Reforma Tributária exige reconfiguração fiscal e operacional no setor logístico

A Reforma Tributária, que unifica ISS, ICMS, PIS e Cofins e cria os novos tributos Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), deve promover uma profunda reconfiguração operacional no setor logístico. A partir de 2026, durante o período de transição, as empresas terão de revisar processos, custos e estratégias fiscais diante das novas regras de crédito tributário e das possíveis alterações na composição do frete e na contratação de serviços.

De acordo com Cristian Scheuer, advogado tributarista e sócio da área de entidades do escritório Rafael Pandolfo Advogados Associados, a mudança pode alterar de forma significativa a forma como as companhias estruturam suas operações. “Hoje, o transporte paga ISS quando começa e termina dentro do mesmo município, e ICMS quando vai de uma cidade para outra ou para outro Estado. Essa diferenciação é importante porque o ISS vira custo para a empresa — ele não dá direito a crédito. Já o ICMS até permite crédito, mas cheio de regras e limitações”, explica.

Reforma Tributária exige reconfiguração fiscal e operacional no setor logístico a partir de novas regras de tributos

Transição para os novos tributos IBS e CBS

Com o novo modelo tributário, Scheuer afirma que “essa diferença acaba: ISS e ICMS deixam de existir para o transporte e entram no lugar o IBS/CBS, que funcionam com crédito financeiro amplo”. Ele reforça que a possibilidade de aproveitar créditos sem as restrições atuais pode simplificar o sistema e reduzir custos. Além disso, quando o frete for realizado por transportador autônomo ou MEI, empresas no regime regular poderão tomar crédito presumido sobre o serviço, o que tende a melhorar a eficiência financeira.

Adaptação no setor: TruckPag busca eficiência e colaboração

A TruckPag, startup de meios de pagamento voltada a frotas pesadas, acompanha os desdobramentos da Reforma Tributária e tem ajustado seus processos para manter eficiência no novo ambiente fiscal. A empresa destaca a importância da colaboração no ecossistema logístico. “Estamos trabalhando para transformar a complexidade em eficiência, garantindo que nossos clientes continuem a ter soluções competitivas e confiáveis”, afirma Kássio Seefeld, CEO e fundador da TruckPag.

Ele acrescenta que a companhia tem investido no diálogo com parceiros e entidades do setor, participando de fóruns e debates institucionais. Segundo Seefeld, “temos buscado uma atuação colaborativa, mantendo canais permanentes de diálogo com parceiros, fornecedores e entidades do setor”.

Tragetta foca previsibilidade e automação durante a Reforma Tributária

Diante das mudanças fiscais, a Tragetta, marca de transporte do Grupo FEMSA no Brasil, direciona esforços para garantir previsibilidade aos clientes. “Nosso compromisso é assegurar que a operação logística dos nossos clientes continue fluindo com a mesma confiabilidade, mesmo diante de um cenário de adaptação tributária”, afirma Rodrigo Santos, Head Financeiro da Tragetta.

A empresa investe em automação de controles, integração de dados e padronização de processos, o que, segundo Santos, melhora a transparência e a comunicação fiscal. Ele afirma que a transição pode reforçar o papel estratégico da logística ao conectar eficiência operacional e conformidade.

Novo cenário para operações logísticas

Com a implementação gradual da Reforma Tributária, o setor logístico deverá equilibrar eficiência operacional, adequação fiscal e investimento em tecnologia. Embora o período de transição represente desafios, ele também pode abrir caminho para racionalização de custos e maior competitividade para as empresas que se anteciparem às mudanças.

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