A Bayer, multinacional alemã que atua nas áreas de saúde e nutrição, anuncia no Brasil um projeto de substituição gradativa de suas opções tradicionais de transporte – veículos movidos a diesel – por modais mais limpos e modernos – veículos elétricos, movidos a gás natural veicular (GNV) e/ou biometano e transporte ferroviário.
Schirley Wirtti, diretora de Supply Chain da Bayer Brasil, explique que a empresa está na vanguarda do desenvolvimento do agronegócio no Brasil e no mundo e tem a sustentabilidade como um de seus três pilares de negócios. “Somos parte da projeção econômica nacional, sendo também uma multinacional engajada em metas globais de bem-estar e sustentabilidade. Por isso, temos uma responsabilidade de nos manter atualizados em relação às necessidades humanas e às últimas tendências tecnológicas que contribuem para atendê-las, procurando inovação e melhoramento contínuo das nossas operações. Além disso, a Bayer é signatária do Pacto Global e orienta suas operações a partir dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e tem metas ambiciosas de sustentabilidade, que incluem tornar-se uma empresa carbono neutro até 2030, tornar seus locais de produção neutros para o clima e reduzir as emissões de poluentes em toda a sua cadeia de valor, o que inclui a escolha de parceiros e fornecedores mais sustentáveis.”
Schirley enfatiza que a adoção pioneira de modais de transporte mais limpos no agronegócio está alinhada a estes objetivos e visa tornar, a custo zero, as operações da Bayer cada vez mais sustentáveis, reduzindo a emissão de poluentes nocivos ao meio ambiente. “Estamos buscando soluções que sejam adequadas à infraestrutura do país e às diferentes rotas que operamos e que tragam um balanço de custos sem abrir mão da eficiência, o que desafia o conceito de que soluções sustentáveis são mais caras. Trata-se de uma tendência relevante no mundo e com a força da nossa marca estamos influenciando o mercado a viabilizar e multiplicar essa cultura de uso de modais mais limpos de transporte e substituição gradativa de tecnologias abastecidas por combustíveis fosseis.”
Ecorota
A diretora de Supply Chain da Bayer Brasil informa que, considerando o escopo da Fase 1 do projeto “Ecorota de ponta a ponta”, e que envolve Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato Grosso, foram mapeadas várias opções de modais, cada uma com as suas características, desde opções mais enraizadas, como o modal ferroviário que atende em distâncias continentais, até opções muito novas no mercado, como o rodoviário elétrico, que atende em entregas e rotas específicas e rápidas em regiões de maior infraestrutura.
A criatividade do projeto está em usar os modais certos nas operações certas, planejando o fluxo de mercadorias para que isto seja viável, e estabelecer uma base cultural para aos poucos multiplicar essas opções.
“Entre as opções mapeadas, nas mais maduras e já usadas no mercado, procuramos maximizar o uso em volume e benefício (por exemplo, reduzindo mais de 50 tons/mês de GHG via ferroviário), enquanto, nas tecnologias mais novas e que estão em desenvolvimento mundial, procuramos viabilizar a experimentação e solidificar as primeiras operações de base – iniciando entregas com veículos GNV/biometano e projetando acrescentar pelo menos quatro veículos deste tipo até o final do ano.”
Nas tecnologias mais inovadoras, a Bayer tentou desenvolver e influenciar o ritmo do mercado, investigando as opções que estão sendo desenvolvidas e disponibilizadas no mercado, em termos de tecnologia, veículos e postos.
“Quando se fala de opções mais inovadoras estamos criando uma base cultural, um início de menor escala, dando os primeiros passos de um caminho que vai ser de médio/longo prazo.”
Por ser um tema muito novo e inovador, com novidades mês a mês, não há ainda uma meta nem uma projeção para substituir 100% da frota movida a Diesel.
“Estamos acompanhando e influenciando as tendências do mercado, materializando os primeiros casos de uso destas tecnologias no agronegócio brasileiro, porém a evolução e a multiplicação vão acompanhar também o ritmo do próprio país e mercado, em termos de opções disponíveis e infraestrutura nas rodovias.”
Iniciativas
A iniciativa começou em abril de 2021, com a adoção de transporte ferroviário entre Sumaré, em São Paulo, e Rondonópolis, no Mato Grosso.
