O futuro do setor de entregas com a mobilidade aérea – incluindo drones e VANTs – e a inteligência artificial

22/11/2024

A transformação da mobilidade aérea é impulsionada por estas tecnologias avançadas, acompanhada pelas mudanças na regulamentação do setor de transporte aéreo, o que promete mudar radicalmente a maneira como os produtos são transportados, principalmente em áreas urbanas e remotas.

É fascinante entrar no mundo da mobilidade aérea que está revolucionando o setor de entregas ao introduzir novos níveis de rapidez, eficiência e acessibilidade. “É como viver no presente a realização da fantasia do futuro imaginado por William Hanna e Joseph Barbera com os Jetsons, desenho animado lançado na TV americana em 1962, que perdurou até 1990 com um filme, e que proporcionou a várias gerações de crianças aguçarem seu imáginário sobre como seria a vida em 2062, com o carro voador, tevê de tela plana, smartphone, smartwatch, robô aspirador, tablet, pelo menos 12 previsões que viraram realidade até 2020.”

A “viagem” é de Ricardo Mota da Costa, vice-presidente da CISBRA – Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do Brasil, para, em continuação, destacar que a transformação da mobilidade aérea é impulsionada por tecnologias avançadas, especialmente o uso de drones e veículos aéreos não tripulados (VANTs), que estão mudando a maneira como os produtos são transportados, principalmente em áreas urbanas e remotas.

“Com o acelerado avanço das inovações tecnológicas, acompanhado pelas mudanças na regulamentação do setor de transporte aéreo e a melhoria contínua das capacidades dos drones, espera-se um aumento significativo no uso desses veículos aéreos não tripulados para o transporte de mercadorias e serviços de entrega.”

Ainda segundo Costa, as principais tecnologias envolvidas abrangem:

Drones de Entrega (UAVs) – Estão desempenhando um papel crucial na entrega de pequenos pacotes em curtas distâncias. Empresas como Amazon (Prime Air), Wing (do Google) e Zipline estão desenvolvendo sistemas para a entrega autônoma usando drones, capazes de evitar obstáculos, navegar em áreas densamente povoadas e realizar entregas precisas, associando tecnologias, como sensores e câmeras de navegação, para evitar colisões, sistemas de geolocalização avançada (GPS) para navegação precisa e redes de comunicação 5G para monitoramento em tempo real e controle remoto.

Veículos Aéreos Urbanos (UAM) – Além de drones, a mobilidade aérea inclui veículos maiores, como os eVTOLs (veículos elétricos de decolagem e pouso vertical) que são projetados para transportar cargas maiores e, no futuro, até mesmo passageiros. Eles incorporam tecnologias de propulsão elétrica (baterias de íon-lítio ou tecnologias emergentes de baterias de estado sólido), sistemas autônomos e inteligência artificial (IA) para voo e controle aéreo automatizado, e requerem plataformas de pouso vertical em áreas urbanas.

Com o desenvolvimento contínuo de novas tecnologias e a dinâmica de adaptação da regulamentação, a mobilidade aérea promete ser uma das maiores inovações na logística global, transformando a maneira como bens são entregues e aumentando a eficiência em todo o setor de transportes, acredita Costa. A mobilidade aérea, particularmente por meio do surgimento de drones e outros veículos aéreos não tripulados (VANTs), está transformando significativamente o setor de entregas ao aumentar a eficiência, a velocidade e a acessibilidade. Essa mudança é impulsionada por avanços em tecnologia, regulamentação e pela crescente demanda por métodos de entrega mais rápidos e sustentáveis.

Costa também relaciona as principais tecnologias envolvidas na transformação da mobilidade aérea:

Navegação autônoma e IA – Os sistemas de voo autônomo são essenciais para o sucesso da mobilidade aérea. Drones equipados com sensores avançados, câmeras e algoritmos de IA podem navegar em ambientes urbanos, evitar obstáculos e pousar de forma autônoma, sem intervenção humana. O aprendizado de máquina e a IA desempenham um papel crucial na tomada de decisões de voo, na otimização de rotas e na melhoria da segurança das operações.

Tecnologias de bateria e armazenamento de energia – O desenvolvimento de baterias leves e de alta capacidade é crucial para estender o alcance e o tempo de voo dos drones de entrega. Melhorias nas baterias de íons de lítio e pesquisas em tecnologias de armazenamento de energia de última geração (como baterias de estado sólido) estão ajudando os drones a voar mais e transportar cargas úteis mais pesadas.

Conectividade 5G – Redes de comunicação rápidas e confiáveis são essenciais para operação remota, transmissão de dados em tempo real e coordenação de voo autônomo. O 5G permite conexões de baixa latência e alta largura de banda, permitindo que os drones se comuniquem perfeitamente com centros de controle, outros drones e infraestrutura terrestre.

