Mas, embora o e-commerce continue alavancando o setor, os entrevistados estão incertos quanto às perspectivas para 2002, pois pode ser difícil prever o que ocorrerá em um ano que deverá ser marcado por atribulações políticas.
Para falarmos sobre o transporte rodoaéreo, convidamos representantes de empresas especializadas, que fazem um balanço do setor e revelam as perspectivas para o futuro.
O ano de 2021 foi de muitas incertezas, mas ao contrário do que se poderia imaginar, o transporte cresceu, como comenta Giuseppe Lumare Júnior, diretor comercial da Braspress Transportes Urgentes. “Com o avanço da vacinação, o consumo voltou a crescer, ainda que tenha sido afetado pelo incremento inflacionário. Por sua vez, a carga cresceu em um cenário de aumento significativo dos custos de transporte, obrigando-o a atuar com baixas margens, o que no curto prazo deverá ensejar a necessidade de reajustes dos fretes em geral”, aponta.
Segundo Luiz Carlos Lopes, diretor de operações também da Braspress Transportes Urgentes, é possível pensar positivamente no fechamento desse ciclo de 2021, especialmente pelo controle da pandemia, com os avanços científicos e a retomada das atividades, de forma mais segura. “Ainda que o cenário econômico aponte para muitas incertezas, crescimento pífio no PIB, alta nas taxas de juros e elevados índices de desemprego, resistimos a todas essas ameaças e conseguimos crescer, produzindo resultados aquém do esperado, porém positivos.”
Ele diz que as demandas no modal rodoviário se destacam, considerando todas as restrições de voos, arrastados pela diminuição dos fluxos de passageiros, que aos poucos retomam à normalidade. “Encerramos 2021 com crescimento na casa de 16%, comparado ao ano anterior, com margens ligeiramente menores, resultado do desequilibrado aumento de custos e esforços concentrados em investimentos de curto prazo, garantindo nossa capacidade produtiva e infraestrutura em todo Brasil”, expõe Lopes.
Luiz Brunherotto, gerente sênior de transportes da DHL Supply Chain, lembra que a pandemia impactou muito todo o modal aéreo pela falta de voos de passageiros. A empresa dispõe de um hub próprio e exclusivo para embarques de carga no aeroporto de Guarulhos. Ele completou um ano em julho de 2021 e foi inaugurado em um dos momentos mais críticos da pandemia.
“A falta de voos de passageiros possibilitou trabalhar com embarques mais concentrados em aeronaves maiores ou em cargueiros, o que nos trouxe melhor consolidação das cargas e melhor performance de embarque, que conseguimos manter nas principais rotas até hoje, mesmo com a retomada dos voos de passageiros”, conta.
Como reflexo da menor capacidade aérea, o transporte rodoviário teve uma demanda maior, de acordo com Brunherotto, até pelo crescimento expressivo do e-commerce, que tem uma frequência de entrega e fracionamento de carga muito maior. “Foi um ano de muito trabalho e investimentos em frotas e em tecnologia também, para mantermos nossa capacidade de gerir com eficiência essas operações e entregar maior qualidade ao cliente final”, acrescenta.
Em sua análise, Marco Aurelio Dias, diretor comercial da Frette Transporte Intermodal, explica que é possível considerar que o rodoaéreo, operacionalmente, é o aéreo. “Para operar no porta x porta, temos de oferecer a coleta na origem e a entrega no destino. A transferência entre as pontas fica no aéreo puro.”
Conforme relata, houve crescimento do volume de cargas em 2021, mas as tarifas aumentaram muito, por consequência, a rentabilidade caiu também. “Para atender à velocidade de entrega do aéreo, que é a grande expectativa do cliente, as despesas opera‑ cionais deram um grande salto.”
Na Transportadora Sulista, falando de rodoviário, apesar dos sucessivos aumentos nos insumos essenciais para o serviço do transporte, a empresa continuou a crescer e a contratar. Em 2021, foram abertos 18 novos postos de trabalho.
