A pandemia evidenciou ainda mais a importância destes equipamentos e a contribuição deles para que os setores que movimentam a economia brasileira não parem e para que a população tenha acesso a diferentes bens de consumo.
Esta tradicional matéria de Logweb, publicada há anos, recebe, nesta edição, um importante e grande elemento influenciador: a pandemia provocada pela Covid-19, que impactou a vida e a economia do mundo todo. Assim, as análises giram em torno dos efeitos do coronavírus no setor e também sobre os resultados esperados para 2021, além do papel das empilhadeiras neste momento único pelo qual estamos passando, entre outros. Veja a seguir a colocação de alguns dos fabricantes do segmento que participam desta matéria especial. Sem esquecer que, na sequência, temos as análises de distribuidores, importadores e locadores de empilhadeiras.
Papel das empilhadeiras
Antes de tudo, é importante verificar que as empilhadeiras tiveram e têm papel de destaque dentro da logística neste período que estamos vivendo.
Segundo Jéssica Forti, diretora de Vendas da Hyster-Yale Brasil, as empilhadeiras seguem desempenhando um papel extremamente importante no mercado. A pandemia evidenciou ainda mais a importância destes equipamentos e a contribuição deles para que os setores que movimentam a economia brasileira não parem e para que a população tenha acesso a diferentes bens de consumo. “Nos períodos mais críticos da pandemia, quando apenas os setores considerados essenciais continuaram funcionando normalmente, as empilhadeiras desempenharam um papel fundamental para garantir a entrega de produtos essenciais à população, como alimentos, bebidas, produtos de limpeza, medicamentos e outros”, completa Jéssica, destacando que, mais do que nunca, os equipamentos para movimentação de materiais despontaram neste cenário como importantes aliados para que essas indústrias continuassem se movimentando em um momento tão desafiador.
Jéssica também ressalta que os impactos econômicos trazidos pela pandemia têm forçado as empresas a repensarem diferentes aspectos, como, por exemplo, a forma como planejam, produzem, vendem ou entregam seus produtos e serviços. Este efeito estará presente por um bom tempo ainda, o que pode, inclusive, trazer mudanças tecnológicas de forma definitiva.
“Apesar de ainda não ter imposto mudanças significativas em nossos equipamentos, a pandemia reforçou a importância de entregarmos, cada vez mais, soluções na medida do que os clientes precisam. Esse conceito está totalmente alinhado com um de nossos lançamentos mais recentes: as séries de empilhadeiras UT e UX. As máquinas que compõem ambas as linhas se apresentam como soluções mais acessíveis, que privilegiam a facilidade de operação e manutenção”, completa a diretora de Vendas da Hyster-Yale Brasil.
Também destacando a importância das empilhadeiras, o CEO da Paletrans costuma dizer que estas máquinas são o coração da logística. “Sem elas, nada acontece, e o ano passado deixou isso ainda mais evidente”, completa Denis D. de Oliveira.
Uma análise diferenciada é feita por Henrique Antunes, diretor de Vendas e Pós-vendas da BYD do Brasil, para quem as empresas não esperavam crescer na pandemia e ficou clara a idade avançada da frota que elas possuem – e que as empilhadeiras tiveram papel fundamental no início da pandemia, mantendo os pontos de vendas abastecidos –, enquanto Mauro Arrais, CEO da Clark Material Handling Brasil, lembra que toda crise gera aprendizado, e a crise desta pandemia não foi diferente. “A demanda por máquinas mais robustas, atendimento mais confiável e parcerias fortes se mostraram muito importantes.”
Mais do que falar das empilhadeiras, Murilo Marin, gerente Nacional de Vendas da Kion, prefere falar do papel da intralogísitca neste período de pandemia, ressaltando que ela demonstrou sua importância quando pensamos em otimização de tempo e processos, evolução tecnologica e redução de custos. “O termo intralogistica é algo completo que, se trabalhado da maneira correta com planejamento e estratégia, pode fazer a diferença em uma empresa.”