Mapeamento geoespacial e GPS – As tecnologias de GPS e o mapeamento geoespacial de alta precisão são vitais para o planejamento de rotas, prevenção de obstáculos e para garantir que os drones possam entregar pacotes com precisão aos seus destinos. Essas tecnologias ajudam os drones a navegar em ambientes urbanos complexos e a manter a segurança durante o voo.

Sensores e imagens avançadas – Os drones são equipados com uma variedade de sensores (por exemplo, lidar, radar, infravermelho) para detectar e evitar obstáculos, identificar zonas de pouso e coletar dados ambientais. Esses sensores são cruciais para voos autônomos seguros.

Também respondendo à questão sobre como a mobilidade aérea está mudando a paisagem do setor de entregas e quais são as principais tecnologias envolvidas nessa transformação, Vinícius Faustini, gerente de Logística Nacional e Internacional do Grupo China Link, destaca que ela reduz significativamente o tempo de transporte e alivia a pressão sobre a infraestrutura terrestre. Além dos drones e VANTs, sistemas de navegação por satélite, sensores avançados e inteligência artificial são essenciais para coordenar voos autônomos e garantir a segurança e eficiência dessas operações, diz Faustini.

“Muito se fala sobre o futuro das entregas com a chegada dos VANTs, eu vejo como o presente das entregas. Claro que ainda há um bom caminho para desenvolver e que ainda vai ser desenvolvido, mas já é um mercado que tem uma projeção de USD 2.81 bilhões para o ano de 2024 e que deve atingir USD 16,63 bilhões em 2029, segundo pesquisa da Mordor Intelligence. Ou seja, eu enxergo que a mobilidade aérea já está revolucionando o setor logístico oferecendo novas soluções para entregar mercadorias com mais rapidez, especialmente em longas distâncias ou em áreas de difícil acesso”, avalia Vanessa Bianculli, gerente de Marketing do Melhor Envio.

Ela continua: “Percebemos que, ao integrar o transporte aéreo em nossas operações, conseguimos acelerar o tempo de envio e atender regiões que o transporte terrestre sozinho não alcançaria de maneira eficiente. Além disso, a mobilidade aérea oferece uma oportunidade de otimização nas entregas de última milha e, especialmente quando penso em drones – ainda que não estejamos atuando com a tecnologia no momento –, visualizo um grande potencial para resolver desafios em áreas urbanas densamente povoadas ou regiões remotas, visto que permitem entregas em áreas de difícil acesso e, futuramente, devem ajudar a reduzir custos e tempo de entrega em zonas urbanas.”

Benefícios

O uso de drones e VANTs em entregas oferece vários benefícios potenciais em comparação aos métodos de entrega tradicionais, como caminhões, vans e entregadores humanos. Objetivamente, podemos deduzir que as principais vantagens são, de acordo com Costa, da CISBRA:

Redução de custos de combustíveis – Os drones geralmente exigem menos combustível ou energia (principalmente drones elétricos) e podem reduzir a necessidade de motoristas, manutenção de veículos e custos de combustível, tornando as operações mais econômicas a longo prazo.

Redução de custos de mão de obra com melhoria da qualidade do emprego – Com drones automatizados, as empresas podem reduzir a dependência de mão de obra, reduzindo a quantidade de postos de trabalho, migrando para um melhor aproveitamento dos recursos humanos, proporcionado melhoria da qualidade do emprego e renda mediante qualificação e incorporação de novas habilidades, necessárias ao novo modelo de trabalho.

Benefícios ambientais – A redução da pegada de carbono é o maior benefício na cadeia dos fatores poluentes que impactam no desequilíbrio ambiental e decorre da menor emissão de CO2 pelos drones elétricos em comparação com caminhões de entrega movidos a diesel e demais veículos movidos a combustível fóssil, contribuindo para operações de entrega mais ecológicas e ajudando as empresas a atingir metas de sustentabilidade e a evoluir para um modelo de gestão ESG.

Alcance e acessibilidade – Áreas remotas e difíceis de alcançar – Drones são ideais para entregas em locais remotos, áreas rurais ou lugares com terrenos difíceis que podem ser inacessíveis a veículos tradicionais, como regiões montanhosas ou pequenas ilhas.

Ajuda em desastres e entregas de emergência – Os drones podem entregar rapidamente suprimentos vitais, como remédios, alimentos ou equipamentos em situações de emergência, como desastres naturais, onde a infraestrutura tradicional pode ser danificada, assim como nos grandes centros urbanos com mobilidade comprometida pelo congestionamento de tráfego.

