Embora otimistas quanto ao desenvolvimento do setor neste ano, praticamente todos os entrevistados alegam que o crescimento só vem com o controle da pandemia. E também com a adotação de medidas que melhorem a economia.
Sabemos que as empilhadeiras exerceram papel importante no início da pandemia, pois mercados, hospitais, serviços públicos e armazéns repositores, entre outros setores, não pararam em um momento tão sensível. E os locadores ficaram “de prontidão” para atender às necessidades destes segmentos.
Também sabemos que 2020 foi um ano difícil para o setor de locação, com paradas de empresas, devolução de máquinas, suspensão de contratos e até falta de pagamento, além de crescimento aquém das expectativas do início do ano.
Mas, agora é hora de olhar para frente e analisar 2021. Quais as perspectivas para este novo ano, considerando que haja controle da pandemia, além do desempenho da economia, as necessidades do mercado no “novo normal” e até o papel das empilhadeiras neste “novo normal”.
Otimista, Eduardo Makimoto, diretor da Aesa Empilhadeiras aponta que 2021 trás boas expectativas para locação. “Estamos esperando e nos preparando para um incremento na demanda após fevereiro, quando haverá a eleição na Câmara dos Deputados e no Senado Federal e algumas reformas, até então travadas, tendem a caminhar. Teremos também uma visão mais clara da vacinação em massa, com isso a confiança da indústria será retomada e os investimentos acontecerão.”
A Aesa está se preparando com estoque de máquinas à pronta entrega para atendimento imediato, assim como adoção de novos procedimentos de gestão que irão melhorar a visão dos clientes quanto à frota locada. “Os novos procedimentos são compostos por um conjunto de ferramentas, como KPI´s em tempo real e um painel gerencial, onde o cliente tem acesso a toda a frota e pode inclusive concentrar chamados técnicos em uma única plataforma, sem necessidade de fazer contato por e-mail ou telefone quando necessita de alguma manutenção. A informação em tempo real é uma tendência que se torna cada dia mais parte de nossa realidade. A pandemia reforçou a importância de a informação estar acessível de qualquer lugar que o gestor do contrato esteja, seja no escritório, seja em casa”, diz Makimoto.
Também se mostrando otimista, Eduardo Almeida D’Elboux, gestor de Custos e Orçamentos da Elba Equipamentos e Serviços, aponta para um ano mais estável. “Certamente 2021 será melhor que 2020, mas fica difícil fazer uma previsão comparando 2021 com o ano de 2019.”
D’Elboux acredita que com a vacinação contra o vírus da Covid-19 haverá um declínio na pandemia a partir do segundo semestre, embora ainda serão enfrentadas restrições que poderão prejudicar a prestação de serviços e locação de máquinas, especialmente em função do prazo dilatado de entrega de novas máquinas, que só deve normalizar a partir do segundo semestre de 2021.
“Mesmo se consideramos que não haverá declínio da pandemia em relação ao cenário atual, acreditamos que 2021 será melhor que 2020, pois as empresas e pessoas tiveram que ‘aprender’ a trabalhar durante a pandemia. Em todas as empresas que atuamos existem rotinas implantadas de testagens constantes para detecção do vírus, além da várias medidas para mitigar os efeitos de transmissão do vírus, como medição de temperatura, uso constante de máscaras e álcool gel, adequação de refeitórios para reduzir a transmissão, afastamento temporário de funcionários contaminados, dentre outras.”
Na verdade, para o gestor de Custos e Orçamentos da Elba, o “novo normal” independe da vacinação. Graças à iniciativa da própria indústria, houve a implantação de vários procedimentos nas empresas que estão mitigando os efeitos nocivos da transmissão do vírus.
Marcelo Travain Ayub, da JM Empilhadeiras, também diz que continuam otimistas, ainda mais com o início da vacinação. “Mesmo com as adversidades do isolamento social, o Brasil não parou – e não vai parar – e temos a convicção de que a demanda por empresas do nosso segmento de empilhadeiras continuará em alta, tanto porque o setor produtivo precisa abastecer o país, como também pelo constante processo de verticalização pelo qual as empresas estão passando.”