Marin também tem a convicção que contribuíram para a criação de um novo normal – “mesmo com a retomada da vida cotidiana que todos estávamos acostumados, este período que estamos passando ajudou a incentivar a criatividade, quebra de paradigmas e, em muitos casos, junto com nossos parceiros descobrimos novas maneiras de fazer negócios que vieram para ficar. Falando especificamente da Logística 4.0, a acuracidade das informações para melhor tomada de decisão, o melhor acompanhamento e planejamento na programação do pós-vendas, o uso da tecnologia unindo hardware (máquinas) e software (sistemas), a otimização em processos criaram um novo perfil analítico que para nós, do Grupo Kion, é muito bem-vindo”.
Após explicar tudo isto, Murilo diz acreditar que as mudanças trazidas pela pandemia vieram para ficar. “Aprendemos a otimizar o tempo e recursos dando mais agilidade ao fluxo de comunicação e à tomada de decisão. O latino é muito de contato, estar presente, isto temos que respeitar e não abrimos mão, mas, ao mesmo tempo, na medida certa aprendemos a tomar proveito dos benefícios provenientes da tecnologia.”
Ano difícil
Mas, como analisar 2020, um ano complicado, no segmento de empilhadeiras?
Antunes, da BYD do Brasil, lembra que a expectativa era de um ano com crescimento na ordem de 10% a 15%, mas a pandemia impactou drasticamente alguns segmentos, enquanto outros cresceram – em resumo, 2020 apresentou resultados iguais ao do ano de 2019. O diretor de Vendas e Pós-vendas da BYD do Brasil também relata que as “vendas do nosso setor voltaram a acontecer a partir de julho, mas o nosso time de serviços não parou em momento nenhum. Manter a disponibilidade é nosso compromisso principal”.
Roberto Fernandes, administrador da BYG Transequip Indústria e Comércio de Empilhadeiras, inicia a sua análise do setor em 2020 pelas expectativas no início do ano: de um mercado estável, com previsão de crescimento de 10%. “Após o decreto de quarentena, criou-se uma incerteza, quando tivemos uma redução nas vendas e clientes reavaliando pedidos, enquanto internamente buscamos nos adequar na produção, horários e procedimentos.”
Após esta fase, com a reabertura dos mercados, Fernandes espera uma retormada do setor, considerando fatores como: compras represadas, dificuldades com falta de matéria prima e aumento nos seus custos, vendas altas e prazos de entregas entre 30 e 60 dias.
“O ano de 2019 foi um marco positivo para a Clark e a nossa expectativa era de contínuo investimento e crescimento para 2020. Parte dos investimentos planejados ocorreu. Mas, a pandemia causou grande confusão no mercado de empilhadeiras, inicialmente deprimindo muito o mercado e depois causando grande euforia com a retomada de boa parte da indústria e da logística.” A análise, agora, é de Arrais, da Clark.
Ele também lembra que o mercado está longe de voltar ao normal, os efeitos da confusão gerada pela pandemia ainda vão se refletir em vendas e entregas de máquinas nos próximos meses.
Na Paletrans, havia uma expectativa de um crescimento consistente para o ano de 2020. “Esperávamos crescer em torno de 20% em relação a 2019. E ser a única fabricante com operação 100% nacional e altamente verticalizada nos colocou numa posição razoavelmente confortável, se é que algo próximo disso existiu naquele ano. A alta do dólar, a dificuldade de importação e o crescimento considerável de mercados, como do e-commerce, fizeram com que a Paletrans pudesse ser uma exceção no mercado de empilhadeiras em 2020. Os setores que mais sofreram com a crise gerada pelo coronavirus não foram, em sua maioria, setores que são mercado consumidor de nossos produtos. As áreas consideradas essenciais (medicamentos e alimentos) tiveram que se adaptar e expandir rapidamente para atender a nova demanda. Essa expansão, unida ao crescimento expressivo do e-commerce, fez com que nosso segmento não sentisse os efeitos negativos da pandemia.”
Oliveira entende, ainda, que a fase mais crítica da pandemia ainda não chegou. “Para mim, essa fase será a da distribuição das vacinas. Será um desafio logístico enorme e temos que estar prontos para auxiliar o país da melhor forma possível.”
