Tudo para fazer com que este segmento também se adapte à Logística 4.0, em nome da maior eficiência, inundando os gestores com informações que facilitem a obtenção de rápido tempo de resposta para ajuste de operações e indiquem o desempenho de cada processo.
A automatização dos sistemas de armazenagem e movimentação de materiais é um caminho sem volta e uma tendência que o mercado brasileiro absorveu de forma positiva, encontrando uma ampla variedade de soluções que podem otimizar processos, reduzir custos e proporcionar alto desempenho nas operações.
“Vejo como tendência as soluções que se inserem no conceito de alta conectividade e automatização proposto pela Logística 4.0 com apoio de softwares sofisticados, sensores, leitores de códigos de barras, Tags, radiofrequência, scanners, sistemas de visão e outras ferramentas que vêm captando investimentos das empresas em nome da maior eficiência, inundando seus gestores com informações que facilitem a obtenção de rápido tempo de resposta para ajuste de operações e indiquem o desempenho de cada processo”, afirma Jair Alves, presidente da Câmara Setorial de Equipamentos para Movimentação e Armazenagem de Materiais – CSMAM da ABIMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Fone: 11 5582.6311).
Alves também vê a popularização de sistemas como robôs autônomos que realizam a movimentação, o transporte, a transferência e a armazenagem de materiais de dimensões, peso e formatos diferentes sem intervenção humana e com alta produtividade. Eles já são utilizados em linhas de produção, de abastecimento, de montagem em fábricas e sua presença vem crescendo em Centros Logísticos por sua independência, flexibilidade e por proporcionarem maior segurança e produtividade, além de serem sistemas versáteis, que podem substituir e integrar-se a outros equipamentos ou sistemas.
“Outra tendência que já é realidade em países da Europa e nos Estados Unidos envolve os sistemas de carregamento e descarregamento automáticos de caminhões em docas com sistemas telescópicos equipados com robôs para o manuseio de produtos acondicionados em caixas, ou ainda, sistemas telescópicos equipados com garfos elevatórios para carregamento de cargas acondicionadas em paletes. Estas novas tecnologias estão alinhadas com a Logística 4.0”, acrescenta o presidente da CSMAM.
Ele também lembra que as mudanças comportamentais do mercado trouxeram desafios importantes e levaram as empresas a dirigir esforços em inovação, oferecendo soluções com conceitos nem sempre complexos, mas que permitiram acompanhar as demandas do mundo contemporâneo, impactado pela quarta revolução industrial, também conhecida como Indústria 4.0: automatização, alta tecnologia, segurança, maior produtividade, integração de sistemas, ergonomia, rapidez na reação a problemas ou ajustes nos processos logísticos, tudo isso a custos baixos e alta eficiência.
“Em todo o mundo, a automatização dos processos logísticos, em qualquer setor da economia, proporcionou ganhos expressivos para a indústria, melhorou a experiência de consumo, ajudou a desenvolver soluções com menor impacto ao meio ambiente e considerando o ser humano como seu agente colaborador, ou seja, ele passou a ser uma mão de obra melhor valorizada com treinamentos específicos e que faz a diferença na sua criação. É isso que vemos em empresas como Amazon e Ali Baba, entre outras que integram a nova economia e que deverão contribuir ainda mais para o avanço de sistemas de movimentação e armazenagem de materiais.”
Um estudo feito pela International Federation of Robotics (IFR), o “2017 World Robotic Statistics”, aponta que a densidade de robôs nas indústrias manufatureiras atingiu 74 unidades de robôs por 10.000 trabalhadores em 2016, contra 66 unidades por 10.000 trabalhadores em 2015. Por região, a densidade média na Europa é de 99 unidades, nas Américas de 84 unidades e na Ásia, 63 unidades. O Brasil tem uma densidade de robôs muito baixa: 10 unidades. A densidade de robôs é um padrão de comparação para ter em conta as diferenças no grau de automação da indústria manufatureira em vários países – a Ásia tem registrado maior crescimento, como resultado do alto volume de instalações de robôs nos últimos anos.