Maior flexibilidade e escalabilidade – Operações dinâmicas e escaláveis priorizam o uso dos drones pela facilidade de sua implantação conforme necessário, oferecendo maior flexibilidade no dimensionamento de operações de entrega durante horários de pico ou quando a demanda flutua, através de rotas flexíveis, uma vez que os UAVs podem se adaptar mais facilmente a mudanças nas necessidades de entrega, oferecendo às empresas soluções mais dinâmicas e responsivas.

Experiência aprimorada do cliente – Os drones oferecem um método de entrega higiênico, evitando a interação física entre entregadores e clientes, conhecida como “Entrega sem contato”, que se intensificou com a crescente demanda por opções sem contato, especialmente após a pandemia.

Precisão e confiabilidade – UAVs equipados com sistemas avançados de GPS e IA podem garantir entregas mais precisas e confiáveis para locais específicos, minimizando erros na última milha.

Segurança e monitoramento – O rastreamento em tempo real dos drones fornece monitoramento com segurança aprimorada para pacotes de alto valor. Muitos drones também são equipados com câmeras, oferecendo recursos extras de vigilância.

Faustini, do Grupo China Link, também relaciona os principais benefícios na utilização de drones e VANTs nas entregas: maior velocidade de entrega, especialmente em áreas de difícil acesso ou congestionadas, e redução de custos operacionais a longo prazo, já que a entrega aérea exige menos infraestrutura física e minimiza os riscos de atrasos associados ao tráfego. Além disso, os drones podem realizar entregas programadas e em locais remotos, o que melhora a cobertura logística e a flexibilidade para empresas.

“Eu vejo uma série de benefícios na utilização de drones e VANTs em relação aos métodos tradicionais. Para mim, o principal é a velocidade, uma vez que eles podem contornar o tráfego terrestre e alcançar áreas remotas ou congestionadas com maior facilidade. Outro importante benefício é a sustentabilidade: ao reduzir o número de veículos nas estradas, poderíamos diminuir as emissões de carbono e incentivar práticas mais ecológicas – algo que já é tido como uma exigência de parte dos consumidores brasileiros, que veem a redução da poluição (61%) e a utilização responsável dos recursos naturais (58%) como importantes fatores na decisão de compra, segundo Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC)”, diz Vanessa, do Melhor Envio.

Questões regulatórias

A implementação da mobilidade aérea no setor de entregas levanta várias questões regulatórias e de segurança, incluindo gerenciamento do espaço aéreo. Afinal, a integração de drones e outros veículos de mobilidade aérea em sistemas de controle de tráfego aéreo existentes é crucial para evitar colisões e garantir operações seguras. Órgãos reguladores como a FAA – Federal Aviation Administration nos EUA estão desenvolvendo estruturas para gerenciamento de tráfego de UAS (Unmanned Aircraft Systems).

A certificação e conformidade consiste – segundo Costa, da CISBRA – na garantia das empresas que seus veículos atendam aos padrões de segurança e obtenham as certificações necessárias. Isso envolve testes rigorosos e adesão aos regulamentos estabelecidos pelas autoridades de aviação. “As entregas usando veículos aéreos podem levantar preocupações de privacidade para os indivíduos, pois os drones podem capturar imagens ou dados durante os voos. As empresas estão implementando políticas e tecnologias para proteger a privacidade e garantir a segurança dos dados.”

Já as questões de segurança são tratadas através dos protocolos que as empresas devem desenvolver para lidar com possíveis maus funcionamentos ou emergências. Isso inclui sistemas redundantes, procedimentos de pouso de emergência e medidas de segurança pública.

A poluição sonora é uma preocupação decorrente do ruído gerado por drones que pode afetar ambientes urbanos. É essencial abordar as preocupações com ruído por meio de melhorias de design e limites operacionais.

“No geral, uma abordagem colaborativa entre empresas, reguladores e comunidades é crucial para a implementação bem-sucedida e segura da mobilidade aérea em serviços de entrega”, diz o vice-presidente da CISBRA.

Além destas questões, há outras, como as apontadas por Faustini, do Grupo China Link, incluindo a definição de zonas de voo seguro e a necessidade de garantir que drones e VANTs não interfiram no tráfego aéreo tradicional. Segundo ele, muitas empresas estão trabalhando em conjunto com órgãos reguladores para desenvolver regras claras e tecnologias de segurança, como sistemas de prevenção de colisões e rotas restritas. A certificação de pilotos para controlar essas aeronaves e o desenvolvimento de legislação que abranja voos autônomos também são áreas críticas.