Ayub acredita que haverá exigência cada vez maior por empresas que prestem um serviço de excelência para otimizar ao máximo o investimento em logística – “e é por isso que vamos continuar focados na melhoria contínua e na modernização dos nossos processos, além de ampliar nosso investimento em qualificação profissional, e temos a certeza de que vamos colher bons frutos, assim como estamos colhendo atualmente”.
Outro otimista, Luis Felipe Savoy, CEO da Viaduto Soluções Logísticas, diz que as perspectivas são ótimas, e acredita que um plano de vacinação nacional eficaz, somado à estabilidade econômica e à equalização da oferta/demanda, ajudará a manter um crescimento exponencial no setor de locação.
Quanto ao “novo normal”, o CEO da Viaduto diz que ele é digital 4.0. “Entendemos que esse é um caminho sem volta e o papel das empresas de locação é importantíssimo, tanto para suprir a demanda de equipamentos, como para desenvolver soluções logísticas que gerem maior produtividade. Alguns setores, como e-commerce, multiplicaram-se durante a pandemia e esse crescimento gerou necessidades/oportunidades para o setor.” Neste sentido, a empresa vai inaugurar, agora em 2021, um showroom voltado para a indústria 4.0, com investimento de 2M e que tem como principal objetivo acelerar a evolução no pais e garantir a segurança e velocidade adequada na implementação dos projetos, segundo Savoy.
Renato Vaz, diretor Comercial da Marbor Frotas Corporativas, também espera um ano melhor ainda do que 2020. “Os sinais da economia são positivos, mas, naturalmente, e, como muito se diz, dependerá do controle da pandemia, das campanhas de vacinação. Preferimos pensar o ano em trimestres.”
Vaz também ressalta que as necessidades operacionais permanecem as mesmas, mas, sem dúvida, uma necessidade de maior proximidade dos clientes, para agir com prontidão e atenção, se destacou em 2020 e certamente permanecerá como um novo patamar de relacionamento e atendimento.
“As empilhadeiras são e sempre foram peças fundamentais em toda operação industrial e logística. Então, esta nova fase destaca os serviços relacionados a esses equipamentos. Ou seja, os clientes não analisam mais somente os equipamentos, mas toda a estrutura de atendimento e suporte que seus fornecedores realmente conseguem prover. O nível de disponibilidade dos equipamentos deve ser alto e atender às demandas operacionais do cliente, para que, aí sim, possamos dizer que esse é o normal, um atendimento excelente”, completa o diretor Comercial da Marbor.
Carlos Henrique Filizzola, gerente Comercial de Rental e Logística da Tradimaq, também está esperando que, com a vacina contra a Covid-19, o ano seja bastante promissor. Ele acredita que a economia pode ter um crescimento forte, devido à necessidade de retomar os níveis de estoque das cadeias produtivas e a retomada de investimentos que ficaram represados pela falta de perspectiva positiva. “Temos expectativa de um ajuste forte no câmbio, que ficou em patamares exagerados, o que seria excelente para o nosso setor.”
Filizzola também ressalta que a logística, como um todo, está sendo o setor mais requisitado no momento do “novo normal”, devido obviamente à sua função primordial de provimento de bens para todos os níveis de consumo, sendo que os negócios virtuais estão sendo amplamente requisitados. Diante disso, diz o gerente comercial da Tradimaq, a locação de equipamentos de movimentação de cargas será fundamental para a alavancagem dos negócios.
Também condicionando o crescimento e a recuperação do mercado à vacinação, Antonio Carlos Rubino, diretor da Trax Rental do Brasil, acredita que só desta maneira vai voltar a confiança nos empresários, de modo a fazerem novos investimentos em atualização e expansão. “O fator de crescimento – o quanto e quando – vai depender da disponibilização da vacina, de maneira que as atividades econômicas de diversos setores possam voltar ao crescimento esperado.”
