As rodovias sem manutenção no Brasil seguem representando um risco direto para a vida de motoristas profissionais e para o funcionamento da logística nacional. Em um país onde cerca de 65% de toda a carga depende do transporte rodoviário, as estradas não são apenas corredores de escoamento, mas o ambiente de trabalho diário de mais de 4,5 milhões de motoristas. Nesse contexto, um compilado de dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) chama atenção para os trechos mais críticos da malha federal, onde infraestrutura precária, curvas mal resolvidas, pistas simples e obras lentas formam um cenário permanente de insegurança.
De acordo com o levantamento, o trecho considerado mais problemático do país está localizado na BR-381, em Minas Gerais. Conhecida como Fernão Dias, essa rodovia liga Contagem a Extrema, na divisa com São Paulo, e concentra elevados índices de ocorrências envolvendo veículos pesados. A combinação entre topografia desafiadora, ausência de áreas de escape adequadas e intervenções realizadas de forma irregular transforma cada deslocamento em um exercício constante de atenção e cautela por parte dos motoristas.

Na sequência, aparecem outros trechos igualmente sensíveis. A BR-116, também em Minas Gerais, é marcada pelo tráfego intenso em pista simples, enquanto a BR-364, em Mato Grosso, enfrenta dificuldades relacionadas à geometria da via e ao crescimento contínuo do fluxo de cargas. Completam a lista a BR-251 (MG) e a BR-277 (PR), ambas apontadas como rodovias com desempenho crítico em termos de segurança e fluidez.
Rodovias sem manutenção e o impacto na cadeia logística
A avaliação do Sinaceg reforça a percepção de quem vive a rotina das estradas. “Quando uma rodovia recebe manutenção de verdade, o motorista sente na hora. Quando não está bem cuidada, ele sente antes ainda”, afirma José Ronaldo Marques da Silva, o Boizinho, presidente do Sindicato Nacional dos Cegonheiros (Sinaceg), entidade que reúne cerca de 5.000 trabalhadores especializados no transporte de veículos. Segundo ele, a previsibilidade é um fator essencial para a segurança. “A estrada precisa oferecer previsibilidade. Sem isso, quem vive da boleia trabalha sempre em desvantagem.”
Embora existam diferenças regionais, os pontos mais críticos das estradas federais compartilham uma característica comum: falhas estruturais ampliam o risco operacional. Além do impacto humano, esse cenário gera reflexos econômicos relevantes. Para Márcio Galdino, diretor do Sinaceg, a malha viária precisa acompanhar o peso da economia que sustenta. “Rodovia boa não é luxo. É condição mínima para que o transporte de veículos aconteça com segurança”.
Em um setor que movimenta mais de 3 milhões de veículos novos por ano, trechos mal conservados aumentam custos operacionais, comprometem prazos e pressionam o valor final dos serviços e produtos. Assim, a falta de manutenção adequada nas rodovias segue como um fator crítico para a segurança viária e para a eficiência da cadeia logística brasileira.