Essa operação começou transportando uma média de 589 tons por mês, e já evitou a emissão de cerca de 110 toneladas de CO2. “O uso deste modal pela Bayer também deve se multiplicar no futuro, conforme trabalhamos nos limitantes da infraestrutura ferroviária no Brasil”, explica Schirley.
Já no dia 22 de junho, a Bayer fez, na região de Piracicaba, a primeira entrega de um produto por meio de um caminhão elétrico 100% limpo, sem qualquer emissão de CO2, em parceria com o Grupo Toniato, empresa de transporte, logística e engenharia.
“Para viabilizar este tipo de projetos precisa-se de alinhamento cultural não só na empresa líder, mas também nos parceiros logísticos e clientes. A Toniato é um parceiro nosso de longa data, empresa que procura o melhoramento contínuo e que compartilha os nossos interesses de modernização e cuidados com o meio ambiente. A inclusão deles foi quase natural, como parte da nossa governança rotineira de desenvolvimento operacional, em que investigamos o mercado e as opções apresentadas na nossa conjuntura e simulamos opções operacionais para iniciar este caminho”, explica Schirley.
Mas, como lembra, os veículos elétricos hoje oferecidos pelo mercado têm, por enquanto, uma autonomia muito baixa, o que não permite (ainda) usá-los para rotas compridas. No entanto, soluções a este problema fazem parte do desenvolvimento do mercado, que está evoluindo e superando estes limites. “Rapidamente estamos enxergando e impulsionando, por meio da força da nossa marca, um desenvolvimento que vai permitir a multiplicação do uso destas tecnologias limpas.”
Schirley faz questão de destacar que o correto uso de cada modal e a recarga/abastecimento dos mesmos depende da programação inteligente da própria Bayer e seus parceiros operacionais.
Cada modal tem as suas características e nenhuma opção é ainda viável para 100% das operações. “Como exemplo, programamos opções de alta autonomia/distância como o modal ferroviário para transporte entre estados, e opções de baixa autonomia/distância como o modal rodoviário elétrico/GNV para atendimento rápido, emergências e de trechos curtos (por exemplo, dentro do Estado de SP).”
Nos próximos quatro meses, a empresa espera receber pelo menos outros quatro veículos sustentáveis, movidos a biometano e energia elétrica. Ou seja, neste momento, a previsão confirmada pelos fornecedores é atuar com quatro destes veículos simultaneamente até o final do ano, que seriam – a priori, deve aumentar nos próximos meses –: dois Scanias R410, um Scania G410 e um elétrico que está sendo analisado se será o JAC iEV1200T ou um veículo retrofit (com um motor a Diesel transformado em um elétrico) feito com a empresa Eletra. Quanto aos fornecedores, ainda estão sendo estudadas opções, com a própria Toniato entre as que estão sendo consideradas.
“Procuramos ter uma operação onde há simbioses entre as modalidades de transporte. A beleza está na administração e programação dos recursos, usando a característica dos mesmos para os movimentos apropriados.”
Fornecedores
Por fim, no mês de julho, a Bayer realizou, junto a fornecedores que compartilham esta cultura de modernização, diversos outros pilotos com modais sustentáveis em outras rotas.
No mais, a Bayer incorporará a adoção de modais de transporte sustentáveis como um diferencial para a escolha de fornecedores para as suas fábricas. Com estes passos a empresa estima evitar, até o fim do ano, a emissão de quantidades significativas de gases de efeito estufa, visto que os modais sustentáveis trazem benefícios de 20% a 100% de redução de emissão de CO2, dependendo da opção adotada.
“Iniciativas e compromissos relacionados ao meio ambiente e à sustentabilidade já são há algum tempo critérios de escolha de fornecedores na Bayer. A partir de agora, em que passamos a adotar modais sustentáveis, este também será um fator diferencial para a escolha de fornecedores para as nossas fábricas – ou seja, se os nossos fornecedores oferecem soluções modais limpas, se têm planos neste sentido e se contribuem para o desenvolvimento do mercado logístico brasileiro rumo a soluções mais sustentáveis.”
A empresa percebeu, ainda, que a sua demanda, enquanto uma empresa do porte da Bayer, por modais mais sustentáveis influencia os seus fornecedores a investirem neste sentido, pois eles consideram que desenvolver essas soluções junto à Bayer agrega valor aos seus negócios.
