Importadores: Câmbio, alto custo do frete marítimo e falta de contêineres marcaram o setor em 2021

11/01/2022

Para superar estes problemas, as soluções foram tratar com muito profissionalismo a gestão de estoques e a agregação de valor aos clientes. E também a pesquisa e negociação com novos fornecedores, parcerias e análises de investimentos.

 

Os principais desafios de 2021 para a importação de empilhadeiras foram o câmbio e a falta de contêineres, que precisaram ser tratados com muito profissionalismo na gestão de estoques e com agregação de valor aos clientes, mostrando como equipamentos de alta performance podem reduzir o custo total das operações.

“No caso do mercado brasileiro, sentimos a retração da participação dos equipamentos elétricos. Fazendo uma comparação com a Europa, enquanto hoje lá o market share dos equipamentos a combustão é de 18%, no Brasil ainda está em torno de 50%. Esse número é reflexo da cultura que existe no país de calcular apenas o valor da aquisição do bem como custo efetivo de operação. Quando este é o único parâmetro, cria-se a ilusão de que os equipamentos intralogísticos a combustão são mais vantajosos, uma vez que o preço do equipamento elétrico em si é maior. Um enorme equívoco do ponto de vista financeiro e de gestão.”

A análise é de Raphael Souza, gerente Corporativo Comercial da Jungheinrich Lift Truck. E ele continua: “Embora a implantação de equipamentos elétricos, especialmente aqueles com bateria íon-lítio, demande investimento inicial mais elevado em relação aos equipamentos a combustão, ele é compensado no custo total da operação, o TCO (Total Cost of Ownership). Esse cálculo, o TCO, leva em consideração a produtividade, a performance, a redução de acidentes, disponibilidade e preços de peças de manutenção, redução de custos de abastecimento, minimização de impacto ambiental, agilidade na operação, conforto dos operadores, precisão e agilidade no atendimento de pós-vendas, tempo entre manutenções necessárias, entre outros custos diretos e indiretos”.

Também fazendo uma análise do setor no ano de 2021, Mauro da Silva Arrais Junior, diretor presidente da CLARK Material Handling Brasil, ressalta que, de longe, os maiores desafios foram o alto custo do frete marítimo e a indisponibilidade de contêineres. “O mercado nacional está muito aquecido, principalmente o mercado de máquinas a combustão.”

Para a Combilift aconteceram alguns fenômenos que reforçaram sua presença no mercado brasileiro a partir do início da pandemia, e estes fenômenos replicam o que ocorreu em outros mercados em que atuam: O câmbio volátil e a inflação em moeda forte fizeram com que as análises de investimentos fossem avaliadas com mais critério. “Como somos uma empresa de soluções logísticas que trazem benefícios econômicos, isto não teve impacto negativo nos negócios”, diz Rafael Kessler, diretor da Combilift no Brasil.

Ainda segundo ele, o aumento dos custos de frete e a imprevisibilidade de prazos afetaram toda a cadeia logística, incluindo os subfornecedores da empresa – isto impactou o prazo de entrega da Combilift, bem como de muitos outros players importantes do mercado. “Conseguimos minimizar o impacto em alguns casos com a programação antecipada de alguns produtos-chave, mas ressalto a importância do planejamento de longo prazo quando a questão for otimização de espaço, segurança e produtividade. Não fosse a dilatação do prazo de entrega, 2021 seria o melhor ano da história da Combilift no Brasil.”

Como importador, a Up Load Equipamentos passou o ano pesquisando e negociando novos fornecedores, porque concluíram que o único fornecedor não atendia todas às necessidades de seus clientes. “Iniciamos parcerias de produção e fornecimentos de novas linhas, como as paleteiras manuais com nossa marca, e também partimos para a introdução de equipamentos da linha verde, para pequenas fazendas. As instabilidades causadas pela economia global e pelas incertezas e ameaças internas trouxeram um esforço maior de monitoramento das condições financeiras. O preço do frete subiu astronomicamente, impactando ainda mais do que a desvalorização do Real, trazendo, por fim, a inviabilidade e substituição de alguns itens/equipamentos. Por fim, a redução do imposto de importação de alguns itens por parte do governo federal traz um alento de aproximadamente 1% no custo final, alento mais psicológico no sentido de que procurou-se fazer algo para ajudar a cadeia de fornecimento do setor logístico. Esperamos um 2022, apesar de ser um ano de eleições gerais, mais estável econômica e financeiramente”, completa Sidney Matos, da Up Load.

 

Como será 2022?

Também otimista quando a 2022, Arrais Junior, da CLARK, tem a expectativa de um mercado ainda aquecido e uma gradual melhora no abastecimento à partir do segundo semestre.

“Nos últimos dois anos observamos o comportamento de consumo mudar substancialmente no Brasil com os aplicativos de delivery e o e-commerce. Esse salto, forçado pela pandemia, já está consolidado como hábito. Os consumidores não querem mais processos de compras enormes, tanto nas vendas físicas quanto online. Nesse sentido, para atender mais clientes, as empresas passaram a investir em mais agilidade e eficiência na movimentação de seus estoques. Com isso, ganham cada vez mais espaço no mercado as empilhadeiras especialmente desenhadas para realizar a seleção de pedidos, assim como as soluções de sistema para integração entre equipamentos e WMS.”

