Inteligência operacional e seus impactos na performance logística

30/03/2023

*Eneas Zamboni

Em logística, o ato de entregar não está atrelado somente ao transporte. Ele envolve um conjunto de atividades e estratégias que vão desde o layout do armazém, passando pela capacidade do operador de empilhadeira, os equipamentos utilizados e, principalmente, os sistemas que controlam o fluxo logístico de toda a operação.

Dentro desse contexto, é preciso considerar que a inteligência operacional possui extrema relevância na performance logística; porém, muitas organizações (por maiores que sejam) ainda não são capazes de compreender o que isso de fato significa. Elas se perguntam o tempo inteiro o que fazer para melhorar a operação e fazem tentativas seguidas sem obter resultados satisfatórios.

Primeiro, é preciso ter em mente a definição de inteligência operacional: trata-se de uma metodologia de análise de dados em tempo real, o que inclui tecnologia. Ou seja, assim que as coisas acontecem, são disponibilizados dashboards permitindo que a gestão da empresa receba informações úteis em poucos instantes, o que possibilita tomadas de decisões rápidas e assertivas.

A inteligência operacional está baseada em processos realizados por sistemas que trabalham de forma integrada a outros setores, por isso, ela é capaz de munir a gestão de dados exatos, sem a necessidade de serem tratados.

Quantas peças entraram, quantas foram armazenadas, quantas capturadas ou quantas foram expedidas? Todos esses números são cruciais e devem ser utilizados em favor da companhia para que o estoque se torne mais produtivo. Mas, claro, os dados são muito vastos e é aí que entra a inteligência para saber lidar com eles. Como analisá-los, quando usá-los. Aqui está o segredo de uma operação mais eficiente, porque obviamente se eles forem utilizados de forma equivocada, o processo acaba ficando mais amarrado. Tecnologia é fundamental.

Ela é que vai auxiliar as empresas para que, no início de cada mês, seja feita uma análise da cultura do mês anterior. Por exemplo: por quais caminhos as equipes de coleta passaram mais? Quem da equipe coletou mais? Quantos metros esse colaborador teve que andar para alcançar determinado item, com qual frequência e que item era esse? A partir daí, é possível pensar em uma nova organização do estoque no CD. E isso é dinâmico: deve ser repensado a cada mês, e provavelmente mudará radicalmente de tempos em tempos.

Inteligência operacional está diretamente relacionada a processos, a layout eficiente, ao time bem treinado e altamente produtivo. Todos os setores precisam conversar e serem parceiros; todos os colaboradores dentro de um CD devem saber fazer tudo (receber, armazenar, separar, expedir, faturar) – sempre com qualidade. Até para entender o trabalho do outro e conseguir passar a bola da forma mais redonda possível. Observem que a armazenagem é cliente do recebimento, enquanto o picking é cliente da armazenagem. E o recebimento tem que facilitar armazenagem, senão haverá retrabalho. São detalhes que aparentemente não fazem tanta diferença, mas em uma operação de milhões de pedidos por ano, é algo muito relevante para a produtividade.

Nesse ponto, sem tecnologia, não há meios de descobrir e avaliar com acurácia qual a melhor forma de ser eficiente. Ela é quem vai apoiar na gestão dos processos e das pessoas, e consequentemente colocar a estratégia em evidência.

Costumo dizer àqueles que nunca é tarde para conhecer o conceito de inteligência operacional. A tecnologia é essencial para proporcionar uma visão mais crítica, ao mesmo tempo em que torna os processos mais produtivos e orientados a resultados. O futuro do e-commerce depende disso, afinal, crescer sem planejamento não basta.

*Eneas Zamboni é CEO da UX Group.

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