“Em minha visão, a implementação da mobilidade aérea para entregas, especialmente com drones, traz desafios regulatórios importantes que precisam ser enfrentados com cuidado. Aqui no Brasil, a ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil já estabeleceu normas específicas, como o RBAC-E No. 94, que regula o uso de drones comerciais. Isso inclui o registro dos equipamentos e a necessidade de licenças para operá-los, especialmente em áreas urbanas. O que vejo como essencial para qualquer empresa que queira adotar essa tecnologia é estar bem informada sobre as regras de segurança e operação. Por exemplo, há limites claros de altitude e de distância, e as operações em áreas com grande concentração de pessoas exigem autorização prévia. Além disso, é fundamental ter seguro para proteger tanto a empresa quanto terceiros.”

Em resumo – completa Vanessa, do Melhor Envio –, o avanço é promissor, mas os desafios regulatórios precisam ser tratados de forma séria. “Eu acredito que as empresas que conseguirem se adaptar a essas exigências de inovação logística terão ampla vantagem competitiva. ”

Completando esta questão, Alexandre Zaramela, CEO da Moya, também lembra que as principais questões incluem a regulamentação do espaço aéreo, certificação de aeronaves não tripuladas, integração segura com aeronaves tripuladas, privacidade de dados e riscos de colisões ou falhas técnicas. Ele também vê as empresas trabalhando em conjunto com órgãos reguladores, como a ANAC no Brasil e a FAA nos EUA, para desenvolver padrões de segurança e definir áreas de voo específicas para drones. Além disso, investem em tecnologias de georrefenciamento, sistemas anticolisão e monitoramento contínuo das aeronaves.

IA na otimização de rotas

Também vale destacar que a inteligência artificial está melhorando significativamente a otimização de rotas das entregas por meio de análise de grandes quantidades de dados, incluindo padrões de tráfego, condições climáticas e tempos históricos de entrega, para identificar as rotas mais eficientes. Ao processar dados em tempo real, a IA pode adaptar rotas dinamicamente para evitar atrasos, comenta Costa, da CISBRA.

Os algoritmos de aprendizado de máquina podem aprender com entregas anteriores para prever as melhores rotas com base em vários fatores, como hora do dia, condições da estrada e localização do cliente. Esse aprendizado contínuo ajuda a refinar e melhorar a eficiência da rota ao longo do tempo.

Já com a Análise preditiva a IA pode prever janelas de demanda e entrega, permitindo que as empresas planejem previamente rotas com base nos volumes de pedidos esperados e na disponibilidade do cliente, o que minimiza o desperdício de tempo e recursos.

O roteamento dinâmico é um método com IA que permite ajustes em tempo real nas rotas de entrega conforme as condições mudam, como engarrafamentos repentinos ou fechamentos de estradas. “Essa flexibilidade ajuda a garantir entregas pontuais e aumenta a satisfação do cliente. Ao otimizar rotas, as empresas podem reduzir o consumo de combustível e o desgaste dos veículos, levando a custos operacionais mais baixos. Isso também contribui para as metas de sustentabilidade, minimizando as pegadas de carbono”, aponta o vice-presidente da CISBRA.

O uso da IA também impacta profundamente no ganho da eficiência operacional, através do roteamento inteligente, que reduz os tempos de entrega, permitindo que as empresas atendam mais pedidos em menos tempo e aumentem a produtividade geral. Insights baseados em IA ajudam a gerenciar e otimizar os recursos da frota de forma mais eficaz, reduzindo o tempo ocioso e melhorando a utilização do veículo, proporcionam o aprimoramento da experiência do cliente com as entregas pontuais que levam à maior satisfação do cliente, promovendo fidelidade e negócios recorrentes. Da mesma forma, à medida que as empresas crescem, a IA pode ajudar a gerenciar as crescentes demandas de entrega sem um aumento proporcional em custos ou complexidade e tomar decisões estratégicas, baseadas em dados que auxiliam no planejamento de longo prazo, como otimizar locais de depósito e estratégias de gerenciamento de frota.

Eduardo Canicoba, vice-presidente da Geotab para o Brasil e especialista em gestão de frotas e telemática, também ressalta que a inteligência artificial tem transformado o setor de entregas possibilitando decisões mais ágeis e eficientes. A partir da análise de dados históricos de uma operação logística, como o desempenho dos veículos e motoristas da frota, a IA pode identificar as rotas mais eficientes, reduzindo o tempo ocioso dos veículos e maximizando a produtividade. Além disso, a IA também desempenha um papel crucial no monitoramento de indicadores-chave ligados à manutenção de frota, sustentabilidade, consumo de combustível e eficiência que permitem uma gestão mais eficaz, redução de custos e menor impacto ambiental, destaca Canicoba.

