As exportação de carne bovina brasileira atingiu novos patamares em abril de 2025, com EUA e México importando os maiores volumes mensais da história. Segundo dados compilados pela consultoria DATAGRO, os embarques totais da proteína bovina in natura somaram aproximadamente 241,6 mil toneladas, alta de 16,3% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Em termos de receita, as vendas renderam US$ 1,21 bilhão, avanço de 29% na comparação anual. Embora a China tenha se mantido como principal destino da carne brasileira (com cerca de 106 mil toneladas), os maiores crescimentos vieram da América do Norte.

Os Estados Unidos importaram 44,2 mil toneladas, aumento de 870,6% frente a abril de 2024, enquanto o México adquiriu 11 mil toneladas, alta de 340,9%. Esses volumes recordes coincidem com o anúncio do “tarifaço” de Donald Trump, que elevou para 36,4% o total de tarifas aplicadas à carne brasileira — considerando 26,4% de TRQ somados aos 10% adicionais sancionados pelo governo dos EUA.
Apesar das barreiras, os preços elevados do mercado norte-americano sustentam a demanda pela carne brasileira. Em abril, o valor do boi gordo nos EUA alcançou novo recorde, ultrapassando US$ 116 por arroba, o que encareceu toda a cadeia até o produto final. De acordo com a DATAGRO, mesmo com a taxação, a carne bovina brasileira continua, em média, 5% mais barata que o corte Choice no atacado dos EUA.
Déficit estrutural impulsiona demanda por carne bovina brasileira
A forte demanda norte-americana reflete um déficit de oferta estrutural no continente. O rebanho bovino agregado de EUA, México e Canadá é atualmente o menor desde 1960, segundo dados do USDA. Isso amplia a necessidade de importação e mostra que barreiras tarifárias não devem impedir a manutenção do bom momento das exportações brasileiras.
Nos EUA, fatores como clima irregular e falta de sucessão familiar nas pequenas propriedades de cria têm comprometido a reposição do rebanho. Com mais fêmeas sendo abatidas e animais mantidos por mais tempo nos confinamentos, o país busca aliviar a escassez no curto prazo, mas compromete ainda mais o potencial produtivo de longo prazo.