Rubino também diz que a volta ao “novo normal” se dará de forma gradual, com a adequação das necessidades e disponibilidade de equipamentos. E que as empilhadeiras, não importando se a combustão ou elétricas, sempre terão um papel importante na movimentação de materiais. “A substituição de empilhadeiras por equipamentos autônomos será de forma muito lenta e gradual, e somente em alguns setores, onde a economia se fará presente para a substituição”, completa o diretor da Trax.
Marcelo Yamamoto, da SDO Comércio Importação e Locação de Equipamentos – SDO Equipamentos, também acha que só poderemos falar em declínio da pandemia a partir do momento que tivermos a vacinação.
“Esperamos que a retomada das atividades continue progredindo e a economia continue se recuperando, para um bom desempenho em 2021. Entendemos que o mercado continuará buscando por equipamentos cada vez mais eficientes e limpos. A SDO Equipamentos acredita tanto nisto que, além das empilhadeiras já concebidas para as baterias de lítio da EP Equipment que distribui, também está investindo fortemente na substituição da tecnologia de chumbo ácido por lítio. Em breve apresentaremos uma grande novidade para este segmento.”
Yamamoto também destaca que o papel das empilhadeiras continuará sendo de grande importância para a “movimentação” das atividades econômicas do país. Cada vez mais com foco na eficiência energética, ergonômica e ambiental.
Fábio D. Pedrão, diretor Executivo da Retrak Comércio e Representações de Máquinas, por seu lado, entende que teremos um cenário de estabilidade no início de 2021. “As vacinas trarão um cenário de otimismo aos mercados. Como a vacinação será lenta e os resultados ainda incertos, tendo em vista que não teremos vacinas para todos de imediato, entendo que teremos estabilidade no primeiro semestre de 2021.”
Ainda segundo Pedrão, o melhor dos cenários de retomada econômica e normalidade não será para 2021. Teremos sim um mercado melhor porque 2020 foi um ano atípico e anormal. Nunca havíamos vivido um momento tão extremo como esse. “Apesar deste cenário difícil, tivemos um ano pior que o planejado, mas, mesmo assim, bom para a Retrak. Tivemos um aumento de receita bruta entre 6% e 8% quando comparado a 2019.”
O diretor Executivo da Retrak também relaciona as necessidades do mercado no “novo normal”: ele continuara demandando a locação, que permite suprir necessidades específicas. “A facilidade de ter um especialista provendo equipamentos modernos e na quantidade adequada para as operações é fundamental para as empresas. E as empresas já perceberam a grande vantagem da locação quando comparada à compra do ativo: adequação para sazonalidades, redução no custo com manutenções, maior rapidez nos reparos, já que o cliente não necessita cotar peças e reparos em várias empresas, e a vantagem tributária com a redução dos impostos.”
Sobre o papel das empilhadeiras neste “novo normal”, Pedrão diz que o setor de empilhadeiras é bastante sensível às crises – é o primeiro item que se posterga investimentos em momentos de crise. Com a locação é o contrário: ao sinal de crise o cliente deixa de investir em ativos e prefere o custo variável do serviço de locação de empilhadeiras.
Meire Herrera, gerente Administrativa, e Marcos Herrera, gerente Operacional, ambos da Empilhadril Locação e Manutenção de Empilhadeiras, lembram que, infelizmente, vamos conviver com esse vírus por um bom tempo, e os empresários precisam continuar a acreditar em nossa economia e, com o mercado de serviços, ajudar nessa empreitada.
“Com a falta de estratégia para manter o mercado interno, fomos muito afetados pela alta das exportações, então precisaremos urgente de medidas para aquecimento do mercado interno, tanto pelo Governo Federal, como pelo Estadual e até o Municipal, para que as empresas voltem a contratar e aquecer nosso mercado”, diz Meire.