“Na Total Linhas Aéreas, tivemos um início de ano difícil com a crise econômica, mas continuamos investindo em tecnologia, adquirimos uma nova aeronave Boing 737 e ingressamos no e-commerce. Com isso, aumentamos nosso faturamento em 15% em 2021”, conta Josana Teruchkin, diretora executiva do Grupo Sulista (Transportadora Sulista e Total Linhas Aéreas).
O ano de 2021 foi um desafio logístico em muitos sentidos, aponta Rodrigo Simon, gestor modal aéreo do Grupo Troca Logística. “Muitas questões que refletiram nos desdobramentos para o mercado são advindas ainda em função da própria pandemia. Outras, do próprio modal, se consolidam cada vez mais.
Para ele, o ano começou estimulado para atender demandas represadas da pandemia. Para muitos clientes, o uso da malha área deixou de ser pontual. Eles perderam o preconceito do alto custo associado ao modal e passaram a usá-lo para agilizar suas remessas.
Outro ponto importante para Simon é a prestação de serviços focados e integrados, para que os percursos terrestres de pequenos deslocamentos possam acompanhar a agilidade e a rastreabilidade do modal aéreo, sendo um aliado importante e não um ponto de preocupação. “A confiança e o compromisso com o cliente passam pela capacidade de integração dos dois modais, para oferecer uma experiência gratificante”, acrescenta.
Expectativas
Em relação às expectativas para 2022, Lumare Júnior, da Braspress, diz que se o PIB crescer ao menos um pouco, o volume de carga não deve ser menor do que o verificado em 2021. “Mas é difícil prever o que ocorrerá em um ano que deverá ser marcado por atribulações políticas, dado o cenário anunciado de conflagração das campanhas eleitorais.”
Lopes, também da Braspress, acrescenta que a empresa seguirá firme e sempre otimista, sem abandonar a percepção realista de dificuldades, já que será um ano eleitoral. “Os caminhos políticos são de aparente indefinição, mantendo cenários econômicos com menor aderência aos investimentos, repelindo a atração de capitais externos. Além disso, gera instabilidade para as empresas que ‘produzem’ riquezas no Brasil.”
Os esforços da Braspress seguem na linha da manutenção e até na criação de novos postos de trabalho. “É do emprego que a economia se retroalimenta, através da renda e consumo da sua população e da capacidade concorrencial com o mercado globalizado”, expõe.
A expectativa de Brunherotto, da DHL Supply Chain, é que o gradual reaquecimento da economia mantenha também a alta demanda por serviços logísticos. “Até porque o e-commerce irá manter níveis ainda bem elevados.”
Josana, do Grupo Sulista, também fala sobre o e-commerce, que tem mantido o setor de transportes de cargas aquecido, apesar da crise econômica. Para a Sulista, em 2021, o faturamento rodoviário cresceu 38% e a projeção é de crescimento de 20% para 2022. No modal no aéreo, o crescimento em 2021 foi de 15% e a perspectiva para 2022 é crescer mais 15%.
“A Transportadora Sulista atua hoje, principalmente, nos segmentos automotivo, metalmecânico, madeireiro e linha branca. O objetivo é posicionar-se em 2022 em mais um segmento, seguindo a estratégia de diversificação de mercados. Já a Total aposta no crescimento do e-commerce: as projeções são de crescimento pelos próximos três anos.”
As perspectivas de Simon, do Grupo Troca Logística, são muito otimistas, de olho no cenário econômico mais aquecido, já que a crise sanitária deverá arrefecer com a vacinação avançando. “Mesmo com o surgimento de cepas novas, a imunização parece estar sendo eficiente na proteção de massa. Os cuidados sanitários permanecerão, mas as operações tendem a evoluir para negociações de parcerias que farão o diferencial para nossos clientes.”
Segundo ele, a questão de novos leilões de aeroportos, com a melhoria da infraestrutura e abertura para novas companhias, também é um composto que agrega valor ao setor. Com isso, abrem-se portas para novos investimentos, tecnologias e mais competitividade e modernidade ao setor no Brasil. “Isso irá refletir em um melhor relacionamento com clientes e ganhos para toda a cadeia. Em 2022, espera-se que a demanda por carga aérea ultrapasse a demanda pré-crise (2019), pois as empresas continuam renovando estoques na produção e remessa de seus produtos, e um crescimento real irá ser realmente percebido a partir de 2022.”
