Ações do Governo Trump, como as tarifas de importação, têm impacto significativo na cadeia logística global

Por outro lado, com o foco em fabricar mais produtos dentro do próprio país, os americanos buscam importar menos, o que reduz a necessidade de transporte internacional e pode deixar portos, navios e aviões de carga com menor demanda.

Donald Trump iniciou seu segundo governo com medidas que abalam a economia mundial e trazem revés na questão humanitária, como a expulsão de imigrantes e a demissão em massa de funcionários públicos federais. Mas, o nosso foco, nesta matéria especial, é mostrar as consequências das ações de Trump na economia e na logística mundial. Por exemplo, como as políticas protecionistas do governo Trump, incluindo tarifas comerciais e a iniciativa “America First”, têm impactado as cadeias logísticas globais e a competitividade das empresas brasileiras?

A Dra. Patricia Punder, advogada e CEO da Punder Advogados, aponta que os impactos estão sendo bastante significativos, tanto que as empresas brasileiras terão que adaptar suas cadeias logísticas, buscando novos mercados e ajustando suas estratégias para manter a competitividade em um cenário global mais volátil por, pelo menos, os próximos quatro anos.

Com a imposição de tarifas sobre importações chinesas, muitas empresas buscaram fornecedores alternativos, o que gerou oportunidades para países como Vietnã, México e Brasil. Empresas brasileiras de setores como aço, alumínio e agronegócio enfrentaram desafios e oportunidades na reestruturação do comércio global. “O Brasil foi diretamente afetado por tarifas sobre aço e alumínio, o que encareceu os produtos exportados para os EUA e prejudicou a competitividade das empresas brasileiras nesses setores. Por outro lado, as barreiras à China abriram espaço para o Brasil aumentar suas exportações de soja e outras commodities agrícolas para o mercado chinês. Por fim, vale destacar que a guerra comercial entre EUA e China gerou instabilidade nos fluxos logísticos, com aumento de custos no transporte marítimo devido a mudanças nas rotas e realocação de fornecedores”, diz Patrícia.

De fato, diante do cenário de incerteza gerado pelas políticas protecionistas do governo Trump, as cadeias logísticas globais enfrentam desafios significativos. As tarifas sobre produtos como aço e alumínio aumentaram os custos operacionais e criaram instabilidade nas rotas tradicionais de exportação. Para as empresas brasileiras, especialmente do setor industrial, isso resultou em menor competitividade nos mercados internacionais, forçando-as a buscar alternativas como novos mercados ou ajustes nas estratégias de distribuição, concorda Valeria Barbosa, especialista em Comércio Exterior e diretora do B&A Logística Internacional.

Outro que também aponta que as medidas protecionistas do governo Trump impactaram notavelmente as cadeias de suprimentos globais e a competitividade das empresas brasileiras é Jackson Campos, diretor de Relações Institucionais da AGL Cargo. De acordo com ele, tarifas sobre produtos estrangeiros tornam as exportações brasileiras para os EUA mais caras, diminuindo sua vantagem competitiva. Como resultado, as empresas brasileiras são compelidas a explorar mercados alternativos, muitas vezes enfrentando maiores despesas de logística e obstáculos adicionais de acesso. Essa situação exige uma reconfiguração das cadeias de suprimentos para se ajustar às barreiras comerciais recém-estabelecidas.

Na verdade, Trump começou seu mandato fazendo uma “caça às bruxas”, principalmente olhando para aqueles países que não o apoiaram quando ele perdeu as eleições para o ex-presidente Joe Biden. “Tenho acompanhado os pronunciamentos do vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, reforçando o posicionamento do Brasil como um parceiro americano e usando nossa trajetória de diplomacia do Itamaraty – de sermos bons parceiros para todos os demais países. De qualquer maneira, Alckmin tem defendido, inteligentemente, a necessidade se criar um comitê pró-Brasil para discutir com a diplomacia americana os pontos convergentes entre os dois países, entre eles questões relacionadas às nossas principais fortalezas comerciais nessa relação bilateral, como o agro, as commodities, produtos químicos, aço e o alumínio. Sobre a questão do ‘America First’, essa é uma ideologia de viés político nacionalista que foca em beneficiar os americanos. Mas o ponto importante é que, para que os americanos sintam a melhora da qualidade de vida, eles precisam se alimentar, se vestir e ter suas necessidades básicas e supérfluas bem atendidas, e é aí que o Brasil poderá se aproveitar! É dessa necessidade que temos a oportunidade de demonstrar a eles toda a capacidade da indústria brasileira que é altamente competente, capacitada, rápida e com interesse genuíno em abastecer as demandas americanas”, completa Erick Isoppo, especialista em comércio exterior e CEO da IDB do Brasil Trading.

Setores mais afetados

Com relação aos setores da economia global e brasileira mais afetados pelas restrições e renegociações comerciais dos EUA, e como as empresas estão se adaptando, Campos, da AGL Cargo, revela que indústrias como aço, agricultura e automotiva foram especialmente impactadas pelas restrições e renegociações comerciais dos EUA. Segundo ele, as empresas desses setores estão buscando estratégias de diversificação de mercado, novos parceiros comerciais e investindo em inovação para aumentar sua competitividade, pois há uma tendência de internalizar os processos de produção para mitigar a exposição a variações no comércio internacional.