Fabricação
Em relação à questão se estes sistemas são totalmente fabricados no Brasil ou ainda dependem de componentes importados, Alves esclarece que temos um mercado dividido entre produtos de fabricação nacional e os importados, que têm um custo-benefício interessante e compõem as soluções que estão instaladas nas empresas. “Estamos inseridos em um contexto global, onde as empresas fornecedoras de sistemas e equipamentos para intralogística têm plantas em solo nacional e ao redor do mundo, que atendem a projetos também ao redor do mundo, em uma sinergia que não conhece limites físicos para se tornarem viáveis.”
Frente a outras nações, o Brasil não deixa nada a desejar, pois nossas empresas se tornaram globais para atender a demandas de largo espectro e é possível desenvolver aqui mesmo soluções alinhadas conceitualmente com outras em qualquer outro país, com a conectividade proposta pela Indústria 4.0 e provendo maior volume de informações para facilitar a tomada de decisão.
Neste contexto, Alves também aborda a questão dos maiores problemas enfrentados pelos fabricantes para a implantação destes sistemas.
Certamente – diz ele – um dos maiores problemas não é a aplicação em si, mas a falta de dados confiáveis quanto à variedade, ao tamanho, peso e volume dos produtos, bem como à quantidade comercializada diariamente de cada produto, pois os processos são realizados a partir de dados inseridos manualmente em planilhas eletrônicas e nem sempre refletem a realidade do estoque, dificultando sobremaneira a seleção dos equipamentos que irão compor o Centro Logístico.
Somado a isso, há a própria resistência das pessoas em aderir a estas novas tecnologias, pois existe uma percepção de que automação está suprimindo postos de trabalho, em vez de agregar valor com a agilização dos processos de separação e distribuição, flexibilidade, redução dos custos, ganho de competitividade e a eliminação de tarefas repetitivas, inseguras e desconfortáveis.
Na questão da confiabilidade dos dados – continua o presidente da CSMAM – ainda existe o desafio do tratamento da informação para facilitar a tomada de decisões e a gestão de uma operação logística completa por parte das empresas desenvolvedoras de soluções globais e que atendam às necessidades das operações, considerando a alta conectividade e a gestão de instalações logísticas de qualquer parte do globo.
“Em relação à resistência das pessoas, sempre sugiro que seja apresentada aos colaboradores uma visão geral da automação de forma a desmistificá-la, mostrando como funcionará o novo Centro Logístico, e envolvê-los em treinamentos para capacitá-los de forma que atuem em sua gestão, tornando-os parte do processo, pois o conhecimento já estará intrínseco e é uma questão de adaptação às novas tecnologias para que tornem profissionais valorizados e de primeira grandeza.
Uso
Sobre as diretrizes que a CSMAM daria para aquelas empresas que pretendem instalar um sistema de armazenagem, Alves diz que, em linhas gerais, é preciso conhecer o tipo de produto a ser armazenado e distribuído, onde se concentram os pontos de venda ou seus clientes, qual é a localização, a localização do Centro Logístico e, principalmente, qual é a demanda diária. “Com estas informações, um especialista poderá definir os processos de armazenagem, separação e distribuição sob medida para a finalidade a que se destina.”
Deve-se levar em consideração a localização, pois Centros Logísticos próximos aos grandes centros têm maior custo e área menor de armazenagem, sendo uma opção a verticalização com a aplicação de soluções como os Miniloads, armazéns automatizados ou Shuttle para a armazenagem, soluções que oferecem maior custo de implantação. Entretanto – continua Alves –, se o Centro Logístico estiver mais afastado, a tendência dos terrenos é ter um custo mais baixo, e se pode instalar Centros Logísticos horizontais com a aplicação de robôs autônomos fazendo a movimentação dos produtos acondicionados em bandejas até o ponto de separação, tornando-os mais econômicos em sua implantação.
“Estão unidas na CSMAM 62 empresas associadas, onde temos os melhores especialistas em sistemas de Movimentação, Armazenagem, Separação e Distribuição de produtos, sendo que estas empresas podem fornecer soluções parciais, simples ou mesmo soluções completas para Centros Logísticos ou áreas de estocagem. O apoio à instalação destes sistemas é feito através das empresas associadas, pois a CSMAM não tem um grupo de consultores renumerados para este fim.”