Já Dias, da Frette, não acredita que o cenário para 2022 será diferente de 2021. “Com certeza haverá aumento de custos, com os clientes ainda pressionando fortemente por preços. Teremos talvez um grande risco de queda de demanda, se as previsões inflacionárias para 2022 se confirmarem.”
Tendências
Agora, nossos entrevistados comentam sobre tendências neste tipo de transporte. Por definição, o transporte é atividade de capital intensivo, explica Lumare Júnior, da Braspress. “Esta condição de origem obriga a continuidade de investimentos para fazer frente a um possível crescimento da carga, fato bem conhecido dos gestores de transporte, que sabem que não podem deixar seus clientes na mão”, expõe.
Supondo que em 2021 não deve haver recuo do volume de carga, o transporte em geral precisará manter seus investimentos, analisa o diretor comercial. “Entretanto, as boas práticas de investimentos não se sobrepõem à realidade de dificuldades que assola o segmento de transporte, razão pela qual é de crer que, ao menos, os transportadores mais capitalizados deverão manter os investimentos em renovação de frota e na base tecnológica de suporte às operações”, diz Lumare Júnior.
Lopes, também da Braspress, começa relatando que o mercado de transportes no Brasil é plural. “Embora orientado por uma imensa quantidade de segmentos, alguns se destacam em termos de especialização, como é o caso da Braspress, que orbita no segmento das encomendas, com necessidades particulares de prazos menores. Seus pesos transitam em faixas médias de 45 kgs por despacho, consolidando 3,4 volumes por entrega, o que nos faz produzir 1.6 milhões de entregas por mês”, demonstra.
Para garantir o processamento dessas encomendas, é preciso muito investimento em frota, tecnologia de movimentação e rastreamento das encomendas, terminais compatíveis com as demandas regionalizadas por todo Brasil e capacitação das pessoas.
Para Brunherotto, da DHL Supply Chain, a digitalização logística e a sustentabilidade são as principais tendências. A primeira irá se traduzir em mais investimentos em tecnologia, seja em sistemas de gestão e visibilidade, seja em soluções para maior eficiência e escala. “Em sustentabilidade, as frotas verdes tendem a acelerar ainda mais seu crescimento, assim como outras soluções para reduzir a pegada de carbono”, acrescenta.
De acordo com Dias, da Frette, os equipamentos devem continuar os mesmos: carros pequenos para coletas e entregas, com um centro consolidador para efetuar o embarque no aeroporto. “Estamos prevendo uma retração no mercado para 2022, com talvez pequenos volumes de embarques e maior frequência.”
Em sua resposta, Josana, do Grupo Sulista, cita o Plano Nacional de Logística 2035, do governo federal, que traça uma estratégia para a rede de transporte no futuro, integrando, pela primeira vez, todos os modais de transporte. “As tendências do setor estão, portanto, cada vez mais voltadas à sustentabilidade e à necessidade de descarbonização para limitar o aquecimento global.”
Segundo ela, as empresas, tanto transportadoras quanto embarcadoras, estão comprometidas em buscar alternativas energéticas menos poluentes, investindo, cada vez mais, em novas tecnologias.
A digitalização do segmento também é uma tendência, para Josana, e, recentemente, houve a aprovação do DTe (Documento Eletrônico de Transporte), documento eletrônico cujo objetivo principal é unificar a documentação relacionada ao transporte rodoviário de carga visando a desburocratização e melhorias no processo de fiscalização.
Por sua vez, Simon, do Grupo Troca Logística, acredita que um dos maiores desafios do setor vai ser conseguir fazer a previsibilidade dos voos, na questão de acompanhar a evolução ou a diminuição da pandemia. Isso exige alta resiliência e colaboração tanto entre equipes quanto na comunicação com clientes.
Outro item importante, de acordo com ele, é a utilização de aeronaves mais eficientes, resultando em economia mensal de custos de combustíveis, que foi o grande desafio durante a pandemia. “Isso certamente poderá ser um ponto positivo que impactará em melhores negociações para clientes, além da oferta de mais companhias que voltam a operar.”