“Ainda estamos em ambiente nebuloso. É cedo para medir os impactos de longo prazo na economia brasileira das novas políticas de comércio exterior impostas pelos EUA. Embora o foco de Trump parecer ser México e Canadá, é importante salientar que diversos departamentos estão envolvidos nessa reavaliação: departamento de comércio e o gabinete do US Trade, com o apoio do Tesouro americano e o Homeland Security. A ordem é reavaliar tarifas de importação de mais de 17.000 produtos.”

Ainda segundo Thiago N. Felippe, CEO da Aiqon, tarifas de importação funcionam, em termos econômicos, como um “per-unit tax” ou como um aumento do preço final. O preço final se torna mais alto, o que afeta a sua demanda. Como tarifas de importação são bilaterais, o real impacto pode ser uma queda de demanda acentuada pelo aumento relativo da competitividade de produtos substitutos locais. Em outras palavras, tarifas no seu produto de exportação podem fazer com que seus clientes internacionais optem por outro produto que não mais o seu.

Trump está analisando também barreiras não-tarifárias, que são formas de criar vantagens a um setor de forma indireta e, em alguns casos, praticamente banir certos competidores do mercado. Alguns desses mecanismos são: a taxa real de câmbio (especialmente em casos de subsídios e peg de moeda ao dólar, como faz a China), custos logísticos, restrições sanitárias ou políticas de importação. Em notícia recente, Trump salientou a importância de analisar as tarifas sob esta ótica mais holística. Produtos e países que não aplicam tarifas de importação a produtos dos EUA não estão imunes a uma retaliação da Casa Branca.

“O que isso significa para o Brasil? Existe já um forte olhar do Trump para o etanol e o açúcar. Segundo Trump, há um desequilíbrio da balança comercial, pois o Brasil tarifa em 18% o etanol americano, enquanto os EUA tarifam o etanol brasileiro em somente 2.5%. Como nada é simples nessa vida, o ‘complicômetro’ é que, no caso do açúcar, os EUA tarifam em $360 por tonelada, o que equivale a uma tarifa percentual de 81.2% com os preços atuais do açúcar no mercado. Como ainda estamos em período nebuloso, é aconselhável cautela. Não tomar medidas definitivas como mudar o seu Supply Chain, mas, ao mesmo tempo, aproveitar oportunidades comerciais que se abrem devidos a esses shifts econômicos. Pode ser possível ao Brasil exportar ainda mais soja, carne, algodão e frango à China. Nesse momento, em longo prazo, o ideal é simultaneamente observar o quadro e traçar, como em um exercício de Game Theory, todas as potenciais estratégias a serem adotadas quando o furor passar”, aconselha o CEO da Aiqon.

A Dra. Patricia, da Punder Advogados, também coloca que, globalmente, temos visto que a guerra comercial entre EUA e China resultou em tarifas elevadas sobre produtos eletrônicos e componentes industriais. Empresas como Apple e Samsung buscaram diversificar sua produção, deslocando fábricas para países como Vietnã, Índia e México.

Por outro lado, empresas brasileiras que dependem de componentes asiáticos enfrentaram atrasos e custos elevados. A estratégia de buscar fornecedores alternativos e desenvolver produção local de componentes específicos poderia ser uma solução. Entretanto, o Brasil já foi para o caminho do desenvolvimento nacional por meio da “Reserva de Mercado”, e o resultado foi terrível para a economia e cidadãos brasileiros – preços astronômicos, qualidade duvidosa e falta total de investimento em inovação.

Já no setor automotivo, a renegociação do NAFTA (agora USMCA) impactou a produção de veículos e autopeças, aumentando custos para fabricantes como Ford e GM. Muitas montadoras terão que reforçar investimentos nos EUA para evitar tarifas. Dependente de autopeças e insumos importados, o Brasil enfrentou desafios devido à instabilidade nas cadeias de suprimentos globais. Montadoras no Brasil terão que buscara fornecedores locais e adotar novos modelos de produção mais flexíveis.

No agronegócio, as tarifas chinesas sobre produtos agrícolas dos EUA (soja e carne suína) favoreceram exportadores brasileiros e argentinos. Empresas do agronegócio investiram em ampliação da produção e logística portuária para atender à crescente demanda chinesa

Ao implementar as ações abaixo, aconselha a CEO da Punder Advogados, as empresas podem vir a mitigar riscos e garantir maior estabilidade diante das incertezas do comércio global. Adaptabilidade e inovação são essenciais para sobreviver e prosperar em um ambiente econômico cada vez mais volátil, diz a Dra. Patrícia.

Nearshoring e Friendshoring: Realocar fornecedores para países aliados ou regiões próximas que tenham acordos comerciais favoráveis;

Fornecedores Alternativos: Criar uma rede global de suprimentos para reduzir riscos de tarifas e embargos;

Adoção de Tecnologia e Automação: Melhorar a eficiência logística e reduzir custos operacionais;

Investimentos em Armazéns e Centros de Distribuição: Reduzir dependência de rotas sujeitas a restrições comerciais;

Uso de Modalidades Alternativas: Explorar opções como transporte ferroviário e rodoviário para reduzir custos e evitar gargalos logísticos;

Planejamento de Estoques Estratégicos: Criar estoques de segurança para minimizar impactos de restrições comerciais repentinas.

