Como fatores apontados para o crescimento do setor estão o barateamento das tecnologias aplicadas, a estagnação de centros de distribuição e linhas de fabricação obsoletas, o que tende a provocar a busca por soluções sem o aumento da mão de obra ou área utilizada.
Os processos automatizados no Brasil ainda se encontram em um grande abismo frente aos países desenvolvidos. Em 2017, apenas metade das empresas no país possuíam algum tipo de processo automatizado. Grande parte dessas empresas possui automação para transporte e armazenagem de caixas ou paletes, realizando manualmente as tarefas de manipulação, como é o caso da paletização.
“No Brasil, a automação dessas atividades se deve a uma série de fatores. Primeiramente, o barateamento das tecnologias aplicadas impactou positivamente no retorno de investimento, principalmente levando-se em consideração a área de operação e o aumento na performance. Paralelamente, a estagnação de centros de distribuição ou linhas de fabricação obsoletas provocou a busca por soluções sem o aumento da mão de obra ou área utilizada. Por fim, objetiva-se a transformação dos postos de trabalho repetitivos em atividades criativas ou gerenciais.”
A Avaliação é de Murilo Henrique Seydi Okayama, engenheiro de aplicação da SSI Schaefer (Fone: 19 3826.8080), fazendo uma análise do segmento de robôs de paletização hoje no país.
E ele continua: Devido à expectativa de recuperação da economia brasileira, diversos segmentos estão investindo em automação para absorver o crescimento previsto para os próximos anos. No entanto, investir em automação não é um processo simples, sendo necessário muito esforço e estudo visando investir na tecnologia assertiva para cada operação.
De acordo com Okayama, o mercado nacional apresenta fornecedores capazes de prover uma boa solução em paletização automatizada, mas poucas empresas são capazes de fornecer todo o range de soluções para esta operação, incluindo robôs de paletização. “Além da dificuldade cambial com a desvalorização da moeda nacional, o setor está carente de fornecedores experientes que disponibilizem soluções otimizadas para cada operação. A SSI Schäfer fornece e integra soluções em diversos níveis de automação”, completa.
Gustavo Cristófaro, responsável comercial da Ulma Handling Systems (Fone: 11 3711.5940), também faz sua análise do segmento de robôs de paletização, destacando que os sistemas de paletização automática podem ser divididos basicamente em dois segmentos, como finais de linhas de produção com paletização monoproduto e monomorfologia e sistemas de preparação de paletes de pedidos formados por diferentes produtos de diferentes morfologias, este segundo mais complexo e envolvendo outros subsistemas, como os de armazenagem e sequenciação automáticos. “A Ulma Handling Systems desenvolve soluções de armazenagem automática integradas a diferentes subsistemas, como os de preparação de pedidos, e integra os sistemas de paletização automática nessas soluções”, comenta.
Já a análise de Marcos Silveira, diretor da Pavax Com. e Rep. (Fone: 11 4789.9100), aponta exclusivamente para o mercado. “O mercado tem crescido bastante. Temos tido grande sucesso oferecendo a nossa célula de paletização”, opina.
E Denis Pineda, Business Development Manager da Universal Robots (Fone: 11 95312.1037), completa esta análise informando que, de acordo com a Bis Research Analysis, Global Collaborative Industrial Robot Market, 2016-2021, aplicações em paletização vão crescer 61,44% ao ano de 2016 a 2021. “Temos notado no Brasil que a tendência local coincide com a tendência global.”
Perspectivas
Com estas afirmações, quais seriam as perspectivas neste segmento?
Silveira, da Pavax, continua a ver um crescimento no mercado, havendo um interesse especial em cobots.
“O segmento logístico apresenta expectativa de crescimento para os próximos anos. Consequentemente, esta perspectiva alavanca os fornecedores de equipamentos. Espera-se que os distribuidores invistam na pulverização dos centros de distribuição, diminuindo custos e riscos de transporte. Dessa forma, investimentos em diversos graus de automação deverão ser realizados nos próximos anos.”
Ainda de acordo com Okayama, da SSI Schaefer, o segmento de WMS também deverá ser alavancado para gerir toda essa tecnologia. O investimento em um WMS robusto e integrado a um sistema ERP é essencial para uma excelente operação em qualquer armazém ou Centro de Distribuição.