Pelo seu lado, Marcos diz que o “novo normal” exige estratégias para o mercado interno, para que não haja desabastecimento de matérias primas e insumos para a indústria nacional. “Por outro lado, o trabalho da empilhadeira, neste ‘novo normal’, ajuda no serviço rápido e sem aglomeração, facilitando o serviço dentro das empresas e o melhor fluxo de materiais”, diz o gerente Operacional da Empilhadril.
Braitner Marangoni Abreu, assistente Executivo do Gerente Geral da Fimatec Comércio e Representações, também destaca que a pandemia permanecerá ainda por mais algum tempo. É impossível fingirmos que nunca aconteceu ou disfarçar que estamos vivendo um momento de plenitude. “2021 será um período de recuperação e de crescimento.”
Para Abreu, tudo agora depende do nível de confiança da população no novo modelo de vida de 2021. As pessoas estão mais ligadas em consumir bens através de meios digitais. “O que muda é o canal pelo qual as pessoas consumirão, mas não deixarão de atender as suas necessidades e até mesmo seus desejos. Pelo contrário, essa agonia de ter de ficar tanto tempo segurando seus impulsos uma hora terá seu fim.”
O assistente Executivo da Fimatec também lembra que as empresas estão mais antenadas na produtividade e eficiência. A busca agora está por reduzir custos, sem perder qualidade e nível de serviço entregue ao cliente, contando ainda com agilidade na entrega dos seus produtos para ganhar market share. “As empilhadeiras estão acompanhando essa nova era e estão cada vez mais tecnológicas. Sua performance vai além apenas do uso do operador, contando, principalmente, com a análise de número da gestão de operações. Saber extrair seu potencial nesse momento fará com que a empresa seja mais produtiva e fará melhor proveito dos seus recursos.”
Jean Robson Baptista, do Departamento Comercial da Empicamp Comércio e Serviços de Empilhadeiras, pensa que 2021 será um “ano de ajustes”, para nos readequarmos a fatos consumados e expectativas, dificultando saber o que é ou não passageiro. “A Combilift, até o momento, foi a única que não repassou uma nova tabela de valores e, sendo assim, estamos com uma expectativa otimista com relação às vendas em 2021. Acredito que equipamentos de movimentação ainda têm um importante papel na economia, apenas teremos que nos acostumar com um cliente ainda inseguro. Certamente, algo acontecerá com os valores de locação após essa pandemia e seja o que for, não terá um sabor passageiro.”
Alberto Orsovay, diretor Comercial da Movicarga Comércio e Locação de Bens, acredita que o principal desafio, que foi a mudança repentina de cenário, tanto na chegada da pandemia quanto na retomada do segundo semestre, está sendo superado. O grande desafio para 2021 são as consequências econômicas, principalmente o âmbito fiscal. O resultado de longo prazo das reformas já implantadas no último ano, como a da Previdência, foi integralmente comprometido com as ações necessárias por parte do Governo para conter uma crise que poderia ser ainda mais aguda. Isso só torna as reformas que estavam em tramitação ainda mais necessárias e importantes. O aumento do dólar, somado à falta de insumos, pressiona a inflação, o que, junto com o aumento da dívida pública, pressiona uma alta de juros no longo prazo.
Parte dessa alta de preços já é sentida no mercado de locação, onde o custo de aquisição de novos equipamentos subiu consideravelmente (mais de 30% em seis meses), além do longo prazo de entrega por parte dos fabricantes – continua Orsovay.
“Por conta disso, a diferença de preços de locação entre equipamentos novos e seminovos é notória, e aí que entramos novamente na palavra-chave de 2020 no segmento de locação: flexibilidade. Sentimos que o mercado nesse ‘novo normal’ busca soluções rápidas, por conta da intensidade desta retomada, onde o longo prazo de entrega de novos equipamentos e o alto custo de locação dos mesmos, causado pelo aumento de preços, acabam ‘engessando’ as condições para os locadores. Somados à incerteza do mercado, equipamentos seminovos a pronta entrega, que atendam os SLAs de disponibilidade e tempo de manutenção, com condições mais flexíveis de aumento ou redução de escopo, têm sido os mais procurados”, completa o diretor Comercial da Movicarga.