“Buy American”

A iniciativa “Buy American”, que incentiva a produção doméstica nos EUA e reduz a dependência de fornecedores estrangeiros, promove mudanças no comércio global e impacta diretamente a logística internacional. Com o foco em fabricar mais produtos dentro do próprio país, os americanos buscam importar menos, o que reduz a necessidade de transporte internacional e pode deixar portos, navios e aviões de carga com menor demanda. Como consequência, os custos de frete podem subir e algumas rotas comerciais podem se tornar menos viáveis economicamente.

Normalmente, continua analisando Renata B. Ferreira, doutora em Relações Internacionais e Coordenadora do MBA em Diplomacia Corporativa e Gestão de Projetos Internacionais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio, essa estratégia acaba favorecendo países vizinhos dos EUA, como México e Canadá, que se beneficiam do nearshoring (transferência da produção para locais mais próximos) e do friendshoring (priorização de fornecedores de países confiáveis). No entanto, dada a política tarifária agressiva adotada pelo segundo governo Trump aos mexicanos e aos canadenses, essa transferência e priorização não ocorrerão, gerando um quadro de grande incerteza quanto aos caminhos adotados pelos americanos para sustentar essa política. “No caso do primeiro governo Trump, o nearshoring e o friendshoring representaram desafios para o Brasil, pois levavam o país a perder espaço no mercado americano para concorrentes mais próximos geograficamente. Setores como o agronegócio, a manufatura e a mineração sentem mais fortemente essas mudanças, especialmente quando não conseguem se diferenciar pela inovação ou sustentabilidade. Mas, agora não há nada amigável na relação com os vizinhos, diz Renata.

Dado que o Brasil também sofre com as atuais políticas tarifárias do segundo governo Trump, não é possível ainda afirmar se o país poderá aproveitar algumas oportunidades decorrentes dessa política. Como os EUA continuarão dependendo de certos insumos e matérias-primas, poderá haver espaço para o país se posicionar como um fornecedor confiável de produtos estratégicos, como minérios essenciais, mas tudo dependerá de como os EUA interpretará o Brasil, sua política e a relevância de nossos produtos para suprir possíveis deficiências do mercado norte-americano, completa a doutora em Relações Internacionais.

Também para Campos, da AGL Cargo, iniciativas dos EUA projetadas para reforçar a produção doméstica e diminuir a dependência de cadeias de suprimentos globais, como a “Buy American”, trazem consequências consideráveis ​​para a logística internacional. “Ao focar na compra de produtos feitos dentro do país, a importação de bens diminui, levando a uma necessidade reduzida de serviços de transporte internacional, o que afeta negativamente as empresas de logística que operam em escala global. Além disso, essa abordagem pode resultar em uma mudança de rotas comerciais, influenciando portos e Centros de Distribuição dependentes do fluxo de bens importados.”

A Dra. Patricia, da Punder Advogados, também aponta que a possível redução das importações pode afetar portos e empresas de navegação que dependem do fluxo de carga para os EUA. Isso pode levar a ajustes nas operações e até desvio de cargas para outros mercados mais receptivos. E empresas internacionais podem ter que buscar novos mercados para compensar a menor demanda dos EUA, ajustando suas cadeias logísticas para atender regiões como Europa e Sudeste Asiático.

Hugo Garbe, professor de Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), também apresenta uma análise parecida. Para a logística global, a política “Buy American” significa menor volume de carga transportada para os EUA e uma possível mudança na direção de exportações brasileiras para mercados alternativos. Setores como agronegócio e manufatura sentirão os impactos diretos, uma vez que barreiras tarifárias e exigências de conteúdo local dificultarão a penetração de produtos estrangeiros no mercado americano. Como consequência, as empresas brasileiras precisaram diversificar mercados e buscar acordos bilaterais para compensar a redução de demanda americana.

Nelson Beltrame, professor da FIA Business School, também aponta que, com um histórico de políticas protecionistas e um discurso voltado à proteção da produção doméstica americana, essas medidas, se concretizadas, não apenas reposicionarão os Estados Unidos no comércio internacional, mas também gerarão reflexos profundos em economias emergentes, como o Brasil.

As tarifas sobre as importações globais e sobre produtos chineses são medidas com potencial de desestabilizar o comércio internacional. Para os Estados Unidos, o objetivo declarado é fortalecer a produção doméstica e reduzir a dependência de importações, especialmente de setores considerados estratégicos. No entanto, o impacto global será severo. Produtos importados nos Estados Unidos, de alimentos a eletrônicos, se tornarão mais caros, alimentando a inflação interna e afetando os padrões de consumo. A sobretaxa para produtos do Canadá e México, por sua vez, pode criar brechas para o Brasil expandir sua presença no mercado americano, especialmente em setores como alimentos e bebidas. Mas esse ganho potencial é limitado, considerando que o protecionismo como um todo também pode dificultar a entrada de produtos brasileiros nos EUA.