“Com o uso da inteligência artificial, as nossas rotas são otimizadas para fazer coletas mais eficientes. Assim, os clientes também recebem seus pacotes com agilidade e precisão. Além disso, a integração via API e o monitoramento em tempo real do pacote garantem que cada etapa seja cada vez mais transparente. Com a IA, também reduzimos a distância entre pontos de entrega em até 20% com zoneamento inteligente, o que otimiza ainda mais o tempo de entrega. Além disso, toda a cadeia de distribuição tem total visibilidade e autonomia operacional, garantindo que cada entrega seja feita de forma eficiente e segura.” A consideração, agora, é de Alexandre Felix, vice-presidente de Operações da Loggi.

Nas conversas com as transportadoras parceiras do Melhor Envio, conta Vanessa, está sempre presente a pauta de como a inteligência artificial é uma aliada na otimização das rotas de entrega, analisando uma vasta quantidade de dados em tempo real, como condições climáticas, trânsito e demanda de remessa. “Com esses dados, os algoritmos conseguem traçar as rotas mais eficientes, tanto para entregas terrestres quanto aéreas. Isso tudo, é claro, reduz significativamente o tempo e o custo das operações, beneficiando quem vende e quem compra a acessar fretes mais baratos e com prazos menores. Além disso, a IA possibilita a previsão de picos de demanda, ajudando a planejar operações conforme necessário.”

Roberta Ferreira, diretora de marketing da ALD Automotive|LeasePlan, ao analisar de que forma a inteligência artificial está sendo aplicada na mobilidade, diz que o primeiro ponto é lembrar que ela se dedica a desenvolver sistemas capazes de realizar tarefas que requerem uma inteligência humana (compreender uma linguagem, aprender, ter raciocínio, resolver problemas, por exemplo). E lembrar, ainda, que mobilidade é sempre muita ampla e que aqui o foco é para uma mobilidade mais voltada à veículos e frotas.

Carros conectados (sensores de IOT) – Telemetria (saber quem dirige um carro); câmeras inteligentes (enviar alertas quando entende que o condutor está cansado – bocejando, coçando olho, cabeça que se desvia do eixo, etc.).

Mobilidade como um serviço – Veículos de aplicativo (quando entendemos informações de quanto será uma viagem – preços dinâmicos, quanto tempo demoraremos, etc.).

Rotas ou otimização de tráfego – Apoio à condução (mapa) que sugere o caminho mais rápido; sistemas que informam as rotas mais baratas (economia de combustível);

Carros autônomos – Aprendem de experiências anteriores (para serem mais seguros), processam dados como câmera, faixa e tomam decisões.

IA na gestãode estoques e atendimento ao cliente

A integração da inteligência artificial na gestão de estoques e no atendimento ao cliente pode transformar a experiência do usuário de várias maneiras e ter um impacto significativo na fidelização de clientes. Costa, da CISBRA, relaciona algumas formas de como isso acontece e os impactos esperados:

Melhoria da Experiência do Usuário

1. Como funciona na Previsão de Demanda – Algoritmos de IA analisam dados históricos de vendas, tendências de mercado e fatores sazonais para prever a demanda futura. Seu impacto resulta em evitar faltas de estoque ou excessos, garantindo que os clientes encontrem os produtos que desejam, na quantidade que precisam e na sua “janela temporal”.

2. Personalização do Atendimento – A IA pode analisar o comportamento do cliente e suas preferências para oferecer recomendações personalizadas. Uma experiência mais personalizada faz com que os clientes se sintam valorizados e compreendidos, aumentando a satisfação.

3. Atendimento ao Cliente Automatizado – Chatbots e assistentes virtuais podem responder a perguntas frequentes, resolver problemas simples e orientar clientes em suas compras. Respostas rápidas e precisas reduzem o tempo de espera e melhoram a eficiência do atendimento, resultando em clientes acolhidos e mais felizes.

4. Gerenciamento Eficiente de Estoque – Sistemas de IA podem monitorar o estoque em tempo real, otimizando a reposição e reduzindo desperdícios. Um estoque bem gerido garante que os produtos certos estejam disponíveis, melhorando a experiência de compra.

5. Análise de Sentimentos – A IA pode analisar feedbacks e comentários de clientes em redes sociais e plataformas de avaliação. Essa análise permite que as empresas entendam melhor as necessidades dos clientes e façam ajustes em tempo real.

Impactos na Fidelização de Clientes

1. Aumento da Satisfação do Cliente – Uma experiência de compra mais fluida e personalizada leva a clientes mais satisfeitos, com maior probabilidade de retornarem.

2. Construção de Relacionamentos – Ao entender e antecipar as necessidades dos clientes, as empresas podem construir relacionamentos mais fortes e duradouros, aumentando a lealdade.

