Greve dos caminhoneiros: os direitos nem sempre são iguais

28/09/2021

*Por Jarlon Nogueira

No decorrer da sua história como república, o Brasil foi marcado por diversas manifestações a favor da democracia, que buscavam uma realidade mais justa e igualitária. O maior deles, sem dúvida, foi o movimento Diretas Já, que aconteceu em 1984 e que lutou pela retomada das eleições diretas.

Impossível não lembrar também dos Caras-Pintadas, liderados por estudantes brasileiros em 1992 tendo como objetivo principal o impeachment do presidente do Brasil na época, Fernando Collor de Mello.

Nós, brasileiros, acreditamos na importância das manifestações e no poder transformador que elas têm na política, economia e sociedade brasileira. Porém os objetivos dos caminhoneiros participantes do movimento realizado poucos dias atrás são diferentes dos buscados anteriormente.

Nas manifestações de 2018, por exemplo, caminhoneiros de todo o país pararam durante diversos dias em busca de situações de trabalho mais justas. Algumas reivindicações foram atendidas, mas não todas, o que levou a uma ameaça de nova paralisação em fevereiro e depois em julho deste ano, que acabaram não se concretizando.

Na pauta estavam questões importantes como o aumento dos combustíveis, do valor dos pneus e a criação de uma tabela de frete mínimo. Temas que nem são tocados pelos atuais manifestantes, que pedem mudanças de teor político e dissociadas até mesmo das bandeiras e reivindicações da própria categoria.

Deve ser por esse motivo, além de não querer se envolver em uma manifestação política, que nenhum sindicato do país tomou partido ou apoiou as manifestações iniciadas no dia 7 de setembro. Inclusive o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), entidade que reúne diversas associações de caminhoneiros, entrou com uma ação contra a União, o presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores por atos do dia 7 de setembro.

As paralisações que aconteceram na semana passada tiveram o apoio de uma parcela ínfima dos caminhoneiros brasileiros, que forçaram seus companheiros a parar. E isso é, no mínimo, injusto com quem precisa trabalhar.

Hoje, no País, cerca de 82% da carga é transportada por caminhões, segundo a Fundação Dom Cabral. Somos dependentes do transporte rodoviário e do trabalho de mais de 2 milhões de profissionais que, literalmente, carregam o Brasil sobre suas rodas.

Todos têm razão de lutar pelos direitos! Mas isso não aconteceu com o movimento de dias atrás, que buscou objetivos que não são reconhecidos pela maioria da categoria. Ou seja: os direitos nem sempre são iguais, principalmente quando atendem apenas uma pequena parcela.

O Brasil tem pressa de crescer. Com uma inflação recorde registrada em agosto, a maior variação para o mês de agosto em 21 anos, simplesmente não podemos nos dar ao luxo de parar o Brasil por conta da vontade de poucas pessoas. Quero deixar claro que todos somos a favor do Brasil!

*Jarlon Nogueira, CEO da AgregaLog – transportadora digital que oferece soluções inovadoras de logística de transporte

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