A logística de cargas no Brasil enfrenta, até 2026, avanços tecnológicos e desafios estruturais que impactam diretamente transportadoras, seguradoras e motoristas. Esse foi o panorama discutido no Starken Experience, evento online que reuniu especialistas em seguros de transporte, prevenção de riscos e inovação tecnológica.
Entre os principais entraves, a falta de motoristas de caminhão foi apontada como a maior preocupação. Segundo Thiago Alan, CEO da Motorista PX, o país perdeu cerca de 1,2 milhão de profissionais em dez anos. Ele destaca que “a maioria dos mais jovens não quer se tornar motoristas e o desafio para encontrar um motorista qualificado ficará cada vez mais difícil nos próximos anos”. Para minimizar esse problema, a capacitação de auxiliares e ajudantes surge como alternativa. A escassez de motoristas também é realidade em países como Estados Unidos, México e nações da Ásia e da Europa.

Outro ponto de atenção foi a averbação do seguro de cargas. Thiago Marques, head de Insurtech Innovation na NDD, ressaltou que falhas nesse processo podem deixar transportadores e embarcadores desprotegidos. “A conscientização da importância da averbação do seguro antes da viagem cresce, mas é preciso ficar alerta também sobre como agir em caso de falhas técnicas, instabilidade nos sistemas e recusas da averbação”, explicou.
No campo da prevenção de riscos no transporte, especialistas como Vanderson Gomes (Sompo) e Wallace Santana (AKAD Seguros) alertaram que muitas decisões ainda priorizam produtividade imediata, negligenciando protocolos de segurança. Para eles, fortalecer a cultura organizacional é essencial para integrar práticas de mitigação de riscos e evitar perdas.
Já Rafael Mansur, CEO da Matrixcargo e da Cargolift, ressaltou a necessidade de mudança cultural para adotar novas tecnologias sem criar receio entre colaboradores. Ele destacou também os desafios financeiros: o alto custo do frete e do combustível, somado à elevação da taxa de juros, pressiona o fluxo de caixa das transportadoras. Contudo, soluções como o uso de veículos menores, critérios de geolocalização e a redução de deslocamentos de caminhões vazios podem gerar economias.
No debate sobre a subscrição de riscos, Adailton Dias, Chief Underwriting Officer da Sompo Seguros, destacou que a tecnologia é aliada, mas não substitui a análise técnica especializada de corretores. Esse olhar é determinante para garantir apólices adequadas às operações logísticas.
As inovações tecnológicas também foram discutidas. Anderson Benetti, da Senior Sistemas, observou que o setor busca eficiência com soluções de roteirização e TMS, cada vez mais acessíveis. O avanço da infraestrutura de internet também tem facilitado a digitalização do transporte de cargas, ainda que desafios persistam.
O presidente de honra da ABTC, Pedro Lopes, chamou atenção para a falta de infraestrutura nas estradas, como locais de descanso adequados para motoristas. Ele defendeu o fortalecimento de iniciativas do SEST SENAT para qualificação e apoio à categoria.
Para Adriano Yonamine, diretor de transportes da Sompo, o acompanhamento das tendências e das dificuldades das empresas é crucial, especialmente para transportadoras sem acesso a sistemas de gerenciamento de riscos. Na mesma linha, Vanderlei Moghetti, da L. Perna Reguladora de Sinistros, reforçou que muitas ocorrências podem ser evitadas. “Analisar as causas de cada ocorrência é possível evitar outros tipos de sinistros, prevenção e treinamento são fundamentais”, afirmou.
O evento foi coordenado por Bruno Barazzutti, CEO da Starken Insurance, que destacou a importância de reunir profissionais experientes para discutir soluções diante das pressões econômicas e políticas que afetam o setor.
Confira as palestra na íntegra: https://www.youtube.com/channel/UCNh8gJudcsqQEZrZ_fuhPZQ/videos