3. Redução da Taxa de Churn – Com um atendimento ao cliente mais eficiente e soluções personalizadas, a taxa de desistência (churn) tende a diminuir, pois os clientes se sentem mais atendidos.

4. Promoção do Boca a Boca – Clientes satisfeitos são mais propensos a recomendar a marca para amigos e familiares, ampliando a base de clientes de forma orgânica.

5. Maior Valor de Vida do Cliente (CLV) – A fidelização leva a um aumento no valor de vida do cliente, já que clientes leais tendem a gastar mais ao longo do tempo.

“A integração da IA na gestão de estoques e no atendimento ao cliente não apenas melhora a experiência do usuário, mas também cria um ciclo positivo de fidelização. À medida que as empresas se tornam mais eficientes e personalizadas em suas abordagens, a satisfação do cliente cresce, levando a relacionamentos mais duradouros e a um aumento na lealdade à marca”, completa o vice-presidente da CISBRA.

Faustini, do Grupo China Link, também ressalta que a IA pode prever demandas com mais precisão, otimizando os níveis de estoque para evitar falta ou excesso de produtos. Isso melhora a disponibilidade dos itens e reduz o tempo de entrega. No atendimento ao cliente, a IA pode oferecer suporte personalizado e soluções mais rápidas para dúvidas ou problemas, aumentando a satisfação do cliente. Com essa eficiência, as empresas têm mais chances de fidelizar clientes e criar uma experiência de compra positiva e consistente.

De fato, como também atesta Zaramela, da Moya, a IA pode prever demandas com maior precisão, automatizar o reabastecimento de estoques e personalizar a experiência do cliente com sugestões e prazos de entrega mais rápidos e precisos. No atendimento ao cliente, a IA pode ser usada em chatbots e sistemas de suporte automatizados, resolvendo dúvidas rapidamente e melhorando a experiência pós-venda. Isso resulta em maior satisfação e fidelização dos clientes, ao garantir que eles recebam seus pedidos no menor tempo possível e de forma eficiente.

“Na gestão de estoques da Loggi, aplicamos técnicas de machine learning para prever demandas e otimizar nosso inventário. Dessa forma, utilizamos software de gerenciamento de armazém avançado e disponibilizamos aplicativo de XD para nossos operadores, facilitando o processo e aumentando a eficiência em cada etapa. No atendimento ao cliente, utilizamos, por exemplo, chatbots para realizar o contato inicial, assim, conseguimos oferecer um atendimento mais ágil, respondendo dúvidas em tempo real. Além disso, temos ferramentas de IA para categorização no atendimento que agiliza o processo de entendimento, análises e tratativas internas. Portanto, a integração da inteligência artificial melhora a nossa operação interna, ajuda a desenvolver o mercado e também expande a experiência do usuário, que beneficia tanto nossos clientes quanto a Loggi”, diz Felix.

Antes de tudo, revela Vanessa, do Melhor Envio, apesar de toda a inovação que a inteligência artificial traz para o atendimento ao cliente, é fundamental ter cautela com a desconfiança por parte dos consumidores. Uma pesquisa recente da Gartner mostrou que 64% das pessoas preferem não lidar com IA no atendimento ao cliente. Isso destaca um dos principais desafios: equilibrar a eficiência que a IA proporciona com a necessidade de manter um toque humano nas interações. Muitas empresas estão buscando esse equilíbrio, implementando a IA para ela poder ser usada para personalizar interações e antecipar necessidades, agilizar o atendimento, mas mantendo um canal aberto para interações humanas quando necessário.

“Já quando falamos de otimizar processos como gestão de estoques, a IA pode, sem dúvida, fazer ajustes em tempo real e reduzir o risco de falta ou excesso de mercadorias. O impacto disso na fidelização de clientes está diretamente ligado à forma como essa tecnologia é aplicada: quando bem implementada, a IA pode atender necessidades de forma eficiente, o que gera confiança e fortalece o relacionamento com a marca. No entanto, uma implementação mal executada pode ter o efeito oposto, afastando os clientes que se sentem desconectados ou insatisfeitos com o atendimento. Ou seja, planejar, testar e aplicar precisam ser processos contínuos nessa implementação”, completa a gerente de Marketing do Melhor Envio.

Desafios

As empresas do setor de entregas que buscam adotar a mobilidade aérea, e com ela também a inteligência artificial, enfrentam vários desafios importantes, mas muitas estão trabalhando ativamente para lidar com esses obstáculos.

A seguir, Costa, da CISBRA, faz uma análise dos principais desafios e possíveis soluções.

