A Inteligência Artificial como impulsionadora da cadeia logística foi o assunto do webinar realizado pela Logweb, em parceria com a W6connect, no dia 27 de abril, formatado especialmente para a Blue Yonder.
Na ocasião, profissionais de grande experiência no assunto levaram ao público aplicações, tendências e insights na área, que vem crescendo cada vez mais, impulsionada pelos desafios do mercado atual.
Segundo o moderador, Samuel Baccin, diretor de alianças estratégicas e parcerias da Blue Yonder na América Latina, a grande questão é como alcançar rentabilidade utilizando Machine Learning, Inteligência Artificial e Deep Learning na logística. “Sem essas tecnologias, seria possível enfrentar esses 13 meses de pandemia?”, questionou.
E falando justamente sobre o impacto da pandemia na logística, quem comentou primeiro foi Pedro Moreira, presidente da Abralog – Associação Brasileira de Logística. De acordo com ele, o setor já vinha sofrendo com uma recessão há quase quatro anos, e quando a esperança era que tudo começasse a melhorar, veio a pandemia. Isso levou muitas empresas a enfrentarem sérios problemas para continuar no mercado. “Há dois fatores fundamentais para a sobrevivência das empresas: capital de giro e crédito, que ficaram bem escassos para boa parte delas.”
Outro ponto observado por Pedro é que muitas organizações não tinham a prática de analisar cenários e elaborar planos de contingência. “Pelo que acompanhamos, as empresas que estão se saindo bem nesta crise são aquelas com maior velocidade de adaptação ao cenário, ou seja, que desenvolveram resiliência. Isso se consegue com processos mapeados, tecnologia e com proatividade da liderança para ampliar a base da dados.”
Mais questões importantes, ainda listadas pelo presidente da Abralog, são a capacidade de renegociação consciente de preços, sem prejudicar as margens, e o bom e sólido relacionamento com a base de clientes. “Essas empresas construíram isso com o tempo.”
Por sua vez, Gutemberg Almeida, cloud solution industry executive da Microsoft, disse que, sem tecnologia, o mercado teria sofrido ainda mais na pandemia e arcado com muito mais custos.
Puxando gancho na fala de Pedro, contou que um estudo publicado pela Microsoft mostrou como é necessário criar cadeias de suprimento resilientes. “Noventa por cento das empresas consultadas observaram que teriam de fazer modificações dentro de sua Supply Chain, pois não estavam preparadas para lidar com situações de disrupção”, ressaltou Gutemberg.
Para serem competitivas, elas precisam analisar, em tempo real, o que está acontecendo e como é possível manipular os dados através da tecnologia para resolver os problemas sem prejudicar o custo. “Grande parte dos investimentos precisa estar relacionada a como trazer velocidade, agilidade e resiliência para a cadeia de suprimentos. Por isso a tecnologia tem papel importante nesse cenário”, reforçou.
Migração de canal
Os últimos três meses foram de grandes desafios para os sistemas que operam com a cadeia de suprimentos, destacou Raphael Chaves Dias, transportation GPM – LOG.Co, da AmbevTech. “Aprendemos bastante e ainda estamos aprendendo. Já entendemos que precisamos evoluir na cadeia como um todo para ter maior flexibilidade.”
O impacto sentido pela Ambev nesta crise foi a migração do canal de consumo, dos bares e restaurantes para as casas das pessoas, gerando mudança de SKU. Se nos bares bebe-se mais produtos com embalagens retornáveis, em casa consome-se mais os descartáveis, como latas e garrafas long neck, o que causou falta de insumos e uma complexidade operacional muito grande.
“Sem nenhuma forma de IA auxiliando as pessoas a tomarem decisões durante os processos, fica muito difícil ter resultado satisfatório. Se for possível resumir o que a Ambev aprendeu com essa experiência, diria que foi ser mais flexível às grandes mudanças. Precisamos ter uma previsibilidade maior e isso se dá através da coleta de mais dados, para entender a demanda em tempo real”, explicou Raphael.
Ele acredita que a flexibilidade de mudar uma cadeia de suprimento inteira de forma rápida vai ser um grande diferencial. “Só através de tecnologia a gente consegue fazer isso de forma eficaz e eficiente.”
E foi com a ajuda da Blue Yonder que a Ambev lidou com esse desafio. “Através de nossos mais de 1000 cientistas de dados, conseguimos trazer para nossas soluções os componentes de IA e Machine Learning que conseguem suportar esse volume de dados. Assim, tiramos a responsabilidade do usuário para que se consiga trazer mais escalabilidade para resolver problemas específicos e tomar decisões mais assertivas. A demanda precisa ser resolvida o tempo todo. Sem IA, isso é humanamente impossível”, destacou Rogério Lima, solution advisor da Blue Yonder.
Proação e prevenção
Boa inteligência é aquela que agrega valor, tanto para pessoas quanto para processos, disse Raphael, da Ambev. Ele lembrou que na greve de caminhoneiros, em 2018, a empresa tomou a iniciativa de criar, de forma centralizada, um command center (track & trace).
“Sofremos com a falta de informação e percebemos que poderíamos fazer algo diferente. Nosso monitoramento de frota era descentralizado, tendo uma pessoa responsável por cerca de 11 carretas. Com a centralização, percebemos que poderíamos alavancar esse número através de algoritmos, usando a IA para suportar o processo. Atualmente, temos 150 unidades por analista de monitoramento”, revelou.
O próprio sistema mostra onde é preciso atuar, não é necessário olhar para cada veículo. Isso potencializa a tomada de decisão. “Ter informações em tempo real, além de alavancar a produtividade, colabora com a segurança dos motoristas. Isso porque a IA também é usada para indicar fadiga, o que permite uma rápida ação da equipe com relação ao profissional.”
Complementando, Rogério, da Blue Yonder, salientou que a AI atua de forma proativa e preventiva, para identificação do problema antes que ele ocorra, permitindo que haja tempo para reagir. “Nossa estratégia é ter uma cadeia de suprimentos autônoma, com torres de controle que conectem todos os ecossistemas, oferecendo uma visão integrada de todos os elos, como transporte, produção e armazenagem. Além disso, informações de clima, congestionamento, desvios e greves podem ser usadas para otimizar a movimentação de cargas. Ajudar a reconhecer as exceções antes que um impacto maior aconteça é a maior vantagem da IA na logística.”
Gutemberg, da Microsoft, aproveitou para salientar que o 5G vai ajudar muito na questão da sensorização, permitindo aprimorar o monitoramento do produto e do transporte.
Colaboração
Raphael também contou que a Ambev registrou um crescimento de mais de 400% no número de pedidos pelo Zé Delivery – plataforma que entrega cerveja gelada a preço de supermercado em menos de 20 minutos. “Isso mostra como o consumidor está mudando. Este crescimento é desproporcional. Não estávamos preparados para atender a esse pico de transformação. É aí que entra outra tendência: a da colaboração. É preciso uma logística flexível para atender as demandas dos clientes da melhor forma possível.”
De fato, para Pedro, da Abralog, um dos grandes legados que essa pandemia deixou é a colaboração, até entre concorrentes. “Aqui no Brasil isso era difícil de ver, inclusive por questões culturais. Mas essa questão é muito importante, pois vai ajudar na digitalização. É preciso somar competências. As empresas concorrentes precisam se falar. Essa grande rede precisa ser construída”, expôs.
O webinar está disponível no endereço: https://youtu.be/hewtaYF74V4
Este webinar foi preparado, pela Logweb, em parceria com a W6connect, especialmente para a Blue Yonder.
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