“A imposição de tarifas pesadas sobre produtos chineses deve gerar um impacto significativo na cadeia global de suprimentos. Produtos eletrônicos, componentes industriais e bens de consumo, amplamente importados da China, terão seus preços aumentados, o que alimentará a inflação nos Estados Unidos e poderá desacelerar a economia chinesa”, acredita Beltrame.

Automação logística

Ao avaliar como os investimentos dos EUA em infraestrutura e tecnologia, como o plano “Build Back Better” e a automação logística, impactam a competitividade global e a participação brasileira no comércio internacional, Felippe, da Aiqon, lembra que a capacidade de investimento e a competência na execução são traços fortes da cultura americana. “Tendo vivido boa parte da minha vida adulta nos EUA, posso atestar a eficiência e força que os mercados lá têm.”

O processo de globalização desenfreado das últimas décadas foi indubitavelmente um jogo de soma positiva no qual todos os players envolvidos saíram ganhando. “Estamos agora, no entanto, vendo o processo reverso tomar forma. Países líderes da economia global entenderam a fragilidades das cadeias de suprimentos e as fraquezas de depender de um país/empresa/produto crítico específico”, diz o CEO da Aiqon.

O “Build Back Better” tem como finalidade melhorar a infraestrutura americana, que indiscutivelmente não está no nível de primeira potência global, para o futuro. Além disso, no processo, visa diminuir estrategicamente posições de peso de países com potencial de clash político, seja com os EUA ou com outro país, mas que pode gerar consequências catastróficas. Isso inclui a questão dos semicondutores em Taiwan e o potencial cada vez maior de conflito com a China de Xi Jinping.

“Se uma megapotência como os Estados Unidos pode sofrer graves consequências com disrupções nas cadeias de suprimentos, imagine os demais países, que muitas vezes se beneficiam fortemente de exportações de indústrias específicas. Setores no Brasil como o agro, que é o nosso mais forte representante no mercado exportador – embora parte dessa força venha de subsídios para mitigar ineficiências oriundas do Custo-Brasil –, podem sofrer grandes percalços se grandes importadores começarem a ser menos dependentes de soja, carne bovina, algodão e frango, por exemplo. O Brasil já não possui altos níveis de eficiência e produtividade, inclusive tendo um dos índices de produtividade mais flats e baixos no mundo. No Penn World Table de 2019, o Brasil aparece com o coeficiente de Total Factor Productivity (TFP) de 0.52 (o indicador é balizado com os Estados Unidos em 1). O TFP na equação de produção de Cobb-Douglas mede quão bem o país usa seus dois principais fatores de produção: capital e trabalho. O Brasil aparece abaixo de Nigéria, Marrocos e Moldova.”

Ainda segundo Felippe, o bonde da globalização desenfreada já passou. Agora, com esse novo processo de desglobalização, o Brasil precisa entender que precisará mais do que nunca aumentar a sua competividade e valor na cadeia global. “Capacitar a mão de obra para trabalhar em setores de maior valor agregado e melhorar nossa defunta infraestrutura, além de reduzir o red tape (burocracia desnecessária e indesejada) são passos cruciais para a nossa sobrevivência como player de peso global. Curiosamente, o enriquecimento de uma nação passa por esses passos. Trabalhadores ganham mais quando são mais produtivos.”

Pelo seu lado, Isoppo, da IDB do Brasil Trading, lembra que nossa cultura é muito “americanizada” desde a década de 90, quando o ex-presidente Fernando Collor de Mello abriu o mercado brasileiro aos produtos importados.

Assim, qualquer movimento americano de fato impacta o Brasil, mas hoje de forma menos tendenciosa e menos onerosa porque temos um bom “colchão” de reserva internacional e temos diversificado nossa atuação global, com presença forte na Europa e na Ásia. “De qualquer maneira, a tecnologia desenvolvida nos Estados Unidos rapidamente chega ao Brasil, visto que somos o terceiro país do mundo que mais está aberto a testar novas ferramentas de TI. Exemplo disso é o impacto de ferramentas como Whatsapp, Facebook, Instagram e Google no Brasil. Somos um dos maiores mercados para essas tecnologias made in USA.”

Completando, Valeria, da B&A Logística Internacional, acrescenta que a modernização de portos e rodovias e sistemas automatizados reduzem custos e aumentam a eficiência no comércio internacional. Para o Brasil, isso representa tanto um desafio quanto uma oportunidade: a necessidade de atualizar sua infraestrutura logística para acompanhar essas mudanças e, ao mesmo tempo, explorar parcerias tecnológicas que possam melhorar sua participação no mercado global.

Mudanças nas rotas e custos logísticos

Durante o primeiro governo Trump (2017-2021), as sanções e tarifas comerciais aplicadas tiveram um impacto direto nas cadeias de suprimentos globais, obrigando empresas a repensarem suas rotas e estratégias logísticas. A guerra comercial com a China, por exemplo, fez com que muitas companhias buscassem alternativas para evitar as tarifas sobre produtos chineses, levando a um deslocamento da produção para países como Vietnã, México e Índia. Isso alterou o fluxo do comércio global, aumentando a demanda por transporte em novas regiões e, consequentemente, encarecendo os custos logísticos. Além disso, sanções contra países como Irã e Rússia afetaram o transporte de commodities essenciais, como petróleo e gás, elevando os custos dos combustíveis e tornando o frete marítimo e aéreo mais caro.

