Por Danielle Willig, Gerente de Desenvolvimento de Mercado na Manhattan Associates
Após quase quatro anos de constante volatilidade e disrupção nos mercados globais, nas cadeias de suprimentos e na indústria varejista, será que 2024 finalmente trará de volta alguma estabilidade? Será que finalmente deixamos para trás a “permacrise” do início dos anos 2020?
À medida que nos aproximamos do principal evento anual de inovação da indústria varejista em Nova York, estou otimista de que, embora 2024 continue desafiador para os varejistas ao redor do mundo, a tecnologia apresentada na NRF mais uma vez proporcionará oportunidades para alterar o status quo, aprimorar eficiências operacionais e elevar a experiência do cliente a novos patamares.
Nesse contexto, trago três áreas de interesse para ficar de olho no Javits Convention Centre, e além do evento, durante todo o ano de 2024, na indústria varejista:
IA: Da Intriga à Implementação
O zumbido e a excitação gerados pela inteligência artificial generativa dominaram as manchetes em 2023, com o ChatGPT sozinho atingindo 100 milhões de usuários em apenas alguns meses. Mas este momento ficará ainda mais emocionante em 2024, pois (para muitos) será o ano da implementação – o momento em que a teoria se encontra com a prática.
A IA não é mais apenas hype, é a realidade. Estamos à beira de outro ‘momento do smartphone’, no qual a IA vai influenciar cada aspecto da cadeia de valor – desde o desenvolvimento de produtos até a produção e, até mesmo, o consumo.
Toque Humano Habilitado pela Tecnologia
À medida que os varejistas reconhecem o valor de lojas remodeladas e incrementadas com tecnologia, a visão coletiva sobre tijolos e argamassa mudou de ‘passivo em uma era digital’ para seu ativo número um após a pandemia. Como resultado, o principal objetivo de muitos varejistas nos últimos anos tem sido digitalizar espaços físicos.
No entanto, ao olharmos para o futuro, o foco para 2024 será o movimento reverso: tornar os espaços digitais mais físicos, ou seja, mais imersivos e realistas. Já podemos observar essa tendência com o aumento de experimentações virtuais, compras ao vivo, comércio social e consultas de compras virtuais, entre outros.
A realidade mista está chegando, e, no futuro, realmente não sabemos onde o mundo físico termina e o digital começa. Isso enfatizará ainda mais a demanda de visibilidade e transparência contínuas em todos os inventários dos varejistas – se você tem no estoque, precisa ser capaz de vender.
À medida que o comércio eletrônico transita de seu estado atual estático e transacional para um de múltiplas dimensões, os varejistas físicos precisarão garantir que estão aproveitando ao máximo sua equipe para proporcionar experiências exclusivas e aprimoradas. Por exemplo, os varejistas deverão recorrer à tecnologia para democratizar o serviço de nível de concierge, permitindo que a equipe atenda o cliente de maneira eficiente e altamente personalizada.
Isso envolverá desde a prática de clienteling (relação personalizada entre o vendedor e o cliente) até o atendimento direto ao cliente ou a rápida coleta ou devolução de um pedido online. O toque humano habilitado por tecnologia será o diferencial entre os vencedores e perdedores em 2024.
ESG: Firmemente de Volta à Pauta
Nos últimos 18 meses, o progresso na agenda ESG pode ter estagnado silenciosamente, à medida que tanto os varejistas quanto os consumidores priorizaram cortes de gastos. No entanto, a agenda de sustentabilidade é uma tendência que nunca desaparecerá, e acredito que sustentabilidade e meio ambiente serão novamente prioridades para os varejistas em 2024.
A transparência será um tema-chave este ano, à medida que os consumidores buscam orientação dos varejistas em suas tomadas de decisão, e, com a consciência elevada tanto sobre o “greenwashing” quanto o “bluewashing” (termos em inglês que retratam empresas com discursos ambientais e sociais que não se sustentam na prática), simplesmente não há como se esconder atrás de reivindicações ou rótulos falsos.
Os varejistas serão julgados não apenas pela autenticidade de suas reivindicações, mas também por sua precisão. Eles devem ter total visibilidade sobre sua cadeia de suprimentos e ser capazes de comunicar efetivamente suas práticas e padrões aos consumidores.
Após o anúncio histórico sobre a transição para a redução do uso de combustíveis fósseis na COP28 recentemente, acredito que veremos uma maior demanda por durabilidade do produto e rastreabilidade em torno dos esforços circulares mais amplos dos varejistas. Ou seja, espere que as cadeias de suprimentos estejam novamente no centro das atenções daqui para frente.