O CEO da Paletrans diz, ainda, que não estão buscando uma volta ao normal, mas sim uma adaptação a uma nova realidade. “A Paletrans precisou aumentar turnos, contratar pessoas, implantar medidas protetivas a fim de garantir a saúde de todos os colaboradores, garantindo assim a continuidade da produção. Continuamos com as mais de 40 ações internas que foram implementadas para o monitoramento e prevenção de contágio e tudo isso com o objetivo de continuar abastecendo o mercado com itens essenciais para garantir a circulação de produtos. A boa notícia é que já estamos adaptados a essa realidade atual e estamos conseguindo atender essa demanda crescente do mercado.”
Oliveira também lembra que em pouco mais de 30 dias de isolamento social proposto pelo Ministério da Saúde para minimizar o avanço da Covid-19 no Brasil, a Paletrans se destacou pelo atendimento rápido do mercado graças à manutenção de uma estratégia produtiva extremamente verticalizada. A empresa fabrica pouco mais de 80% de todos os componentes usados na montagem de suas máquinas e isso a tornou mais forte e confiante, além de dar maior controle de toda a cadeia e processos produtivos. “Os 20% restantes, adquiridos de fornecedores, tanto nacionais quanto internacionais, apresentam risco relativo para o processo produtivo e a empresa conseguiu manter a operação em condições normais.”
O comitê de gerenciamento de crise da empresa também avaliou que o pós-vendas deveria ter uma estratégia própria para suportar o período de limitações na produção, o que significaria ter um estoque de segurança de peças de alta qualidade. O estoque atual corresponde a duas vezes o nível médio de vendas mensal da marca. Adicionalmente, a planta da empresa trabalhou em regime de turnos com número reduzido de pessoal.
O que será de 2021
Quanto às perspectivas para 2021, Antunes, da BYD do Brasil, diz que todos esperam a vacinação para superar essa pandemia, e que torce por um crescimento, visto que a queda em 2020 foi grande. “Prevemos um mercado incerto, pois dependemos de algumas definições, como liberação de vacinas, abastecimento e custos”, completa Fernandes, da BYG Transequip.
Otimista, Arrais, da Clark, opina que, com a retomada da economia nacional e mundial, o mercado de empilhadeiras vai continuar acelerado, independentemente da pandemia. “O melhor ou pior resultado do mercado de empilhadeiras está ligado diretamente ao resultado da economia em longo prazo. Empilhadeiras são investimentos e, ao menor temor de declínio na economia, a decisão de aquisição destas é postergada.”
Jéssica, da Hyster-Yale Brasil, por seu lado, diz que já no último trimestre de 2020 notaram uma movimentação positiva do setor. “Por esse motivo, as nossas previsões para os próximos meses são bastante positivas: projetamos um crescimento de mercado na casa de 15% em 2021 – em comparação com 2020 –, além de um crescimento de segmentos que postergaram parte de suas atividades em 2020 em decorrência da pandemia. A expectativa é de que esses setores que ficaram um pouco mais adormecidos durante a pandemia voltem a operar em ritmo normal. Além disso, as indústrias alimentícia, farmacêutica e outras, que não pararam, devem continuar operando com força total.”
Também na ótica de Oliveira, da Paletrans, 2021 será um ano positivo para o setor de empilhadeiras. Independentemente dos rumos da pandemia. “O ano de 2020 deixou claro para nós que, mesmo com as pessoas em casa e com setores da economia em crise, os produtos precisam continuar circulando e acreditamos que seja qual for o cenário nesse sentido, haverá um crescimento neste ano.”
As instabilidades políticas no Brasil tornaram 2020 um ano muito mais difícil do que deveria ser. “A desvalorização massiva da nossa moeda foi algo que prejudicou muito o andamento dos negócios, pois para grande parte dos fornecedores de matéria prima, a exportação tornou-se mais atrativa, e isso fez com que tivéssemos que ajustar os preços de nossos produtos com uma frequência maior do que ocorreria num ano comum. O mercado e os preços do aço não me deixam mentir.”
