Rodo Aéreo: Unindo a velocidade do avião com a mobilidade do caminhão em prol da agilidade

24/09/2018

A crise econômica pela qual estamos passando exige do mercado redução de custos de estoque, maior diversificação e atualização dos produtos e maior agilidade nas operações entre a indústria e seus canais de distribuição. O que é possível com o rodo aéreo.

Além do rodoviário, que praticamente domina o transporte em todos os segmentos, o rodo aéreo também vem ganhando destaque. “O transporte rodoviário corresponde a quase 70% do volume de cargas transportadas no País, e o aéreo detém uma fatia de apenas 5%. Percebemos com isso a necessidade de integração dos dois modais que oferecem agilidade, segurança e rapidez em locais onde o rodo não consegue chegar com todos estes requisitos. Também temos os investimentos das companhias aéreas em aviões cargueiros e aviões de passageiros com capacidade maior de carga nos porões, o que oferece ao mercado vantagens na tarifa que podemos repassar aos nossos clientes, com frequências diárias de voos atendendo todo o território nacional”, destaca Raul Maudonnet, sócio-diretor da MXP Multimodal (Fone: 11 4431.7300).
Daí a inclusão do rodo aéreo nesta nossa série de matérias especiais sobre Logística Setorial publicada pela Logweb. Afinal, são vários os seus diferenciais em relação a outros modais, principalmente no momento econômico em que vivemos.
“O cenário econômico atual exige estoques menores e, sendo assim, a rapidez de reposição destes estoques precisa ser acompanhada de prazos menores. Neste aspecto, o modal rodo aéreo se destaca pela agilidade e senso de urgência: unimos a velocidade do avião com a mobilidade do caminhão”, pontua Jacinto Souza dos Santos Júnior, superintendente da Aeropress – Divisão Rodo Aérea da Braspress (Fone: 11 2188.9000)
Guilherme Verza Picolli, sócio-investidor da CCA Express – Caxias Cargas Aéreas (Fone: 0800 603.0011), por seu lado, aponta que a crise econômica dos últimos anos, somada à crise de abastecimento que acompanhamos na última greve dos caminhoneiros, despertaram muitos clientes para o modal aéreo, principalmente por dois motivos: a crise exige do mercado redução de custos de estoque, maior diversificação e atualização dos produtos e maior agilidade nas operações entre a indústria e seus canais de distribuição.
“Neste sentido, o modal aéreo demonstra ser um grande aliado, pois reduz muito o tempo de distribuição entre a indústria e o cliente final, resultando em menos necessidade de estoque e possibilitando maior ciclo de lançamentos de novos produtos. Podemos citar como exemplo alguns clientes calçadistas, que possuem mais de 10 coleções no mesmo ano. O modal rodoviário inviabilizaria uma distribuição nacional de todos esses lançamentos. Para um cliente com necessidade de distribuição utilizamos o modal aéreo para os destinos com mais de 1000 km da unidade fabril. Conseguimos realizar uma operação nacional em no máximo três dias”, afirma Picolli.
De fato, Jefferson Stähelin, diretor da JTT Soluções Logísticas (Fone: 47 3037.4550), destaca que os principais diferenciais deste segmento são a agilidade da entrega e o baixo risco/custo de seguro. E, no momento em que a economia começa sua retomada, reaparece a necessidade de agilizar as entregas, bem como a insegurança do país empurra os produtos com maior valor agregado para este modal.
“Um dos principais diferenciais é a agilidade, que permite uma menor movimentação das cargas, favorecendo a segurança de produtos com alto valor agregado, além de menor tempo em transferências rodoviárias, o que diminui o índice de avarias e extravios.”
Ainda em sua análise, Marcos Gomes, gerente de operações da Unicargo Transportes Urgentes (Fone: 11 2413.1700), ressalta que, considerando o momento econômico do País, os embarques rodo aéreos são ótimas opções para melhorar o fluxo e os processos logísticos dos clientes, trazendo competitividade em termos de prazos de entrega para empresas que trabalham com Just in Time (produção com estoque baixo). “A localização dos aeroportos, que em muitos casos ficam em pontos mais estratégicos, como grandes centros logísticos e de produção, também se torna um diferencial”, alega Gomes.
Economia
Já que se pontuou o modal em termos econômicos, quais seriam os reflexos econômicos neste segmento?
Santos Júnior, da Aeropress, diz que a recessão econômica é sempre prejudicial a qualquer setor da economia, mas ela é especialmente perversa na logística do setor aéreo, porque acaba afetando a frequência de voos e diminuindo os espaços de porão. “É necessário muita agilidade do agente de carga para que o nível do SLA – Service Level Agreement se mantenha dentro das necessidades e urgência que o setor exige”, alerta.
Stähelin, da JTT Soluções Logísticas, destaca que o segmento rodo aéreo tem sofrido mais do que o rodoviário com a crise econômica. Isto se deve ao fato de que a desaceleração econômica faz com que os estoques estejam elevados e, em consequência, haja uma necessidade cada vez menor da urgência na entrega dos produtos, o que é o grande diferencial deste segmento. “As companhias aéreas tiveram aumento na demanda de 14% nos primeiros seis meses deste ano. Este aumento é um reflexo da recuperação da economia no Brasil”, contrapõe Maudonnet, da MXP Multimodal.
