Raquel Serini – Economista do IPTC – Instituto Paulista do Transporte de Carga
Apandemia da Covid-19 trouxe reflexos globais, sentidos também pelo setor de transporte rodoviário de cargas. E nesse contexto, os empresários vêm enfrentando diferentes cenários: oscilações na demanda, queda de faturamento, mudanças nas relações de trabalho, além das incertezas de recuperação.
Sem contar que as expectativas para a economia esse ano não são as melhores – todos os indicadores foram afetados. Baseado em dados do Boletim Focus (Banco Central), só o PIB do TRC pode cair aproximadamente 4,82%, se acompanhar a tendência do PIB Nacional.
Acreditamos que, com esses desafios, as empresas precisarão inovar, utilizar ferramentas alternativas, ganhar eficiência no processo e recompor o caixa, o que é essencial. Portanto, seja na crise ou na retomada do crescimento precisamos olhar para dentro e entender que surgirá um novo conceito de mercado, com novos modelos de parceria e de compartilhamento, mudando os parâmetros que conhecemos hoje.
Por isso, o empreendedor precisa estar atento a toda sua estrutura financeira, buscando novas oportunidades de negócios e conhecendo melhor o cenário em que está inserido.
O mercado de transporte rodoviário de cargas
Atualmente, os números não são animadores para o setor. As medidas restritivas de enfrentamento ao coronavírus impediram a aglomeração de pessoas nas ruas, fecharam o comércio e indicaram o trabalho à distância. Tudo isso trouxe impacto para o abastecimento da cidade e, consequentemente, para o volume de carga em circulação.
Após nove semanas de monitoramento feito pela NTC&Logística, o número percentual total de queda no volume transportado chegou a 41,23%, de 16 de março a 19 de maio de 2020.
O novo levantamento indicou também o percentual de empresas que tiveram queda no faturamento em função da pandemia, 91% delas.
Esses resultados afetaram também as relações de trabalho no setor. São esperadas demissões por 40% das transportadoras, para os próximos trinta dias, diz estudo recém divulgado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT).
Na prática, isso mostra que a crise atual foi um banho de água fria para o mercado brasileiro, já que se esperava um ano positivo. A expectativa agora é de que o setor sinta uma diminuição tímida dos resultados negativos, acompanhada de um lento crescimento da atividade produtiva. Entretanto, os impactos negativos devem perdurar pelos próximos quatro meses.
Alguns fatores vão determinar o tempo para a recuperação dessa queda. As principais projeções se baseiam nos países que aparentemente já passaram do pico da doença e começam a voltar às atividades.
Por isso, acreditamos que para as transportadoras superarem essa crise é essencial o apoio do governo federal, oferecendo carências estendidas e juros reduzidos para um ganho de fôlego, além da suspensão de algumas cobranças previdenciárias patronais, e até mesmo, suspensão de impostos sobre o combustível, insumo tão vital para as atividades de transporte.