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Conteúdo 10 de maio de 2023

Chegou a hora do blockchain na logística

O blockchain vive uma situação conflitante no mercado de logística: ao mesmo tempo que é muito comentado, são poucos os que entendem a sua natureza e aplicações. No entanto, após mais de 20 anos de seu surgimento e larga aplicação nos cryptoativos, não podemos mais dizer que se trata de uma tecnologia experimental ou demasiadamente nova. Ela, mesmo não sendo perfeita, já passou por vários testes e está, sim, sendo utiliza de forma cotidiana em muitos mercados.

Tive a oportunidade de discutir este tema com players importantes do setor na 19ª Maratona Supply Chain, promovida pela Live University, e gostaria de compartilhar com vocês alguns dos insights.

Antes de mais nada, acho importante deixarmos claro este conceito. O blockchain é uma tecnologia de banco de dados estruturado em “cadeia de blocos” armazenados de forma dispersa. Para ficar mais claro, é como se fosse um fichário contábil virtual cuja guarda não está apenas a cargo de um contador ou banco, mas, sim, de uma rede descentralizada a que se pode ter acesso mediante algumas regras.

Outro destaque importante é que, para alterar algum destes bancos, é preciso alterar toda a rede, o que confere grande transparência aos processos e quase inviabiliza a perda ou adulteração de dados. Tudo isso de forma online, abrangendo vários elos, globalmente e em tempo quase real.

Essas características intrínsecas do blockchain encerram um grande potencial para a logística, pois se resolve um dos grandes dilemas de nosso mercado: a visibilidade (com confiança) de todas as etapas e processos da cadeia de suprimentos.

Temos a oportunidade de avançar de um modelo em que as informações são fornecidas em pequenas parcelas a alguns pontos da cadeia para uma base geral orgânica em que todos fornecem dados e recebem conforme suas necessidades. Trata-se de uma mudança gigantesca e que daria margem ao surgimento de cadeias de suprimentos realmente vivas, flexíveis e ainda mais resilientes.

Neste desenho, o disparo da informação de produção pela fábrica de um produto avisaria ao mesmo tempo fornecedores de matérias primas, transportadoras, armazéns e até varejistas, assim como a falta de insumos ou imprevistos como acidentes nas estradas alertariam todos os elos.

Tamanha agilidade pode gerar o receio de uma excessiva abertura de dados sensíveis, porém, até para isso o blockchain traz uma solução. Embora a rede seja única, é possível especificar quais informações cada elo tem acesso. Além disso, a fonte única e confiável reduz gastos com plataformas de TI, conciliação de dados e excessiva supervisão humana.

Recentemente, a DHL realizou uma prova de conceito com o Grupo BMW na Ásia. Na indústria automobilística, há muito fornecedores e existem muitas plataformas de gestão logística e de compras que não estavam interligadas. Foi criada então uma rede privada de blockchain que integrou grande parte das operações logísticas da montadora na região, sendo que cada elo tinha acesso apenas às informações que necessitava. Esse teste trouxe grandes resultados, principalmente em termos de visibilidade de ponta a ponta e ganhos de eficiência. Conheça mais deste case aqui.

O blockchain ainda traz vantagens ao reduzir a complexidade na realização de pagamentos ao longo da cadeia e facilita o acesso de informações de entregas na última milha.

Como desafios, temos o pouco conhecimento da tecnologia no geral (a Geração Z sai na frente neste sentido), a necessidade de toda a cadeia ser digitalizada (processo ainda em curso no Brasil e que exige investimentos consideráveis) e um pouco de desconfiança que ainda paira em relação ao compartilhamento de informações.

Como vemos, o potencial desta tecnologia é muito grande para ser desconsiderado. Chegou a hora de o mercado logístico começar essa jornada de transformação, estando, assim, também preparado para atender um mundo em constante mutação e com novos desafios.

Gabriela Guimarães Gabriela Guimarães

VP de Operações de Varejo e E-commerce da DHL Supply Chain.

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