Sidney Matos, da Upload Equipamentos Eireli, acredita que a pandemia estará totalmente sob controle apenas no segundo trimestre de 2021, porém os efeitos na economia ja terão sido os piores de qualquer crise que passamos até hoje.
“Os gastos obrigatórios do Governo estão em 94%, e isso dificulta demais acontecer investimentos em infraestrutura. O desemprego deve continuar crescendo no primeiro semestre e o que poderia fazer diferença seria a continuidade do auxilio emergencial, sem ele a economia tenderá a ser negativa também em 2021.”
Papel da locação
Vale destacar também o papel da locação de empilhadeiras dentro da logística depois da experiência da pandemia. Houve mudanças?
Makimoto, da Aesa Empilhadeiras, ressalta que as mudanças devem ocorrer especialmente no setor de varejo. De acordo com ele, as grandes varejistas estão buscando ampliar e otimizar os serviços de entrega de mercadoria comprada on-line, com isso o uso de empilhadeiras de corredor estreito e muito estreito tende a crescer. Assim como a adoção de novas tecnologias para monitoramento da frota on-line, uma vez que, nem sempre, o gestor do contrato estará fisicamente no mesmo local que as empilhadeiras, podendo estar em home office ou no escritório.
“A locação veio pra ajudar as empresas que não precisam investir no maquinário e só se preocupam com sua produção. Isso já vem ocorrendo há quase 30 anos e a cada ano se solidifica e mostra que o objetivo da empresa é não se preocupar com a movimentação de seus produtos, pois sempre vai ter uma empilhadeira disponível para o serviço”, dizem, agora, os representantes da Empilhadril.
A mesma linha de pensamento tem Abreu, da Fimatec. Afinal, segundo ele, a locação só ganha forças com essa nova era. O mercado possui empresas consolidadas que têm o know-how das operações dos mais diversos segmentos, garantindo que não somente serão locadores de empilhadeiras, mas que sabem atuar como consultores logísticos, auxiliando o seu cliente na gestão de custos da sua operação.
Pelo seu lado, D’Elboux, da Elba, lembra que as empilhadeiras ainda são equipamentos essenciais na logística. “No Brasil enxergamos um grande mercado potencial para empilhadeiras e manipuladores, especialmente no mercado de construção civil. Cada vez mais ocorrerá implantação de processos de automação de atividades com redução de mão de obra, especialmente em atividades de movimentação e elevação de cargas.”
Matos, da Upload, também acredita que a locação tende a ser cada vez mais uma tendência, porque o empreendedor necessita de flexibilidade e caixa, e 2020 foi a prova de fogo para demonstrar que a locação é uma grande solução, deixando o empreendedor focar no seu principal negócio.
Já Vaz, da Marbor, ressalta que a crise nos levou à reinvenção e readaptação, a ações produtivas por parte de todos, para os clientes e também para a empresa.
“A importância de um bom parceiro, flexível e que atenda as exigências do cliente, está mais valorizada após essa experiência. A arte de se reinventar, propondo soluções de ganho de produtividade com redução de custos, fideliza e estreita a relação. As empresas de frota própria sentiram essa dificuldade ao se adequarem às mudanças de cenário. O Trade-in, produto onde a Movicarga adquire a frota do cliente e disponibiliza outros equipamentos para locação, é o que tem tido maior procura, exatamente em busca dessa flexibilidade, além dos outros benefícios da locação que já conhecemos, como custo de ativo, falta de uma gestão especialista do equipamento, além do custo de energia e recursos gastos (ex: o comprador que compra uma nova máquina de produção de USD 1 milhão precisa parar a negociação para comprar uma peça de empilhadeira)”, acrescenta Orsovay, da Movicarga.
