A reforma tributária, que inicia a transição em 2026 e será concluída até 2033, vai impactar diretamente o setor de transporte e logística no Brasil. O novo modelo muda o local de tributação, que passa a ser no destino — onde ocorre o consumo — e não mais na origem do produto ou serviço, alterando significativamente a forma de estruturar operações logísticas.
“Com a mudança do local de tributação, as empresas precisarão repensar suas estratégias logísticas, deslocando centros de distribuição e industrialização para mais perto do consumo”, analisa Lucas Ribeiro, tributarista e CEO da ROIT, empresa especializada em soluções para a reforma tributária. Ribeiro lembra que benefícios e incentivos fiscais serão eliminados gradualmente até 2033, tornando inviável o chamado “turismo tributário”.

Outro ponto crítico destacado por Ribeiro é o impacto para transportadoras optantes pelo Simples Nacional. Elas acumulam tributos embutidos em custos como combustíveis, pedágios e manutenção, mas repassam apenas parte dos créditos. “Na prática, mais de 200 mil transportadoras devem migrar para o regime regular, operando como se estivessem no Lucro Real, o que exigirá grande esforço de adaptação”, pontua o especialista.
A folha de salários, principal insumo do transporte, também deve pressionar os custos do setor. A reforma não prevê créditos sobre essa despesa, o que, segundo Ribeiro, vai aumentar a carga tributária para serviços prestados a clientes que não podem aproveitar créditos, como consumidores finais, MEIs e empresas do Simples.
Gestran destaca tecnologia como solução emergencial
Para lidar com as mudanças, especialistas recomendam adoção imediata de tecnologias para automatizar e controlar a gestão da frota. Empresas como a Gestran, sediada em Curitiba (PR), vêm ampliando soluções para ajudar transportadoras a reduzir custos e se adequar à nova realidade. Em 2025, a empresa lançou o Open Fleet, plataforma de APIs para integração com sistemas de gestão de frotas, e o PneuFit, sistema especializado em controle de pneus.
“Apenas o software de gestão de pneus pode reduzir em até 25% os gastos, prolongando a vida útil dos pneus, que são um dos maiores custos do transporte”, explica Paulo Raymundi, CEO da Gestran. Segundo ele, o controle de combustível também se torna essencial para reduzir despesas operacionais.
Sobre a reforma tributária
A reforma está prevista na Emenda Constitucional 132/2023 e regulamentada pela Lei Complementar 214/2025. Ela substitui cinco tributos — PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS — por um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) Dual, formado pela Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), de arrecadação federal, e pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), de arrecadação compartilhada entre estados e municípios.








