Afinal, as empresas seguraram nos últimos dois anos investimentos em renovação de frota, impactando diretamente na disponibilidade de suas máquinas e aumentando muito seus custos de manutenção.
Também para os distribuidores de empilhadeiras, 2017 se mostrou como um ano de transição de um período recessivo para um leve crescimento econômico.
“O ano de 2017 foi de ajuste do mercado de empilhadeiras e de melhora na economia, com pequeno crescimento no segundo semestre de 2017 na atividade industrial, refletindo nas consultas e fechamentos. Nesse período houve uma readequação das estruturas de fábrica e dos distribuidores, aguardando a recuperação do mercado para 2018”, comenta José Renato Corrêa, gerente comercial da Auxter (Fone: 11 3602.6000).
Rafael Kessler, diretor comercial da Combilift (Fone: 51 3077.7444), também comenta que, em comparação com o ano anterior, 2017 foi um ano muito bom. Além da retomada das vendas, houve maior confiança no futuro, o que impactou positivamente nos planos de investimento e projetos de melhoria. “A crise econômica afetou diretamente o setor de máquinas e equipamentos, e indiretamente o setor de consumo. Tenho impressão que apenas o agronegócio e um ou outro nicho passaram pela crise sem serem afetados”, aponta Kessler.
Celino Luiz Tirloni, diretor comercial da Marcamp Equipamentos (Fone: 19 3772.3333), também revela que 2017 foi um ano com uma pequena recuperação em relação a 2016. Mesmo assim, de acordo com ele, os números foram muito baixos, quando avaliamos sob a ótica do que foi 2013.
“Como distribuidor, notamos que acabou aquela queda acentuada. No entanto, não tivemos uma retomada para conseguirmos ser o que já fomos nos anos passados, como em 2013/2014, que foram anos em que tivemos muita procura e bastante venda. Percebemos que há uma procura, uma pequena melhora… Podemos dizer até que estabilizou o mercado. Existem bastantes orçamentos, mas ainda muito longe do que já foi um dia. Está estável, tivemos algumas conquistas, algumas vendas… Mas ainda muito longe do que seria o ideal”, comenta Paulo Renato Leme Guimarães, diretor da Rekiman Empilhadeiras (Fone: 19 3935.8393).
Já o gerente comercial da Somov (Fone: 11 4772.0800), Joaquim Costa, diz que o ano de 2017, apesar do crescimento em relação a 2016, ainda apresentou reflexos da crise. O mercado de empilhadeiras deve ter atingido a marca de 11.000 a 12.000 máquinas, ainda muito longe do período anterior à crise, que somava mais de 20.000 máquinas.
Costa diz também que, como em 2016, os principais segmentos que puxaram o mercado foram os ligados ao varejo e bens de consumo, além do agronegócio. O segmento de indústria pesada ainda não respondeu fortemente. “Embora tenhamos percebido uma recuperação no último trimestre, esta recuperação ainda não repercutiu na renovação das frotas das indústrias.”
De fato, Jorzafar Fonseca da Silva, gerente da Tecfork Máquinas Eireli (Fone: 11 2615.2777), acredita que o mercado no ano de 2017 foi complicado, pois não enxergaram um crescimento na quantidade de empresas e, sim, um crescimento na disputa pelas empresas que já estão no mercado. “Vimos uma tendência ambiental já nos planos da maior parte dos nossos clientes que tendem a utilizar máquinas elétricas em breve”, completa Silva.
E 2018?
Como se pode notar, a pequena recuperação ocorrida no final do ano passado joga perspectivas mais otimistas para 2018, também no segmento de distribuição de empilhadeiras. Como diz Corrêa, da Auxter, a expectativa é que haja uma recuperação da economia e, por consequência, do mercado de empilhadeiras com volumes maiores do que os realizados em 2017.
Tirloni, da Marcamp, também espera um pequeno aumento na demanda de empilhadeiras. Esta confiança está pautada na perspectiva de reposição da frota existente por parte das empresas, pois muitas optaram pela não reposição da frota existente até 2017, e isso se faz necessário a partir de 2018 para manter a produtividade programada no ano e planejar um crescimento para o ano de 2019.
Costa, da Somov, também mantém perspectivas de crescimento para o mercado de distribuição de empilhadeiras em 2018, uma vez que ainda estamos muito longe da recuperação dos níveis anteriores de mercado. Ele também destaca que as empresas seguraram nos últimos dois anos investimentos em renovação de frota, impactando diretamente na disponibilidade de suas máquinas e aumentando muito seus custos de manutenção. Esta situação é crítica em muitas empresas e deve forçar a renovação.
Ainda segundo o gerente comercial da Somov, algumas incertezas de mercado e o processo eleitoral também devem interferir, mas ele diz que a empresa acredita neste crescimento.
“As perspectivas são muito boas. Estamos fazendo grandes investimentos, nos preparando. Treinando a equipe, mudando a estrutura, contratando novos colaboradores. Em 2017 houve bastante especulação, bastante procura. Então, em 2018 as perspectivas são de que as pessoas vão, de fato, fechar o negócio. Vão acabar comprando ou locando. Tanto no mercado de rebocadores quanto de empilhadeiras, pois os dois andam juntos”, coloca Guimarães, da Rekiman.
