Ana Carolina Jarrouge Presidente executiva do SETCESP
Entre os benefícios da prática de Governança Corporativa – GC estão a preservação e perenização do valor econômico da organização, a facilitação de seu acesso aos recursos, também a sua contribuição para a longevidade, o bem comum e a qualidade da gestão.
Segundo o IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, os princípios básicos da GC geram valor de longo prazo e são eles: transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa.
Tais princípios, que parecem óbvios aos olhos de qualquer pessoa com o mínimo de boas intenções, infelizmente, não são realidade na maioria das empresas brasileiras. Entretanto, eles devem franquear todas as condutas dos Códigos de Melhores Práticas de GC, sendo certo que sua adequação e adoção geram confiança interna e externa e nas relações com terceiros, o que pode significar a sobrevivência de uma empresa nos dias atuais.
A transparência permite a todos os interessados obter informações a respeito da organização que vão além daquelas já impostas por leis ou regulamentos. Ou seja, significa ir além, deixar claro não só as questões econômico-financeiras, mas o modelo de gestão e condução dos negócios.
A equidade revela o tratamento justo e isonômico de todos os stakeholders, como sócios, fornecedores, clientes, colaboradores, terceirizados, prestadores de serviço, parceiros, etc. – considerando seus direitos, deveres, necessidades e expectativas, entre outros.
A prestação de contas ou accountability, em inglês, precisa ser feita de forma clara, concisa, compreensível e tempestiva, assumindo inclusive as consequências de suas ações e omissões.
Por último, a responsabilidade corporativa significa conduzir a organização para que a mesma tenha viabilidade econômico-financeira, trabalhar para reduzir os riscos do negócio e fomentar as oportunidades para seu crescimento, levando em consideração os capitais financeiro, intelectual, humano, social, ambiental, de reputação e manufaturado, no curto, médio e longo prazos.
Essas práticas, felizmente, já são uma realidade em algumas empresas sediadas no Brasil e também no segmento de transporte rodoviário de cargas, até porque investidores estão mais dispostos a pagar um valor maior por empresas que adotem boas práticas de GC pelos motivos óbvios, já que reduzem o risco do negócio e garantem sua longevidade. Ainda, muitos clientes exigem de seus contratados comprovação e evidências de práticas de GC, para dar garantia e segurança aos contratos de fornecimento de produtos e/ou serviços, o que certamente será uma tendência crescente a cada dia.
Entretanto, muitas dessas práticas são negligenciadas na maioria das entidades representativas de categorias patronais ou laborais, razão pela qual culminou-se no fim do imposto sindical obrigatório em 2017 com a Reforma Trabalhista, questão julgada constitucional pelo STF – Supremo Tribunal Federal em junho de 2018. Fato é que, hoje, as entidades são como empresas, pois não possuem mais receita compulsória.
Deste modo, foi louvável a atitude corajosa do SETCESP em modernizar seu Estatuto em 2019 e passar a adotar as práticas da GC em sua gestão. Neste contexto, formou-se o Conselho Superior e o Conselho de Administração, ambos presididos por Tayguara Helou, presidente eleito, e optou-se pela seleção e contratação de um presidente executivo.
No caso, executiva, pois neste ponto que eu entrei novamente na história do SETCESP, depois de minhas passagens pela COMJOVEM SP, durante a gestão dos presidentes Urubatan Helou e Francisco Pelúcio, e pela Secretaria Geral na gestão do presidente Manoel Sousa Lima Júnior.
Hoje, passados três meses, posso garantir que todos ganharam, os associados creio que mais. Porque o SETCESP iniciou um grande projeto de gestão empresarial e dará passos largos neste sentido, oferecendo serviços de qualidade, eventos sob demanda e diversas outras ações para contribuir com o dia a dia do transportador.
Gerir as entidades como verdadeiras empresas foi uma tremenda oportunidade que o fim do imposto sindical obrigatório proporcionou, cabendo a nós aproveitá-la. Inclusive, para melhorar a desgastada e desacreditada imagem das entidades sindicais de um modo geral no nosso país.
Para isto é preciso coragem, atitude esta que a diretoria do SETCESP teve, devendo ser reconhecida e parabenizada por este feito.
A mim, como executiva, com histórico de transportadora, advogada e coordenadora de jovens empresários do setor de transportes, caberá transformar atitude em uma gestão de alta performance, lastreada nos pilares e princípios básicos da GC. E, para isso, conto com a participação ativa dos empresários do TRC!.