Em resumo – completa o CEO da Paletrans –, 2020 foi um ano bastante conturbado e difícil de administrar do ponto de vista econômico e é esperado que 2021 seja diferente. “Estamos com uma grande expectativa para que haja uma maior estabilidade de nossa moeda, pois entendemos que isso fará o mercado encontrar um equilíbrio e, consequentemente, teremos mais confiança nas decisões a serem tomadas. Por outro lado, continuaremos ser peça fundamental nesse mercado, independente do cenário. Os produtos continuarão precisando ser movimentados e entendemos que os grandes centros logísticos que surgiram nesse ano vieram para ficar.”
Marin, da Kion, ressalta que a sua empresa tem um portfólio completo com capacidade de atender todos os segmentos que compõe a indústria de movimentação de materiais, além de otimizar processos de produção e armazenagem. “Falando da indústria de maneira geral, ainda não temos o fechamento oficial mas, pelos números acumulados de janeiro a novembro, o ano fechou acima das expectativas, pós revisão de números no período da pandemia. Para 2021 temos um cenário otimista, com a continuidade na curva de crescimento que temos observado desde agosto de 2020. Esperamos a retomada de grandes investimentos e, como consequência, grandes projetos para nossa indústria, fazendo com que voltemos, no mínimo, aos números de 2019.”
Para a Kion em particular, continua o gerente Nacional de Vendas, 2020 foi um ano especial. “Devido a nossa forte presença no Brasil, crescemos mais do que o mercado e consolidamos ainda mais nossa liderança no mercado nacional. Para 2021 não será diferente, temos um portfólio completo, nossa fábrica em Indaiatuba, SP, acaba de lançar dois novos modelos, completando nosso portfólio de máquinas com DNA 100% Brasileiro.”
Novidades
Alguns participantes desta matéria especial já explicitaram as suas novidades recentes em máquinas. Vamos ver o que os outros colocam.
Enquanto Antunes diz que as novidades da BYD do Brasil são os equipamentos com baterias de lítio e autônomos, Fernandes, da BYG Transequip, diz que, no caso de sua empresa, envolve toda a tendência voltada para automação.
“Como planejado, a Clark Brasil está investindo continuamente em equipamentos mais sustentáveis, com lançamento de mais equipamentos elétricos, principalmente os movidos a bateria de íons de lítio”, acrescenta Arrais.
Em outubro de 2020, completando o portfólio já produzido no Brasil, a Kion lançou a selecionadora de pedidos OPX25. “Trata-se de um modelo de sucesso em nosso porfólio global e que estrategicamente identificamos o crescimento na demanda por picking, ou seja, entregas fracionadas”, diz Murilo.
Outro lançamento foi a versão cabinada do modelo de retrátil da FMX, para operações frigoríficas. “Existe no Brasil um forte crescimento de armazéns frigorificados, além do crescimento das cooperativas. Por isso lançamos a FMX cabinada com capacidade nominal de até 2000 kg. O diferencial é que a cabine é parte integrante do chassi”, explica o gerente Nacional de Vendas da Kion.
Finalizando, Oliveira, da Paletrans, diz que fizeram alterações em máquinas, e que em 2020 desenvolveram um projeto com o objetivo de prover conectividade da marca com os clientes e distribuidores: o APP de Entrega Técnica Digital.
Ele foi estruturado para conectar, através de ferramentas digitais, a equipe da Paletrans, seus técnicos, rede de distribuidores e clientes, otimizando a prestação de serviços como manutenção e assistência técnica, atendimento ao cliente e compra de peças, de forma remota. O canal digital foi reforçado para prover treinamentos, entregas técnicas, gestão da manutenção e operação da frota, entre outros serviços.
“Ele é parte do projeto Paletrans 4.0, que tem como um de seus pilares prover soluções em tempo real aos clientes, com uso de informações sobre manutenção e serviços através de um algoritmo de Troubleshooting baseado em Inteligência Artificial”, completa o CEO.