Transformações
Com a pandemia, a atividade de transporte se dinamizou, seja no que diz respeito aos investimentos em novas tecnologias de gestão voltadas às operações, seja no que é relativo às revisões de foco e especialidade, opina Lumare Júnior, da Braspress.
“Quando as encomendas mudam, o transporte precisa responder com inovações. E há, sem dúvida, um crescimento das vendas digitais e mais encomendas decorrentes dessa forte onda do e-commerce”, declara.
O período pandêmico trouxe alguns ensinamentos, sendo talvez o de maior relevância um formato diferente de consumir, alavancando de forma rápida as plataformas de vendas de varejo. Exigiu, ainda, que indústrias e comércios se reinventem, buscando atrair o consumidor para comprar seus produtos e serviços. Esta é a análise de Lopes, da Braspress.
Esse movimento, segundo ele, produziu efeitos na cadeia logística, exigindo muita rapidez nas ações das empresas, mudanças estruturais e remodelagem dos serviços produzidos, com forte tendência à terceirização. “Isso contrariou nosso movimento estratégico, que caminhou na contramão desse tradicional modelo, já que verticalizarmos estruturas de crescimento em novas filiais, compramos 856 veículos novos, que não somente renovaram nossa já jovem frota, como também possibilitarão ampliar a capacidade de sustentar nossos crescimentos.”
Maior necessidade de resiliência e flexibilidade nos transportes aéreo e rodoviário são as principais mudanças e tendem a permanecer, opina Brunherotto, da DHL Supply Chain.
Ele cita o serviço do Rodo Expresso, que foi uma ação para minimizar os impactos da pandemia e que hoje já é o produto mais atrativo do portfólio de serviços da empresa. Este serviço consiste em fazer entregas no mesmo prazo do aéreo, através de transferências rodoviárias expressas, para rotas de até mil quilômetros.
“Outras questões, como gargalos de infraestrutura e redução de capacidade, embora devam seguir por algum tempo, tendem a passar devido aos novos investimentos vindos principalmente para atendimento das necessidades do e-commerce”, acrescenta Brunherotto.
Josana, do Grupo Sulista, cita a pesquisa da Confederação Nacional de Transportes (CNT), realizada no início de 2021, comprovando que o setor foi um dos mais afetados pela pandemia, com efeitos sem precedentes históricos. “Mas, apesar das perdas no período, as projeções são otimistas quando observamos dados até setembro de 21, por exemplo, quando houve aumento do nível de emprego”, observa.
Para Josana, a pandemia acelerou o processo de atenção a questões sustentáveis e de transformação digital, obrigando as empresas a se modernizarem e a repensarem seu modelo de negócio, readequando custos e modelos de trabalho. “As mudanças, sem dúvida, vieram para ficar. Apesar da aceleração tecnológica, a exemplo dos demais setores, o transporte também se humanizou. Cuidar das pessoas, ter uma equipe diversa, fomentar a criatividade e inovação se tornaram essenciais para o negócio”, destaca.
Muitas mudanças foram percebidas nesse período, na opinião de Simon, do Grupo Troca Logística, como mais cuidado no manuseio e separação das cargas, critérios sanitários mais rigorosos e maior celeridade nos processos para que se pudesse recuperar o tempo perdido com aeroportos fechados e restrição de acesso.
“A tendência é que se mantenham os cuidados impulsionados pela pandemia, mas o ritmo volte ao normal em breve, após a liberação de gargalos que se formaram pela demanda represada com o período pandêmico”, opina.
Foco no aéreo
Pelo lado somente do modal aéreo, Adalberto Febeliano, vice-presidente da Modern Logistics, diz que 2021 não foi muito diferente de 2020 no mercado doméstico. A menor capacidade nos porões dos aviões de passageiros, em função da redução de voos, foi compensada pela utilização de aviões de passageiros adaptados para transporte de carga, segundo regulamento específico aprovado pela ANAC, e pela frota de cargueiros. “Não houve mudança significativa no volume total de carga transportada, nem nos destinos principais”, expõe.
