veículo de forma programada e pagando muito menos que em um financiamento. Além disso, grande parte dos caminhoneiros não tem acesso às linhas de financiamentos tradicionais e, no consórcio, é possível construir um histórico de pagamentos que viabilize a entrega do novo caminhão, salienta ele.
“Esta questão é assertiva especialmente se considerarmos a frota circulante de caminhões antigos de todos os segmentos – leve, médio, semipesado e pesado. Quando atingimos, principalmente, o autônomo com veículos de idade média maior, consequentemente, estamos falando do público que auxilia no aumento da venda de consórcio. Basicamente, 20% das vendas do Consórcio Iveco estão direcionadas a este público”, diz Andrade.
No caso do Consórcio Mercedes-Benz, Claudio não vê uma correlação direta, pois, segundo ele, o consórcio é democrático e atende clientes autônomos e frotistas com idade média de dois a 15 anos sem distinção. “Porém, a cada dia estamos alimentando a nossa participação junto aos clientes com frota de maior idade e que pretendem programar a sua renovação.”
Já Rodrigues, do Santander, coloca que, além da demanda por parte de empresas que precisam renovar sua frota, a previsão de regras mais rigorosas relacionadas à idade da frota e emissão de poluentes por parte das contratantes também têm levado os clientes a tomarem a decisão de investir.
“A diferença no percentual de consorciados que usaram o consórcio para comprar caminhões novos e usados é de apenas 1%, ou seja, bem equilibrada. Portanto, entendemos que existe, sim, a demanda de renovação de frota, mas também há uma busca no setor de transportes por uma nova fonte de renda, prova disso é que 57,2% dos consorciados na modalidade de caminhão são autônomos”, completa Lorelay Lopes, head de Negócios da UP Consórcios, fintech da Embracon.
Benefícios
Muito já foi dito, mas é interessante apontar os benefícios do consórcios, principalmente para os motoristas autônomos.
Rossi, da ABAC, diz: custo final baixo; prazos longos; aproveitamento de até 10% do crédito para despesas com documentação, tributos e seguro; parcelas mensais ajustadas aos orçamentos e preservação do poder de compra são alguns dos principais benefícios ou vantagens para quem é consorciado, sejam autônomos de caminhões ou de veículos leves.
Nos consórcios de caminhões, por exemplo, há participação de 42,4% de pessoas jurídicas, de 57,2% de autônomos e 0,4% de outros, como as cooperativas, cuja opção pela modalidade está principalmente calcada no planejamento para troca e renovação de veículos ou ampliação de frotas.
Observe, agora, nas tabelas abaixo, duas simulações de compra de caminhão e veículo leve pelo consórcio.
“No consórcio, os prazos podem ser mais longos e, portanto, as parcelas são de menor valor. A BrQualy oferece prazos de até 120 meses e mantém grupos exclusivos que permitem a programação da contemplação em uma atuação conjunta com a Volkswagen Caminhões e Ônibus e grande parte da rede de concessionárias”, aponta Mazzotti.
O Consórcio Iveco também permite que o autônomo tenha uma parcela que consiga pagar, público que ainda é penalizado com as altas taxas bancárias.
“A parcela inicial que cabe no bolso deste profissional vira atrativo para ele. Atualmente, os grupos do Consórcio Iveco contam com prazos de até 120 meses, o que facilita ainda mais o pagamento da parcela. Além disso, no consórcio temos a facilidade na análise de crédito, que também chama atenção deste autônomo”, diz Andrade.
Claudio, do Consórcio Mercedes-Benz, destaca que são vários os benefícios, mas também relaciona as parcelas acessíveis, além dos prazos estendidos, poder ofertar o caminhão usado como lance na rede Mercedes-Benz, parcelamento do lance em quatro vezes, fazer um up grade na carta de crédito a partir do momento da contemplação para adquirir um bem de maior valor e, ainda, contar com parcelas reduzidas até a contemplação.
“O consórcio oferece diversos benefícios econômicos e financeiros, como a ausência de juros e IOF e a possibilidade de planejar a renovação do caminhão ou a aquisição de um novo para ampliar a frota por conta da atratividade do valor das parcelas. No consórcio é possível ofertar o lance descontando o valor da carta de crédito, sem a necessidade de o consumidor utilizar sua reserva financeira para honrar o lance quando contemplado. Acrescente a isso custo baixo, diversidade de créditos e prazos, sendo que assim pode facilmente ser adaptado às necessidades dos motoristas”, relaciona, agora, Toscano, da Embracon.
Por seu lado, Consuelo, da Sigma Soluções, lembra que os prazos longos disponibilizados pelo sistema de consórcios possibilitam valores de parcelas adequadas à capacidade financeira deste público para este fim. E que as baixas taxas de administração praticadas tornam-se outro grande atrativo para que possam planejar a compra de maneira adequada com custos menores em relação às alternativas existentes. Segundo a sócia-diretora da Sigma Soluções, o consórcio é a solução perfeita para a programação da renovação de uma frota ou troca de um veículo, uma vez que, estando o consorciado de posse do seu veículo, ele pode aguardar, sem prejuízos, a contemplação de sua cota (sorteio ou lance), para então efetivar a troca do bem.
“Para os autônomos, as parcelas menores e os prazos mais longos do consórcio viabilizam investimentos que, de outro modo, podem ser mais difíceis. O menor comprometimento de renda dessa combinação de prazo e preço melhores torna o produto acessível a um maior número de pessoas”, opina Rodrigues, do Santander.
Nos benefícios do consórcio apontados por Reposse Junior, do Sicoob, estão a inclusão financeira e tecnológica. O consórcio pode proporcionar a aquisição de equipamentos modernos por meio de autofinanciamento em prazos maiores e com taxa de administração extremamente competitiva.
Dessa forma, o motorista autônomo tem condições de aprimorar sua ferramenta de trabalho e oferecer maior qualidade na prestação do seu serviço. Além da satisfação pessoal pela conquista do bem, há um diferencial competitivo, uma vez que os caminhões mais modernos são acompanhados de maior economia de combustível e menor custo de manutenção, diz o diretor Comercial e de Canais do Sicoob.
Finalizando, a head de Negócios do UP Consórcios, aponta como os principais benefícios: custo final baixo; prazos longos; opção de até 10% do crédito para despesas com documentação, tributos e seguro; parcelas mensais que cabem no orçamento; e preservação do poder de compra.