O setor de tecnologia também sofreu grandes impactos, já que restrições à Huawei e à venda de semicondutores para a China levaram a problemas na cadeia de suprimentos, forçando empresas a buscarem fornecedores alternativos e a realocarem a produção. Diante desse cenário, avalia Renata, da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio, muitas empresas precisaram reestruturar suas cadeias logísticas para minimizar os riscos políticos e tarifários. Isso resultou em uma tendência de regionalização da produção, na busca por fornecedores mais confiáveis e no aumento de custos operacionais para aqueles que não se adaptaram rapidamente às novas regras do comércio global.

Nesse segundo mandato de Trump, os principais alvos das tarifas impostas pelos EUA afetam não só os chineses, mas também outros parceiros antigos, como o Canadá e o México. Todos comunicaram respostas de retaliação às tarifas impostas, embora o México busque, assim como o Brasil – também afetado pelas políticas tarifárias norte-americanas – a via diplomática de negociações diretas para reduzir os efeitos em setores estratégicos para o país, evitando grandes impactos em setores considerados centrais para sua economia. Em termos logísticos, os prejuízos podem ser semelhantes ou piores do que os que foram impostos em 2017-2021. “No entanto, os aprendizados obtidos naquele período podem servir de bússola a orientar os governos taxados para que suas respostas em termos de rotas alternativas e custos logísticos agora possam ser elaboradas de forma mais eficaz e duradoura, dado que teremos ainda muito tempo de administração Trump pela frente”, comenta a doutora em Relações Internacionais.

Também avaliando as principais mudanças nas rotas e custos logísticos devido às novas relações comerciais e sanções aplicadas pelo governo Trump, Beltrame, da FIA Business School, destaca que um dos pilares da visão de Trump inclui a implementação gradual de tarifas universais sobre todas as importações dos EUA. México e Canadá foram os maiores parceiros comerciais dos EUA em 2024.

Dados da Siila (Inteligência para o mercado imobiliário comercial) mostram que, no México, uma a cada três empresas que ocupam imóveis logísticos são de origem americana. Entre 2023 e 2024, 65% das empresas dos EUA que já operavam no país expandiram suas áreas ocupadas. Hoje, 57% das empresas de origem chinesa que ocupam galpões industriais no país não estavam presentes em 2020. Geograficamente, essas empresas demonstram uma clara preferência pelo norte do México, com mais de 60% delas concentradas em mercados-chave, como Monterey, Tijuana, Saltilo e Cuidade Juarez.

O aumento das empresas chinesas operando no México pode ser atribuído a três fatores principais, segundo o professor: primeiro, o nearshoring, que tem levado as empresas a deslocar sua produção para mais perto do mercado dos EUA, a fim de reduzir custos logísticos e tempos de entrega; segundo, as tarifas impostas pelos EUA desde 2018, que tornaram as exportações diretas da China mais caras e, como consequência, posicionou o México como uma plataforma ideal para acessar o mercado americano. Por fim, a localização estratégica do México, sua infraestrutura industrial robusta e custos operacionais competitivos, que contrastam com o aumento de custos trabalhistas na China, tornam o México uma opção mais lucrativa para a manufatura pesada voltada para a América do Norte.

É fato que a imposição de tarifas comerciais elevadas sobre importações de países como China e México levou empresas a redesenharem suas cadeias logísticas. Isso provocou um redirecionamento de rotas comerciais, com um aumento da participação de países do Sudeste Asiático como fornecedores alternativos. Além disso – salienta Garbe, da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) –, houve uma busca por nearshoring, aproximando centros produtivos dos EUA para reduzir custos e minimizar riscos geopolíticos. Como resultado, houve aumento nos custos logísticos devido à necessidade de adaptar infraestruturas, encontrar novos fornecedores e lidar com tarifas mais altas, além do impacto nas seguradoras marítimas por conta das incertezas comerciais.

“Os impactos das sanções ainda são recentes e, embora muito ameaçadoras, as mudanças são pouco práticas até o momento. Não podemos esquecer que, na regra tributária, quem paga o tributo é o consumidor, então práticas protecionistas exageradas terão impacto diretamente no bolso do contribuinte americano e poderão resultar numa ‘estagflação’, que é a inflação gerada numa economia estagnada, que não cresce. Isso será o efeito colateral da guerra comercial americana com seus parceiros e fornecedores globais, ao meu ver”, completa Isoppo, da IDB do Brasil Trading.

Políticas ambientais

A retomada do fortalecimento das políticas ambientais nos EUA durante o governo Biden, impulsionado por ideias como o “Green New Deal”, contribuiu para a continuidade nas mudanças quanto à forma como empresas no mundo todo operam, inclusive no Brasil. Quem exportava para os EUA precisava se adaptar às novas exigências ambientais, como garantir que seus produtos fossem rastreáveis, livres de desmatamento e com menor pegada de carbono. Isso afetava diretamente a logística, pois exigia processos mais eficientes e sustentáveis, elevando os custos para quem não investe nessas práticas.