Também otimista, Cristófaro, da Ulma Handling Systems, aponta que o Brasil ainda tem muito a crescer nesse segmento “e nosso papel é demonstrar os benefícios e as vantagens da aquisição de soluções que integram sistemas de armazenagem automática”.
Impeditivos e requisitos
Mas, otimismo à parte, há os impeditivos para um maior uso dos robôs de paletização. E também alguns requisitos a serem considerados. “A única dificuldade que vejo é o preço dos robôs”, comenta Silveira, da Pavax, que também vê o treinamento como requisito chave para a implementação do uso destes robôs.
Ele é complementado por Okayama, da SSI Schaefer. Segundo este, além da elevada taxa de câmbio que o país enfrenta, a falta de informação seria o maior impeditivo para o uso de robôs de paletização.
Afinal, antes da implantação de qualquer tecnologia automatizada, é necessária uma análise detalhada da movimentação de onde ela será instalada. É sempre necessário integrar uma solução que seja ideal para cada operação. Caso esta solução seja subdimensionada, haverá um novo gargalo na operação. Caso contrário, ocorrerá o investimento em tecnologia ociosa, ensina o engenheiro de aplicação da SSI Schaefer. “O uso inadequado dessa tecnologia – alerta – pode gerar novos gargalos na operação, além de paletes com baixa estabilidade e sem a possibilidade de empilhamento. Em casos extremos, pode haver a paralisação completa da linha.”
Por outro lado, ainda de acordo com Okayama, o requisito essencial é a interface entre a estação paletizadora e o sistema WMS/ERP: A troca de informações entre os sistemas que coordenará a localização de cada produto no palete, assim como qual palete deve ser carregado com cada produto e o mosaico do palete. Também é necessário um local apropriado para instalação com cerca de segurança e acesso restrito aos operadores, sendo acessível apenas em períodos de manutenção. O treinamento dos funcionários é mínimo, já que toda essa tecnologia opera de forma autônoma. A manutenção deve ser realizada em conjunto com os fornecedores, com mão de obra especializada.
Cristófaro, da Ulma Handling Systems, destaca que não há restrições quanto ao local de instalação desse tipo de solução, enquanto Pineda, da Universal Robots, coloca como impeditivos ao maior uso dos robôs de paletização a falta de espaço físico e o alto mix, no caso dos robôs convencionais, problema que poderia ser solucionado utilizando robôs colaborativos.
Já com relação aos requisitos para o uso dos robôs de paletização, ele lembra que no caso de cobots, caixas ou conjuntos de caixas abaixo de 8,5 kg são possíveis de ser paletizadas. O outro requisito – que pode ser adequado – é garantir posição repetitiva da caixa no momento que o robô a coleta: caso isto não seja possível pode ser utilizado um sistema de visão. “O investimento sobe um pouco, porém o problema pode ser facilmente resolvido sem alterar o fim de linha”, completa o Business Development Manager da Universal Robots.
Benefícios
Pelo exposto até agora, vale destacar os benefícios dos robôs de paletização. A começar pela flexibilidade. Outros, agora apontados por Cristófaro, da Ulma Handling Systems, envolvem maior produtividade, integridade dos produtos manipulados, ergonomia e segurança.
“Existem diversos processos de paletização. De maneira geral, estes se dividem em manual, convencional e robotizado. O processo manual tradicional possui um investimento quase nulo, apresenta uma performance muito baixa e é prejudicial ao operador. Outra solução para o processo manual são as estações de trabalho assistidas, onde o software dá indicações ao operador de como formar os paletes, além de possuir dispositivos que diminuem os esforços físicos. Esta solução é indicada para operações que apresentem baixa performance.”
Okayama, da SSI Schaefer, também comenta que o processo convencional está baseado na paletização por layers, realizado na saída das esteiras e induzidas no palete por um elevador. “Esta solução possibilita a maior movimentação dentre todas as disponíveis no mercado, além de apresentar um investimento menor que a paletização robotizada. Por outro lado, a paletização convencional apresenta maior custo de manutenção e operação e é inflexível.”
Os robôs de paletização podem ser classificados em dois tipos: com braço articulado ou com pórticos, continua o engenheiro de aplicação. Ambas as tecnologias são bastante flexíveis, podendo preencher diversos padrões de paletes com diversas unidades de transporte. “Também possuem um custo de operação mais baixo quando comparados com o processo convencional, além de necessitarem de uma área menor para instalação”, finaliza.