Bastante otimista, Kessler, da Combilift, prevê que 2018 será o melhor ano da empresa no Brasil, superando 2015 e os anos anteriores. “Ainda é muito difícil fazer uma previsão, mas o crescimento será resultado de uma base de clientes consolidada e da flexibilidade que teremos a partir do prazo de entrega mais curto em função das torres das empilhadeiras que passam a ser fabricadas no Brasil pela Lift-Tek (Veja matéria nesta edição). O maior investimento da Combilift será feito em sua matriz, que inaugura, em abril próximo, a nova fábrica em Monaghan, Irlanda, o maior prédio industrial do país, e a partir dele teremos todas as operações unificadas em um único teto e linhas de produção utilizando equipamentos do estado da arte. Aqui no Brasil, percebo que cada vez mais o mercado pertence a quem melhor entende seus clientes e suas demandas – e atende a estas demandas. E atualmente o foco é redução de espaços e aumento de segurança, respeitando segurança e ergonomia.”
Problemas enfrentados
Os participantes desta matéria especial de Logweb também apontam os problemas enfrentados atualmente, como distribuidores.
“O maior desafio é o ajuste da estrutura para atender um mercado que encolheu 50% desde 2011, além do baixo volume de venda de máquinas, de peças e de serviço, com produtividade e baixo custo”, lamenta Corrêa, da Auxter. Ele é complementado por Silva, da Tecfork, para quem um problema é a falta de novos mercados para prospecção.
Em razão da situação econômica, muitas empresas têm deixado a definição da compra para o último momento, e isso normalmente causa dificuldade em atender o prazo de entrega desejado.
“Como os equipamentos Linde e Still, que nós vendemos, possuem uma boa demanda no mercado, a disponibilidade de entrega dificilmente é imediata e isso acaba gerando algumas ações a mais para atender adequadamente o cliente. Quando vendemos para clientes que trabalham com no mínimo 60 dias de prazo para receber os equipamentos, não temos dificuldades em atender”, explica, agora, Tirloni, da Marcamp.
Kessler, da Combilift, por sua vez, coloca que ainda está muito difícil de planejar em médio prazo, e impossível em longo prazo. “Temos crescido a uma média de 10% ao ano, 2018 marca a inauguração da nova fábrica na Irlanda e o 10º ano de operação no Brasil. Estamos aqui para sempre, mas poderíamos estar crescendo mais se a perspectiva para os próximos anos fosse mais sólida. Como brasileiro espero poder responder de forma mais afirmativa ao longo deste ano”, diz o diretor comercial.
Já Guimarães, da Rekiman, diz que as maiores dificuldades que estão tendo nesses tempos difíceis é o desespero dos fornecedores. “Então acho que, como muita gente quebrou e muitos adquiriram muitas dívidas, o pessoal prostituiu muito o mercado. Desse modo, acabamos recebendo algumas cotações, onde os fornecedores acabam entregando praticamente de graça, sem muito lucro, tentando pelo menos empatar, sobreviver. Meio que queimando o estoque. Então isso é péssimo para o mercado. Numa livre concorrência, onde o cliente faz o leilão procurando o melhor preço, os fornecedores têm feito o menor preço a qualquer custo. Acredito que em nosso mercado, vamos acabar pagando esse preço de vendas e locação muito abaixo da realidade ainda por alguns anos”, completa o diretor da Rekiman.
Costa, da Somov, afirma que o desafio continua sendo a oferta de soluções cada vez mais completas aos clientes. Investimentos em soluções financeiras, garantia de disponibilidade e custos de manutenção compatíveis são a tônica atual do mercado. E em uma indústria menor as possibilidades de erro causam impactos ainda maiores. “O desafio do distribuidor vai muito além da venda da máquina e o cliente passa a valorizar ainda mais o custo de propriedade do equipamento (Total Cost of Ownership)”, diz o gerente comercial da Somov.
Rebocadores
Falando sobre o segmento de rebocadores, Tirloni, da Marcamp, diz que espera, para 2018, uma demanda um pouco maior do que em 2017, quando os resultados foram dentro do planejado.
“O segmento de rebocadores, de forma geral, está ligado ao segmento industrial. Como foram estes os segmentos (indústria) que mais sofreram com a crise, 2017 não foi um ano de destaque para os rebocadores”, coloca Costa, da Somov.
Mas, ele diz que a maior parte dos fabricantes aposta no crescimento do mercado em 2018. A empresa está investindo em lançamento de novos modelos, além de uma maior divulgação dos modelos existentes e na disponibilização de muitos modelos dos Estados Unidos e da Europa para o mercado nacional. “Nossa expectativa é de um crescimento significativo em 2018 para este segmento”, diz o gerente comercial da Somov.
Também otimista, Silva, da Tecfork, diz que em 2017 houve um aumento na frota de rebocadores e acreditam que esse modelo de movimentação será adotado com abrangência.
Quanto aos problemas enfrentados enquanto distribuidores de rebocadores, o diretor comercial da Marcamp diz que a linha de rebocadores oferecida pela empresa é importada, e isso demanda um prazo maior de entrega.
“A disponibilidade de uma gama mais completa de modelos talvez seja o maior desafio dos distribuidores. A maior disponibilidade de modelos e a melhoria nos prazos de entrega ainda são barreiras importantes para 2018”, completa o gerente comercial da Somov.
Silva, da Tecfork, finaliza concordando com as observações anteriores. Ele diz que há uma grande expectativa é gerada em cima desses produtos e, também, em seus respectivos acessórios, contudo o mercado talvez não tenha produtos o suficiente para atender a tal demanda.