Além de movimentar negócios bilionários, a Intermodal South America exerce um papel estratégico na formação dos preços dos produtos no Brasil. Em um cenário marcado por alta sensibilidade logística, as decisões tomadas no evento influenciam diretamente o que chega ao consumidor — e quanto ele paga — especialmente em datas como Black Friday e Natal.
Para o especialista em comércio exterior e Diretor de Relações Institucionais da AGL Cargo, Jackson Campos, a Intermodal funciona como um ponto de inflexão da economia nacional. “A base dos valores dos produtos que serão vendidos durante todo o ano é definida nos negócios fechados aqui. Os problemas geopolíticos externos vão apenas fazer com que os valores de frete cresçam, mas tudo que é definido aqui influencia ao longo dos próximos 12 meses”, afirma.

Em 2025, os custos de transporte vêm exercendo pressão direta sobre os preços nas prateleiras, tornando a logística um fator decisivo para a competitividade das empresas e o poder de compra dos consumidores. Neste contexto, a Intermodal se consolida como espaço essencial para antecipar tendências, redesenhar rotas e buscar previsibilidade de custos.
Crises geopolíticas, como os conflitos na região do Canal de Suez e do Mar Vermelho, onde ataques de grupos Houthis têm afetado o tráfego marítimo, impactaram os planejamentos de rotas. Com os navios sendo forçados a contornar o sul da África, o tempo de entrega das cargas aumentou em até 11 dias, elevando o custo logístico global.
Outro ponto de atenção foram as taxações sobre importações e exportações, que levaram empresas a buscar caminhos alternativos, evitando zonas de conflito e gargalos logísticos como o Canal do Panamá e os portos dos Estados Unidos. “As taxas fizeram com que quase todos os países tivessem de recalcular algumas rotas ou pensar em caminhos mais inteligentes. Foi uma estratégia muito agressiva por parte de Trump e que reverberou tanto nos EUA, quanto no resto do mundo”, explica Campos.
Segundo o especialista, os efeitos da logística são invisíveis, mas profundamente sentidos no bolso do consumidor. “O preço que ele paga no supermercado, no e-commerce ou até no combustível é profundamente influenciado pelas negociações feitas aqui. A Intermodal dita o ritmo da logística nacional e internacional e, consequentemente, ajuda a definir o custo de vida do brasileiro ao longo do ano”, conclui.