A carga aérea internacional, entretanto, viu aumento significativo de volume em 2021, diferentemente de 2020, em que o volume total foi similar ao de 2019 ao longo do ano. Entretanto, o uso de aviões cargueiros foi cada vez mais intenso. A partir de maio de 2021, houve um aumento importante do volume de carga internacional transportada em aviões, em função da crise dos contêineres e dos congestionamentos nos principais portos da Ásia e da América do Norte.
“Embora o Brasil esteja fora das rotas onde houve mais dificuldades, o fato é que a falta de capacidade afetou o sistema marítimo como um todo, e o transporte aéreo acabou sendo uma alternativa importante para a manutenção das cadeias produtivas mais dinâmicas”, explica Febeliano.
Sobre as perspectivas, ele acredita que há muita incerteza sobre o desempenho da economia mundial em 2022, e mais ainda sobre a economia brasileira. “A elevação substancial dos juros básicos não é um bom sinal, mas anos eleitorais normalmente trazem um certo estímulo à economia”, diz.
A expectativa para o transporte aéreo doméstico é que os níveis de tráfego de 2019 sejam retomados. Em outubro de 2021, o tráfego de passageiros já estava em 80% do tráfego de outubro de 2019, e o mercado aposta que os meses de alta estação serão de recuperação, fruto principalmente da redução no número de casos de corronavírus em função da vacinação.
O mercado internacional, por outro lado, continua muito enfraquecido, com cerca de 25% do volume de passageiros do ano de 2019 e um número de destinos (e frequências) muito menor, segundo o vice-presidente da Modern Logistics. “Essa combinação indica que a carga doméstica deverá voltar a contar com os porões dos voos de passageiros, aumentando significativamente o número de destinos disponíveis. Mas a carga internacional deverá continuar a depender dos voos cargueiros, dificultando um pouco a logística.”
De acordo com Febeliano, a retomada das entregas do Boeing 737 Max ao longo de 2021 tem levado a uma maior disponibilidade dos modelos NG anteriores – particularmente o Boeing 737-800 – para os processos de conversão em cargueiros.
“Essa tendência tem sido fortemente alimentada pelas necessidades logísticas do comércio eletrônico, levando a Boeing a credenciar mais três centros de serviços para fazer a conversão dos aviões em 2021, e prevê adicionar outros três em 2022”, comenta.
Outras empresas com experiência na conversão de aviões em cargueiros também estão comercializando esses serviços, e tudo indica que 2022 será o ano em que veremos a chegada dos primeiros 737-800F ao Brasil, acredita o entrevistado.
Segundo ele, a Airbus tenta aproveitar parte do crescimento desse mercado e lançou o A321F, um pouco maior do que o 737-800F – na verdade com capacidade similar à do 757, ainda muito popular entre os operadores de carga aérea, mas os volumes totais de encomendas ainda são muito favoráveis à Boeing.
Para Febeliano, em prazos mais longos, é razoável esperar uma demanda continuada por cargueiros para os voos internacionais, pois muitas empresas estão dando preferência a operar rotas diretas de passageiros com aviões menores, particularmente o Airbus A321XLR, que tem capacidade de carga muito menor do que os aviões de fuselagem larga, como o A330 Neo, o A350, o Boeing 787 e o Boeing 777.
Para o vice-presidente da Modern Logistics, a principal mudança trazida pela pandemia é estrutural e veio para ficar: a disseminação do uso do comércio eletrônico por parcelas bem maiores da população, estimulando enormemente a logística de alta velocidade nos mercados B2B e B2C – e essa velocidade, no Brasil, demanda transporte aéreo.
A dificuldade que os países vêm encontrando para estabelecer procedimentos padronizados para as viagens internacionais, de caráter mais conjuntural, continuará dificultando a retomada das viagens de passageiros, afetando por tabela o transporte de carga nos porões. “Isso favorece a atuação das empresas cargueiras internacionais, mantém os fretes mais elevados e reduz um pouco a disponibilidade de destinos e de opções de frequências”, conclui Febeliano.