Já Gomes, da Unicargo, diz que a instabilidade política, a alta do dólar e o constante aumento de combustível fazem com que haja um encarecimento nos fretes aéreos e rodoviário. “Considerando esses cenários, a busca por inovação e soluções logísticas se faz necessária para nos manter sustentáveis e deixar os clientes sempre em condições competitivas. Por outro lado, a falta de investimento na educação e na Infraestrutura ocasiona no sucateamento da mão de obra (qualidade do serviço), por isso é necessário preparar os colaboradores para o sucesso profissional por meio de treinamentos constantes, formando equipes de alto desempenho e oferecendo serviços de alto padrão com foco do cliente”, completa.
Problemas
À parte as questões econômicas, o modal aéreo também enfrenta problemas, como a infraestrutura deficitária dos terminais aeroportuários do Brasil e a baixa capacidade de escoamento das companhias aéreas, sobretudo nas chamadas “Rotas Restritas” que compreendem algumas capitais do Norte do Brasil, segundo o superintendente da Aeropress.
“Em se tratando de Brasil, temos os problemas com as más condições das estradas e o aumento considerável de roubos e furtos – que acabam onerando o custo do frete, pois os investimentos em proteção aumentaram muito. No modal aéreo, o Brasil ainda está numa fase embrionária. Para ter ideia, menos de 1% das cargas é transportado neste modal no país, sendo que em países mais desenvolvidos este número pode chegar a até 10%. Há ainda uma grande limitação nos espaços para Terminais de Cargas nos aeroportos e ainda uma malha aérea muito pequena de aeronaves exclusivamente de cargas no Brasil. Mas, suprir esta lacuna da logística aérea já está no radar de muitas empresas, que já iniciaram investimentos no Brasil, como a Modern Logistics, que está investindo numa malha aérea moderna para nosso país, e isso é muito bom”, comenta Picolli, da CCA Express.
Dentre os principais problemas do segmento rodo aéreo citados por Stähelin, da JTT Soluções Logísticas, também estão a baixa disponibilidade de espaço para escoamento da carga aérea no Brasil, além da alta do dólar, que influencia diretamente no setor, visto que a maioria dos custos é atrelada à moeda estrangeira. “A disponibilidade de frete ainda é pequena, a infraestrutura dos aeroportos, principalmente fora dos grandes centros, fica aquém da demanda, o índice de extravio de cargas nos aeroportos é alto e a malha rodoviária é precária”, completa Sarah Kirchmeyer, supervisora comercial da Terca – Cotia Armazéns Gerais (Fone: 27 3331.5064), enquanto Maudonnet, da MXP Multimodal, diz que o custo do frete do rodo aéreo é mais elevado se comparado ao rodoviário.
E Gomes, da Unicargo, finaliza esta questão dizendo que os maiores ofensores são os baixos níveis de serviço de órgãos públicos, como SEFAZ – Secretaria de Estado da Fazenda e SUFRAMA – Superintendência da Zona Franca de Manaus, pouco investimentos em estrutura aeroportuária (TECA – Terminal de Cargas) e em tecnologias de integração entre as companhias e os embarcadores, além dos aumentos constantes do combustível, que acabam encarecendo o frete.
Setores que usam o segmento
A despeito dos problemas apontados, são vários os setores que se utilizam do rodo aéreo para a movimentação de suas cargas – principalmente os de alto valor agregado. “Eletroeletrônico, confecções e medicamentos, entre outros, estão sempre no topo da pirâmide dos principais embarcadores do modal. As principais razões disto são a capacidade de absorver melhor o custo do modal aéreo e a menor exposição ao roubo e ao extravio, comparado ao modal rodoviário”, explica Santos Júnior, da Aeropress.
Picolli, da CCA Express, diz que são os setores com maior necessidade de aproximação – no sentido de tempo de transferência – entre indústria e consumidor final, como os eletrônicos, de autopeças, calçados e outros produtos de moda, citando apenas os principais. “Contudo, atendemos empresas dos mais diversos setores, como moveleiro, mineradoras, organizadoras de shows e eventos, ente outros.”
Na contramão da economia, o segmento de e-commerce tem crescido a uma taxa média de 15% em 2018, sendo o principal diferencial para este mercado a agilidade nas entregas. “Aí que entra o rodo aéreo como uma ótima relação custo-benefício. Além deste, os segmentos têxtil e eletrônico também demandam deste modal, visto que são produtos visados e, através do rodo aéreo reduzem-se os riscos de sinistro com as mercadorias”, aponta o diretor da JTT Soluções Logísticas.
Maudonnet, da MXP Multimodal, também relaciona os setores que mais usam o rodo aéreo, alguns já citados, outros não. Setor médico/farmacêutico, eletrônicos, alimentício com cargas perecíveis de rápida deterioração, diversas empresas com necessidades de reposição de partes e peças urgentes, cargas com alto valor agregado, cargas vivas, artigos de luxo, empresas de eventos, obras de arte. Esses segmentos, por terem maior valor agregado, são mais exigidos, ou seja, o mercado cobra deles um serviço premium no que tange à logística e ao transporte, diz o sócio-diretor da MXP Multimodal.
“Os materiais que necessitam de entregas mais rápidas e com valor agregado alto. como os eletrônicos, e-commerce, produtos perecíveis (vacinas, flores, frutas), materiais para reposição de peças em linha de produção e de serviços como produtos automobilísticos e correlatos (produtos de interesse a saúde). Para todos esses segmentos considera-se também a utilização do rodo aéreo pelo baixo índice de avarias e extravios”, complementa Gomes, da Unicargo.

