por Eduardo Canicoba*

Em julho, o Brasil celebra o Dia Nacional do Motorista, uma data que destaca a importância dos profissionais que conduzem frotas e garantem o transporte de mercadorias e pessoas pelo País.  No entanto, é fundamental destacar que existem diversos desafios envolvidos nessa atividade, desde problemas legais até riscos de segurança nas estradas. Felizmente, a tecnologia tem desempenhado um papel fundamental na melhoria da segurança e na prevenção de acidentes.

Uma análise da Confederação Nacional de Transporte (CNT), de junho de 2023, aponta que questões legais, como a reforma tributária, crimes envolvendo o roubo de cargas, escassez de caminhoneiros qualificados e eventos climáticos são apontados pelas federações, sindicatos e entidades que compõem a CNT como os principais riscos para o setor de transporte para os próximos cinco anos. Além disso, comportamentos imprudentes, como excesso de velocidade, uso do celular ao volante, consumo de álcool e drogas, falta de uso de equipamentos de segurança, e desrespeito às normas de trânsito também afetam a segurança nas rodovias.

Segundo dados do Observatório de Dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), a condução distraída aparece como a principal causa de colisões no Brasil entre janeiro de 2020 e janeiro de 2023, resultando em aproximadamente 22.362 acidentes no período. Já outro estudo divulgado pela concessionária Arteris neste ano, analisando 137 mil passageiros entre maio e junho de 2022 nos pedágios da BR-116 em São Paulo e em trechos da BR-376 e BR-101 nos estados do Paraná e Santa Catarina, mostrou que 33% dos motoristas de caminhão viajavam sem o cinto de segurança.

Neste contexto, podemos concluir que um programa de segurança para frotas deve envolver estratégias comportamentais e gerenciais, como treinamentos e o monitoramento constante do desempenho de motoristas e veículos. A tecnologia também é uma grande aliada da segurança. Por meio da telemática, por exemplo, é possível coletar dados valiosos sobre a condução, como velocidade, aceleração, frenagem brusca e comportamentos de risco. Essas informações podem ser analisadas para identificar áreas problemáticas e fornecer orientações aos condutores, visando melhorar seu comportamento e, consequentemente, a segurança.

Para garantir um ambiente mais seguro nas estradas, os seguintes aspectos precisam ser levados em consideração:

-Análise de dados mais abrangente: além das informações coletadas pela telemática, outros dados relevantes, como condições meteorológicas, características das vias e carga transportada trazem uma visão mais precisa dos desafios enfrentados pelos motoristas e ajudam a tomar decisões mais embasadas;

-Implementação de feedback em tempo real: a tecnologia pode ser usada para fornecer feedback imediato aos motoristas sobre seu comportamento ao volante. Isso pode ser feito por meio de dispositivos sonoros ou visuais, alertando os motoristas sobre manobras arriscadas e incentivando práticas seguras.

-Reconhecimento e recompensas: introduzir um sistema de reconhecimento e recompensas para os motoristas que demonstram um bom desempenho em termos de segurança pode ser uma estratégia motivacional. Prêmios ou incentivos tangíveis podem ser oferecidos para incentivar a adoção de práticas seguras de condução.

-Integração de tecnologias de assistência ao motorista: a instalação de sistemas avançados de assistência ao motorista (ADAS) nos veículos pode ajudar a evitar acidentes ou minimizar a gravidade dos mesmos. Recursos de câmeras inteligentes são capazes de analisar, detectar e alertar sobre desvios da condução em relação aos marcadores de faixa, distância entre o veículo da frente, e proximidade a pedestres ou ciclistas, aumentando significativamente a segurança da frota.

-Programa contínuo de treinamento e cultura de segurança: além de fornecer treinamentos iniciais, é importante estabelecer um programa contínuo de capacitação para os motoristas e criar uma cultura de segurança dentro da empresa. Isso pode incluir cursos de reciclagem sobre segurança no trânsito, técnicas de direção defensiva e boas práticas no transporte de cargas a fim de engajar todos os funcionários na promoção de um ambiente seguro e reduzir a ocorrência de comportamentos não conformes.

-Análise de acidentes e incidentes: quando ocorrem acidentes ou incidentes, é crucial conduzir uma análise detalhada para entender suas causas e identificar possíveis padrões. Recursos de vídeo-monitoramento e relatórios de reconstrução de colisão, por exemplo, enriquecem a investigação e geram informações que podem ser usadas para melhorar os procedimentos de segurança e prevenir ocorrências futuras.

Garantir um trânsito mais seguro nas estradas é uma responsabilidade coletiva, e os gestores de frota agora podem contar com o apoio de avançadas tecnologias nesta missão. Ao adotar essas estratégias comportamentais, gerenciais e tecnológicas, o programa de segurança para frotas estará mais bem preparado para enfrentar os desafios de segurança nas estradas, proteger seus motoristas e reduzir o risco de acidentes, contribuindo assim para a preservação de vidas.

*Eduardo Canicoba é vice-presidente da Geotab para o Brasil.