Toniato: Jornada pela sustentabilidade
Falando sobre esta parceria com a Bayer, Daniel Bastos Carreira, diretor da Divisão de Negócios Agro da Toniato, diz que essa iniciativa foi um primeiro exercício dentro de uma jornada maior. “Essa operação aconteceu em regime de avaliação do modelo e formato de veículo fornecido pela montadora, onde tivemos vários benefícios e alguns desafios.”
Daniel também enfatiza que estão buscando outros fornecedores (montadoras) para avaliarem maior aderência as suas operações, cujo veículos tenham maior capacidade operacional de carga e maior autonomia de rodagem sem necessidade de reabastecimento.
“Também fizemos a aquisição de uma carreta movida a gás natural e biometâno que ficará dedicada às operações de transferências e cargas lotações da Bayer, operando no eixo Rio de Janeiro x São Paulo e interior de São Paulo.”
O diretor da Divisão de Negócios Agro da Toniato também diz que a parceria aconteceu porque, devido aos mais de 20 anos de relacionamento entre as empresas, foram desafiados pela Bayer a buscar novas formas de operar a sua logística com um viés ainda mais sustentável, “o que convergiu com a visão da empresa e o que buscamos para o futuro, e assim fizemos”.
Tanto esta ação foi proveitosa que a Toniato tem como objetivo atualizar a sua frota operacional com soluções que tragam menor impacto ambiental em suas atividades, “pois há anos somos signatários de vários programas com viés sustentável, dentre eles o ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU), que também abrange esta perspectiva em alguns dos 17 objetivos que compõem o plano. Desta forma, não só ratificamos nosso compromisso, como também permitimos que nossos clientes, que optam pela contratação dos nossos serviços, possam capturar esse valor dentro das suas estratégias de sustentabilidade.”
A Toniato ainda está avaliando a disponibilidade de tecnologia de seus fornecedores, que estão em etapa inicial no Brasil, e também as questões de infraestrutural nacional que, no primeiro momento, não potencializa uma ação mais rápida nessa migração de modelo e formato. Mas, nos eixos das principais capitais e em rotas de circuito fechado, a empresa está implantando os primeiros modelos de veículos movidos a gás natural e biometano de forma a avaliar, na prática, os benefícios dessas novas tecnologias.
Caminhões elétricos
A Toniato também tem certeza de que o uso de caminhões elétricos é uma tendência e será uma realidade em breve, porém para que isso se torne viável em âmbito nacional, será necessário que este processo esteja vivo não só nas áreas de pesquisa e desenvolvimento das montadoras, mas, sobretudo, nas pautas dos governos, indústrias e grandes Operadores Logísticos.
“Atualmente, as grandes preocupações para uma atividade com veículos elétricos em grande escala são a capacidade de bateria para grandes autonomias de rodagem sem necessidade de reabastecimento/recarga, infraestrutura nacional para que essas recargas aconteçam em qualquer localidade, como temos hoje postos de combustíveis, veículos de médio e grande porte para operações de transporte acima de 10 toneladas em rotas médias e longas, e não podemos deixar de considerar o elevado investimento inicial que tende a ser reduzido à medida que seja ampliada a disponibilidade desses veículos no mercado.”
O diretor da Divisão de Negócios Agro da Toniato completa afirmando que têm investido em tecnologia a gás natural e biometano, que atualmente dispõe, um pouco mais, de infraestrutura nacional do que as condições de veículos elétricos.
“Para avançarmos com as tecnologias de veículos elétricos em grande escala, será necessário que o país se desenvolva nessa direção.”
Três negócios
O Grupo Toniato é composto por três negócios que se interagem estrategicamente: o Transporte, a Logística e a Engenharia. “O nosso foco são os segmentos químico, agroquímico e todo mercado que exija especialização. Trabalhamos para oferecer soluções logísticas diferenciadas, serviços avançados e customizados à necessidade do mercado”, afirma Daniel.
Ele também lembra que todos os armazéns são equipados e monitorados com a mais alta tecnologia de movimentação de cargas e automação, para atender os grandes volumes de produtos, o que permite a concretização do projeto logístico junto às empresas.
“Com uma estrutura operacional dinâmica, possuímos uma frota com mais de 700 veículos próprios e 300 agregados, com idade média de cinco anos e especificados conforme as necessidades dos clientes. Toda a frota possui um rígido programa na manutenção preventiva e gerenciamento centralizado.”