Desafios na adoção da mobilidade aérea

1. Conformidade regulatória – O desafio de navegar por regulamentações complexas e em evolução para uso do espaço aéreo, padrões de segurança e diretrizes operacionais pode ser assustador. Já a solução se dá no amplo envolvimento das empresas com órgãos reguladores no início do processo de desenvolvimento para moldar políticas e garantir a conformidade. A colaboração com grupos da indústria também pode ajudar a simplificar as regulamentações.

2. Requisitos de infraestrutura – O desafio é estabelecer a infraestrutura necessária, como vertiportos e estações de recarga, que exigem investimento significativo e planejamento urbano. Em contrapartida, a solução decorre de entendimentos técnicos e parcerias com governos locais e desenvolvedores de infraestrutura necessários como facilitadores do planejamento coordenado e o financiamento para as instalações necessárias.

3. Percepção e aceitação pública – Preocupações com segurança, poluição sonora e questões de privacidade são os principais desafios que deverão ser superados, já que podem dificultar a aceitação pública de soluções de mobilidade aérea. A solução perpassa pelo investimento empresarial em campanhas de divulgação pública para educar as comunidades sobre medidas de segurança, benefícios ambientais e possíveis casos de uso, promovendo aceitação e confiança.

4. Limitações tecnológicas – A tecnologia atual de baterias e a aerodinâmica podem limitar o alcance e a capacidade de carga útil de eVTOLs e drones. Na era ESG, o grande obstáculo consiste no tratamento e na reciclagem das baterias. No entanto, há pesquisas e desenvolvimento contínuo de tecnologias avançadas de baterias e fontes alternativas de energia que visam melhorar o desempenho e a eficiência dos acumuladores e novos combustíveis “verdes”, produzidos em cadeias renováveis.

5. Complexidade operacional – Integrar a mobilidade aérea às redes de logística e transporte existentes. O uso de ferramentas de simulação e programas piloto para refinar modelos operacionais é o caminho para integrar soluções de mobilidade aérea com as demais modais de transporte é a forma de obter uma solução multimodal eficaz.

Desafios na adoção de inteligência artificial

1. Qualidade e acessibilidade de dados – Sistemas de IA exigem grandes volumes de dados de alta qualidade, que podem nem sempre estar disponíveis ou facilmente acessíveis. Neste sentido, a solução das empresas é o investindo em sistemas de coleta e gerenciamento de dados, geralmente usando parcerias ou colaborações para reunir diversos conjuntos de dados para treinar modelos de IA.

2. Escassez de talentos – A grande escassez de profissionais quali- ficados em IA e aprendizado de máquina dificulta a implementação eficaz dessas tecnologias pelas empresas. Para superar este desafio, as organizações estão se concentrando em programas de treinamento, qualificação de funcionários existentes e parcerias com instituições acadêmicas para cultivar um pipeline de talentos.

3. Integração com sistemas legados – Incorporar IA em sistemas legados existentes pode ser complexo e custoso. Já a adoção de estratégias de integração incremental, onde ferramentas de IA são introduzidas gradualmente, ajuda a minimizar interrupções e permite transições mais suaves.

4. Considerações éticas e tendenciosas – Os sistemas de IA podem inadvertidamente perpetuar vieses presentes em dados de treinamento, levando a preocupações éticas. Esta realidade leva empresas e organizações públicas e privadas a priorizem a justiça e a transparência no desenvolvimento de IA, implementando equipes diversas, conduzindo auditorias e desenvolvendo diretrizes para uso ético de IA.

5. Questões regulatórias e de conformidade – O cenário regulatório em evolução em torno do uso de IA em vários setores pode criar incerteza. A participação ativa em discussões regulatórias e iniciativas de conformidade pode ajudar as empresas a navegar nessas complexidades e moldar regulamentações futuras.

Zaramela, da Moya, entende que os principais desafios incluem os altos custos iniciais de desenvolvimento e implantação, as limitações de autonomia de voo e capacidade de carga dos drones, a complexidade da integração com sistemas de logística existentes e a necessidade de conformidade com regulamentações. As empresas estão investindo em pesquisa e desenvolvimento para aprimorar a tecnologia, além de buscarem parcerias com startups e instituições de pesquisa para acelerar a inovação e a adaptação regulatória.

Também para Faustini, do Grupo China Link, entre os principais desafios estão os altos custos iniciais de implementação, a regulamentação rígida e o desenvolvimento da tecnologia necessária para garantir operações seguras e eficientes. Segundo ele, muitas empresas estão investindo em pesquisa e desenvolvimento, parcerias com startups de tecnologia e colaborando com agências governamentais para testar soluções em ambientes controlados antes de uma adoção em larga escala.

