Arbitragem: a rota segura para os portos brasileiros

Por Alberto J. M. de Lima*

Os portos são a porta de entrada e saída da economia brasileira. Mais de 90% do comércio exterior do país passa pelos terminais marítimos, que concentram investimentos privados bilionários em arrendamentos, infraestrutura logística e operações de longo prazo. 

Nesse ambiente, disputas são inevitáveis: atrasos em operações, indenizações por demurrage, conflitos em contratos de afretamento, responsabilidades ambientais, recomposição de equilíbrio econômico-financeiro de arrendamentos e discussões sobre bens reversíveis são apenas alguns exemplos de litígios recorrentes. 

Arbitragem: a rota segura para os portos brasileiros

Quando levados ao Judiciário, esses litígios enfrentam obstáculos estruturais: excesso de formalismo, prazos que se arrastam por anos e dificuldade de lidar com questões técnicas altamente especializadas, como cálculos de laytime, impactos alfandegários ou cláusulas internacionais de afretamento. Essa morosidade gera insegurança, compromete financiamentos e pode paralisar operações logísticas de enorme relevância econômica. 

A arbitragem se mostra o caminho natural para o setor portuário. Além da celeridade, permite que árbitros com expertise em direito marítimo e infraestrutura decidam questões complexas com base em padrões internacionais de comércio. É o que já se verifica em disputas reais no Brasil, onde concessionárias e arrendatárias recorreram à arbitragem para garantir indenizações por investimentos não amortizados, reequilíbrios em contratos impactados por crises cambiais ou ainda compensações decorrentes de atrasos operacionais.  

Ao preservar a continuidade do serviço e proteger os ativos investidos, a arbitragem fortalece a segurança jurídica indispensável para atrair novos aportes ao setor. 

O futuro aponta para a ampliação desse movimento. Questões de ESG, como a responsabilidade ambiental em áreas portuárias, já começam a ser debatidas em arbitragens. 

Nesse cenário, merece destaque o Projeto de Lei nº 733/2025, atualmente em tramitação no Congresso Nacional, que busca modernizar o marco regulatório dos portos brasileiros. Entre outros pontos, o PL reforça a segurança jurídica dos contratos de arrendamento e amplia mecanismos de resolução de controvérsias, reconhecendo expressamente a arbitragem como instrumento adequado para tratar de litígios patrimoniais no setor.  

A proposta é relevante porque sinaliza ao mercado que o Brasil pretende alinhar-se às melhores práticas internacionais, garantindo previsibilidade para investidores e maior eficiência na solução de disputas que, de outra forma, poderiam paralisar operações portuárias estratégicas. 

Para os investidores do setor portuário, a mensagem é clara: cláusulas arbitrais bem estruturadas não são apenas um detalhe contratual, mas uma vantagem competitiva. Elas garantem previsibilidade, permitem a resolução de conflitos de forma técnica e ágil e asseguram a proteção de investimentos em um setor vital para a economia nacional. Em um mercado cada vez mais globalizado, adotar a arbitragem como rota preferencial é escolher o caminho da eficiência, da confiança e do crescimento sustentável. 

* Alberto Maia é advogado especialista do núcleo de Arbitragem e Contencioso Estratégico de Martorelli Advogados. 

Compartilhe:
615x430 Savoy julho 2025
Governo publica edital do leilão do Aeroporto do Galeão com lance mínimo de R$ 932 milhões
Governo publica edital do leilão do Aeroporto do Galeão com lance mínimo de R$ 932 milhões
Consumo de biodiesel deve crescer em 2025 e 2026, aponta levantamento da StoneX
Consumo de biodiesel deve crescer em 2025 e 2026, aponta levantamento da StoneX
Motiva vence leilão da concessão da Fernão Dias e prevê R$ 9,4 bilhões em investimentos
Motiva vence leilão da concessão da Fernão Dias e prevê R$ 9,4 bilhões em investimentos
APS transfere administração do Porto de Itajaí para a Codeba a partir de 2026
APS transfere administração do Porto de Itajaí para a Codeba a partir de 2026
Projeto de automação logística da Pitney Bowes gera 70% de ganho de produtividade na operação da Centauro
Projeto de automação logística da Pitney Bowes gera 70% de ganho de produtividade na operação da Centauro
A retrospectiva 2025 reúne as DHL entregas especiais
Retrospectiva da DHL reúne entregas especiais de 2025, como taça CONMEBOL e babuíno

As mais lidas

01

Sem Parar Empresas lança ferramenta de consulta em lote para o IPVA 2026 com parcelamento em até 12 vezes
Sem Parar Empresas lança ferramenta de consulta em lote para o IPVA 2026 com parcelamento em até 12 vezes

02

Label & Pack Expo estreia em 2026 e reúne tecnologias para embalagens industriais, automação e rastreabilidade
Label & Pack Expo estreia em 2026 e reúne tecnologias para embalagens industriais, automação e rastreabilidade

03

Fórmula E emprega tecnologia de ponta para os carros rodarem. E a ABB faz parte deste universo
Fórmula E emprega tecnologia de ponta para os carros rodarem. E a ABB faz parte deste universo