O especialista também revela – com relação aos maiores usuários de sistemas de armazenagem – que, atualmente, os grandes Centros Logísticos de empresas mundiais de e-commerce e sua demanda por rápida resposta nos processos logísticos para atender com velocidade a entrega de produtos tem puxado a automatização e as inovações em sistemas de movimentação e armazenagem de materiais. A experiência de compras se transformou com a tecnologia e as diversas formas de entrega dos produtos, exigindo soluções de intralogística mais ousadas e facilmente integradas para maior gestão dos processos e, com isso, a inovação é um componente fundamental.
“De uma forma geral, as indústrias alimentícia, farmacêutica, automotiva, cosmética e têxtil também desafiam fornecedores e fabricantes a oferecer soluções que tornem a logística mais eficiente, reduzindo custos e que ofereçam alta conectividade e, com isso, movimentam o mercado.”
Porém, novos setores estão começando a usar os sistemas de armazenagem, já que a alta demanda por entregas rápidas com acuracidade tem movimentado praticamente todos os setores da indústria. Contudo, os Centros Logísticos são os grandes usuários destas tecnologias por sua conectividade de forma a interagir na separação e distribuição dos produtos, pois eles têm a missão de abastecer pontos de vendas em tempo real ou, ainda, realizar entregas de produtos com rapidez.
Aliado à rapidez na entrega, é necessário que a logística seja igualmente eficiente e segura de forma a monitorar o produto que está sendo expedido com apoio de dispositivos como código de barras, Tags de radiofrequência, câmaras 3D, sistemas de visão ou mesmo balanças eletrônicas de extrema precisão que determinam os pesos e scanners para verificar o volume dos produtos, garantindo que o que está sendo expedido seja realmente o selecionado. Todo o processo deve ser acompanhando via sistemas ERP (gestão administrativa da empresa), WMS (software de gestão dos estoques) e WCS (controle equipamentos/sistemas), sem intervenção do homem no processo de separação e distribuição.
Para a identificação do produto podem ser utilizadas tecnologias de forma individualizada ou combinadas, pois o processo que definirá a identificação segura do produto dependerá de algumas caraterísticas de utilização, ou seja, um componente que equipa um avião certamente vai utilizar várias tecnologias redundantes, pois o processo de separação deste produto não admite nenhum tipo de erro. Ao efetuar a separação e distribuição automaticamente e inventário em tempo real, pode-se, ainda, selecionar o produto com mais tempo no estoque para ser distribuído.
Mandato
Alves acaba de ser reeleito para a presidência da CSMAM, e seu mandato vai até 2021. E ele diz que o objetivo da nova diretoria da Câmara Setorial é fomentar de forma mais ativa os negócios para seus integrantes dentro e fora do Brasil, com estratégias bem definidas de atuação chanceladas pela ABIMAQ.
“Uma dessas estratégias é a estreita colaboração com a Apex-Brasil, agência do governo que promove negócios e investimentos no exterior, para que os integrantes da Câmara possam ter acesso a mercados e feiras que ocorrem na América do Sul. Outra estratégia de nossa diretoria é buscar articular negócios, com a chancela da ABIMAQ, junto a instituições focadas na produção industrial, como a FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, e associações de classe para que possamos abrir caminho a uma maior cooperação. Nossa gestão será marcada por gerar resultados efetivos para os associados da Câmara e, para tanto, conto com a presença na vice-presidência das empresas Paletrans, Stahlfabrik, Hyster-Yale, Toyota e Saur.”
A Câmara é formada por um grupo de líderes dos principais fabricantes de empilhadeiras e sistemas de movimentação e armazenagem de materiais –empilhadeiras, transpaleteiras, guinchos, talhas e troles, carrossel, rebocadores e transportadores, guindastes, pontes rolantes, pórticos, plataformas elevatórias e outros sistemas com afinidades ao segmento – no país e que são associados à ABIMAQ.
A CSMAM tem como missão articular oportunidades de negócios para seus associados, trocar informações que permitam melhor conhecimento do mercado, bem como debater soluções para seus desafios, propondo ideias, soluções e integrações que facilitem a atuação em separado ou conjuntamente.