“O maior desafio na adoção da mobilidade aérea e da inteligência artificial pelas empresas está nos altos custos iniciais e na adaptação às regulamentações, que são bem rígidas, especialmente nesse setor. Além disso, existe a necessidade de criar uma infraestrutura adequada, o que demanda tempo e investimentos”, concorda Vanessa, do Melhor Envio. Outro ponto, ainda segundo ela, é integrar essas novas tecnologias com os métodos logísticos já utilizados. Isso requer um planejamento detalhado para que a operação continue fluindo bem, sem causar interrupções.

No caso da inteligência artificial, o grande desafio é garantir que os dados usados sejam precisos e que a automação melhore a eficiência sem afetar a experiência do cliente, buscando o equilíbrio entre inovação e segurança operacional.

A questão da integração com sistemas existentes também é levantada por Felix, da Loggi. Ele lembra que muitas empresas ainda operam com processos tradicionais que podem não ser compatíveis com soluções de IA, e com isso a integração dessas tecnologias com sistemas legados pode trazer desafios. Além disso, a resistência à mudança pode ser um fator que dificulta a adoção de novas tecnologias. Por fim, a conformidade com regulamentações, questões éticas e monitoramento para garantir sempre a segurança de dados também são áreas que exigem atenção. 

Roberta, da ALD Automotive|–LeasePlan, cita os principais desafios que as empresas enfrentam na adoção da inteligência artificial na mobilidade: Investimento (em pessoas, sistemas, em dedicar parte do investimento para novos projetos); Prioridades (na linha de prioridade das empresas ainda há algumas tendo problemas com qualidade de dados, e não é possível dar este passo); Regulamentação; Segurança (carro autônomo e acidentes, até uso de chats que podem colocar em risco as empresas).

Exclusivamente no caso da adoção da IA no setor de entregas, Canicoba, da Geotab, diz que são apresentados desafios significativos, principalmente em duas frentes: a integração com sistemas existentes e a adaptação organizacional à cultura de dados.

Segundo o vice-presidente da Geotab, a implementação de integrações com IA exige plataformas tecnológicas robustas, expansíveis e com suporte contínuo, capazes de lidar com as novas demandas. Além disso, a mudança para uma cultura orientada a dados é crucial para o sucesso da implementação. “Para facilitar essa transição, assistentes de IA têm sido bem recebidos por sua interface intuitiva e familiar.”

As empresas também investem na capacitação de suas equipes, visando integrar a IA aos seus processos e combinar os insights da IA com a tomada de decisões. “Essa abordagem híbrida, que une a automação em tempo real com a expertise humana, permite aproveitar ao máximo o potencial da IA no setor de entregas”, finaliza Canicoba.

Participantes desta matéria

ALD Automotive|LeasePlan – É considerada líder global de mobilidade sustentável, e provê serviços completos de leasing operacional e locação de frota, soluções flexíveis, serviços de gestão de frota e soluções de multimobilidade para uma base de clientes de grandes companhias e PMEs.

CISBRA – Câmara multisetorial e multilateral, desenvolve parcerias estratégicas com as três esferas de governo, representações diplomáticas, câmaras de comércio e governos estrangeiros, aproximando o Brasil do mundo.

Geotab – Tem se destacado com sua capacidade de IA generativa, que oferece insights sob demanda para gestores de frota. Desde o desempenho dos veículos até eficiência e sustentabilidade, fornece informações abrangentes e de fácil compreensão, simplificando a análise de dados da frota com modelos de linguagem natural.

Grupo China Link – Iniciou suas atividades em outubro de 2009 no setor de importações da China. Nos anos seguintes, expandiu sua presença no mercado brasileiro e, atualmente, as empresas da holding atuam em áreas que vão desde a consultoria de importação até o bem-estar e a segurança ocupacional dos colaboradores. A missão é oferecer uma ampla gama de soluções B2B no mercado.

Gaudium – Dona da Machine, é uma startup focada nos mercados de mobilidade e logística, e já participou de dois Programas de Aceleração Scale Up da Endeavor. Além da Machine, é dona do 55content, o principal portal de notícias sobre aplicativos de transporte e entregas do Brasil.

Loggi – Empresa brasileira que está transformando a logística por meio da tecnologia. Começou com entregas rápidas dentro das grandes cidades, expandindo sua atuação por todo o território nacional, se consolidando como um dos maiores players de logística no mercado de e-commerce brasileiro. 

Melhor Envio – É uma logtech de intermediação de fretes para quem vende online, onde é possível realizar cotações, gerar etiquetas de frete e realizar o rastreamento de pedidos.

Moya Aero – É uma subsidiária da ACS Aviation, empresa brasileira especializada em engenharia aeronáutica, pesquisa e desenvolvimento de aeronaves. Com mais de 20 anos de experiência na indústria da aviação, apresentou o primeiro veículo autônomo de alta capacidade construído na América Latina, o Moya eVTOL.

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