
Introdução
No cenário atual de negócios, marcado por disrupções constantes, globalização e exigência crescente por eficiência, o analista de logística deixou de ser apenas um executor de tarefas operacionais. Hoje, ele é um profissional estratégico, capaz de conectar dados, processos e pessoas, influenciando diretamente os resultados e a resiliência da cadeia de suprimentos.
Este artigo aprofunda o papel deste profissional essencial, seus desafios, competências e, sobretudo, seu impacto na sustentabilidade e competitividade das empresas. A inspiração vem de conversas com especialistas em Supply Chain realizadas na série “Prosa com Bertaglia”, com nomes como Elcio Grassia, Alberto Barudi e Andre Moreira.
Importante: Embora este artigo seja direcionado aos analistas logísticos, ele também oferece uma reflexão relevante para as empresas e seus executivos, ao destacar a importância estratégica do papel desempenhado pelo(a) analista de logística.
Funções essenciais do analista de logística
O escopo do analista é amplo e varia conforme o segmento e o porte da empresa. No entanto, algumas funções são universais:
– Otimização de Processos Logísticos
Busca por melhorias nos fluxos de materiais, desde a entrada de insumos (inbound) até a entrega final ao cliente (outbound). O analista atua na modelagem de processos, no mapeamento de gargalos e na implementação de soluções que aumentem a produtividade e reduzam custos.
– Gestão de Inventário
Inclui o controle físico e sistêmico dos estoques, previsão de consumo e ajuste de níveis mínimos e máximos. Isso é vital para equilibrar o capital de giro com o nível de serviço ao cliente.
– Gerenciamento de Transportes
Responsável pelo acompanhamento das entregas, contratação de fretes, controle de avarias, roteirização e cumprimento de KPIs como OTIF (On Time In Full). Atua em sinergia com transportadoras e Operadores Logísticos.
– Projetos de Melhoria Contínua
Participa de iniciativas como Lean Logistics, Kaizen e Six Sigma, aplicando conceitos de melhoria contínua em armazéns, Centros de Distribuição e transportes. Muitas vezes, lidera ações de Green Belt.
Habilidades e competências necessárias
O analista logístico precisa desenvolver um conjunto robusto de hard e soft skills para se destacar.
Hard Skills
Os Hard skills estão conectados aos conhecimentos técnicos e específicos adquiridos por meio de estudos ou treinamentos, como uso de sistemas, análise de dados, idiomas e ferramentas de automação.
– ERP, WMS, TMS: Conhecimento em sistemas de gestão que integram compras, estoque e transportes.
– Excel Avançado + Power BI: Essenciais para análise de dados e construção de dashboards.
– Power Apps, VBA e SharePoint: Permitem automação de processos e construção de soluções low-code.
– Conhecimento em banco de dados (SQL): Para extrair e manipular grandes volumes de informação com eficiência.
– Inglês técnico e corporativo: Essencial para atuar em empresas globais e, independentemente do setor, é um diferencial indispensável para o crescimento na carreira.
Soft Skills
Os Soft skills são as competências comportamentais relacionadas à forma como o profissional se comunica, resolve problemas, trabalha em equipe, lida com pressão e se adapta a mudanças.
– Senso de urgência: Capacidade de reagir rapidamente a imprevistos sem comprometer a qualidade.
– Comunicação eficaz: Para alinhar processos entre departamentos e reportar resultados.
– Pensamento crítico e analítico: Fundamentais para transformar dados em insights e decisões estratégicas.
– Resiliência e adaptabilidade: Características imprescindíveis em ambientes de alta pressão.
Preparação educativa e desenvolvimento profissional
A formação do analista de logística exige um percurso que vai além da sala de aula. O aprendizado é contínuo, e a atualização deve ser constante diante das transformações tecnológicas.
Formação acadêmica
– Tecnólogo em Logística: Curso focado e de curta duração, ideal para inserção rápida no mercado.
– Administração, Engenharia de Produção, Comércio Exterior: Outras formações com grande aderência à área.
– Pós-graduação em Supply Chain, Logística e Operações: Agrega visão estratégica.
Certificações relevantes
É fundamental avaliar essas certificações dentro do contexto da função e da realidade da empresa, pois muitas organizações não utilizam ou não disponibilizam determinadas ferramentas no dia a dia.
– CLTD (Certified in Logistics, Transportation and Distribution) – APICS
– Green Belt/Lean Six Sigma
– CSCP (Certified Supply Chain Professional) – APICS
– Certificações em Power BI, Excel Avançado e SQL
Plataformas de aprendizado
– Coursera, edX, Udemy, Alura, Fundação Getulio Vargas (FGV): Oferecem conteúdos práticos com foco em ferramentas e fundamentos logísticos.
– Webinars e podcasts como “Prosa com Bertaglia”: proporcionam insights atuais e trocas com especialistas do mercado.