Investimentos
Para se manterem neste segmento, as empresas entrevistadas também fazem investimentos.
“Pretendemos continuar os investimentos neste setor. Hoje somos líderes de mercado em nossa região graças à estratégia que adotamos desde o início: investimento constante em tecnologia e qualificação dos nossos times de trabalho. Os investimentos em infraestrutura em nossa empresa seguem sempre nosso planejamento estratégico de expansão, mantendo a frota rodoviária com no máximo cinco anos de uso e nossos terminais de cargas com segurança e tecnologia de ponta”, revela Picolli, da CCA Express.
Stähelin, da JTT Soluções Logísticas, também diz que a empresa investe frequentemente em tecnologia, bem como no treinamento e renovação da frota, uma vez que o mercado está em expansão e os clientes compram informação atrelada ao transporte. “Lançamos recentemente uma plataforma para os clientes, onde é possível medir o desempenho on-line das entregas, bem como diversos outros serviços.” A MXP Multimodal é outra empresa que investe em tecnologia. Maudonnet lembra que atualmente têm a possibilidade, além da baixa online, de enviar ao seu cliente, em tempo real, a imagem do comprovante de entrega devidamente assinado. “E os nossos objetivos são mais ousados no que tange a surpreender positivamente os nossos clientes.”
A Unicargo também faz investimentos em tecnologia, que vai desde a integração de sistema com seus fornecedores, trazendo mais assertividade e rapidez em informação, até a parametrização de sistemas, que favorece também a qualidade de trabalho para os colaboradores. “Estamos também buscando mais benefícios que essas tecnologias podem nos oferecer, tanto para nós como fornecedor, mas principalmente para nossos clientes, logo iremos oferecer mais benefícios a todos”, finaliza Gomes.
Avaliação do Prêmio Top do Transporte

Veja a seguir como os participantes desta matéria especial avaliam o Prêmio Top do Transporte – promovido pelasrevistas Logweb e Frota&Cia – para este segmento.

“O Prêmio TOP do Transporte é hoje uma referência para o agente de carga na medida em que é concedido pelo reconhecimento dos embarcadores do modal aéreo. Receber esta premiação é um importante sinal de que o mercado reconhece nossos esforços para prestar um serviço de excelência em um setor de alta complexidade.”
Jacinto Souza dos Santos Júnior, superintendente da Aeropress – Divisão Rodo Aérea da Braspress
“O Prêmio é um reconhecimento muito importante para que o mercado possa ter como referência as melhores alternativas para o escoamento de suas cargas de forma rápida e segura.”
Jefferson Stähelin, diretor da JTT Soluções Logísticas

“Consideramos uma importante referência aos embarcadores no momento de escolher um prestador de serviços aderente as suas necessidades.”
Raul Maudonnet, sócio-diretor da MXP Multimodal
“Este Prêmio traduz um pouco o nosso empenho em sempre buscar liderança pela qualidade. Quando o cliente fala bem de nossa empresa, todo nosso esforço parece ser compensado. O Prêmio também nos trouxe uma visibilidade nacional importante, abrindo novas possibilidades de negócios.”
Guilherme Verza Picolli, sócio-investidor da CCA Express – Caxias Cargas Aéreas

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