Alto controle de riscos e de segurança é fundamental para atuação no setor de eletroeletrônicos

13/06/2017

Se o OL ou a transportadora não estiver preparado para operar no segmento, pode gerar avarias, e o contratante, seja o cliente final, seja o fabricante, vai acabar arcando com o prejuízo, operacional ou patrimonial.

O mercado de eletroeletrônicos tem três características principais: ritmo acelerado, pois os produtos possuem ciclo de vida curto, com constante inovação e mudanças de canais de distribuição e vendas; competividade alta, com crescente commoditização e constante entrada de novos players; e cadeias logísticas complexas, que englobam vários países, intermediários e demandas específicas de cada segmento. É assim que Luiz Gustavo Rodrigues Brunherotto, gerente sênior de transportes, responsável pelas operações aéreas e de logística reversa da DHL Supply Chain (Fone: 19 3206.2200), analisa as características desse setor. A empresa atua com todos os modos de transporte, mas com destaque para o rodoviário e o aéreo.
“Para atender com eficiência e agilidade a esta complexidade, os Operadores Logísticos também vêm incorporando novas tecnologias e serviços à sua atividade”, acrescenta.
Na opinião de Luiz Carlos Lopes, diretor de operações da Braspress (Fone: 11 2188.9000), que opera com os modais rodoviário, rodoaéreo e internacional (Mercosul), nos últimos anos, a logística da área de eletroeletrônicos no Brasil passou por algumas mudanças, diversificou-se com o próprio desenvolvimento das várias tecnologias e avançou em multiprodutos, que atendem a variados mercados e suas especialidades. Segundo ele, a ação global dos fabricantes exigiu decisões estratégicas, não somente referentes aos produtos e suas características, mas também em relação à eficiência logística. “Parcela significativa de itens desse segmento é produzida na Zona Franca de Manaus. O distanciamento dos maiores centros de consumo requer avanço nas áreas de estoque através de Centros de Distribuição capazes de minimizar o tempo de fornecimento, competindo com igualdade em todas as regiões do país”, expõe.
Lopes diz que esse modelo de negócio foi também responsável pelo crescimento da logística no Brasil nos últimos anos, já que permitiu o surgimento de novas empresas neste segmento, derivadas de outras até então especializadas apenas no transporte dos produtos, e também no desembarque e crescimento de muitas multinacionais dedicadas à exploração desse mercado e à gestão completa de estoques e distribuição de bens e serviços.
Jefferson Satyro, gerente comercial da Elog Logística (Fone: 11 3305.9999) – que opera no modal rodoviário, mas também recebe carga aérea, marítima e cabotagem –, salienta que o setor envolve mercadorias de alto valor agregado, que requerem gestão dedicada de todo o processo operacional e controles de riscos e de segurança altos. Nesse ponto também toca Fabrício Orrigo, diretor de vendas e marketing da Penske Logistics (Fone: 11 3738.8200), que trabalha com transporte rodoviário, aéreo e cabotagem. “Para atuar com este tipo de produto, o OL ou a transportadora precisa se adequar aos requisitos de gerenciamento de riscos, tanto na área de armazenagem como na de transportes.”
Os cuidados para atuar no segmento, de acordo com Everton Patriota, gerente da Nova Minas Express (Fone: 35 2102.1000), especializada em transporte rodoviário, são básicos, como formação e qualificação da equipe de separação e conferência no carregamento, além de veículos com boas condições de armazenamento, a fim de preservar a integridade da carga. Equipe de suporte operacional para gestão da programação, follow-up ao cliente e gestão das ocorrências são outros itens citados pelo profissional.

Roubo de cargas
A questão do roubo de carga, infelizmente, como observa Patriota, da Nova Minas, é caótica independentemente do segmento, pois, segundo ele, não há mais preferência por tipos de cargas a serem roubadas. “Os transtornos e os custos recaem sempre sobre as transportadoras, que necessitam aumentar seus investimentos em gerenciamento de riscos, aquisição de redundância de tecnologias em rastreadores e localizadores, formação de central de tráfego interna e treinamentos dos motoristas, entre outras ações e equipamentos.”
Como não há solução para o problema por parte do poder público, de acordo com Orrigo, da Penske, as empresas têm de investir em equipamentos de segurança como alarmes, áreas blindadas, monitoramento, rastreamento e escolta. “Há uma infinidade de requerimentos e ações que são tomadas pelas companhias para evitar o roubo e que, infelizmente, acaba refletindo no preço final do produto”, declara.
Lopes, da Braspress, conta que o segmento de eletroeletrônicos é um dos principais na atração de roubos de carga no país, sendo para as empresas de logística, transportes e seguradoras a terceira maior ameaça. As estatísticas mostram que o Sudeste é a mais desafiadora e onerosa região a ser vencida. “Os riscos inerentes ao segmento e o aperfeiçoamento organizacional das quadrilhas especializadas neste delito geraram a criação de células de inteligência capazes de prevenir e combater esse crime que, em algumas regiões, beira o descontrole, como é o caso do Rio de Janeiro. O agravamento dessa situação afugenta empresas ou causa sua inviabilidade operacional”, expõe.
O diretor de operações conta que essa situação faz aumentar o custo da manutenção das estruturas de prevenção e apoio ao enfrentamento do roubo de cargas.

Desafios
Sobre qual o maior desafio enfrentado na entrega das mercadorias nos CDs e armazéns, Brunherotto, da DHL Supply Chain, diz que é lidar com os frequentes picos de demanda, com as regras rígidas de segurança para os veículos e com os imprevistos nos trajetos rodoviários e aéreos.
Para Satyro, da Elog, o grande problema é quando não existe um processo de contratação de forma estruturada e planejada, pois geralmente trata-se de operações de alto volume e de alto risco, em que não é possível se basear somente no prazo de entrega. “É essencial que o provedor logístico passe por uma homologação prévia para depois formatar uma proposta que esteja bastante alinhada com as exigências deste segmento, principalmente no item segurança e rastreabilidade”, destaca.
Na opinião de Patriota, da Nova Minas, um problema sério é a descarga: alto custo cobrado por cooperativas, grande demora na recepção dos caminhões e as hipotéticas avarias e faltas cobradas às transportadoras, sem que o motorista seja autorizado a acompanhar as descargas.

Riscos
O maior risco em contratar uma empresa não especializada neste segmento é ter uma ruptura muito sensível dentro da operação, levando a um prejuízo de alto valor, como explica Satyro, da Elog. “Quando há avarias em eletrônicos, é perda total, não tem conserto. E, se a empresa contratada não trabalha com eletrônicos e não está preparada para prevenir essa perda, muito provavelmente também não terá condições de arcar com ela. Sendo assim, o contratante, seja o cliente final ou o fabricante, vai acabar ficando com o prejuízo, que pode ser operacional ou patrimonial”, conta.
Orrigo, da Penske, acrescenta que uma empresa que não conhece bem o segmento, não está habituada a seguir com rigor os processos de segurança definidos pelas seguradoras para cobertura dos riscos. “Não se trata só de possuir os equipamentos de segurança instalados no armazém ou caminhões, mas também de ter toda uma cultura de prevenção de riscos e processos.”
Segundo ele, um grande risco também, dependendo do porte do prestador de serviços, é o de não conseguir honrar o pagamento de um eventual sinistro causado pelo não cumprimento das regras pré-estabelecidas.

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