A centralidade dos dados na logística
O analista logístico deve ser um profissional orientado a dados. Com o avanço do Big Data, tornou-se possível prever demandas, avaliar fornecedores e reduzir riscos de forma muito mais assertiva.
Aplicações práticas:
– Previsão de demanda com modelos estatísticos e machine learning
– Mapeamento de sazonalidades e tendências regionais
– Acompanhamento de lead times e performance de entregas
– Análise de custos logísticos por SKU, região e modal
Essas análises auxiliam na construção de cenários e no suporte à tomada de decisão baseada em fatos.
Gestão de riscos e resiliência
A pandemia e os conflitos geopolíticos recentes mostraram como as cadeias de suprimento são vulneráveis. O analista é peça-chave para manter a operação estável diante de incertezas.
Principais riscos:
– Ruptura de fornecimento por dependência de um único fornecedor
– Alta volatilidade nos preços de transporte
– Falta de visibilidade nos estoques
– Eventos climáticos extremos e greves
Medidas preventivas:
– Diversificação geográfica de fornecedores
– Estoques de segurança planejados
– Planos de contingência e BCP (Business Continuity Planning)
– Integração com ferramentas de monitoramento em tempo real
Tecnologias aplicadas na logística moderna
A transformação digital é uma realidade. O analista logístico precisa dominar as principais soluções tecnológicas que automatizam e otimizam os fluxos:
– ERP: Integra informações de compras, produção, estoque e faturamento.
– WMS: Gestão detalhada do armazém, com controle de lotes, validade e localização.
– TMS: Planejamento de transporte, gestão de fretes e performance de entregas.
– IoT (Internet das Coisas): Rastreabilidade de frotas, sensores em armazéns e monitoramento de temperatura.
– Inteligência Artificial: Previsão de ruptura, análise de rotas e previsão de demanda.
– Robotic Process Automation (RPA): Automação de tarefas repetitivas como geração de notas fiscais, envio de relatórios e auditorias de frete.
Indicadores de Desempenho (KPIS)
Monitorar os resultados é essencial. O analista deve acompanhar e propor ações com base em indicadores logísticos como:
– OTIF (On Time In Full): Mede se o cliente recebeu o pedido completo e no prazo.
– Acuracidade de Inventário: Diferença entre estoque físico e sistêmico.
– Lead Time Logístico: Tempo total entre o pedido e a entrega.
– Custo por pedido ou entrega: Acompanhamento da eficiência financeira.
– Taxa de devolução: Pode indicar falhas no picking, embalagem ou transporte.
KPIs transformam percepções em dados reais e ajudam a focar na causa dos problemas e não apenas nos sintomas.
Colaboração interdepartamental
O analista de logística atua em um ecossistema colaborativo. Para garantir fluidez nos processos, precisa se comunicar com diversas áreas:
– Vendas: Para alinhar campanhas e picos de demanda.
– Compras: Para ajustar prazos de fornecimento.
– Produção: Para garantir o abastecimento conforme o plano mestre.
– Financeiro: Para controle de orçamento logístico e análise de custos.
Esse trabalho em rede é o que evita os apagões logísticos e os famosos “apaga-incêndios” do dia a dia.
Sustentabilidade e ESG
A logística sustentável é uma demanda crescente. E o analista deve estar alinhado com as práticas de ESG – especialmente o “S” (Social) e o “E” (Ambiental):
– Logística Reversa: Reaproveitamento de embalagens, coleta de produtos com defeito.
– Rotas ecológicas: Redução da emissão de CO₂ com otimização de trajetos.
– Programas de inclusão de pequenas transportadoras
– Campanhas educativas internas sobre sustentabilidade
Empresas que investem em logística verde reduzem custos, melhoram sua reputação e atendem à exigência de investidores e consumidores.
Caminhos para o sucesso profissional
A jornada do analista é promissora, mas exige dedicação contínua. Aqui vão algumas dicas para crescer na carreira:
– Mantenha-se curioso: Busque aprender algo novo todos os dias.
– Construa um portfólio de projetos: Mostre resultados concretos.
– Participe de eventos: Congressos, webinars e fóruns do setor.
– Peça feedback e mentorias: Aprender com quem já trilhou o caminho faz diferença.
– Compartilhe conhecimento: Quem ensina também aprende.
Considerações finais
O analista de logística é muito mais do que um operador de sistemas. Ele é estrategista, catalisador de inovação e guardião da eficiência. Empresas que enxergam esse profissional como um ativo estratégico ganham em competitividade, resiliência e sustentabilidade.
Investir em educação, tecnologia e reconhecimento para este cargo é um caminho seguro rumo ao crescimento empresarial.
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Referências
Este artigo foi inspirado nos seguintes vídeos da “Prosa com Bertaglia”:
– Desvendando a Função do Analista Logístico, com Elcio Grassia e Alberto Barudi
– A Função do Analista de Logística nas Empresas, com Andre Moreira