Crowdsourcing na logística: saiba por que é a solução para o varejo brasileiro

02/06/2022

Por Vinicius Pessin, CEO da logtech Eu Entrego* 

Um dos grandes problemas relacionados ao varejo é a capacidade logística de entregar seus produtos aos consumidores. A aceleração digital provocada pela pandemia de covid-19 ao longo dos últimos dois anos colocou essa questão como prioritária para o setor. É preciso buscar alternativas para atender as pessoas que se acostumaram a comprar on-line, principalmente para a última milha, ou seja, o trecho (e mais importante) da entrega até o destino final. Felizmente, a inovação tecnológica que cria novos desafios também apresenta soluções. Com uma boa plataforma de crowdsourcing logístico, é possível ampliar a rede de entregas ao mesmo tempo que se reforça a eficiência operacional. 

Uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial, realizada antes mesmo do avanço do novo coronavírus, já indicava que até 2030 haveria crescimento de 78% na demanda por soluções de entregas de última milha no varejo global. As razões para isso são muitas e dizem respeito aos desafios enfrentados pelas empresas atualmente. Entre elas estão a necessidade de adequar produtos e embalagens para esse tipo de entrega (44%), necessidade de acessar infraestrutura em áreas urbanas (43%), mudança nas demandas do consumidor (40%) e os custos envolvidos atualmente (37%), segundo um levantamento realizado pelo Gartner. 

A expressão crowdsourcing, de forma simplista, pode ser traduzida como uma “terceirização coletiva”. O conceito, porém, vai além desse nome criado em 2006 pela Revista Wired. Trata-se de um modelo que utiliza a participação coletiva, com as diferentes habilidades, conhecimentos e expertise dos envolvidos, para resolver determinados problemas de uma empresa. É muito útil, por exemplo, para aperfeiçoar produtos antes de um lançamento formal ao mercado, convidando consumidores a darem dicas, sugestões e até opções de melhorias. Ou ainda para quem tem uma solução que atende a diferentes segmentos e quer a participação de todos para melhorar o serviço. 

Mas onde essa proposta pode entrar na área logística, especificamente na resolução de problemas com a última milha? Simples: com a mobilização de um grupo de entregadores locais e o apoio de plataformas tecnológicas para executar o último trecho de pedidos despachados de centros de distribuição ou até para levar os itens adquiridos da loja física até os consumidores em suas casas. 

A combinação é capaz de aliar a velocidade promovida pela automação de processos com o conhecimento de rotas e da região que apenas motoristas locais têm a oferecer. Imagine, por exemplo, uma pequena cidade de difícil acesso. É bem mais rápido e econômico contar com o apoio de quem já vive por lá do que de uma grande transportadora que certamente vai perder mais tempo de deslocamento. 

Evidentemente apenas reunir um grupo de entregadores com experiência em um local específico não é suficiente para agilizar o sistema logístico do varejo. É necessário ter inteligência e velocidade, identificando melhores rotas de acordo com a capacidade de entrega e as características do produto. Itens frescos de um supermercado, por exemplo, são bem mais urgentes do que um eletroeletrônico. Nesse ponto as soluções com inteligência artificial são essenciais, pois fornecem informações em tempo real das entregas, combinam dados de demandas com o grupo de entregadores disponível e antecipa problemas que podem atrapalhar o delivery. Tudo para garantir que o pedido chegue o quanto antes a seu destino. 

Em um país com imensos desafios logísticos, como a extensão territorial, diferenças culturais e dependência de poucos modais, o serviço de entregas precisa ser certeiro. Ou seja, a empresa precisa contar com o apoio de todas as tendências e soluções que surgem para garantir que os clientes recebam seus pedidos da forma mais rápida possível. Nada melhor, portanto, do que combinar o know-how daqueles que já conhecem a comunidade onde estão inseridos e podem utilizar seus próprios veículos para otimizar as entregas. O crowdsourcing é a prova de que a união realmente faz a força. 

* Vinicius Pessin é CEO da Logtech Eu Entrego,startupde entregas colaborativas – e-mail: euentrego@nbpress.com   

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