Pedrão, da Retrak, também fala desta “reinvenção”, destacando que a pandemia mostrou que podemos fazer mais com os recursos que temos. “Muitas empresas, como nós, desconhecíam o home office, o trabalho à distância. Hoje, nos tornamos mais eficientes com menos recursos. Vários foram os levantamentos feitos pela Retrak que resultaram em ganho de produtividade para nossos clientes.”
Para Filizzola, da Tradimaq, o legado não será somente na locação, mas sim na consolidação da intralogística como segmento essencial ao bom desempenho logístico de todos os setores, indústria ou serviços. Sem uma eficiente gestão de armazéns, onde os equipamentos de movimentação são os protagonistas, a roda da economia não gira com o vigor necessário. “Esta experiência acelerou a transformação no setor, provocando as empresas de locação de empilhadeiras a se adequarem rapidamente à nova realidade do mercado que valoriza empresas que geram valor com soluções logísticas 4.0”, acrescenta Savoy, da Viaduto.
Mudanças
Vale destacar também o que mudou no setor de locação de empilhadeiras durante a pandemia, e se estas mudanças vieram para ficar ou são passageiras.
Para D’Elboux, da Elba, o mercado SPOT de máquinas foi afetado de maneira direta devido, inicialmente, à forte redução da demanda e agora em função do crescimento. “Acreditamos que com a pandemia, este é um mercado que continuará crescendo, pois as empresas que demandam este tipo de serviço buscam um fornecedor que tenha ‘na prateleira’ os equipamentos disponíveis para locação quando necessário, sem a necessidade de pagar pelos mesmos quando não houver demanda.”
Já o mercado de contratação fixa – ainda segundo o gestor de Custos e Orçamentos da Elba – sofrerá mudanças. Nunca houve na história recente da indústria uma pandemia. “De um lado os locadores buscarão mais proteção para garantir a remuneração fixa dos ativos; e de outro, as empresas contratantes desejam pagar pelo equipamento somente quando usarem o mesmo, e com preço bem inferior em relação ao mercado SPOT.”
Vaz, da Marbor, lembra que a maior e mais produtiva mudança foi a proximidade com os clientes, já que as demandas eram diversas e diferentes. “Entendê-las e entregar soluções foi um grande aprendizado que ficará em nossos processos.”
A proximidade com o cliente também é apontada por Orsovay, da Movicarga. “Um bom parceiro nunca é deixado para trás.”
Outras mudanças, como o uso da tecnologia (telemetria, por exemplo), vieram para ficar, desde que sejam viáveis – continua o diretor Comercial da Movicarga. A demanda por equipamentos elétricos subiu consideravelmente, seja por conta da questão sustentável, o que seria uma mudança mais permanente, seja pelos aumentos sucessivos no preço do GLP em algumas praças, que criam a oportunidade de mercado, pincipalmente em operações mais agressivas, com rodagem superior a 500 h/mês.
Considerando que as mudanças mais significativas foram as reduções dos faturamentos para os equipamentos parados, Pedrão, da Retrak, também mostra um estreitamento da relação com os clientes. “Para alguns clientes tivemos equipamentos que só foram faturados para o dia de utilização. Isto permitiu ao cliente adequar o número de equipamentos e reduzir seu custo de frota. São ganhos de produtividade da Retrak para seus clientes que vieram para ficar.”
De fato, para Rubino, da Trax, as mudanças no setor de locação foram mais na forma de redução de quantidade de equipamentos devido à redução de atividade e redução de valores, até uma melhor visão da situação. “Nenhuma mudança estrutural em nossa avaliação foi significativa. A pandemia veio a fortalecer que a locação é melhor do que comprar equipamentos.”
“Mudou a visão de que os contratos não podem ser revistos, precisando demonstrar flexibilidade. Vimos locadores perdendo negócios porque nao quiseram ser flexíveis”, completa Matos, da Upload.