No setor de transportes, havia uma pressão crescente pelo uso de combustíveis renováveis e tecnologias que reduzissem emissões. Isso significava que exportadores brasileiros precisavam modernizar suas operações, utilizando rotas mais otimizadas, veículos elétricos e embalagens sustentáveis. Além disso, transportadoras que não atendessem a esses critérios podiam enfrentar taxas extras ou até mesmo restrições no mercado americano. Por outro lado, essas políticas também abriam oportunidades para o Brasil. Setores como bioenergia, agronegócio sustentável e mineração responsável se beneficiavam dessa nova demanda por produtos ecológicos. Empresas que se posicionassem bem nesse cenário, investindo em práticas ESG (ambientais, sociais e de governança), podiam atrair mais investimentos e conquistar um espaço maior no comércio global.

Contudo, conclui Renata, da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio, dada a postura contrária a práticas de sustentabilidade e de fontes de energia renovável do governo Trump, os investimentos em logística verde e produção sustentável devem acabar perdendo fôlego, abrindo espaço novamente para as empresas que não seguem esses padrões e que desejam manter seu acesso ao mercado norte-americano via empresas que produzem no estilo tradicional. “Resta sabermos, no entanto, se os EUA vão permanecer ocupando o mesmo espaço de importância na economia brasileira ou se a postura de defesa de práticas e políticas sustentáveis do atual governo brasileiro o levará a diversificar suas parcerias para manter seus compromissos segundo a perspectiva da sustentabilidade.”

Isoppo, da IDB do Brasil Trading, também ressalta que nessa fase Trump 2.0, as políticas de sustentabilidade americanas estão sendo desfeitas. “Inclusive, umas das campanhas desse governo é incentivar a exploração de petróleo para que os Estados Unidos não fiquem dependentes de nenhuma fonte externa.”

O Brasil é muito forte em assuntos ambientais e sustentáveis, e isso precisa ser mantido, diz o CEO da IDB do Brasil Trading. Além disso, esse tema é muito forte na Europa, continente que é um grande parceiro comercial brasileiro. “Portanto, acho estratégico mantermos nossa relevância e reputação constituída em iniciativas ambientais e de sustentabilidade. Sobre como as políticas ambientais e incentivos à sustentabilidade dos EUA, como o ‘Green New Deal’, influenciam a logística global e as práticas das empresas brasileiras, por ora não vejo nenhuma influência, seja positiva ou negativa, em detrimento da saída do governo Trump do Tratado de Paris, e inclusive acredito que em breve eles retornarão, visto que o mundo precisa ser visto de forma sustentável, integrada e responsável. Nas empresas privadas, a inclinação para economia verde é um caminho sem volta. Os grandes negócios mundiais sempre passarão pelo cuidado com o meio ambiente, com a saúde mental das pessoas, além da preservação do meio ambiente e o cultivo sustentável das lavouras e da mineração.”

Numa visão diferente, o professor Beltrame, da FIA Business School, acentua que a revisão das políticas ambientais nos Estados Unidos, incluindo a possível suspensão dos incentivos da Lei de Redução da Inflação (IRA), abre novas oportunidades para o Brasil na captação de investimentos voltados para energias limpas, como eólica e hidrogênio verde. A princípio, a mudança na política americana pode redirecionar bilhões de dólares antes destinados ao mercado dos EUA para projetos no Brasil. Desse modo, o Complexo do Pecém, no Ceará, já atrai investimentos significativos, como o da Fortescue, que pretende construir uma planta de hidrogênio verde de R$ 17,5 bilhões. Ao mesmo tempo, o Nordeste tem um papel estratégico na transição energética global, com hidrogênio verde, eólica e solar como principais apostas para atrair investimentos internacionais.

O também professor Garbe, da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), ressalta que, embora o governo Trump tenha sido contrário ao “Green New Deal” e tenha relaxado regulações ambientais, houve um movimento do setor privado americano em direção à sustentabilidade. Grandes corporações, pressionadas por consumidores e investidores, passaram a exigir certificações ambientais e maior transparência na cadeia de suprimentos. Isso impacta a logística global, forçando transportadoras e exportadores brasileiros a adotar práticas mais sustentáveis, como o uso de biocombustíveis e a otimização de rotas para reduzir emissões. Além disso, empresas brasileiras que exportam para os EUA precisam atender a novos padrões ambientais para manter competitividade.

Por seu lado, Valeria, da B&A Logística Internacional, acredita que essas políticas incentivam a adoção de tecnologias verdes e processos logísticos mais eficientes, pressionando empresas brasileiras a se adaptarem para manter sua competitividade. Embora ainda haja desafios relacionados aos custos iniciais, há uma oportunidade para que o Brasil fortaleça sua posição como fornecedor de commodities sustentáveis, alinhando-se às demandas globais por práticas ESG.

Tarifas comerciais

De que forma a valorização do dólar, tarifas comerciais e custos de transporte impactam as exportações brasileiras e quais estratégias podem ser adotadas para mitigar esses efeitos?