Esta é a avalição das perspectivas de mercado feita por Souza, da Jungheinrich. Ele também ressalta que não podemos descartar o fato de que a consciência de consumo tem ganhado uma nova perspectiva. “As empresas estão cada vez mais preocupadas em garantir o chamado padrão ESG (Environmental, Social and Governance). Ou seja, as responsabilidades social, ambiental e a governança vêm mudando o modo como os negócios são conduzidos e estão cada vez mais em pauta. Na prática, a empresa tem de ter coerência em todo o seu processo para ser considerada sustentável. Assim, é fundamental toda essa parte de intralogística ser revista. Os consumidores vão cobrar isso de todas as empresas, é uma questão de tempo. Por isso, nosso maior investimento, seja no Brasil, seja nos outros mercados do mundo, são as empilhadeiras elétricas com bateria íon-lítio.

Já na visão de Kessler, da Combilift, espaço, localização estratégica, versatilidade, cubagem, custo por posição, soluções customizadas e automação são temas cada vez mais bem entendidos na Intralogística, e esta tendência seguirá sendo cada vez mais forte no Brasil e no mundo.

 

Tecnologia

É certo que estas tendências envolvem muito de tecnologia. E ela se faz presente com força no segmento de empilhadeiras.

A pressão por tecnologia hoje está totalmente ligada à questão ambiental, especialmente às novas normas estabelecidas por grandes mercados, como o europeu. Como exemplo, a maioria dos grandes fabricantes de veículos de transporte já possui planos de eletrificação de sua frota e descontinuação de motores a combustão, e no mercado de equipamentos intralogísticos não poderia ser diferente. Ai entra a integração do sistema de bateria na arquitetura das empilhadeiras elétricas, assim como na produção das próprias baterias de lítio e carregadores. “Esse conjunto de inovações representa a chegada de um novo conceito de máquinas ao segmento de intralogística, com a ampliação de produtividade originada pelo aumento das velocidades de elevação das cargas e pela possibilidade de adensamento de armazenagem originado pela redução dos corredores operacionais dos equipamentos”, diz Souza, da Jungheinrich.

Alto desempenho, recargas em poucos minutos, manutenção zero e longa vida útil das máquinas garantem a disponibilidade constante desses equipamentos em três turnos, sem emissão de gases, sem risco de acidentes com os operadores durante a troca de bateria, nem a necessidade de salas de baterias – como no caso das baterias de chumbo-ácido – ou ainda bateria reserva.

Na prática, continua o gerente Corporativo Comercial da Jungheinrich – os clientes têm um equipamento sem emissão, extremamente silencioso, de fácil utilização e manutenção e capaz de atuar com agilidade em corredores operacionais estreitos com redução absoluta dos riscos de acidentes. Tais qualidades tornam essas máquinas recomendadas tanto para ambientes abertos quanto fechados, como depósitos, fábricas, armazéns, câmaras frigoríficas ou áreas explosivas.

Para Kessler, da Combilift, sustentabilidade e automação baseiam as tecnologias aplicadas às empilhadeiras. “Em breve devemos ver o fim das empilhadeiras a combustão, e os fabricantes se preparam para isso. Da mesma forma precisam oferecer soluções de automação em seu portfólio ou se associar com empresas que possam oferecer.”

Arrais Junior, da CLARK, também aponta que a maior demanda do mercado está no campo da redução de consumo de combustível ou alternativas aos atuais equipamentos movidos a GLP. “Equipamentos movidos com bateria de íons de lítio continuam sendo muito cotados, mas ainda existe uma barreira a se vencer no custo inicial de aquisição.”

 

Pandemia

Como nos outros setores ligados às empilhadeiras mostrados nesta sequência de matérias de Logweb, o de importação de máquinas também sentiu os efeitos da pandemia. “Treinamentos online se tornaram muito mais efetivos e tendem a continuar para sempre. Reuniões online estão estreitando muito mais o relacionamento entre a fábrica e seus distribuidores. As reuniões com clientes tendem a se tornar presenciais novamente, principalmente nos estágios iniciais das negociações. O trabalho home office e a melhor utilização dos escritórios devem continuar”, avalia Arrais Junior, da CLARK.

Já para Kessler, da Combilift, além de aumentar radicalmente o crescimento do e-commerce, a pandemia alterou os fluxos internacionais de frete marítimo, o que obrigou as empresas a aumentarem os níveis de estoque e o número de pontos de distribuição. Passado o primeiro momento de atender o mercado a qualquer preço, virá a segunda onda de atender o mercado pelo preço que ele pode pagar.

“Temos três pontos importantes aqui que a pandemia nos trouxe. O primeiro deles, e sentido de forma imediata, foi a capacidade do atendimento pós-venda das empresas. Ninguém tinha como prever a pandemia, mas foram realizados investimentos na automatização dos serviços e em tecnologias que pudessem atender remotamente nossos clientes.”

O segundo ponto – ainda segundo Souza, da Jungheinrich – é a demanda por agilidade e eficiência de armazéns e estoques. “Como já citei, os serviços de delivery, que hoje vão além da categoria ‘refeição’, e o e-commerce ganharam outro peso no comportamento de compra. Os consumidores não querem mais processos de compras enormes, tanto nas vendas físicas quanto online. Nesse sentido, para atender mais clientes, as empresas passaram a investir em empilhadeiras especialmente desenhadas para realizar a seleção de pedidos, assim como as soluções de sistema para integração entre equipamentos e WMS.”

O último ponto é a própria questão ambiental. A pandemia trouxe o sentimento de “finitude” e, com isso, as pessoas passaram a ter mais compreensão de que as consequências do desequilíbrio ecológico já estão no nosso dia a dia. “Neste último ano, 2021, as discussões sobre o futuro do planeta daqui a 30 anos estavam no mesmo patamar de exposição das soluções contra a Covid-19. Com isso, independentemente das leis ambientais, o próprio consumidor começa a despertar para uma nova consciência de consumo”, completa o gerente Corporativo Comercial da Jungheinrich.

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