Na ótica de Felippe, da Aiqon, para os setores exportadores, um dólar forte (ou um real desvalorizado) são benéficos. “A China, com sua estratégia capitalista pintada de vermelho, implementou com êxito a desvalorização do renminbi. Isso permitiu ao país se tornar a fábrica do mundo e incluir na classe média centenas de milhões de pessoas que viviam na pobreza. No entanto, vale ressaltar um ponto que já comentei. A administração Trump está olhando para esses fatores também para desenhar a sua estratégia de comércio exterior. Mercados que implementaram regulamentações com o objetivo de inibir a entrada de produtos americanos ou que desvalorizaram suas moedas contra o dólar para beneficiar os seus setores de exportação, em tese, sofrerão medidas tanto quanto aqueles que somente implementaram tarifas de importação de produtos americanos maiores do que os EUA aplicaram em contrapartida.”

No curto prazo, prossegue o CEO da Aiqon, não há muito o que se fazer. No longo prazo, empresas brasileiras precisam mitigar ainda mais os efeitos do Custo-Brasil nas suas operações. Esse é um cenário típico do “mais fácil falar do que fazer”, mas o princípio aqui é minimizar os efeitos dos calcanhares de Aquiles da nossa economia como infraestrutura rodoviárias e ferroviária de má qualidade. É um fator que ocasiona perdas e quebras de produtos, tanto perecíveis quanto não-perecíveis, alto índice de roubo de cargas nas estradas, complexidade tributária em cadeias de suprimentos que abrangem vários estados, dentre outros. Um desafio logístico. “Para aqueles em que o setor/produto permite, considerar migrar a parte final da produção para um país com melhor infraestrutura e menos impacto das tarifas de Trump pode fazer sentido como medida de longo prazo. No atual momento de incertezas regulatórias, é impossível desenhar um plano de ação específico. O máximo que podemos fazer nesse momento é apontar o dedo para uma direção que faz sentido.”

Também para Garbe, da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), a valorização do dólar tende a beneficiar exportadores brasileiros, tornando seus produtos mais competitivos no mercado externo. No entanto, tarifas comerciais e custos de transporte mais altos podem anular essa vantagem, especialmente para setores que dependem de insumos importados. Estratégias para mitigar esses efeitos incluem a busca por mercados alternativos além dos EUA, a negociação de acordos comerciais que reduzam barreiras tarifárias e a adoção de tecnologias para aumentar a eficiência logística. Além disso, parcerias estratégicas com Operadores Logísticos globais ajudam a otimizar custos e minimizar impactos da volatilidade cambial.

Respondendo à mesma pergunta, e com uma visão contrária, Renata, da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio, destaca que a valorização do dólar pode ser uma faca de dois gumes para as exportações brasileiras: por um lado, torna os produtos nacionais mais competitivos no exterior, pois ficam mais baratos para compradores estrangeiros; por outro, encarece insumos importados e aumenta o custo de produção. Já as tarifas comerciais impostas por outros países podem reduzir a competitividade dos produtos brasileiros, dificultando o acesso a mercados estratégicos. Além disso, os altos custos de transporte, impulsionados pelo preço do combustível e pela infraestrutura deficiente, podem corroer margens de lucro e tornar a exportação menos viável.

Para mitigar esses desafios, empresas podem diversificar mercados para reduzir dependência de um único país, investir em eficiência logística para reduzir custos, buscar acordos comerciais que minimizem barreiras tarifárias e apostar na agregação de valor aos produtos exportados, tornando-os menos sensíveis a variações cambiais e custos operacionais.

A diplomacia brasileira é bastante hábil e cautelosa ao tratar desses temas, buscando abrir vias de negociações de modo a construir um diálogo que mitigue ou até reverta a aplicação de tarifas, enxerga Renata. No caso dos produtos agrícolas, como a soja, é sabido que os fazendeiros americanos estão bastante insatisfeitos com essas medidas, pois a capacidade interna do país de absorver a produção norte-americana não é suficiente e as tarifas aplicadas aos parceiros consumidores pode abrir espaço para a produção do Brasil, por exemplo. Variáveis como essa podem levar o governo de Trump a repensar essas tarifas, na medida em que observem os reais impactos que posturas isolacionistas podem causar para o seu mercado que, assim como os demais, está fortemente globalizado, diz a doutora em Relações Internacionais.

Reavaliação das cadeias de suprimentos

Com as mudanças na política comercial dos EUA, e como já mostrado ao longo desta matéria especial, as empresas estão reavaliando suas cadeias de suprimentos, dando preferência a fornecedores locais ou de áreas com acordos comerciais vantajosos. Essa reorganização, segundo Campos, da AGL Cargo, visa a reduzir os riscos e as despesas vinculadas a tarifas e barreiras comerciais. Dentro desse novo contexto, há oportunidades para reforçar o mercado interno, investir em tecnologias de automação e investigar nichos de mercado menos impactados por medidas protecionistas.

Isso está acontecendo aqui e agora, em todas as organizações que ou consomem bens importados ou exportam bens produzidos aqui. Reavaliar e reconstruir Supply Chain é uma tarefa extremamente complexa. “Como vimos na crise da Covid-19, em 2020 e 2021, os golpes contra as cadeias de suprimentos produzem efeitos rápidos e dolorosos e levam meses ou anos para serem superados e a operação voltar a ocorrer de forma previsível. Exatamente como aconteceu há 5 anos, o disruptivo momento atual exige que as empresas que dependem de Supply Chain para produzir tenham uma inteligência de logística mais responsiva, com fluxos e tomadas de decisão mais rápidos e assertivos, além de planos de contingência para todos os fatores de risco, especialmente Supply Chain com diversos tiers de fornecedores. Esse é o caso, por exemplo, do setor automobilístico”, comenta Felippe, da Aiqon. 

Isso tem de ser feito com o auxílio de inteligência de negócios e também aplicações baseadas em Inteligência Artificial, que aceleram o processamento da miríade de dados e elementos que fazem parte de uma Supply Chain. Outra providência estratégica é inserir tanto o modelo atual como futuro de Supply Chain numa visão alinhada às melhores práticas de cybersecurity. Grupos criminosos sabem o valor de uma cadeia de suprimentos e o quanto podem ganhar monetariamente ao, por exemplo, realizar um ransomware sobre aplicações críticas para essa inteligência logística.

“Todos esses pontos fazem da crise das tarifas disparada pelo governo Trump um momento de profunda reavaliação do mercado global. Isso pode ser uma porta aberta à inovação, ao ganho de eficiência e a conquista de novos mercados. Mas, por outro lado, exige uma visão de dados ao mesmo tempo muito ampla e atualizada, capaz de chegar ao detalhe do detalhe de um elemento da Supply Chain. Essa granularidade é luz sendo lançada sobre possíveis ‘nós’ logísticos. A soma de recursos de inteligência artificial com cybersecurity é pedra angular neste novo paradigma de incertezas globais”, completa o CEO da Aiqon. 

De fato, como também explica a Dra. Patricia, da Punder Advogados, muitas empresas estão reduzindo a dependência da China e trazendo suas cadeias de suprimentos para países mais próximos (nearshoring), como México e Canadá, ou para aliados estratégicos (friendshoring), como Índia e Vietnã. Isso ajuda a reduzir riscos geopolíticos e melhorar a resiliência da cadeia.

Os incentivos do governo dos EUA, como os subsídios da Lei CHIPS para semicondutores e a Lei de Redução da Inflação para manufatura sustentável, estão impulsionando a produção local. Empresas de tecnologia, automotivas e energia renovável estão investindo mais na fabricação doméstica. Para lidar com custos mais altos e melhorar a eficiência, as empresas estão investindo em tecnologias como inteligência artificial, robótica e blockchain para rastreamento de suprimentos e otimização logística.

Oportunidades sempre acontecem diante de qualquer mudança. Entretanto, diz a advogada, o investimento em infraestrutura logística, expansão de fornecedores alternativos, novas parcerias comerciais (diversificação de fornecedores) e o avanço da tecnologia na cadeia de produção podem ser considerados agora para o mercado de logística. A grande questão será o quão ágil as empresas serão para implementar as oportunidades e o quanto estarão dispostas a investir.

Participantes desta matéria

AGL Cargo – Tem como core business o transporte internacional de cargas em diferentes modais. Faz parte da International Air Transport Association (IATA), garantindo máxima segurança também para seus embarques aéreos, e é um dos primeiros Agentes de Cargas Nacionais certificados pela Receita Federal Brasileira como Operador Econômico Autorizado (OEA).

Aiqon – É um hub de inteligência em cybersecurity que representa no Brasil as plataformas Netwrix e Syxsense/Absolute.

B&A Logística Internacional – É especializada em logística internacional e comércio exterior, tendo ampla experiência em logística de máquinas e produtos diversos, atuando em parceria com Centros de Pesquisa, INMETRO e a Marinha do Brasil. Atende setores como museus, clínicas e o segmento de Oil & Gas e é especialistas em cargas sensíveis e liberações da ANVISA. Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio – Tradicional faculdade com cursos de graduação nas áreas de administração, ciência de dados, contábeis e econômicas, comércio exterior, comunicação empresarial, direito, psicologia e relações internacionais.

FIA Business School – É considerada referência entre as escolas globais de negócios do Brasil e da América Latina. Atua em educação executiva, pesquisa e consultoria.

IDB do Brasil Trading – É uma das maiores empresas de importação do Sul do Brasil. Localizada estrategicamente em Santa Catarina, em um dos principais polos de importação do país e que oferece benefícios fiscais convalidados, assessora seus clientes de ponta a ponta.

Punder Advogados – É liderado por Patrícia Punder e oferece serviços de consultoria de Compliance, Governança, LGPD e ESG, com respostas rápidas e focadas nos negócios dos clientes. Patricia Punder é advogada e compliance officer com experiência internacional. Professora de Compliance no pós-MBA da USFSCAR e LEC – Legal Ethics and Compliance (SP). Uma das autoras do “Manual de Compliance”, lançado pela LEC em 2019 e Compliance – além do Manual 2020. 

Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) – Foi eleita a melhor instituição de educação privada do Estado de São Paulo em 2023, de acordo com o Ranking Universitário Folha 2023 (RUF). Possui três campi no Estado de São Paulo, em Higienópolis, Alphaville e Campinas. Os cursos oferecidos contemplam Graduação, Pós-Graduação, Mestrado e Doutorado, Extensão, EaD, Cursos In Company e Centro de Línguas Estrangeiras.

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